quarantatre
Venerdi
Eu não sei como me vestir para um luau. Quando sexta feira chega, e Zoe aguarda ansiosamente eu me vestir, sentada em sua cama trajando um vestido de verão branco, eu continuo olhando indecisa para a minha roupa. Em Luaus normalmente se usam roupas leves, como a saia gode vinho e a blusa estilo ciganinha branca que uso, mas o que se vestir em um luau na fria Suvellié?
É raro as pessoas irem à praia por aqui, quando acontece, é somente no verão e raramente na primavera, quando o calor toma conta da cidade e os vestidos e roupas da estação saem dos armários. Então, apesar de achar a roupa adequada, acho que morrerei de frio antes de meia noite.
— Sua roupa está ótima Ana – Zoe suspira e eu a olho pelo espelho, a vendo descer da cama e calçar um par de rasteirinhas brancas – Precisamos ir se quisermos ficar de olho nas garotas.
— Queria ter sua confiança em relação a roupas – Murmuro enquanto pego a jaqueta jeans jogada em cima da minha cama, ao mesmo tempo que calço meus tênis brancos.
Eu nunca fui boa em escolher roupas, normalmente pegava só as que achava bonita e vestia, sem me preocupar em combina-las, essa parte, na verdade, ficava com Kaori.
— Ok – Guardo meu canivete no bolso da jaqueta e pego o celular e as chaves – Vamos lá.
Zoe e eu conversamos amenidades pelo caminho até a costa, eu havia prometido mostrar a cidade para Zoe quando ela chegou, mas tanta coisa aconteceu que eu quebrei essa promessa, e me sinto culpada por isso.
— Poderíamos sair final de semana. - Ofereço.
— Dependendo do que acontecer essa noite... - Vejo Zoe dá de ombros pelo canto do olho - Não vou conseguir ficar tranquila e me divertir enquanto uma garota pode morrer a qualquer momento. - Franzo o cenho e fico quieta, procurando uma vaga quando entro na avenida.
Assim que desço do carro, o cheiro da maresia me atinge e eu respiro fundo, absorvendo-o e torcendo para que ele me acalme. O luau ocupa pelo menos duas quadras, com algumas fogueiras dispostas a cada cem metros, iluminando a multidão dispersa pela areia, pelo menos metade da SMD parece estar aqui.
Zoe chega ao meu lado, lendo algo no celular, enquanto eu visto a jaqueta jeans, sem paciência para a ficar segurando. Guardo as chaves e o celular no bolso, quando Zoe bloqueia a tela do celular e ergue o olhar.
— Martina está na primeira fogueira de olho nas outras quatro garotas de sua lista, ela disse que Ettore e Fran estão vigiando cinco garotas na segunda, Matteo e Pietro estão acompanhando dez garotas na última e ela pediu para uma de nós ir na terceira com Dante e o ajudar a ficar de olho em outras dez – Suspiro e enfio as mãos no bolso.
— Onde está Dean? - Zoe dá de ombros.
— Alguém precisa ficar na maior fogueira de olho nas outras seis. - Levo o olhar para frente, e começamos a caminhar em direção as duas últimas fogueiras – Como eles descobriram o rosto de todas elas?
— Acho que passaram o dia nas redes sociais como nós. - Abro um sorriso, lembrando das fotos que salvei de todas as garotas na galeria do celular. Deveria ter passado a semana lendo o livro de duas mil páginas, mas passei a passei decorando rostos, incrível.
Paramos em frente a terceira fogueira e eu e Zoe trocamos um olhar.
— Eu posso ficar com Dante se quiser – Ergo as sobrancelhas, mas Zoe apenas revira os olhos..
— Não, prefiro aturar o panaca do que Dean, o cara é medonho com raiva. - Ela respira fundo antes de se virar e descer os degraus da calçada em direção a areia da praia.
Acompanho Zoe com o olhar, até Dante surgir na sua frente, risonho, visivelmente bêbado, e tentando a abraçar. Solto um riso quando a vejo empurra-lo pelo peito e gritar algo com ele.
— Parece um deja vu. - Murmuro e me afasto em direção a última e maior fogueira.
Olho ao redor enquanto desço os degraus, encontrando rostos conhecidos e desconhecidos, mas nenhuma das garotas a vista. Me aproximo do centro da festa, mais próximo da fogueira, e finalmente encontro duas garotas Corvis da lista fumando perto do mar. Olho ao redor, do outro lado da fogueira, encontro uma Sciame gargalhando com um jogador do time enquanto ele tenta assar marshmellows, semicerro os olhos, o nome dela é Izabel, e é uma das da minha lista.
