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Flashs de luzes vermelhas atravessam as janelas e a porta de vidro, alcançando o gramado do campus, há garotas segurando copos vermelhos sentadas e em pé na escadaria que leva a porta de entrada do prédio Alpha. Há um fluxo continuo de pessoas atravessando a rua para entrar no prédio.

Kaori estaciona o carro no estacionamento Alpha, todo prédio tem um estacionamento próprio, e quando há festas, a grande parte das pessoas, pelo menos as que moram nos prédios mais distantes, sempre vêm de carro. O campus todo tem centenas de quilômetros, o prédio Corvi e o Alpha ficam um em cada ponta, então ao menos que queira chegar suada, o carro é preferível. Pelo menos o prédio Corvi é do lado do Sciame, e esse do lado do prédio principal, então não é impossível ir a aula a pé.

Além dos prédios, há uma mini arena, onde os jogos dos times de futebol de toda a cidade ocorrem, perto do Alpha, e o seu estacionamento é junto ao do prédio, então o estacionamento Alpha acaba sendo o maior de todos, mais um privilégio, claro. Perto da Corvi há uma piscina olímpica coberta, antes, pelo que dizem, todas suas paredes eram de vidro, mas depois que os Alphas e Corvis disputaram pelo local -o primeiro porque são os que competem pelo time, e o outro porque fica perto do prédio- e quebraram vários vidros, o local passou a ser fechado por concreto.

Desço do carro e fecho a porta, vejo alguns carros se aproximarem do estacionamento pelas pequenas ruas entre o gramado.

— Eu ainda estou surpresa por você ter aceitado vir a essa festa. - K fala ao se aproximar de mim, começamos a seguir as outras pessoas para dentro.

— É só uma festa.

— Você nunca vai a festas.

— Bem, hoje eu fiquei a fim de ir. – Dou de ombros.

— Te conheço desde criança Ana, sei que tem algo nisso - Desvio o olhar – Mas acho que prefiro nem saber – Andamos mais alguns metros. - Odiei esse tema. – Ela solta um resmungo analisando suas roupas. 

O tema da festa é "festa do preto" -alguns disseram que era algum tipo de insulto aos Corvi- por isso K veste um vestido preto, meia calça preta e saltos pretos, nada Kaori, apesar de haver um lenço vermelho que impede seus cabelos curtos castanho escuro de atingirem sua face.

— E eu odiei esse cropped. – Puxo ele para baixo. O cropped de manga longa é vermelho, combina com a calça jeans preta e vans pretos que uso nos pés. É uma tradição que em toda festa, você vá com a cor da dona da festa em algum acessório ou peça de roupa.

— Eu te empresto e você reclama? Não é minha culpa se você tem mais peitos do que eu.

— Eu nem tenho peito. - Olho-a brava.

— Tem mais do que eu. - Reviro os olhos.

— Tanto faz.

— Pelo menos não é uma festa dos Ghostins.

O prédio Corvi é o único que tem um espaço secreto -nem tão secreto- subterrâneo, lá meio que é o ponto de encontro dos Ghostins, e é lá que eles sempre dão as festas, não que eu já tenha ido em alguma, as festas são para pessoas exclusivas -mas há algumas não exclusivas no hall Corvi, dadas pelos Corvi-, acontece que ocorrem festas lá quase todo domingo, e como nosso quarto é no primeiro andar, acabamos ouvindo a música alta e sempre começamos a semana de mau humor.

Assim que entramos no local, sinto o ar pesar e meu corpo ser empurrado. Ao contrário das festas dos Ghostin, as festas nos outros prédios ocorrem em pleno hall principal/de entrada, e ele não é muito grande, não para caber toda a SMD. Sinto Kaori puxar-me pela mão em direção ao bar improvisado, que é apenas um aglomerado de isopores e barris próximo aos armários do lado esquerdo, e tira duas keep coolers do barril lotado de gelo mais próximo. Pego a bebida de sabor morango e a levo em direção a boca, olhando ao redor, não encontrando ninguém vestindo jaqueta de couro. Dificilmente algum deles viria para uma festa Alpha, mas não é impossível.

