diciannove
Martedi
Nunca pensei que eu fugiria após um beijo, mas, é, eu fugi.
Durante todo o caminho até o dormitório, eu e Pietro ficamos em silêncio, não sei o motivo dele, mas o meu foi por estar surtando por dentro. Eu não devia ter feito aquilo, não devia ter tomado a iniciativa, não devia sequer chegar perto de Dean, acima de tudo, não devia ter desejado aquele beijo, mas como tudo que vem acontecendo em minha vida nos últimos meses, perdi o controle. Me bati mentalmente por isso durante todo o caminho até a sala de Sociologia após mal dormir a noite por, novamente, ficar me crucificando.
Solto um suspiro e largo a mochila no chão antes de me jogar na cadeira da sala. Não prestei atenção na primeira aula, na verdade, fiquei encarando o corvo da jaqueta de Matteo sentado à minha frente, seus olhos parecendo zombar de mim, assim como os olhos de Dean quando milagrosamente, apareceu no refeitório no café da manhã e lançou um sorriso irônico para mim. Tanta maldita boca para beijar Anabela, fala sério.
Apoio minha cabeça nas mãos e fecho os olhos com força, tentando apagar o momento da minha mente. Um cheiro de menta invade meu olfato, me fazendo levantar a cabeça e abrir os olhos. Fala sério.
Dean nunca vem as aulas, só apareceu em uma desde o início do semestre, e justo hoje ele decide dar as caras.
Tiro o braço esquerdo de cima da cadeira quando seu braço encosta no meu. Respiro fundo e desvio o olhar para minha mochila no chão, retirando meu caderno de lá. Dean apoia o cotovelo na mesa e sinto seu olhar em mim enquanto encaro fixamente à frente da sala onde o professor começa a escrever algo na lousa.
— Que cheiro bom, perfume novo?
— O quê? – Encaro-o, confusa com a pergunta. Ele sorri.
— Fiz você falar comigo – Reviro os olhos ao entender seu plano e volto a olhar para frente. Dean se encosta-se à cadeira e cruza os braços. – Preciso falar com você.
— Por que você não presta atenção na aula? – Pergunto e pego uma caneta, começando a anotar. A sala está em silêncio, anotando o que o professor anota com rapidez lá na frente.
— Não preciso anotar para prestar atenção, meus olhos e ouvidos já fazem um excelente trabalho. – Respire fundo, ele não te afeta em nenhum sentido.
— Quem me dera ter essa habilidade. – Retruco.
— Que tal você falar comigo – Aproxima o rosto do meu ouvido. – E depois eu te ajudo com a matéria?
— Tenho uma ideia melhor – Uma voz soou atrás de nós. Viramos a cabeça em sincronia para uma garota ruiva de olhos escuros – Que tal vocês calarem a boca? – Abro a boca em choque. Dean ergue as sobrancelhas para ela e abre um sorriso que a faz arregalar os olhos. – P-pelo menos falem mais baixo.
— Claro docinho – Dean volta a se virar para frente, e eu o encaro atônita – O quê? – Sua voz passa a soar em um sussurro - Chocada com o quão charmoso eu sou? – Respiro fundo e viro para frente. Matteo nos encara por sobre o ombro, para mim, um olhar como se perguntasse se está tudo bem. Dou-lhe um sorriso para o tranquilizar.
— Que seja – Largo a caneta na mesa e viro meu rosto para si – O que você quer?
— Muitas coisas na verdade – Ele se ajeita na cadeira. – Falar sobre o beijo, repetir o beijo, talvez algo a mais...
— Bianchi – Falo entre dentes, o interrompendo. O que ele tem de errado? Quando mudou do Dean todo fechado para Dean todo falante e espalhando seus... sentimentos? Me sinto sendo feita de idiota. – Estou perdendo a paciência.
— Ok – Ergue as mãos em rendição – A reunião será lá em casa após o Roccia. – Solto um riso pelo nariz.
— Qual o seu problema com madrugadas? – Ele abre um sorriso e se aproxima. Malditas carteiras próximas uma das outras.
— É quando as melhores coisas acontecem.
— Acordar pessoas de madrugada?
— E beijar também – Ele abre um sorriso um sorriso de canto quando me vê engolir em seco.
Ah ele quer jogar? Ótimo. Abro um sorriso para ele, que o faz me olhar suspeito.