Meu celular vibra em meu bolso e quando o retiro, vejo mensagens no grupo de investigação, cada um que está nas outras fogueiras mandou o nome das garotas que está lá, então, além dessas três que reconheci, falta achar Felicia, Tera e Wendy.
— Anabela Coppola – Um grito soa a minha direita, e não preciso me virar para saber que seja quem for, está bêbado.
Me viro para o culpado e fico surpresa ao o reconhecer, Yuri Im abre os braços vindo na minha direção, e não consigo impedir um sorriso de se abrir e retribuir o gesto, o abraçando apertado quando estamos perto o suficiente.
— Caralho, eu não te vejo a séculos. - Ele exclama animado antes de me afastar e agarrar meus ombros, olhando para mim.
Por causa de sua altura, preciso erguer a cabeça para o olhar. Seus cabelos pretos estão jogados contra a testa, e ele pisca várias vezes os olhos, presente de sua descendência coreana, a cada vez que o vento os sopra e ele entram em seus olhos castanhos.
Yuri era goleiro do time de futebol quando eu cheguei a SMD meses atrás. Ele foi o primeiro do time a falar comigo e o único cujo eu realmente gostei, então fiquei realmente triste quando nos afastamos após meu termino com Zach. Apesar de não arrependido, ele ficou meio para baixo quando foi expulso do time após socar Zach no meio do jogo quando me encontrou chorando no banheiro do vestiário após flagrar Zach me traindo, e nunca mais nos falamos, não mais do que cumprimentos quando nos encontrávamos no meio do corredor.
— Uau, você está ótimo - Sorrio para ele e ele me solta para afastar seu cabelo dos olhos.
— E você ainda melhor do que antes, sabe, estou disponível se você quiser. - Reviro os olhos, apesar de sentir meu rosto esquentar.
Ok, talvez eu tenha mentido um pouco. Depois de socar Zach, e me ajudar a chegar no dormitório, eu posso ter feito um sexo vingativo com ele, e repetido algumas vezes o ato, talvez isso também tenha nos afastado já que enquanto ele queria que tivéssemos algo a mais, eu queria evitar a qualquer custo um relacionamento. Depois, houve a morte de Luna e eu nunca mais o vi.
— Valeu, mas eu tô... meio que envolvida com alguém - Ele ergue as sobrancelhas e cruza os braços, curioso.
— Bem, se isso significa que esqueceu o idiota loiro, fico feliz – Abro um sorriso - Sério, que merda aconteceu? Ele e Kaori...?
— Não me lembre disso se não quiser que eu vomite nos seus pés - Desvio o olhar para trás dele, encontrando outra garota da lista, Wendy, pegando bebida das mãos de um jogador, a garota do marshmellow continua sentada com outro jogador e as duas perto do mar continuam fumando sozinhas – Você ainda está fora do time? - Pergunto voltando a o olhar. Yuri franze o cenho.
— Eles me chamaram de volta no semestre passado – O olho surpresa – Eles estavam pura merda, era vergonhoso assisti-los, ainda é, por isso decidi os dar outra chance – Ele nega com a cabeça, uma careta se formando em seu rosto – Mas merdas aconteceram e eu decidi sair. - Semicerro os olhos.
— Que tipo de merdas?
— Ah, sei lá - Ele dá de ombros – Eles parecem não se importarem mais com o time como antes, parece haver algo de maior importância rolando.
— Tipo o que?
— Não sei - Impeço um suspiro decepcionante de sair - Não pareceram confiar em mim para dizer, só os mais antigos parecem envolvidos, inclusive os líderes do Alpha. - Ergo as sobrancelhas, computando essa nova informação.
Cada casa tem um grupo de líderes, são eles que distribuem os quartos, organizam festas e administram toda a casa, o grupo normalmente tem dez pessoas, e todas são veteranos da SMD, normalmente já no último ano.
— Ei, você sabe se eles – Aponto para Izabel – Tem um lance?
— Interessada? - Reviro os olhos em brincadeira, Yuri parece cair – Eles são iguais ioiô, vão e voltam, vivem discutindo, ela até já o socou no meio do refeitório.
— Ah sim – Olho para o casal do outro lado da fogueira.
— Vou pegar uma bebida, quer? - Não o olho quando respondo.
— Não obrigada.
Mantenho meus olhos fixos no casal, notando as risadas alegres de antes, parecem ter acabado e agora eles parecem discutir. Yuri se afasta de mim, e permaneço parada no lugar, meus olhos se acompanhando os movimentos das quatro garotas e procurando as outras duas, concentrada, mas basta uma rajada de vento, trazendo um cheiro característico, para eu desviar o olhar para Dean, se aproximando a minha direita.
