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Martedi (Terça-feira)
Eu dormi por toda a tarde de terça-feira assim que cheguei no prédio Corvi com Kaori. Quando acordei, o sol já havia se posto e o relógio do celular marcava sete horas da noite, ou seja, perdi todas as aulas.
Me ergo da cama ao mesmo tempo em que K sai do banheiro enrolada em uma toalha felpuda verde limão e com vapor ao seu redor. Sem olhar para mim, se dirige ao armário enquanto eu entro no banheiro já aquecido, suspiro antes de ligar o chuveiro e tirar as roupas. K está zangada, muito zangada, e eu a entendo, além de sumir e sumir com seu carro, eu sei que não estou sendo a melhor amiga desde a morte de Luna, além disso, eu conheço K tão bem quanto ela me conhece, e eu sei que ela está desconfiando de algo de mim.
Termino de enxaguar meu corpo e desligo o chuveiro, alcançando a toalha branca para me secar. Quando saio do banheiro, K já se encontra sentada em sua cama devidamente vestida, com um conjunto de moletom cinza, quase engasgo com o ar. Quando ela usa roupas de uma só cor, significa que ela está triste ou brava, nesse caso, talvez seja os dois.
Pego um conjunto comum de peças intimas brancas, uma calça jeans preta e uma blusa de moletom verde água, os visto com o olhar atento de K em mim. Após calçar um par de botas, saio com K em direção ao prédio principal para o jantar que é oferecido pela universidade, nós duas em completo silêncio.
Entramos no refeitório, nem tão lotado comparado com outros dias, o jantar é o horário em que o refeitório fica mais cheio em dias de semana, todos os alunos preferem jantar ali para poder dormir cedo. De sexta e finais de semana, porém, a história é outra: todos preferem ir atrás de alguma festa oferecida por algum dos alunos ou por lojas locais. Os Ghostins, porém, são uma exceção, quase nunca se encontra um deles por aqui.
Pego minha bandeja dando uma olhada nas opções: macarrão com queijo, bolo de carne ou algumas opções veganas e vegetarianas. Pego a tigela com macarrão com queijo, uma água e gelatina. Eu acho incrível o fato de sempre haver opções veganas e vegetarianas por ali, e não só salada e fruta.
O jantar passou em silêncio, com K me analisando a todo momento, só quando voltamos para o quarto é que finalmente tomo coragem para falar o que aconteceu durante a madrugada.
Kaori anda para lá e para cá pelo nosso pequeno dormitório. Seu rosto está uma mistura de confusão e choque, após eu ter contado o que aconteceu, do nada, ela para de andar, abre a porta do quarto e sai, franzo o cenho, pensando em ir atrás dela, mas ouço sua voz, provavelmente está falando com alguém.
Cruzo as pernas sobre a cama, largando o celular ao meu lado, Fran enviou uma mensagem horas atrás dizendo que o Roccia não iria abrir hoje à noite, agradeci aos céus por isso, já que ela mandou a mensagem quando eu estava dormindo, poderia ter perdido o emprego.
Me sinto mal por ter pensado mal de Fran, ela parece ser alguém realmente legal.
Apoio-me com os cotovelos atrás de mim, já são oito horas e mesmo após dormir por todo o dia, solto um bocejo cansada. Quando meus olhos estão quase se fechando, K volta para o quarto, seu rosto franzido em uma careta.
— Que merda Ana – Ela joga a cabeça para trás, seus cabelos curtos na altura do ombro caem sobre seu rosto quando ela volta a me olhar. – Como você vai sair dessa?
— Eu não sei – Sou sincera, gostaria de ter uma resposta mais elaborada, mas mal consigo pensar. – Realmente não sei.
— Eu conversei com meu gerente – Pelos seus olhos, sei que não foi coisa boa. K senta sobre sua cama, me olhando apreensiva. – Ele disse que pelo titular da conta ser meu pai, ele é quem vai precisar pedir um novo cartão e, bem... você sabe.
— Eu sei – Abro um sorriso solidário – Não quero que você peça nada a ele, eu nem deveria ter aceitado esse dinheiro. – K revira os olhos, mas não tenta argumentar, na verdade, parece me analisar.
— Por que você parece tão calma?
— Porque sei que estou fodida. – Abro um sorriso. K me olha com tanta fúria que meu sorriso morre na hora.