— Vamos dançar. – Ela pede, após duas garrafas da bebida e uma cerveja, entusiasmada assim que Ariana Grande começa a tocar.

— Não mesmo. – Resmungo, tomando mais um gole, eu sou péssima dançando.

— Qual é Ana, o que você pretende ficar fazendo então?

— Encher a cara e procurar algo para comer? – K revira os olhos.

— Tá', se importa se eu for? – Aponta para o aglomerado de gente no centro do grande espaço atrás de si.

— Vá em frente. – Aponto, com a mão segurando a garrafa, para a multidão, ela sorri, me dá um beijo na bochecha e antes de sair, avisa que qualquer coisa, ela não largará o celular por nada.

Encosto-me contra a parede mais próxima, estressada pelo plano ir por água a baixo. Na verdade, eu não tenho exatamente um plano. Eu planejava me aproximar de alguma forma de algum deles, talvez no meio da pista de dança? Não mesmo, eu não danço. Tropeçando ou derrubando bebida em algum deles? Era capaz de eu sair com um hematoma. Reviro os olhos, é eu não tenho um plano, e de repente, eu penso o quanto aquilo tudo parece idiota. Eu quero vingar-me pela morte de Luna, não matando alguém, longe de mim, mas ao menos fazer o trabalho que a polícia dessa cidade, visivelmente corrupta, não fez, mas como fazer isso sem ter ideia de por onde começar?

Já cansada de ficar olhando todos se divertindo a mais de meia hora, me desencosto da parede, pronta para ir ao banheiro ou pegar outra bebida, quando um corpo esbarra no meu e um liquido extremamente gelado vai de encontro ao meu colo, quase grito de susto.

— Porra. – Uma voz grossa soa. Ergo o olhar da mancha em frente aos meus peitos, e me deparo com um moreno alguns bons centímetros mais alto que eu encarando a região atingida. Só não sei se é o liquido em si ou os meus peitos.

— Meus olhos estão aqui em cima. – Olhos escuros chocam-se com os meus azuis, quase me fazendo dar um passo para trás. Seus cabelos são pretos e estão arrumados em forma de topete, as sobrancelhas são grossas acima dos olhos que não consigo identificar a cor, por estar escuro, e há um sorriso de lado sendo esboçado pela sua boca vermelha.

— Mas eu derrubei bebida aqui. – Aponta para meus peitos.

— 'Tô começando a achar que foi de propósito. – Ergo as sobrancelhas em desafio.

— Longe de mim – Ergue as mãos – Apesar dessas belezinhas serem incrivelmente irresistíveis – Bufo e passo ao seu lado, chocando nossos ombros e indo procurar algo para me secar. Por que Kaori tinha que ter tanto apego as roupas ao ponto de eu temer o que ela faria comigo caso eu o devolvesse manchado? – Opa, opa, foi mal, não precisa se sentir ofendida. – Escuto sua voz gritar atrás de mim por sobre a música enquanto eu procuro um banheiro.

Abro a porta quando encontro um, graças a arquitetura semelhante dos prédios, e me deparo com um casal praticamente transando em cima da pia. Os dois se separam, e quando reparam em nós -o cara babaca me seguiu até aqui-, se arrumam e saem correndo, assustados.

Franzo o cenho, eu estou brava, mas tanto assim a ponto de minha cara assustar? Entro no banheiro e pego a toalha de rosto, pendurada ao lado de um espelho retangular, a umedeço com a água da pia e esfrego contra a mancha. Seus olhos acompanham meus movimentos, em silêncio, ele fechou a porta atrás de si, nos trancando no cômodo, espero que não tenha segundas intenções ou receberá um olho roxo.

— Relaxa, infelizmente, nós mulheres já estamos acostumadas com os homens sendo babacas – Respondo ao que ele disse minutos atrás. Respiro fundo e largo a toalha ao ver que a água não está dando resultados, ao contrário, parece piorar de alguma forma, e K irá me matar por deixar uma mancha em sua roupa. Me viro para ele e levo as mãos a cintura – De novo, meus olhos estão aqui em cima. – Aponto para eles, fazendo o desconhecido desviar o olhar novamente, e juro que vi suas bochechas corarem levemente. 

