tredici
Paramos em frente a uma lanchonete vazia, o letreiro indica ser a Bikers. Dean abre a porta para mim e piso em seu pé quando passo por ela.
Dean solta um riso atrás de mim, que trato de ignorar enquanto vou em direção a uma das mesas no fundo do lugar quase vazio. Sento-me de costas para a porta e ao lado da janela e enquanto espero o traste se aproximar, olho a decoração do local. A lanchonete é comum, considerando a região, mas mil vezes mais bonita do que o Roccia.
A decoração toda é em preto e branco, o balcão do bar em um branco tão vivo e limpo que chega a reluzir, os bancos na frente deste são pretos e o chão parece com um tabuleiro de xadrez. Nas mesas, as cores são opostas, os assentos são de um falso couro branco e as mesas na cor preta. O melhor detalhe do lugar, de fato é o teto, preto com as luzes em formas de estrelas, iluminando o local com sua luz branca.
— Gostou da vista? – Dean senta à minha frente, retira a jaqueta e a joga no assento ao seu lado. Desvio o olhar da camisa verde escura que se aperta em seus braços e peitoral.
— Melhor que olhar para você. – Resmungo pegando o cardápio. O ouço bufar.
— Porra, dá para ser mais simpática? – O olho por cima do cardápio. Dean percebe meu olhar de ódio e desvia dele, pegando o cardápio e tampando o rosto com ele.
Reviro os olhos, algo que se tornou um hábito, e passo os olhos pelo cardápio. Dean disse que iria pagar, certo? Desço o olhar pela coluna de preços e paro no mais caro.
—Boa tarde, noite, tanto faz – Uma loira mascando chiclete deseja, batendo a caneta no caderno que segura em mãos – Já decidiram o que vão querer? – Pergunta, o olhar totalmente focado no traste a minha frente.
— O número vinte, um suco de laranja e uma porção de batatas fritas com cheddar e bacon. – A loira, relutante, desvia o olhar dele, para mim. Ela respira fundo, mas anota o pedido.
— E você querido? – Por incrível que pareça, Dean ignora seu olhar, fecha o cardápio e o deixa em cima da mesa.
— Um número 5 e uma coca.
— Ok – Ela solta o ar, parecendo decepcionada – Já volto com os pedidos e algo mais, se quiser. – Seu olho fica tremulo antes de se afastar. Recosto-me no banco encarando Dean, que já tinha os olhos em mim.
— Ela é bonita. – Puxo assunto, e ele ergue a sobrancelha.
— Quer mesmo falar dela?
— Não – Resmungo. Passo as mãos no cabelo, tentando pensar em algo para dizer. – Então quem era lá...
— Você é péssima tentando puxar assunto – Ergo as sobrancelhas. Dean se aproxima da mesa, se apoiando nos cotovelos. – Preciso esclarecer umas coisas.
— Lá vem. – Resmungo.
— Eu não confio em você. – Solto uma risada.
— É mutuo. – Ele me ignora.
— Então, saiba que seu cargo não passará de dirigir quando eu chamar e participar de rachas, ponto.
— Como se eu não soubesse – E como se eu não fosse tentar descobrir algo de qualquer forma – Quando eu vou ganhar minha jaqueta? Não que eu queira, claro. – Abro um sorriso irônico que ele retribui.
— Apesar de eu lhe achar extremamente sexy com couro... – Abro uma careta - Ninguém pode saber que você é uma Ghostin, é estritamente proibido ter gente que não seja Corvi no nosso... grupo. – Me aproximo da mesa, apoiando meus cotovelos como ele. Nossos rostos acabam ficando próximos, e não deixo passar o olhar que ele desce para meus lábios.
— E aqueles Locustes e Sciames que estavam na festa?
— É proibido, mas não significa que não tenha; – Se refere as outras casas.
— Vai me explicar? – Ele lança um último olhar para minha boca antes de se afastar, se recostando contra o estofado.
— Não vai retirar nada de mim Bela. – Reviro os olhos pelo apelido.
— Então irei tentar com outros – Ele solta um riso – Qual foi? - Pergunto. A loira volta, deixando a minha bandeja com batatas fritas e os copos com bebida na mesa. Assim que ela sai, Dean volta a falar.
— Vai tentar arrancar algo de Dante? – Fico surpresa por ele falar justo o nome dele - Vocês andam bem próximos ultimamente. – O analiso, enquanto ele pega uma batata coberta de cheddar.