— Que merda porra, dá para falar sério? – Ela quase rosna e eu encolho os ombros. K respira fundo, tentando se acalmar – Você está me escondendo alguma coisa, te conheço desde criança Anabela – Engulo em seco – E se você não me contar, eu vou descobrir, por bem ou por mal. – Pisco algumas vezes, sem saber o que dizer ou pensar.
Nós nunca escondemos segredos uma da outra. Quando uma precisava de ajuda, a outra estava sempre lá. K é como minha irmã, eu faria de tudo por ela, e se ela me escondesse algo, eu ficaria arrasada, e é por isso que não posso mais esconder para ela, mesmo que isso a coloque em risco, já que conhecendo como a conheço, vai querer se meter nisso junto comigo.
— Eu... Não quero te colocar na linha de fogo.
— Quem deve decidir se quero ou se vou estar em perigo sou eu Ana. – Solto um suspiro, desistindo.
— No meu depoimento na delegacia, no dia da morte de Luna, eu... Percebi algo errado. – Começo a falar. K me olha confusa.
— O que?
— Eles estavam acobertando alguém – Sussurro, K parece finalmente entender sobre o que estou falando – Além disso, eu tenho certeza absoluta que Luna não morreu por overdose – Nego com a cabeça. – Eles deram essa desculpa como uma forma de encerrar o caso e não buscar um culpado, encobrir alguém.
— E você com seu instinto detetive decidiu resolver o caso por si mesma? – K adivinha. Assinto com a cabeça, fazendo K levar as mãos aos olhos – Deus Ana, isso é perigoso, isso é trabalho da policia
— E eles não estão dando a mínima para resolver esse e os outros casos de morte K – Rebato – Você realmente acha que Luna morreu vítima de overdose? E a garota antes dela? Acha isso uma simples coincidência? – K nega com a cabeça, seu olhar no carpete do quarto, pensativa.
— Por que não me contou antes?
— Eu fui praticamente ameaçada pelo delegado para manter minha boca fechada e fingir que nada aconteceu – K volta o olhar para mim. – E você me conhece K, eu não vou conseguir deixar tudo isso passar.
— Certo, eu... – Respira fundo – Eu te entendo, mas é arriscado pra caralho Ana – Avisa, mesmo sabendo que eu sei. – Sei que não vai desistir então... Eu tô dentro.
—Oi? – Pergunto confusa.
— Eu tô dentro, irei te ajudar.
— Nem fodendo K – Dou risada. – Você tá doida.
— Não estou Ana – Leva uma mão ao meu queixo, me levando a encara-la – Não quer desistir? Ótimo, mas agora vai ter que aceitar minha ajuda. Além do mais, duas cabeças pensam melhor que uma. – Nego com uma risada desacreditada, mesmo que no fundo não esteja surpresa, e afasto sua mão de meu rosto.
— Você não vai desistir né?
— Você vai? – Bosta.
— Ótimo, mas eu juro K, se algo acontecer com você eu...
— Não me venha com essa, você não tem o direito de me ameaçar, principalmente depois de mentir para mim. – Encolho os ombros com seu tom cortante.
— Eu só não queria te colocar em risco, não queria que se machucasse.
— Você estando nisso já me machuca – Seu olhar transmite medo, tristeza e confiança – Mas esqueça, o que você tem até agora? – Pergunta.
— Eu tenho um suspeito.
— Quem?
— Dean – Ela abre a boca em choque.
— Dean? – Pergunta. – Dean? Dean Bianchi? – Repete. Então, seus olhos brilham em compreensão - Oh meu Deus, você planejou destruir o para-brisa e...
— Não! – A interrompo - Claro que não. Eu planejava sim de alguma forma me aproximar dele, por isso fui a festa – K ergue a sobrancelha. – Mas a garrafada no carro? Tudo culpa da minha má mira.
— Péssima mira – Reviro os olhos. – Então, o destino meio que te ajudou nisso né?
— É – Dou de ombros. – Pode ser.
— Mas e agora?
— Bem, não estava nos meus planos ficar nas mãos dele – Me refiro a dívida. – Pensei em usar isso de alguma forma ao meu favor, com o Roccia e tudo, mas é claro que eu não irei descobrir nada lá, não no lugar onde eles só vão para encher a cara.
— Se pelo menos você tivesse acesso ao nido... – Nido, ou ninho, é o nome do espaço subterrâneo no Corvi especialmente para os Ghostins.
— Talvez, mas preciso resolver essa merda de dívida primeiro. – K abre um bico, parecendo pensar no que falar, mas seu celular toca sobre a mesa de cabeceira.