Agora, com a luz do banheiro, consigo visualizar seus olhos castanhos claros, ele está vestido todo de preto, uma jaqueta de couro por cima da blusa preta lisa, não vejo nenhum sinal de vermelho, e isso é estranho.

— Certo – Franze o cenho; – Espere, quem lhe disse que todos os homens são um bando de imbecis?

— Bom, nenhum me provou o contrário até hoje, inclusive você. – Ele revira os olhos.

— Precisa ser arisca assim?

— Arisca? – Dou risada – Não é você que está molhado e gosmento. – Puxo o tecido, ele grudou em minha pele. Confesso que estou exagerando, mas esse cara está se achando demais.

— Molhada é? – Ergue as sobrancelhas, dando um sorriso malicioso.

— Tá vendo? E ainda tem a coragem de me dizer que nem todos os homens são babacas. – Exclamo irritada.

— Tá legal gatinha, sem se exaltar – Olha ao redor do pequeno banheiro, parecendo procurar algo – Posso trazer algo para tirar essa mancha ai, ou uma outra blusa, vai querer?

— É o mínimo que você poderia fazer. – Sorrio irônica fazendo o cara bufar. Até parece que eu irei usar qualquer coisa que ele trazer, a não ser que ele tenha um tira manchas.

— Se não fosse tão gostosa. – Resmunga, pensando que não o ouvi, ou exatamente o oposto.

Assim que o desconhecido vira de costas, meus olhos se arregalam. Como não havia visto antes? Sua jaqueta de couro tem um grande corvo preto nas costas e "Ghostin" escrito em cima deste. É irônico a forma como um nome banal de gangue me fez começar a suar em demasiado, principalmente com o O sendo substituído pelo desenho de uma caveira, uma caveira porra!

Agora faz sentido a reação do casal. Eu acabei de falar com um Ghostin? Pior, eu fui extremamente grosseira? Não que eu vá me desculpar, mas será que ele foi procurar sua arma para atirar em minha testa? Será que eles têm armas? Ou foi atrás de algum de seus amigos? Eu não irei ficar para descobrir a resposta.

Assim que acho que ele se afastou o suficiente, saio correndo do banheiro, esbarrando em todas as pessoas pelo caminho, tentando encontrar Kaori no meio da multidão. Felizmente, ela está ao lado do bar, pegando outra bebida.

— K – Exclamo sem folego.

— Aninha! – Kaori ergue os braços empolgada e visivelmente bêbada – Toma mais uma bebidinha miga. – Me empurra uma garrafinha de vidro. Reviro os olhos, mas a pego quando ela não para de a empurrar contra meu peito.

— Escuta, precisamos ir embora. – K arregala os olhos, para algo atrás de mim. – Rossi?

— Merda – Ela exclama, me fazendo a olhar confusa. – Entrando agora, porta principal.

Sigo suas coordenadas e arregalo os olhos. Encontrar um Ghostin era uma coisa, agora ver toda a gangue entrar na festa como se fossem os donos do local, com todos abrindo caminho para eles, é outra completamente diferente. Eu deveria ficar feliz pelo meu não-plano ter funcionado, mas após o meu breve momento com um deles minutos atrás, me sinto gelar. Será que o garoto havia os chamado? Qual deles é Dean, o líder? Será que ele veio?

— Vamos embora, agora. – Ela larga a bebida e segura minha mão, começando a me puxar para a saída.

— O quê? Por quê? – Impeço-a de continuar andando. Eu pedi o mesmo, mas sua reação me deixa confusa.

— Ana toda festa em que se une Ghostins e a liga principal de futebol da universidade, nunca resulta em coisa boa. Ouvi dizer uma vez que além dos costumeiros socos, a polícia foi chamada pois viram um dos Ghostins sacar uma arma. – Engulo em seco, ele tinha mesmo uma arma?