— Você anda nos perseguindo? – Dean gargalha e enfia mais batatas na boca.
— Tenho coisas mais importantes e interessantes para fazer – Furo a batata com um palito de dente – Mas foi meio difícil não ver vocês se beijando no meio da pista de dança.
A batata desce pelo lado errado. Começo a tossir, tentando desengasgar, enquanto sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Dean, com a maior calma do mundo, empurra o copo de suco na minha direção. Engulo o suco com rapidez, quase o finalizando e finalmente consigo voltar a respirar.
Durante minha quase morte, a loira deixou os hambúrgueres sobre a mesa e eu quase me arrependi de ter pedido aquilo. Isso não é um lanche, é um monstro.
— Você viu então?
— Acho que todo mundo viu. – Ele pega um guardanapo, limpando as mãos.
— Certo... – Sinto meu rosto esquentar e então, não consigo mais olhar para ele.
Foi só um beijo, eu não tenho do que me envergonhar, não para ele pelo menos, mas lembro que ele tentou me beijar, me beijou, ou quase isso, e eu o rejeitei, e isso me faz ficar curiosa se ele está bravo por eu ter beijado Dante e não ele.
O pensamento é ridículo e eu pego algumas batatas. Se Dante iria ficar bravo comigo por algo, não seria por isso, qual é, depois do meu fora ele foi atrás de outra.
— Não vai comer? – Pergunta, olhando para mim por cima de seu lanche com a metade do tamanho do meu.
— É meio... – Olho o lanche, ele tem três pães, seis hamburgueres e tanto bacon que só de ver, sinto meu colesterol aumentar – Monstruoso. - Ele dá risada.
— Seu plano de me fazer gastar o máximo de dinheiro não deu certo? – Ri com deboche. Olho para ele zangada. Ele deixa o lanche no prato e limpa as mãos – Aqui, é só amassar. – Se estica sobre a mesa, pega a minha mão e a coloca em cima do lanche, a pressionando até o monstro diminuir de tamanho, e então sua mão sai de cima da minha. Aquilo foi estranho. Seguro o lanche e dou a primeira mordida. Quase gemo de satisfação, aquilo é delicioso. – É, é o terceiro melhor hambúrguer de toda a cidade.
— Qual é o primeiro e segundo?
— Roccia em segundo e primeiro... – Dá uma pausa de mistério, ridícula em minha opinião – Quem sabe um dia te leve lá. – Dou risada.
— Se Deus quiser, não haverá outra vez – Dean sorri debochado antes de dar outra mordida em seu lanche. Como algumas batatas – Então, o que você cursa? – Ele me olha estranho, como se dissesse "você tá mesmo tentando puxar assunto?". É, nem eu sei o porquê, mas prefiro acreditar que é tudo parte do meu plano de destruição, ou o sono.
— Administração. – Dou risada, me lembrando do comentário dele na aula de sociologia.
— Isso não é a sua cara, mas faz sentido.
— E o que é a minha cara? – O analiso, tentando pensar em algo.
— Só consigo te pensar como traficante, sinto muito. – Abro um bico.
— Não sente.
— Não mesmo. – Sorrio antes de dar outra mordida.
— Por que escolheu direito? Tem a ver com seu passado oculto?
— Talvez. – Dou de ombros.
— Vai me dizer?
— O que você acha? – Pergunto, vendo que ele já terminou de comer enquanto eu estou ainda na metade.
— Acho que seu maior sonho é quebrar a minha cara. – Sorrio feliz.
— Ah sim – Olho por cima de seu ombro, um olhar sonhador em meu rosto – Um belo e certeiro soco de direita bem no seu maxilar. – Solto um suspiro.
— Você é masoquista? – Levo meu olhar para ele, que me olha... diferente, não consigo identificar.
— Você sempre viveu aqui? – Ele se ajeita no banco, seu olhar focado em algo por sobre meu ombro – Alo? – Balanço uma das mãos em frente ao seu rosto.
— Fique quieta – Abro a boca em choque. Fala sério, eu tento ser agradável e esse merdinha me trata assim? Tenho vontade de me bater, mas em vez disso, chuto sua canela. Dean desvia o olhar para mim com raiva. – Que foi porra?
— Me mande calar a boca novamente e enfiarei todas essas batatas em seus orifícios. – Dean leva o olhar para batata, depois para mim e revira os olho. Ele olha para algo atrás de mim e desliza pelo banco, parecendo querer se esconder.