— Você sabe que só te beijei para lhe convencer a me deixar ir na reunião né? – Ele arqueia uma sobrancelha e perde o sorriso.
— E você sabe que só correspondi para te deixar tão extasiada a ponto de esquecer isso né? – Perco o sorriso.
Perto de nós, ouço um coçar de garganta e Dean revira os olhos antes de olhar para frente. Ambos ficamos surpresos ao darmos de cara com o professor parado a nossa frente, e toda a sala nos olhando ao fundo.
— Algo a declarar senhorita Vitalle? – Me encolho na cadeira com seu olhar.
— Não senhor, sinto muito. – Murmuro.
— Mantenha-se calada, por favor, caso contrário, pode se retirar de minha aula. – Penso em retrucar o porquê ele não advertiu Dean, mas prefiro me manter calada.
— Não irei mais interromper.
— Ótimo. – Ele se vira para frente e eu respiro em alivio, sentindo minhas bochechas totalmente quentes de vergonha.
Mais à frente, Matteo me encara confuso, ele desvia o olhar para Dean ao meu lado, e seu rosto se fecha. Não entendo o que aconteceu quando ele reúne suas coisas com pressa e sai da sala. Me viro para Dean, que me encara sério.
— Que foi?
— Vitalle? – Pergunta – Isso não apareceu em minhas pesquisas. – Reviro os olhos.
— É – Dou de ombros. – Não é algo que consta em todos meus documentos.
— Posso saber o porquê?
— Por que a curiosidade?
— Vai dizer ou não? – Solto uma lufada de ar.
— Tão delicado – Zombo - Não é nada demais – Dou de ombros, mas talvez devesse dar na minha cara por respondê-lo: – É o sobrenome da minha mãe, não está em todos os meus documentos.
— Por que não? – O olho perdendo completamente a paciência.
— Não espere que contarei toda a minha vida para alguém como você. – Dean fecha a cara, seu maxilar trincado.
Ele se vira para a frente e cruza os braços, evitando me olhar. Quase solto um suspiro em alivio, mas não demora muito tempo para que ele volte a falar:
— Vamos ter que sair da cidade após a reunião. – O olho confusa.
— Por que?
— Vamos acertar as contas com Filipo – Seu olhar continua fixo a frente. – Precisaremos sumir por uns dias.
— Quantos dias?
— Segunda estamos de volta. – Solto um suspiro e assinto com a cabeça.
Seu celular vibra em cima da mesa e vejo o nome de Matteo na tela. Dean desvia o olhar para ele e o pega, se levanta e vai embora sem dizer mais nada.
Venerdi
Matteo não sentou perto de mim pelo resto da semana. Ele não falava, ou sequer olhava em minha direção, como se estivesse chateado comigo, mas eu não faço ideia do que poderia ser, além disso quando tentei conversar com ele, agiu tão escroto quanto Dean. Isso surpreendentemente me deixou magoada, eu gostava da relação que estávamos criando, mas talvez seja melhor assim.
Quando os Ghostins passam pela porta às sete, eu reviro os olhos. Dean sequer lembrou de minha existência pelo resto da semana, não que eu esteja reclamando, foi ótimo ficar livre dele por esses dias, mas não posso deixá-lo me deixar de lado, não se eu quiser confirmar minhas suspeitas, principalmente tendo por onde começar a procurar agora. Dante é o único que me lança um sorriso e vem em minha direção no balcão.
— Morena, esqueceu que eu existo? – Franzo o nariz. Letitia acaba esbarrando em mim e pede desculpas – Acho que estou chapado, ou doente – Ele leva à mão a testa, me fazendo rir.
Letitia vinha sendo uma ótima funcionária desde o... desde aquela noite. Nunca irei me esquecer da cara que Francesca fez quando Letitia rejeitou ir lá atrás com um Ghostin:
— Ana – Fran puxou meu braço – Acho que sequestraram a Letitia, a clonaram, e substituíram por uma versão boazinha – Ela me encara com os olhos arregalados. – Ela chegou no horário hoje, ela até me pediu licença.
— Ou talvez seja a mesma Letitia de sempre – Retiro a mão de Dante de sua testa – O que quer dizer com "esqueceu que eu existo"? – Engrosso a voz tentando o imitar.
— Péssima imitação – Cruza os braços em cima do balcão. – Sério, parece um velhinho com asma.
— É a sua voz.