— Tá. – Ela volta a andar e eu a sigo. Um grande número de pessoas resolveu fazer o mesmo que nós, resultando em uma saída tumultuada.

Já do lado de fora, após descer as escadas, sinto meu braço ser segurado e puxado para fora da multidão e para longe de K. Me viro pronta para discutir com quem quer que fosse, mas fico sem palavras ao ver a figura: Zach Ricci, o capitão do time de futebol, e infelizmente, meu ex namorado, ele me encara com um sorriso torto e de braços cruzados após soltar o meu.

Conheço Zach Ricci desde meus treze anos, quando nós ainda morávamos em Ammou -minha cidade natal-, e frequentávamos a mesma escola. Vi-o a primeira vez sofrendo bullying, na época, Zach estava acima do peso para um garoto daquela idade, e juntando com a falta de cérebro dos meninos desde sempre, ele era um alvo constante de piadinhas ridículas. Eu sempre fui meio encrenqueira, então quando o vi sendo vítima de dois garotos, me intrometi e resolvi a situação. Depois daquele dia, nós dois viramos amigos e dois anos depois, namorados.

Namoramos por quatro anos, um a distância, em meio a idas e vindas e muita traição de sua parte, mesmo que eu não sabia naquela época, até eu me transferir para a mesma universidade que a sua e as coisas desandarem totalmente.

Ele é uns bons trinta centímetros mais alto do que eu, seu físico parece ter duplicado nas férias, então seus músculos estão destacados pelos braços cruzados, seus cabelos loiros estão desarrumados e seus olhos castanhos me encaram por longos minutos até ele finalmente abrir a boca.

— Não esperava ver você por aqui. – Engulo em seco e imito sua pose.

— Bom, eu já estava de saída – Aponto para trás de mim – Inclusive, você atrapalhou minha fuga. – Zach dá risada.

— Não poderia deixar escapar uma garota tão bonita assim sem ao menos dizer um oi – Ergo as sobrancelhas, soltando uma risada debochada logo em seguida, Zach está bêbado, e ele bêbado é galanteador até com um poste. – Então, oi.

— Me erra Zach. – Me viro desesperada para sair, mas sinto sua mão tocar levemente meu pulso novamente.

— Espera – Reviro os olhos, mas volto o olhar para si. – Só quis dizer... o que faz aqui?

— O que se faz em uma festa Ricci? – Antes que ele responda, um de seus amigos do time aparece ao seu lado, pelo seu modo cambaleante comprovo que ele está bêbado, ótimo, mais um.

— Zach precisamos vazar. – Ele pede embolado, tentando puxar Zach para longe, mas o loiro nem se mexe.

— Estou esperando ela responder.

— Responder o que? – Reviro os olhos, olhando para trás, onde Kaori acompanha com os olhos arregalados as pessoas que saem apressadas da festa.

— O que ela faz aqui.

— Ela é daquele tipo.

— Tipo? – Pergunto sentindo meu sangue subir à cabeça. – Que tipo?

— Que não espera nem dois meses de um termino e já abre as pernas para outro. – Zach explica, não sei se está explicando o que o amigo pensou, ou se ele mesmo acha isso. De qualquer forma, fecho minha mão com mais força em volta da garrafinha que nem percebi que trouxe junto.

— Não que isso seja da porra da sua conta – Me aproximo da dupla chapada – Mas eu não abri as pernas para ninguém, pessoas não precisam ir para festas só para foderem – Exclamo com raiva – Ao contrário de você, que até mesmo quando namorávamos fodia com qualquer coisa que tinha uma buceta no meio das pernas. Você me enoja. - O rosto de Zach está vermelho e ele entrefecha os olhos.

— Cara... que vadia. – O amigo exclama junto a um assobio e eu ergo minha mão prestes a dar um soco em seu rosto, mas Zach puxa o amigo para trás e eles se afastam em direção ao estacionamento, algum de seus amigos falam para saírem dali antes que algum funcionário do campus chegue. Não sei para onde vão já que eles vivem aqui, mas que se fodam.