— Merda – Ela dá um salto da cama – Eu me esqueci do trabalho. – Ergo uma sobrancelha.
— Você não está tipo... mais de duas horas atrasada?
— Tô – Ela começa a correr pelo quarto, pegando as chaves do carro, seu celular e calçando um tênis ao mesmo tempo. – Depois a gente conversa.
— Ok – A acompanho quase cair no chão ao tentar pegar a bolsa ao mesmo tempo em que abre a porta. – Eu vou ir dormir.
— Sortuda – Ela abre uma careta. – E não se preocupe, daremos um jeito.
— Só não sei como. – Sussurro depois que ela sai pela porta.
Me jogo para trás na cama, caindo no sono minutos depois.
Primeiro eu pensei que as batidas fossem frutos do meu inconsciente, mas quando elas se tonaram tão altas que despertei, percebi que vinham da porta.
— Fala sério. – Resmungo e afasto as cobertas, me sentando na cama. Meu celular marca duas da manhã e abaixo do horário há uma mensagem de K avisando que irá fazer hora extra e que logo estaria aqui.
As batidas continuam e resmungando e me sentindo em um dê já vu, calço os chinelos e alcanço a porta. Quando vejo quem está do outro lado, solto um palavrão em alto e bom som.
— Qual é a porra do seu problema? Você tem algum tipo de fetiche em bater na porta das pessoas em plena madrugada? – Dean ergue as sobrancelhas, depois revira os olhos e levanta a mão, balançando uma chave de carro quase na minha cara.
— Acho que isso é seu. – Desvio o olhar da chave para ele.
— Não é não, nunca vi essa chave.
— Sério? – Ele inclina a cabeça, como se estivesse sentido – Não me lembrava de ter uma chave com chaveiro de pompom rosa choque – Ergue as sobrancelhas. Reviro os olhos e tento agarrar a chave, mas ele a afasta – Ah não, se você chegou até aqui, de carro, não deve precisar mais delas né? – Semicerro os olhos, tentando entender aonde ele quer chegar.
— Na verdade não, há uma reserva. – Agora ele é quem semicerra os olhos.
— Será que ela serviria se não houvesse mais carro? – Reviro os olhos e solto uma lufada de ar, tentando fechar a porta em sua cara, mas infelizmente, seu pé acaba com meus planos – Não se atreva. – Dean quase rosna, parecendo prestes a explodir quando empurra a porta de volta, se eu não me afastasse a tempo, agora teria um nariz quebrado.
— Você está na porra do meu quarto – Meu tom de voz é baixo e seco – Me acordou no meio da madrugada – Cada ponto que aponto, me aproximo mais de si - E se tornou um inferno na minha vida – O encaro com toda a raiva que sinto por ele dentro de mim – Então sim, eu me atrevo. – Dean analisa meu rosto com seriedade.
— Você não tem amor a vida? – Seu tom de voz é tão seco e baixo quanto o meu - Você sabe do que sou capaz, e mesmo assim insiste em ser petulante e encher a porra do meu saco. Se eu quiser eu posso muito bem retirar minha arma da cintura e apontar pra porra da sua testa. – Apesar de engolir em seco, sustento seu olhar.
— Você teve várias oportunidades, mas não fez – Respondo, o fazendo semicerrar os olhos. – E se me matar, vai ficar sem a grana para arrumar seu querido carro.
— Eu não preciso do seu dinheiro, tenho muito mais que essa merreca.
— Então porque vem me perseguindo? Ou acha que sou trouxa o suficiente para não perceber? – Posso ter o visto engolir em seco, ou posso estar enganada - É óbvio que eu temo pela minha vida – Continuo, respondendo sua pergunta anterior, quando ele não faz menção de me responder - Eu não sou idiota, mas também não sou de ficar calada e me humilhar por causa de macho, então, vá em frente, me dê um tiro, mas eu não vou ficar calada e aceitar ser tratada como merda por você – Dean fica quieto, e eu temo um pouco pela minha vida, amanhã, com a mente mais limpa e não sonolenta, talvez me arrependa disso, ou talvez só me arrependa quando tiver uma arma apontada para minha testa.
Eu não tenho paciência, sou impulsiva e não gosto de levar desaforo, na verdade, vim me controlando muito desde que esse filho da puta e seus amigos apareceram em minha vida. Mas também não posso morrer ainda, não antes de mostrar que o cara a minha frente teve alguma influência na morte de minha amiga.