Ele não veste a jaqueta dos Ghostins essa noite, o que me deixa surpresa, no lugar dela, há um casaco branco, o capuz cobrindo seus cabelos, ele veste uma blusa cinza com a estampa de uma banda por baixo e suas pernas estão cobertas por uma calça jeans de lavagem clara. Se não fosse pelo seu perfume, eu demoraria bem mais para o reconhecer, Dean está diferente, ele parece mais... com um universitário comum e menos com o líder de uma gangue.
Estou pensando em como o cumprimentar –um beijo? Abraço? Aceno de cabeça?- quando ele para a minha frente, a carranca em seu rosto me fazendo preferir pela última opção.
— Você demorou. - Comento quando ele não faz menção de me cumprimentar de volta. A carranca em seu rosto fica pior quando ele franze ainda mais a testa.
— Estava falando com meu tio. - Engulo em seco e temo continuar a perguntar.
— Sobre o que? - Sua testa se suaviza e ele se vira em direção a fogueira, parecendo querendo evitar meu olhar.
— Você.
— O que? - Minha voz soa como estou, confusa. O vejo suspirar antes de me responder.
— Mandei ele não se meter entre o que quer que esteja acontecendo entre a gente.
— Ah, ok, eu acho – Me viro para frente, minha testa franzida em confusão.
— Também perguntei como andava a investigação. - Viro o rosto para o olhar.
— E o que ele falou? - O vinco entre suas sobrancelhas volta a dar as caras.
— Mandou eu não me meter no trabalho dele – Reviro os olhos, que surpresa - Então eu o mandei fazer seu trabalho direito, uma coisa acabou levando a outra e agora talvez ele esteja desconfiado de que estamos investigando algo. - Solto o ar.
— Merda – Dean vira o rosto na minha direção e ele parece se desculpar pelos olhos – Ok, não deve ser tão ruim, o que ele poderia fazer?
— Ele é orgulhoso, se descobrir que sabemos mais do que ele, vai causar uma cena – Ele revira os olhos – Vai preferir fingir que não descobrimos nada do que admitir que pessoas não formadas ou treinadas para isso, descobriu mais do que ele – Dean nega com a cabeça e volta a olhar para frente - Agora tenho certeza de que não pedir ajuda a ele no início foi uma boa ideia.
— De nada – Dean não me responde.
— Então, encontrou alguém? - Assinto e indico as quatro garotas que vi – Bom, encontrei uma amiga de Felicia e ela disse que ela evita ir em qualquer festa dos Alphas após terminar com um dos líderes. - Com o comentário, me lembro de Yuri e conto o que ele me disse.
— Izabel também é mais suspeita, o relacionamento deles parece ser tóxico pra caralho. - Dean assente e olha em direção ao casal.
— Nenhum sinal de Tera? - Ele me olha e eu levo alguns segundos, perdida na barba por fazer em seu rosto, antes de responder.
— Hm, não.
Dean se vira totalmente para mim, e sua mão esquerda se ergue, começando um caminho até meu rosto quando meu celular toca, fazendo-a parar no ar, até despencar ao seu lado. Solto um suspiro em decepção e tiro o celular do bolso, quando o nome de minha tia pisca na tela, fico tensa e me afasto de Dean.
— Tudo bem? - Ele pergunta, parecendo preocupado.
— Claro – Abro um sorriso e dou alguns passos para trás, me afastando - Só vou atender isso e já volto. - Dou um último sorriso antes de me virar e me afastar em direção a parte mais escura e vazia da praia. Atendo a ligação e levo o celular a orelha, ouvindo a voz preocupada de minha tia.
— Quando pretendia me contar que você foi presa? - Ergo as sobrancelhas.
— Hm, você chegou meio tarde...
— Bem, me desculpe se só descobri isso porque seu pai veio aqui em casa, fazendo perguntas feito um louco e...
— Espere, o que? - A interrompo. Aproximo meu celular mais do rosto quando vejo alguns jogadores olharem para mim, então apresso meus passos, me afastando deles e adentrando a escuridão - O que ele foi fazer ai?
— Bem – Sua voz soa mais suave – Ele parecia bem preocupado na verdade, e também parecia um maníaco – Tenho certeza de que ela revirou os olhos – Me fez um monte de perguntas, sobre como você descobriu sobre Matteo, sobre aqueles seus amigos traficantes e se eu sabia como e onde você estava.