Bufo frustrada ouvindo K me chamar ao ver um Ghostin e um Alpha rolarem escada abaixo. Ia deixar para lá, mesmo com o ego extremamente ferido e ir embora, quando Zach vira o rosto em minha direção e pisca um olho. Nem. Fodendo.

Quando percebo, lanço a garrafinha de vidro com toda a força possível em sua direção. Eu nunca fui boa nas aulas de educação física, meu senso de direção é igual a zero, por isso, não fico surpresa quando ao em vez da garrafa atingir a cabeça loira do cara que já pensei amar, atinge um carro preto ao lado, estilhaçando todo o vidro do para-brisa e fazendo o alarme soar. Um silêncio surge por todo o local. Todos os olhares vão do carro, para mim, a maioria parece assustado, como se temessem a minha vida.

— Anabela! – Kaori grita. Me viro para ela com os olhos arregalados. Corro em sua direção, agarro sua mão e saímos correndo pelo estacionamento até seu carro — Você sabe de quem era aquele carro? – Grita, já sem folego ao destravar o carro.

— Prefiro nem saber. – Fecho a porta do motorista atrás de mim, sua bebedeira pode ter diminuído pela adrenalina, mas não deixarei Kaori dirigir.

Assim que K fecha sua porta, dou a ré com o carro. Há uma aglomeração ao redor do carro que danifiquei, e algumas pessoas apontam para mim assim que passamos ao lado do veículo, escorrego pelo banco, tentando me esconder.

— Por que você tacou aquela garrafa?

— Porque Zach foi um babaca comigo.

— Que novidade. – K zomba enquanto atravesso todo o campus com rapidez.

— Eu não ia deixá-lo  sair por cima. – Reclamo minutos depois, saindo do carro assim que estaciono na área Corvi. Meu coração está disparado pela adrenalina, olho para trás a todo momento como se fosse uma fugitiva.... o que eu sou.

— E então quebrou o vidro do carro de alguém – Não espero Kaori antes de atravessar o estacionamento correndo e entrar no prédio – Por que a pressa? – Entramos no prédio, eu bons metros à frente de K.

— Porque eu sou uma fugitiva – Falo alto, atravessando o hall em direção ao corredor lateral que leva as escadas que levam aos quartos .- E uma fugitiva sem grana.

— Anabela! – Kaori exclama brava, quando eu estou prestes a começar a subir os degraus da escada, paro e a olho – O que é isso na minha blusa? – Desço o olhar para a blusa que ela me emprestou e que esqueci totalmente da sujeira. – Anabela...

— Eu vou tomar banho. – Me apresso degraus acima, ouvindo Kaori me xingar atrás de mim.

São duas da manhã quando saio do banheiro após me certificar que Kaori desistiu de ficar me esperando para zombar sobre o carro e reclamar sobre sua blusa, que está no cesto de roupas sujas.

Entro no quarto com cautela, K está desmaiada em sua cama, nem trocou de roupa e sei que irá se arrepender amanhã de manhã de não ter retirado pelo menos a maquiagem do rosto. Foi uma péssima ideia dar uma festa em plena quarta-feira, meu corpo clama pela cama e eu quase choro ao pensar que terei menos de quatro horas de sono. Tiro a toalha do corpo e visto meu pijama de moletom, levo a toalha de volta para o banheiro, apago a luz do cômodo e me sento na cama, apago a luz do abajur entre nossas camas.

Assim que meu corpo se deita contra a cama, batidas fortes soam contra a porta e eu me sento assustada.

— Anabela – K resmunga, enfiando a cabeça embaixo do travesseiro. Resmungo em resposta, ouvindo as batidas na porta aumentarem cada vez mais. – Atende logo essa porra.

— Merda – Desse jeito, a pessoa irá acordar o andar todo. – Já vai! – Grito. As batidas diminuem, mas não param. Levanto com raiva, chuto o chão atrás dos meus chinelos e assim que os acho, vou até a porta e a abro a porta com força, fazendo finalmente o bate bate parar.

O cara do outro lado da porta dá um tropeço para frente em surpresa, mas recupera rapidamente o equilíbrio e apura os ombros, me encarando com o maxilar trincado.