— Sua boca ainda pode te meter em vários problemas. – Dean finalmente abre a boca, e abro um sorriso de escarnio por ter o deixado sem respostas.
— É eu sei.
— Ana? – Ambos olhamos para trás dele, onde K está parada no meio do corredor nos olhando confusa e assustada. Dean volta a me olhar e estica a chave. Quando a pego, ele me lança um último olhar que deve fazer outras pessoas se cagarem nas calças.
— Se eu souber que se meteu de novo onde não foi chamada, farei questão de não a deixar sair impune.
— Farei questão de te avisar antes pai – Juro que ouvi um rosnado sair de sua boca. Dean se afasta de nós saindo pisando duro pelo corredor. Assim que olho para K, seus olhos estão extremamente arregalados. Ela me empurra para dentro do quarto e fecha a porta atrás de si, fazendo questão de girar a chave duas vezes.
— Que merda foi essa que vi e ouvi? – Me sento na cama, ideias tomando conta de mim. – Você tá maluca?
— Talvez – K destranca e abre a porta, conferindo o corredor antes de voltar a fecha-la e trancar novamente. – Mas não o suficiente para deixá-lo me tratar feito merda.
— E prefere morrer por falar demais, do que ficar viva por ter perdido o orgulho? – Ergue a sobrancelha. Quero lhe responder que sim, mas talvez K voe em meu pescoço. – E eu pensando em uma forma de te livrar de toda essa merda, enquanto você tenta morrer.
— Pensou em algo? – Desvio o assunto. Kaori revira os olhos e arranca a chave do carro de minhas mãos.
— Pedir um prazo maior para ele – A olho desacreditada – O que? Isso foi antes de eu ver você pedindo para morrer – K se joga sobre sua cama. – Acho que já vou escolher a música para o seu funeral.
— Não precisa – Cruzo as pernas e abro um sorriso, só agora percebi que dormi com a roupa do jantar. – Acho que tenho uma ideia.
— Denunciar Dean?
— Ah claro, vou denunciar ele para a polícia corrupta. – K revira os olhos.
— Eu estava falando da polícia de Ammou, tipo...
— Não – A interrompo séria – Minha ideia é outra. – K respira fundo.
— Manda.
— Ah não – Abro um sorriso que sei que fará Kaori bufar de raiva. Me levanto da cama, nem escovei os dentes antes de adormecer. – Para você dar mais um chilique? Prefiro lidar com você amanhã de manhã.
— Tá falando sério? – Sopro um beijo para ela e vou para o banheiro – Anabela!
Tranco a porta do banheiro para evitar ter minha cabeça mergulhada na privada.
Mercoledi (Quarta-Feira)
Acordo antes de Kaori na manhã seguinte. Meu lado perverso decidiu não a acordar e após vestir uma calça boca de sino azul clara e blusa manga longa branca, fui até o prédio principal para o café da manhã. Esperava ver algum Ghostin me vigiando pelo caminho, mas felizmente não vi nenhuma jaqueta de couro. Minha manhã começou boa, até cinco minutos antes do café da manhã acabar, quando Kaori aparece descabelada na minha mesa.
— Sua merdinha – Ela me xinga, joga a mochila no chão e puxa a cadeira a minha frente para se sentar – Sua merdinha vingativa.
— Que merda, esperava me livrar de você até a hora do almoço. – K abre a boca em choque, mas quando solto uma risada, ela revira os olhos e abre um sorriso mínimo.
— Fala isso, mas não viveria sem mim.
— Você sabe que não. – Empurro o sanduiche natural que peguei a mais para ela na fila.
— Vai me contar sua ideia mirabolante agora? – Ela retira o plástico do sanduiche e dá uma grande mordida, depois, rouba o suco de uva do meu copo – Já sei – Ela fala de boca cheia. Faço uma careta enquanto a vejo tomar um gole do suco para forçar a comida a descer - Sexo, uma boa foda com o cara mais quente de toda Suvellié – Abre um sorriso malicioso.
— Tá falando sério?
— Foi mal, mas você mereceu.
— O que eu fiz não foi nada comparado a você dar a entender que venderia meu corpo para pagar uma dívida. – Eu falo séria e K perde o sorriso.
— Me desculpe, eu não quis dizer...
— Calma, eu sei que era brincadeira – K ainda se sente mal, então resolvo ir direto ao assunto – Pensei... Na verdade, esse era meu plano desde o início. Pensei em me infiltrar na gangue dele. – K deixa o sanduiche de lado e me encara com interesse.