Franzo o cenho e não aguentando minha curiosidade, olho por sobre o ombro. A garçonete loira de antes está no fundo do salão, perto de dois caras que parecem ter minha idade e que carregam um carrinho com duas caixas de papelão. Ela abre uma das caixas parece verificar algo e depois assente com a cabeça, abrindo uma porta em que os três entram. Volto o olhar para Dean e largo a batata que segurava.
— Você é mesmo um traste – Dean leva o olhar para mim e arqueia as sobrancelhas – Me trouxe aqui só porque queria ficar de olho no contrabando ali. – Ele me olha surpreso.
— Como você sabe?
— Eu não sou idiota Bianchi. – Pego um guardanapo e limpo minhas mãos, depois, finalizo o resto do suco em um só gole. Dean acompanha meus movimentos em silêncio, e só quando me levanto é que ele toma alguma atitude:
— Aonde vai?
— Pra casa do... – Sou interrompida com o som do celular dele tocando. Dean se estica para o pegar em um dos bolsos da jaqueta, e eu tento me afastar da mesa, mas ele segura minha mão. O olho zangada enquanto ele atende o telefone.
— Fala – Reviro os olhos e tentando ouvir algo, fico parada e quieta. Ouço alguém gritando do outro lado, mas não consigo identificar o que diz. A voz de Dean sobe algumas oitavas - Ele não sabe com quem está lidando? – Dou alguns passos para me aproximar da mesa – Onde você está? – Pergunta em choque – Porra, não diga nada, eu chego aí em quinze minutos. – Desliga o celular.
Seus movimentos são rápidos: ele se levanta tão de repente que tenho que dar alguns passos para trás para não ser atingida. Ele retira algumas notas do bolso da calça e as joga na mesa, então agarra a jaqueta, que só agora eu noto que não tem o logo da gangue, agarra minha mão e nos arrasta por toda a lanchonete até sairmos pela porta.
Eu só consigo sentir o vento frio em meu rosto enquanto ele corre, me levando junto, até o carro. Quando vejo, já estou dentro dele e Dean arranca com ele.
— Não me arraste assim novamente, não sou nenhum cachorro.
— Cachorros são mais fáceis de lidar do que você. – Abro a boca em choque e ergo a mão, querendo o socar no braço, mas ele desvia o carro para a esquerda, ultrapassando um carro que estava à frente, fazendo meu corpo voar em direção a porta. Agarro o cinto de segurança e o coloco.
— Você deveria ter mais respeito, merda. – Xingo quando mesmo com o cinto, voo para frente com a freada brusca que ele fez para não atingir o para-choque de um carro.
— Você trabalha para mim.
— E só por isso você acha que pode me tratar feito lixo? – Pergunto. Ele volta a acelerar, meu corpo se chocando contra o banco do carro. Ele tá se vingando? – Merda, eu tô sentindo o lanche voltar. – Levo as mãos ao estômago, sentindo-o se revirar.
— Ninguém mandou pedir um lanche cheio de gordura. – Olho para ele com raiva, antes do meu corpo ser jogado em sua direção, por pouco, nossas cabeças não se chocaram.
— Vai se foder.
— Por falar a verdade? Claro. – Resmungo, mas decido ficar quieta pelo resto do caminho, principalmente porque se eu abrir a boca, é capaz da comida sair para fora.
Eu estou surpresa por ele não ter me largado lá na lanchonete, apesar de que eu teria adorado terminar minhas batatas e roubar a gorjeta da lanchonete. Situações extremas requerem medidas extremas.
Minutos se passam e eu resolvo abrir minha boca quando vejo a placa de limite da cidade quando ele entra na estrada.
— Estamos indo para Gregia? Por quê?
— Dante fez merda.
— Dante? – Olho para ele, porém seu olhar continua fixo na estrada. – Ok, e eu estou aqui por quê?
— Preferia que eu tivesse te largado lá? – Dou de ombros, o fazendo bufar – Eu sou um merda, mas não ia te largar lá sozinha após te convidar. – Solto uma risada.
— Você quis dizer dar uma desculpa para ter cobertura espionando né? – Reviro os olhos - Se me trouxe para me meter em encrenca, preferia ter sido deixada lá – Ele joga o carro para o encostamento. Me ajeito no banco quando vejo um carro de polícia parado perto de outro carro no acostamento da estrada mais à frente. Estamos a poucos quilômetros do limite estadual de Ammou e Gregia, mas já na segunda. Para o meu desespero, Dean estaciona atrás deles. – Dean?