— Porra – Solto em um suspiro, sem saber exatamente como me sinto. Ao mesmo tempo que me sinto feliz por o preocupar, quase vingada, me sinto preocupada por ele estar preocupado – E você contou? - Pelo seu longo silencio antes de falar, sei que sim.
— Eu não gosto dele Ana, mas ele ainda é seu pai.
— Tia – Choramingo – Ele vai vir me procurar, e eu não posso lidar com ele agora.
— Vocês precisam conversar querida, uma hora ou outra – Bufo – Mas, eu o disse que você estava puta da vida com ele e ameaçou o apagar de sua vida se ele fosse atrás de você, acho que ele acreditou.
— Você acha? - Pergunto e paro de andar quando mal enxergo meus pés.
— Ele não quer te perder também, então sim, eu acho – Solto um suspiro de alivio, o que eu menos preciso agora é de meu pai aparecendo em Suvellié e se envolvendo na investigação, meu Deus, nem consigo imaginar como ele reagiria se soubesse que eu posso ser uma das próximas vítimas - Mas acho que ele vai investigar.
— Investigar? - Pergunto confusa – Investigar o que? - Ouço-a suspirar.
— Ele acabou de sair, após receber um telefonema de um delegado que ele parece odiar – De Luca maldito - Não sei o que ele disse, mas seu pai afirmou que vai investigar o que anda rolando por aí.
— Droga. - Murmuro.
— Ana eu sei que você já é grandinha e pode tomar conta de si mesma sozinha, mas o que tá acontecendo? - Levo uma mão a testa, coçando uma sobrancelha em preocupação.
— Nada demais. - Ela bufa, sabendo que não direi nada.
— Ok, só me prometa que está bem e segura - Não a respondo, e a ouço soltar uma série de palavrões - Droga garota, pensei que tinha passado preocupação o suficiente com sua mãe.
— Ei, não se preocupe ok? Eu estou segura – Pelo menos por enquanto – E tenho pessoas capazes de me proteger comigo.
— E os Bianchis servem de proteção novamente – Ela soa irônica, mas decido não rebater, sabendo que isso tem mais haver com minha mãe do que comigo – Ok cabeça dura, escute, se você se sentir realmente em perigo, não hesite antes de chamar seu pai.
— Tia...
— Não me importo se vocês não estão em um bom momento – Ela me interrompe – Ele é seu pai, e apesar de o detestar, tenho certeza que ele largaria tudo e faria de tudo para protege-la - Engulo em seco, sabendo que é verdade, e sentindo uma dor em meu peito, sinto falta dele – Nem todos os Bianchis são confiáveis querida.
— O que quer dizer?
— Eu não sei, mas sua mãe sempre me dizia isso.
— Matteo tecnicamente é um Bianchi – Argumento.
— E talvez ele seja o único cem por cento confiável.
Após dizer que sente minha falta e pedir outra vez para que eu fique segura, nos despedimos e assim que desligo o celular e o guardo de volta no bolso, solto uma lufada de ar. Parece que De Luca não ficou contente após a conversa com Dean, e pelo visto, ele quer tornar minha vida uma grande dor de cabeça. Retiro a jaqueta, sentindo um súbito calor me atingir.
Franzo a testa, olhando para o mar, enquanto tento adivinhar o que ele disse ao meu pai. Se ele realmente ficou puto, De Luca deve ter dito alguma merda sobre mim ou contou sobre meu envolvimento com seus sobrinhos, de qualquer forma, não ficaria surpresa se meu pai surgisse na minha porta amanhã de manhã, ele preferiria que eu nunca mais falasse consigo do que me deixar em um possível perigo.
Isso é algo que eu sempre amei e odiei nele, sua proteção muitas vezes foi sufocante e foi por causa dela que estamos nessa atual situação. Ouço passos se aproximando de mim e me viro, tentando enxergar entre a escuridão a minha esquerda. O vestido vermelho vivo se destaca entre a escuridão, e fico surpresa quando o rosto de Kaori entra em foco.
Por cima do vestido vermelho, ela veste um casacão branco da mesma cor dos tênis brancos e a tiara que prende seu cabelo para longe de seu rosto é amarela. Apesar das cores chamativas, ela parece tentar se esconder, olhando ao redor a todo momento enquanto se aproxima de mim.
— Você está bem? - A pergunta me escapa quando a vejo olhar mais uma vez por sobre o ombro.
— Eu... - Ela para a minha frente e respira fundo, seu rosto me olhando com preocupação - Preciso falar com você.