— Sei – Revira os olhos. – O que eu quis dizer, é que agora a senhorita só dá atenção ao Dean, ou ao Matteo, esqueceu de mim.
— Ownt – Me aproximo do balcão e de si – Está com ciúmes? Não que eu e Dean tenhamos algo. – Me apresso a acrescentar. Dante bufa.
— Sei. Não é ciúmes, é só...sei lá, era para sermos amigos, certo?
— Certo – Olho ao redor. – Prometo te encher mais o saco, tudo bem?
— Forçado assim não quero. – Reviro os olhos, só há essa opção.
— Dante, eu... – Paro de falar quando Letitia passa correndo por nós em direção ao corredor.
Um Ghostin levanta de uma mesa e tenta seguir seu caminho. Saio de perto de Dante e paro na entrada no corredor, impedindo o cara que sempre se pegava com Letitia atrás da lanchonete, de passar.
— Ei, ei, ei – Estico a mão, fazendo-o parar. – Só é permitida a entrada de funcionários.
— O que? – Ele me encara confuso, tentando driblar meu corpo, mas eu o acompanho. – Eu quero falar com a Letitia.
— Só funcionários. – Letitia havia comentado há alguns dias que não tinha contado a notícia ao pai ainda, e eu desconfio que esse cara possa ser ele, então, se ele a flagrasse vomitando no banheiro, poderia desconfiar.
— Michel – Dante o chama – Deixe a garota em paz hoje. – O tal de Michel volta a me encarar, com raiva, mas desiste de avançar, dá a volta e volta para a mesa de antes junto com Dante.
Olho para Francesca e sinalizo que iria lá atrás. Assim que ela me responde com um 'ok', me viro e vou até o banheiro, onde Letitia acaba de dar descarga. Ela olha para trás e me encontra, ficando confusa.
— Eu só vim vomitar, já vou voltar para lá.
— O que? Não, não é isso – Nego com a cabeça, me aproximando. – Só vim ver como estava.
— Com vontade de vomitar minhas tripas fora a cada vez que sinto cheiro de bacon – Ela se levanta, indo para a pia lavar a boca com o pequeno frasco de enxaguante bocal que tirou de dentro do bolso da jaqueta. – Mas bem.
— Legal – Coloco minhas mãos no bolso da jaqueta – Aquele Michel queria entrar aqui. – Ela cospe o liquido azul e se vira para mim, assustada.
— O que? Droga. – Resmunga.
— Sei que não é da minha conta, mas... Ele é o pai? – Letitia me encara, brava.
— Não é mesmo da sua conta. – Respiro fundo, lá vamos nós de novo.
— Eu sei, mas, sabe, você sabe quem é?
— Está querendo dizer algo? Que eu sou uma espécie de vagabunda que transa com tantos caras que nem consegue saber quem é o pai? – Arregalo os olhos.
— O que? Eu nunca te chamei disso. Apenas... quer saber? Deixa, se quiser eu chamo aquele cara aqui e... – Começo a me afastar, mas ela resmunga.
— Não o chame – Cruza os braços. – Só você sabe sobre isso, mas saber quem é o pai, ainda não é da sua conta.
— Eu sei, só queria ajudar de alguma forma.
— Se eu precisar de sua ajuda, falarei.
— Certo. – Desvio o olhar, é melhor eu ir?
— Eu... – Letitia para, chamando minha atenção para si – Estava pensando sobre o que disse e... algum conselho para impedir que as coisas que eu fiz, e faço – Engole em seco. – Não afetem esse... bebê?
— Que tipo de coisas?
— Não é da... – Respira fundo. – Prefiro não falar.
— Certo – Cruzo os braços. – Se der, tente resolvê-los, não custa nada tentar.
— E se custar? – A encaro, séria, e sem respostas.
— Rezar, ou pedir a ajuda de alguém, talvez ajude.
O resto do turno foi tranquilo, mas percebi Letitia evitando Michel várias vezes. Quando a lanchonete fechou, Dean me deu uma carona para o prédio Corvi, alegando que seria melhor eu ir de carro com ele por causa da mochila para passar o final de semana fora. Eu quis vomitar, mas engoli em seco e aceitei. Você precisa da confiança dele, não pode se afastar.
— Te espero aqui embaixo. – Pego minhas coisas e abro a porta.
—Tem certeza? Eu tava a fim de tomar um banho.
— Pode tomar banho quando chegarmos, é menos de duas horas de carro daqui a Gregia.