— Quem é você? – Pergunto. O cara solta um riso de escárnio.

— Tá de zoação comigo? – Não respondo, totalmente confusa – Dean Bianchi, e temos assuntos a tratar Coppola.

Dou um passo para trás, minha mão solta a maçaneta da porta e cai inerte ao meu lado.

Quem eu venho mais do que tudo querendo conhecer nos últimos meses, de alguma forma, está bem a minha frente. Ele me olha lentamente de cima a baixo, inclino a cabeça e acabo o analisando de volta.

Dean é como todas as garotas haviam me dito: fodidamente quente. Seu cabelo, menor nas laterais e maior em cima, formando um topete com alguns fios que caem por sua testa, é loiro escuro, os olhos são de um tom caramelado, seu maxilar é bem marcado e consigo ver algumas pintas claras aqui e ali pelo seu rosto. Ele veste a maldita jaqueta de couro que marca os músculos de seu braço e molda seus ombros largos. Pode ser uma beleza comum, mas é marcante. Dean Bianchi é marcante. Ele pisca, desviando o olhar do meu rosto, parecendo voltar a si, mas afinal, que merda ele faz aqui?

— Venha comigo – Simples e grosseiro. Ele se vira e começa a andar pelo corredor. Continuo parada, tentando entender a situação – Precisarei repetir? Ou prefere que eu fique batendo em sua porta a noite toda? – Mordo minha língua evitando soltar um palavrão.

— Me dê só um minuto. – Dean revira os olhos, prestes a negar, mas o ignoro e entro no quarto, fechando a porta atrás de mim.

Passo as mãos pelos cabelos, tentando pensar. Ok, Bianchi está aqui, a questão é: por quê? Merda, será que ele descobriu que venho pesquisando sobre ele no último mês? Engulo em seco quando a imagem de Luna vem a minha mente. Ouço seus passos pesados pelo corredor, se aproximando da porta, não dá para fugir.

Pego um casaco dentro do guarda-roupa e o visto e pego o canivete que ganhei de presente de meu pai de dentro da mochila. Ao lado do abajur, há um bloco de post-it's, pego um e escrevo para K "se eu não voltar, a culpa é de Dean Bianchi". Seguro o canivete com a mão fechada e vou até a porta, a abrindo. Me assusto e dou um passo para trás ao ver Dean com a mão erguida, prestes a bater, de novo.

Ele se vira e passa a caminhar pelo corredor, não me restando outra alternativa senão o seguir. Descemos os dois lances de escada até o térreo, e então atravessamos todo o andar, passando pelo hall principal até a porta de saída, totalmente em silêncio. Seguro com mais força o canivete, agradecendo ao meu pai pelo presente de "seja bem vinda a vida universitária".

Assim que ele abre a porta de entrada, me encolho ainda mais dentro do casaco, Setembro está no início, mas o verão está chegando ao fim e o outono incrivelmente frio se aproxima cada vez mais.

— O que você quer? – Pergunto, não obtendo resposta.

A cada passo, eu sinto mais vontade de dar-lhe um mata leão por trás ou fazer um bom uso do canivete. Eu me sinto uma cadelinha seguindo o seu dono, e eu odeio isso. Dean passa pela porta, e não a segura, quase à fazendo bater na minha cara, isso me faz soltar uma lufada de ar de raiva.

Dean atravessa a rua e o gramado até o estacionamento, olho ao redor, está tudo escuro, apenas os quatro postes no estacionamento e a luz embaixo da entrada do prédio Corvi iluminam o lugar, não há ninguém por perto, e o vento que sopra pelos meus ouvidos parece sussurrar. Dean parou de andar perto de um carro, e se vira para mim, me esperando. Dou outra olhada ao redor, eu poderia fugir, mas infelizmente, minha curiosidade fala mais alto e eu me aproximo dele.

– Eai?

— Você quebrou o vidro do meu carro. – Arregalo os olhos. Inclino a cabeça para ver atrás de si e vejo um Chevrolet Camaro Conversível 1969, só o reconheço por ter assistido muito The Vampire Diares, mas sei que ele é caro pra caralho e o para-brisa quebrado me faz fechar os olhos com força. Merda, de tantos carros para atingir, tinha que ser justo o dele?

— Tá legal, foi mal, na real não era a minha intenção, mas é que eu nasci sem o menor senso de direção e... – Começo a divagar, mas ele me interrompe.

— Poupe-me de suas desculpas – Ergue o dedo indicador ameaçadoramente em minha direção. – Você vai pagar.

— O quê? – Quase gritei, ele vai me matar? Mais já?

— Você sabe quanto custa um para-brisa e arrumar a lataria deste carro? – Quase suspiro aliviada, é só dinheiro. "Só".

— Lataria? Até onde eu saiba eu só quebrei seu para-brisa. – Vejo ele trincar o maxilar e uma veia em sua testa começar a saltar.

— Dê uma olhada. – Manda, apontando com a cabeça para o carro. Reviro os olhos, me aproximando do capô do carro e me inclinando sobre ele tentando ver algum arranhão.

— Não tem nada aqui – Respondo olhando-o sob os meus ombros e o encontro olhando a minha bunda. Qual o problema desses caras? Me levanto e finjo uma tosse, fazendo Dean voltar os olhos para os meus. Ao contrário do garoto do banheiro, seu rosto não muda de cor.

Dean se aproxima de mim e aponta um ponto especifico no capô. Me aproximo, quase colando a cara no capô e então vejo: um risco, menor que um centímetro, um misero risco, onde provavelmente, a garrafa deve ter ricocheteado.

— Você tá zombando com a minha cara? – Pergunto com raiva, me afastando dele, se continuasse perto de si, não iria hesitar em socar o seu rosto – O para-brisa eu até entendo, agora essa sujeirinha? – Aponto para o risco.

— Não ligo, você irá pagar – Leva as mãos para a parte de trás da calça jeans preta, fazendo a jaqueta de couro se erguer e consigo ver algo prateado brilhar. Uma arma? Merda. Engulo em seco. Ele estica o braço para mim, desvio o olhar de seu pulso com alguns rabiscos de tinta para o papel. Arregalo os olhos e puxo o papel de sua mão, aproximando de meu rosto e tentando comprovar se não estou bêbada. Há cinco dígitos aqui.

— Nem fodendo – Exclamo, abaixando o olhar e o olhando chocada – Tá me achando com cara de banco? – Dean solta o ar pelo nariz, eu sinto sua raiva daqui.

— Foda-se, você quebrou, você paga – Vira-se e abre a porta do motorista. Sério que ele dirigiu até aqui com o vidro quebrado só para me cobrar? Em plena duas da manhã? – Você tem um mês.

— UM MÊS? – Grito, fazendo-o erguer as sobrancelhas, foda-se se ele está irritado e se tem uma arma na cintura, eu estou puta. – Você acha que eu vou tirar dinheiro de onde? Do cu?

— Você tem uma bunda bonita, conseguiria algo por el. – Respira Anabela, você precisa dele vivo para vingar Luna – Um mês, ou terá consequências. – Entra no carro, o ligando e se eu não desviasse, com certeza ele teria passado por cima de mim. Pego uma pedra no chão, pronta para tacar no vidro de trás de seu carro, mas ele acelera, sumindo rapidamente da sede dos Corvis.

— Maldito filho da puta – Largo a pedra, tomara que os cacos de vidro no banco rasguem a sua bunda. Volto para dentro do prédio e amasso o papel em minha mão, miro na lata de lixo perto de mim, mas o papel passa longe. – Por que diabos eu fui ter uma mira tão ruim?

Eu oficialmente odeio quartas-feiras.

NOTAS FINAIS

Então, capítulo dois já está entre nós gente e ele que dará o início a tudinho.

Eu quero agradecer de coração por todo o feedback que a história vem recebendo, cada comentário e estrelinha, eu leio todos e agradeço de coração por cara um deles (ps: cara eu amo a reação de vocês kkkk).

Espero que tenham gostado e obrigada novamente!!!

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