— Por que parece fugir de alguém? - Inclino a cabeça e cruzo os braços, meu instinto protetor à tona – De quem está fugindo? - Ela abre a boca para responder, mas um barulho soa atrás de nós, vindo da escuridão mais a frente, atraindo meu olhar. Quando volto a olhar, ela parece ainda mais alarmada.
— Preciso ser rápida.
— O que...
— Escuta – Kaori segura meu braço, me impedindo de continuar a falar. Ela parece desesperada, e eu a olho preocupada – Você precisa se afastar disso.
— Disso o que? - Ela não me responde.
— Se você não se afastar, pode ser a próxima, você está na lista.
— Mas que... - Outro barulho soa atrás de mim e Kaori me solta. Me viro, tentando enxergar pela escuridão, mas não vejo nada. Bufo e volta a me virar, mas Kaori não está mais aqui, vejo apenas um ponto vermelho correndo em direção a fogueira, para longe de mim – Que merda foi essa?
Descruzo os braços e bufo, sentindo raiva me corroer por dentro, raiva por estar por fora do que quer que esteja acontecendo. Kaori parecia desesperada, e eu tenho vontade de correr atrás dela, a proteger e depois gritar com ela até ela me explicar essa merda toda.
— Que palhaçada - Resmungo, se isso tudo for uma pegadinha, uma forma de me fazer voltar a falar com ela, eu não responderei pelos meus atos.
Dou alguns passos na direção que ela se foi decidindo ir atrás dela, quando sou surpreendida. Um braço agarra minha cintura, enquanto outro circula meu pescoço, meu corpo é pressionado contra outro e eu solto o ar em surpresa, a jaqueta caindo de minhas mãos na areia aos meus pés. Ergo os braços, querendo dar uma cotovelada, quando sinto algo afiado contra meu pescoço.
— Eu não faria isso se fosse você. - Congelo no lugar, a voz que sussurrou dá risada no meu ouvido – Você não parece tão fodona assim, indefesa. - Quero virar meu rosto para olhar a cara do filho da puta, mas a lâmina pressiona ainda mais contra meu pescoço até eu sentir algo escorrer.
— O que você quer? - Pergunto.
— Dar um recado – A lâmina afiada sobe em direção ao meu rosto, me permitindo ver o deslumbre de uma faca - É melhor você e seus cachorrinhos desistirem desse plano estupido, se não...
— Se não o que? - Pergunto em um sussurro, me sinto uma idiota indefesa.
— Se não, algo pior do que isso – Solto um gemido de dor quando a lâmina da faca corta minha bochecha, não tão fundo, mas o suficiente para eu sentir sangue sair da ferida – Vai acontecer.
Seus braços me soltam e eu tropeço para frente, levando a mão ao rosto e então, vendo o sangue em meus dedos. Semicerro os olhos com raiva e me viro, procurando o maldito, mas ele já se afasta de mim, ainda assim, consigo ver o segundo ponto vermelho desta noite.
Recolho minha jaqueta com pressa do chão, pego o canivete nas mãos e então corro em direção a fogueira, desejando mais do que tudo luz. Minha mão aperta com força o canivete aberto, acho que cortei a pele, mas foda-se, eu só quero encontrar Dean e surtar.
As pessoas olham para mim assustadas com o sangue no rosto, mas eu as ignoro, esse é o menor dos meus problemas no momento. Encontro Dean perto das escadas, conversando com Zoe e Dante, o último é o primeiro a me ver e arregalar os olhos. Dante empurra Dean para o lado e corre em minha direção, agarrando meu rosto entre as mãos, quando seu dedo toca minha ferida, tenho vontade de chorar.
— Que merda aconteceu? Você está bem? - Engulo em seco, não querendo abrir a boca para responder e acabar chorando. Zoe e Dean se aproximam de nós, e ambos arregalam os olhos ao me ver.
— Mas que merda... - Zoe para de falar, franzindo a testa.
— Parece que fomos descobertos – Murmuro, minha voz transmitindo o medo que senti.
Dean se aproxima de mim e quando ergo os braços para o abraçar, finalmente percebo minhas mãos tremulas e meus olho se enchendo de lágrimas. Não sou forte o suficiente, e quando seus braços me cercam, me abraçando com força, choro em seu ombro.
◤ NOTAS FINAIS ◥
Hey amores, me desculpe o atraso, perdi o tempo passando um tempo com minha mãe. Falando nisso, feliz dia das mães meus amores, para todas as mamães inclusive as de pet ;)
Espero que tenham gostado e se estão com raiva do desgramado que machucou a Belinha, acreditem, não são estão sozinhes!
Obrigada pelos 68K (socorro como isso aconteceu tão rápido??) e vejo vocês na sexta feira, mil beijos.
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