— Quer ficar duas horas trancado comigo dentro desse carro, cheirando a bacon e cebola?
— Eu gosto de bacon – Ergo as sobrancelhas. – Eu só quero chegar lá rápido após nosso acerto de contas.
— Ok, eu já volto.
Atravesso o estacionamento em passos ágeis. Assim que entro no dormitório, Kaori se senta na cama. Não vínhamos conversando muito esses últimos dias, sua falta de confiança em mim, mesmo que eu tentasse ignorar, me magoa e me faz deixar de confiar nela como antes.
— Oi. – Toma a frente.
— Oi. – Puxo minha mochila já pronta de baixo da cama e a coloco em cima da cama.
— O que é isso? Aonde você vai? - Pergunta me olhando trocar de roupa. Visto uma legging preta e um moletom marrom.
— Vai ter um racha em Gregia, se eu ganhar esse, eu finalmente vou terminar de pagar o Dean. – Invento a primeira desculpa que passa em minha cabeça.
— Em Gregia? Quando você volta? Você vai com Dean?
— Sim, e segunda-feira – Respondo as duas primeiras perguntas - Não só com ele, Dante, Martina, Francesca... – Pelo que ouvi no Roccia, todos os Ghostins vão dar uma sumida no final de semana, isso me deixou mais apreensiva para hoje à noite.
— Um bando de bandidos e traficantes, você quis dizer. - Respiro fundo, eu sei que é verdade, mas de alguma forma, eu me sinto insultada, principalmente por Francesca. Ultimamente eu venho sentindo Matteo - até alguns dias atrás pelo menos - e Francesca mais como amigos do que Kaori, a sumida.
— Eu sei, mas eu preciso ganhar essa – Entro no banheiro, pegando minha toalha e alguns produtos de higiene. - Não vejo a hora de pagar o que devo.
— E depois disso você vai sair?
— Não... - Murmuro, temendo sua reação. Finalizo a mochila com algumas maquiagens e a fecho.
— Como assim não?
— Eu ainda não descobri quase nada sobre a morte de Luna, eu preciso ficar e conseguir provas, tenho até o final do trimestre, lembra?
— Você está se ouvindo?
— Eu sei que é loucura K, mas eu preciso, por Luna.
— Não você não precisa – Troco as botas de antes por um tênis - Anabela - Coloco a mochila nas costas e enfio os documentos no bolso - Você está obcecada! - Ela grita, me fazendo interromper meus passos para a porta. Olho para ela, exalando raiva. — Desiste dessa merda logo Anabela!
— Eu não suporto mentiras K, e essa cidade é rodeada delas, não é só porque é Luna que eu vou dar de mãos, e se fosse você? - pergunto, com uma voz tenebrosamente calma.
— Para com isso Anabela! Para! - Grita a última parte - Você só tá fazendo isso porque sua mãe sumiu e ninguém sabe se ela tá morta ou não! Mas adivinha Anabela? Se nem seu pai, um policial, descobriu sobre a sua mãe, você não vai descobrir sobre a morte de uma aluna qualquer. - Dou um passo para trás, completamente em choque, sentindo como se eu tivesse levado um tapa, facho os olho com força pensando não ter ouvido direito, respiro fundo e os abro.
— Gostaria de ver se fosse a sua mãe que sumisse, quando você tivesse só cinco anos e tivesse que lidar com a perda de uma mãe e um pai se afundando em bebida - Dou um passo a frente - Queria ver se você tivesse que faltar em todos os dias das mães na escola porque as pessoas zombam de você por não ter mãe. Queria ver você não ter nenhuma lembrança de sua mãe porque o trauma foi tão grande, que tudo se apagou - Paro na sua frente a vendo se encolher - Então, é, eu não sei se a porra da minha mãe tá viva ou não, eu não sei se ela foi morta e todos simplesmente resolveram ocultar o caso e meu pai fingir que não ela nunca existiu, mas eu sei - Aponto para o meu peito - Que eu tenho a chance de vingar a morte de Luna e eu vou fazer isso - Ela engole em seco - E eu juro Kaori Rossi que eu só não te dou um tapa agora por respeito aos nossos anos de amizade. - Finalizo, passando por seu corpo encolhido em frente à porta. Abro a porta e a fecho com toda força ao passar por ela.