— E como faria isso?
— Vou me oferecer para correr no racha em troca da quitação da dívida – K fecha a cara.
— Não.
— Kaori...
— Não mesmo Ana, está maluca? Se infiltrar nos Ghostins já é loucura, agora correr? Não, você pode se machucar.
— Eu não vou me machucar – Eu e ela sabemos que estou mentindo – K não tem outra saída, na verdade, até tem, e você sabe qual é .– K solta uma lufada de ar, parecendo cansada, mas não mais do que eu. Ela morde o lábio inferior e pondera por alguns segundos, mas sabe que se eu compartilhei a ideia, é porque já me decidi sobre ela.
— Merda, ok, e como você o convenceria?
— Simples, ou ele me deixa entrar, ou eu dou um jeito de fazer o racha ser descoberto por gente mais importante do que o delegado dessa cidade.
— Não acho que ele vai cair nessa.
— Nem eu, mas será que ele vai querer arriscar? – K assente com a cabeça.
— E quando vai falar com ele?
— Não sei, na verdade eu nunca o vejo sem ser no Roccia, e não tô afim de o ameaçar no meio do salão.
— Ouvi dizer que vai ter uma festa no nido hoje à noite.
— Você sabe que só entra no nido quem tiver sido convidado.
— Considerem-se convidadas então. – K e eu damos um salto na cadeira. Estivemos tão focadas no assunto, que não percebemos Francesca se aproximar de nossa mesa e puxar a cadeira para se sentar. Felizmente, acho que ela não ouviu o que não deveria.
— Francesca.
— Oi – Ela abre um sorriso brilhante, olhando de mim para K, estou tão aflita pelo que ela possa ter ouvido que esqueço de a apresentar para Kaori. – Sou Francesca.
— Kaori.
— Legal, então... – Ela nos olha sorridente – Querem entrar na festa é?
— Sim.
— A gente tá a fim de encher a cara. – Olho para Kaori confusa, mas me olha como quem diz "só vai na onda".
— É – Confirmo – Você consegue um convite? Dois? – Me corrijo com o olhar de K.
— Não precisa de nada disso como dizem por aí – Ela acena com a mão – Na verdade é só ter um par de peitos e bunda que você entra – Ela dá de ombros – Mas como você não é a pessoa favorita do mundo de Dean nesse momento... – Ela me dá um sorriso envergonhado. Não me sinto culpada por isso. – Talvez seja melhor irem comigo.
— Beleza, que horas?
— O Roccia vai fechar as sete para a festa, ninguém frequenta aquele lugar a noite sem ser os Ghostins, mesmo que eles não vão. A festa começa as dez, encontro vocês as dez então? Podemos nos encontrar na sede dos Alphas? De que casa vocês são?
— Espere, você é uma Alpha? – K pergunta, arregalando os olhos, até eu estou surpresa. – Digo, você não parece ser...
— Arrogante e que se acha a última bolacha do pacote? – Fran completa.
— É. – K dá de ombros.
— Entrei nos Alphas porque meus pais são os donos do único hospital da cidade, mas acho que a educação que recebi na fazendinha de meus avós me ajudou a não ser tão... hostil. – Abro um sorriso para ela, confirmando o que disse.
— Somos Sciame, mas moramos no prédio dos Corvi, falta de vagas e tal – Dou de ombros. – Acho que seria mais fácil nos encontrarmos lá no hall.
— Ótimo – Fran sorri, parecendo incrivelmente animada – Tenho que ir, já estou atrasada – Se levanta, só agora percebo que o refeitório está quase vazio, estamos todas atrasadas – Não se esqueçam de ir com algo verde escuro, vocês sabem, orgulho a irmandade e toda essa baboseira – Ela se vira, mas parece se lembrar de algo e volta a nos encarar, na verdade, a me encarar, um sorriso estranho no rosto. – E couro é uma ótima opção.
— Não esqueceremos. – Concordo com Kaori. Nos duas nos levantamos e pegamos as mochilas.
— Certo. Mal posso esperar, essa noite vai ser épica.
Só não sei se no bom sentido.
◤ NOTAS FINAIS ◥
Nido - ninho
O próximo é o meu capítulo favorito, segurem o forninho.
Quero pedir desculpas por todo o atraso em meus trabalhos, dei uma explicada pelo motivo no twitter, mas saibam que estou tentando voltar aos trilhos.
Obrigada por tudo e até domingo.
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