— É só ficar quieta, beleza? – Ele abre o porta luvas, retira alguns documentos de lá de dentro e abre a porta, saindo do carro.
Dean anda até o polícial, diz algumas coisas e aponta para a janela do carro de policia. O policial acena com a cabeça e a porta do banco de trás se abre. Dante sai do carro e eu consigo sentir sua, pelo seu jeito de andar e pelo seu rosto, usualmente tão alegre, agora tão fechado quanto o de Dean, daqui.
Dante estava sendo preso? Dean aponta para o papel e para Dante, o policial pega o documento e o examina, em seguida dá para Dante, que o guarda no bolso da jaqueta jeans que usa. Eles começam a conversar e eu desvio o olhar para o porta luvas. Eles não dão a menor atenção para dentro do carro, então abro o porta luvas e examino o que há lá dentro. O carro está escuro e eu não irei arriscar de acender alguma luz e aumentar a desconfiança já ativada em Dean. Enfio a mão lá dentro e retiro alguns papéis: alguns recibos de compras comuns, papéis da universidade, nada de anormal. Afasto alguns CD's da frente e estico mais a minha mão, chegando ao fundo do porta luvas e quando minha mão tocar em algo gelado, alguém bate no vidro da porta.
Pulo no lugar e fecho o porta luvas, recolhendo minha mão contra meu peito.
Lá na frente só se encontra Dean e o policial. Abro a janela, que graças a Deus é revestida por insulfilm, revelando um Dante zangado.
— Você pode ir para o banco de trás? Meu carro vai ser rebocado.
— O-ok. – Gaguejo e abro a porta do carro. O cinto me impede de sair e enquanto quase tremo tentando o tirar, Dante me olha sério. Finalmente consigo sair do carro e abro a porta traseira, me jogo no banco de trás.
Dante se senta no banco da frente e solta alguns palavrões enquanto retira a jaqueta. Penso em perguntar se está tudo bem, mas não estou afim de aturar grosseria, já basta o outro.
Dean se despede do policial e começa a vir em direção ao carro. Dante joga a jaqueta no banco de trás, parando ao meu lado, o que fez um documento que estava no bolso da jaqueta sair. Quando Dean abre a porta, a luz do carro se acende bem a tempo de eu poder ler o que há escrito:
"Carteira de motorista pertencente a Dante Marino Bianchi"
Puta que pariu.
Sinto minha cabeça rodar, e nem quando Dean fecha a porta, liga o carro e a luz de dentro se apaga, desvio o olhar da carteira de motorista. Os dois começam a discutir algo nos bancos da frente, mas não consigo focar em nada senão no pedaço de papel recoberto de plástico que parece rir de mim.
Dean e Dante são parentes. Merda. Merda. Merda.
Ergo o olhar para o espelho retrovisor onde consigo ter um leve deslumbre dos dois. Seus olhos são da mesma cor, a sobrancelha grossa é idêntica e o contorno do rosto é igual, a única coisa que difere um pouco, é o tom do cabelo. Ainda assim, é tão óbvio que não acredito que não havia percebido antes: Dean e Dante são irmãos. Merda, até os nomes começam com a mesma letra.
Sinto meu estômago embrulhar, o ar ao meu redor parece pesar e meu coração está acelerado.
— Por que você não trouxe a carteira? – Ouço Dean perguntar.
— Não pensei que fosse precisar. – O tom de Dante é tão seco quanto o de Dean. Ai caralho, agora, sem toda a zombaria comum de Dante, eles se parecem ainda mais.
Todos sabem sobre o parentesco deles? Acho improvável, se todos soubessem, Kaori, a rainha das fofocas, saberia, e se ela soubesse, ela definitivamente me contaria. Então é segredo? Por qual motivo?
— Você não está em Ammou seu idiota – Dean soca o volante. – E se você fosse preso?
— Ele daria um jeito. – Não sei quem é ele.
— Você tem que parar de fazer as coisas pensando que ele dará um jeito – Alguém solta uma lufada de ar. – E parar de deixar suas coisas no meu carro. Cadê sua carteira? É melhor andar com essa merda no bolso, senão eu colo ela no seu saco.
— Vai tomar no cu Dean, não aconteceu nada – Dante está estressado pra caralho, mas não mais que o seu... irmão. – Tá no banco de trás.
Os olhos de Dean se encontram com os meus pelo espelho retrovisor. Ele sabe que eu vi, e não gosta disso. Merda, eu vou vomitar.
— Eu vou vomitar. – Anuncio.
— O que? – Ouço Dante perguntar, mas já estou tentando abrir a porta.
O carro é desviado para o acostamento e Dean freia com tudo assim que eu consigo abrir a porta. Saio do carro e sem equilíbrio caio de joelhos contra o asfalto a menos de um metro do carro, sem conseguir mais me segurar, expilo tudo que estava no meu estômago para fora.
Ouço as portas se abrindo e os dois se aproximam, mas meu foco está em soltar tudo para fora.
É raro eu vomitar, mas quando acontece, sempre é em situações que me causam pânico, e essa é uma delas. Na verdade, demorou muito para acontecer, olhando para trás agora, depois de tantas merdas que descobri nos últimos meses, fico surpresa por não ter ocorrido antes. Pelo visto, descobrir que Dean e Dante são irmãos, e que eu beijei os dois, foi o último gatilho possível.
— Morena? Você tá bem? – Sinto a mão de Dante em minhas costas e tento me afastar para longe dele.
— N-não me toque. – Peço com dificuldade, minha respiração pesada, acho que finalmente tudo saiu, mas mal consigo respirar.
Essa é a pior parte de uma crise de pânico, pelo menos para mim. A imagem de Luna caída vem a minha mente, morta, é o suficiente para eu me sentir completamente sufocada.
Eu queria Kaori ali, queria meu pai, a minha mãe. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas de desespero. Eu não quero morrer, não quero morrer.
Um corpo para a minha frente e se ajoelha, vejo os olhos de Dean brilharem de preocupação em minha direção.
— Se acalme e olhe para mim.
Como se olhar para um assassino fosse ajudar, ele tem culpa de eu estar assim agora.
— Coppola respire fundo, esqueça todas as merdas ao seu redor, só respire fundo – Pede. Tento cumprir o que pediu, mas falho. Meu desespero aumenta enquanto olho ao redor, tentando achar alguma solução – Está tudo bem, ninguém vai te machucar – Quase sinto vontade de rir – Eu prometo! – Suas mãos agarram meu rosto e acabo encarando seus olhos. Eles se tornam meu ponto focal. Seus olhos castanhos demonstram determinação e sinceridade e isso me faz respirar um pouco melhor – Agora só me imite ok? Respire fundo pelo nariz e solte pela boca, com calma – Ele demonstra e eu o imito - Vai ficar tudo bem – Ele sussurra. finalmente, ainda com um pouco de dificuldade, consigo imitar seus comandos.
Dez minutos depois eu estou sentada no chão, totalmente recuperada, ou quase isso. Abro os olhos após finalmente conseguir respirar fundo com tranquilidade.
Olho para Dean, ele está sentado à minha frente, e mesmo de olhos fechados, senti seu olhar fixo em mim durante todo meu esforço, e isso me faz mover a boca em um agradecimento.
Ele assente e se levanta, me estendendo a mão. Não sei quando, mas em algum momento, ele me arrastou para longe do meu vômito, e eu agradeço mentalmente por isso. Aceito sua mão, tentando ignorar meu subconsciente para não ter outro ataque, e entro no carro quando ele abre a porta para mim.
Dean olha para a jaqueta do irmão jogada no meio do banco e respira fundo quando vê a carteira de habilitação jogada ao lado dela. Ele pega a carteira e fecha a porta. Dante entra no carro, totalmente em silêncio e assim que Dean entra e fecha a porta, joga a carteira no colo de Dante. Sinto o olhar de Dante em mim pelo retrovisor, mas ignoro, fecho os olhos e encosto a cabeça no encosto do banco, só focando em ficar calma e esquecer quem está ali comigo.
— A gente precisa conversar. – Dean fala em um tom completamente diferente de seu usual: calmo e até delicado.
Não o respondo e acabo caindo no sono logo em seguida.
◤ NOTAS FINAIS ◥
Espero que tenham pegado outra dica que já foi dita lá no começo, envolve um novo "enredo" inclusive.
Lembro de quando essa revelação ocorreu pela primeira vez, ninguém esperava essa certo?
Não esqueçam a estrelinha e até sexta-feira.
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