A verdade é que eu nunca soube realmente se minha mãe morreu ou não. Quando ela sumiu, lembro de ter perguntado vários dias ao meu pai onde ela estava, e ele nunca me respondia, então, falei com minha tia, que disse que ela foi embora, mas meu pai insistiu dizendo que ela estava morta. As poucas memórias que tive dos meus primeiros cinco anos de vida sumiram com o passar da idade, e por culpa do trauma que tive que enfrentar com um pai beirando ao alcoolismo e uma briga familiar gigantesca. É uma bosta só conhecer o rosto de sua própria mãe pela única foto que tenho dada por minha tia, já que meu pai resolveu sumir com qualquer mínima existência dela em nossa casa.
Atravesso o hall e o estacionamento correndo, até entrar no carro de Dean, batendo a porta com uma força excessiva.
— Ei, esse carro é caro.
— Nem me diga. – Deixo a mochila no banco de trás e puxo o cinto de segurança com força.
— E você continua a machuca-lo.
—Escuta Dean – Prendo o cinto e o olho. – Eu estou com zero paciência, então se você continuar a me encher o saco e não sair dessa merda de universidade agora, eu vou machucar é você. – Dean sorri diante de minha raiva, mas finalmente liga o carro.
— Isso foi estranhamente sexy, eu até curto uns tapas no meio da transa.
—Dean! – Exclamo com raiva, erguendo a mão.
—Parei, parei.
O carro de Dean para dentro da garagem de sua casa minutos depois. O gramado está cheio de carros estacionados assim como ambos os lados da rua da casa. Eu pensei que era uma reunião com os principais, mas percebo que me enganei completamente ao entrar na casa atrás de Dean pela porta da cozinha.
O cômodo está cheio, há pessoas sentadas na grande mesa de doze lugares e na ilha. Na sala, o sofá está completamente ocupado, além de ter pessoas sentadas no chão e encostados ao redor do cômodo. Dean para no meio do lugar e solta um assovio, fazendo o falatório do lugar parar.
Me encosto contra a parede que divide o corredor de entrada e a sala. Os caras e as mulheres que estavam na cozinha passam por mim, se apertando dentro da sala. Reconheço alguns rostos, os clientes regulares do RR e alguns do meu andar no prédio Corvi, mas o que pude notar é que todos aqui são Corvis, e todos me olham atravessado por eu ser a única intrusa. Dean contou que Francesca e Ettore ainda estão separados, e que ela não viria hoje.
— Filipo invadiu nossa área semana passada, e nos ameaçou – Um cara perto de mim solta algum tipo de rosnado. – Ele sabe as regras: entrou no nosso território, nosso acordo está quebrado.
— E o que vamos fazer? – Um cara do outro lado do cômodo pergunta, e pelo olhar de Dean, ele não curtiu ser interrompido.
— Vamos dar uma bagunçada na área dele – Uma garota próxima de mim abre um sorriso – Quero vocês em quatro grupos, dois vão para o galpão na entrada da cidade, um para a casa dele e outro no Bikers. – Arqueio uma sobrancelha.
Tenho vontade de dar risada. Ele então realmente me levou lá só para vigiar o inimigo? Fala sério.
— Os principais vêm comigo.
— Para onde vocês vão? – Alguém pergunta. Dean revira os olhos.
— Como se eu fosse dizer – Algumas pessoas empurram e zombam quem aparentemente falou anteriormente. – Nos encontramos no limite de Gregia as três. Circulando.
Uma confusão começa. As pessoas começam a falar alto e andarem pelo cômodo, parecendo se dividirem e fazerem comentários. Acompanho Dean subir as escadas com o olhar, e tento me aproximar do único quarto no térreo, embaixo das escadas, onde desconfio ser o escritório, mas uma mão segura meu pulso.
— Onde vai? – Tenho vontade de bater em Martina.
— Falar com Dean? – Minha resposta soa como uma pergunta, mas Martina parece preferir ignorar.
— Ele só foi pegar a mochila, vamos espera-lo no carro.
Sem me dar opção, ela me arrasta pelo pulso para fora da casa. Merda, assim eu não vou conseguir nada durante o final de semana.
◤ NOTAS FINAIS ◥
Estou atrasada, como sempre, mas cheguei. Espero que tenham gostado, o próximo capítulo terá uma penca de cenas novas para quem leu a primeira versão, e devo dizer que estou ansiosa para que todos leiam.
Beijos, obrigada por tudo e até sexta-feira.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro