cinque
Lunedì (Segunda-Feira)
Todas as aulas no período da manhã na SMD começam no mesmo horário: sete da manhã, o intervalo de vinte minutos para a refeição de todos os cursos é o mesmo e é ele quem dá inicio as aulas da tarde, que tem um intervalo que dá inicio as da noite, acontece que há mais pessoas no período da manhã e por isso, quando entrei no refeitório, havia tantas pessoas que estava quase impossível de circular. Ainda assim, eu agradeço por isso, se não, teria que passar a vergonha de me sentar sozinha, afinal, só tenho amizade com Kaori por ali.
Kaori gritou assim que lhe contei a novidade, atraindo alguns olhares para a nossa mesa no grande refeitório. Eu nem sei como ela consegue lugares na mesa para a gente todo dia, se a circulação por aqui é difícil, imagine um lugar para sentar.
— Não acredito que você tem um emprego. – Exclama, incrivelmente animada.
— Você me ouviu dizer que é no Roccia Ribelle né? – Ela revira os olhos, levando um pedaço de cenoura a boca.
— Claro, eles servem as melhores fritas da região e eu irei conseguir um desconto por sua causa – Sorri – Será que eu consigo comer de graça se trabalhar lá?
— Você está se ouvindo? – Me inclino sobre a mesa, me aproximando dela e passando a sussurrar – Aquele lugar é o ponto de encontro dos Ghostins, eu não quero você lá K, principalmente de noite, prefiro que continue bem longe deles.
— Sei me cuidar muito bem sozinha Ana, e além disso, a partir do momento em que mexeram com você, mexeram comigo – Pega a garrafinha de suco de uva que escolheu – Mas relaxa, estou bem trabalhando na loja de fantasias – Dou de ombros, pegando, ao contrário da senhorita saudável, uma batata frita – Mas então, tinha caras gatos?
— Preciso repetir sobre quem você está falando? – Ela solta uma lufada de ar.
— Estou tentando aliviar a merda de situação em que você se meteu.
— Prefiro que não tente então. – Me encosto contra a cadeira, analisando o lugar ao redor, pelo menos aqui as mesas não são separadas por grupinhos como no colegial, na verdade, as pessoas parecem pouco se importar de sentarem-se com estranhos, desde que sentem. Há apenas uma exceção: a mesa das jaquetas de couro.
Olha-los me faz suspirar e pensar em toda a situação.
Eu não sei o que fazer, qualquer plano que eu tinha, deixou de existir a partir do momento em que eu fiquei nas mãos de Dean: primeiro com a dívida, agora com o Roccia.
Gostaria de poder desistir e deixar para lá, mas não consigo, alguém precisa lutar por Luna, mas para isso, preciso conseguir dar a volta na situação e usar tudo isso ao meu favor. O problema é, como eu farei isso? Não é como se os Ghostins fossem falar sobre as pessoas que mataram enquanto comem hamburgueres e enchem o cu de cerveja. Não gosto do pensamento, mas preciso de alguma forma, me aproximar deles, quem sabe até... fazer parte deles.
— Consigo ver daqui a fumaça saindo do seu cérebro. - Levo o olhar para K que me olha atenta.
— O que você acha que vai acontecer depois que eu pagar Dean? – Ela franze o nariz.
— Virar amigos é que vocês não vão – Mordo o lábio inferior, pensativa. – O que está pensando?
— Nada – Resolvo mudar de assunto – Você... conseguiu o dinheiro? – Pergunto envergonhada, mas é melhor isso do que Kaori descobrir a merda em que estou planejando me meter.
— Falei com o banco, eles já liberaram a quantia para o saque – Nossa mesa é perto da porta de saída, e por isso consigo ver os Ghostins que passam ao nosso lado a caminho das portas de vidro. – Vou te dar o cartão e você saca.
— Eu?
— O gerente pediu para ser hoje, algum problema na central ou algo assim – Abana com a mão – E eu vou ter aula até tarde e depois tenho o turno na loja. – Assinto com a cabeça, K é quem fecha a loja, e por isso acaba voltando para o dormitório somente de madrugada.
— Vou daqui direto para o RR, mas eu passo no banco depois de lá.
— Pode ficar com o carro, não vou deixar você sair por aí com uma quantia absurda de dinheiro a noite – Ela arregala os olhos para dar ênfase – Você sabe onde fica o banco? – Assinto com a cabeça – Ótimo, pega o cartão nas minhas coisas depois, tenho que ir – Se levanta da cadeira e agarra a bolsa na cadeira ao lado – Vou tentar implorar para a turma do jornal, de novo. – Dou um sorriso tentando a encorajar.
K vem querendo um estágio no jornal da universidade desde que soube que o jornal da SMD é também o jornal oficial de Suvellié e foi considerado o melhor de Piena, há três anos atrás, quando ainda estávamos terminando o colegial. Acontece que, por ser o melhor jornal, eles só aceitam no estágio quem trouxer os melhores artigos. K quer entrar na coluna investigativa, e para isso precisa de uma matéria bombástica, mas é meio difícil conseguir algo em uma cidade tão pequena. O último que conseguiu, teve a "sorte" de ser testemunha de um assalto ao único shopping da cidade, houve refém e tudo.
— Você vai conseguir.
— Só se um mistério cair dos céus, em minhas mãos.
O movimento de tarde no RR foi pesado, eu pensava que por ser um local que os traficantes da cidade vinham, as pessoas evitariam comer aqui, mas estava enganada pelo jeito.
À noite, porém, que me surpreendeu: as sete da noite, apenas meia dúzia de Ghostins apareceram, e não o grande bando como ontem, felizmente, entre o pequeno grupo, somente um do bando dos "principais" apareceu: o de olhos azuis, e de acordo com Fran, ele me encarou pelo pouco tempo em que esteve aqui. Fran sorria dizendo que ele deveria estar gostando de mim, mas eu me cagava inteira pensando se ele queria me matar a mando de Dean ou algo parecido. Eu estou ficando paranoica.
Pelo menos o fato de Dean e nem Dante terem aparecido me fez servir as mesas mais aliviada, porém, ainda encucada, por isso não consegui segurar a língua e acabei perguntando a Fran se era normal eles não aparecerem nos dias da semana.
— Não – Ela coloca duas doses de vodca em um copo. – Eles lotam isso aqui todos os dias, é que hoje eles têm um compromisso.
— Compromisso? – A olha interessada – Tipo o que? – Ela morde o lábio inferior e evita me olhar, preferindo focar a atenção no copo.
— Foi mal Ana, mas não posso contar. – Inclino a cabeça e a analiso, curiosa.
— Me desculpe a intromissão, mas você é um deles?
— Ghostin? – Ergue o olhar do copo e me olha assustada – Não, bem, eu namoro com um deles, o que me dá acesso as, reuniões? – Pergunta a ninguém em especifico, sem saber que palavra usar – É, reuniões deles – Termina de servir o copo. – Mas oficialmente não, não sou um deles.
— Me desculpe.
— Tudo bem – Ela abre um sorriso – É normal, todo mundo acha que quem trabalha aqui é um deles, mas não, somos apenas pessoas precisando de dinheiro – Ela se vira para mim e apoia o quadril no balcão – Não posso e não quero te contar porque é o melhor para você, as pessoas geralmente não lidam bem quando descobrem tudo o que eles fazem e bem, a última garota que trabalhou aqui não suportou ficar calada, abriu a boca e sabe... – Aponta ao redor, mostrando que ela não está mais aqui. Espero que seja somente aqui no RR e não nessa vida.
— E como você suporta?
— Eu não suporto – Seu semblante e tom de voz são sérios – Não concordo com o que eles e Ettore fazem, prefiro me manter afastada de tudo e tem coisas que nem sei e prefiro não saber.
— E você o aceita?
— Infelizmente, meu coraçãozinho idiota se apaixonou por um traficante.
— O que você faria se ele te pedisse para entrar nessa?
— Ele não pediria. E mesmo se pedisse, eu negaria, eu o amo, mas me amo mais. – Abro um sorriso com sua afirmação. Fran retribui o sorriso e pega o copo.
— Pode ir embora mais cedo, eu fecho tudo por aqui.
— Sério? – Me desencosto do balcão, animada. – Você é um máximo.
Paro o carro de K em frente a única agência do banco de K na cidade, por ser banco "exclusivo", ele tem essa frescura, pelo menos fica aberto vinte e quatro horas. Saio do carro e entro na agência, o lugar está vazio, e só a área dos caixas eletrônicos está iluminada. Me aproximo de um deles, e estranhamente, estão todos fora de funcionamento ou quebrados, só um funciona.
Reviro os olhos, mas insiro o cartão e coloco a senha que K deixou disponível para mim, seleciono a opção de saque, e é aí que as coisas ficam estranhas. A máquina fica pensando, e pensando e pensando, e depois, dá como seção encerrada.
— Que? – Murmuro confusa e tento repetir o processo. O caixa pede para eu retirar e recolocar o cartão, mas quando tento, ele não sai – Mas que merda – Agarro o pequeno pedaço de plástico com raiva e o puxo com força, mas ele não se mexe, a filha da puta engoliu o cartão – Tá de sacanagem comigo – Grito e dou um tapa na máquina, mas ela não faz nada.
Passo as mãos em meus cabelos, tentando me acalmar. Olho ao redor, e pego o telefone para emergências, precisa ter alguém no banco para retirar o cartão, e a dona dele deve estar aqui. Pego meu celular e tento ligar para Kaori, enquanto ando em círculos dentro da agência, mas ela não atende.
— Ultimamente você anda cheia de sorte em garota – Resmungo pra mim mesma e saio da agência. Kaori vai me matar, mas não há nada que eu possa fazer aqui agora. Entro no carro e me jogo contra o banco. Fecho os olhos e respiro fundo, tentando não surtar. É só um cartão, K vai conseguir bloquear esse e conseguir outro, ainda dá para ter o dinheiro – Respira, está tudo bem. – Repito várias vezes, não me permitindo ser pessimista.
Abro os olhos e encaro a rua escura, estou quase na Zona Sul da cidade, levarei pelo menos uma hora para chegar na SMD, vou esperar pelo menos chegar lá antes de me questionar que merda anda ocorrendo na minha vida. Sou atraída para o outro lado da rua, onde um cara sai de uma viela ao lado de um restaurante chinês interditado e entra no carro parado em frente, é sua jaqueta que me chama a atenção. Um Ghostin? Por aqui? Eles não deveriam estar no tal compromisso? Ou... ele vai para o tal compromisso?
Assim que o cara liga o carro e sai pela rua, ligo o de K. O carro de Kaori é um mini cooper rosa, a cor mais chamativa possível para uma perseguição, mas ignoro, e o sigo, com os faróis desligados e mantendo uma boa distância.
Sigo o cara por longos quilômetros, ele atravessa todo o centro e a Zona Norte da cidade, quando está quase nos limites da cidade, ele vira à esquerda e pega uma estrada de terra. Franzo o cenho e acelero, a estrada não é iluminada e a falta de faróis dificulta um pouco minha visão. Só consigo ver mato para todo o lado.
— Aonde ele vai? – Mordo o lábio inferior, nervosa, e se ele souber que está sendo seguido e está armando uma emboscada? Decido arriscar e só depois de mais meia hora ele diminui a velocidade.
Ao longe, consigo ver várias luzes no lado esquerdo da estrada, como algum tipo de circo no meio do matagal. Ouço uma música baixa que vai aumentando cada vez que me aproximo e me ajeito no banco, atenta e confusa. O carro do cara sai da estrada e entra na direção das luzes. Diminuo a velocidade, me aproximando do lugar com lentidão.
Há vários carros parados nos dois lados da pequena estrada e eles aumentam cada vez mais enquanto me aproximo. Paro o carro no primeiro espaço que encontro e abro a porta, a música e o frio me atingem na hora.
— Uma balada? No meio do nada? – Ergo a sobrancelha, surpresa. Pego meu casaco no banco de trás e fico aliviada por sempre levar meu canivete a qualquer lugar que eu vá. Visto o casaco e saio do carro, aciono o alarme e coloco a chave no bolso. Enquanto me aproximo da balada, puxo o capuz sobre a cabeça.
Passo pelo que deve ser o ser o estacionamento, há vários carros por ali, as caminhonetes com caçamba estão abertas e há vários coolers com bebidas e alguns com caixas de som dentro. Quando atravesso o estacionamento é que eu entendo onde estou: um racha, a porra de um racha.
A uma multidão de pessoas por aqui, com e sem jaquetas de couro, alguns conversam, outros bebem e alguns até acendem baseados. Do lado esquerdo, há cinco carros parados em fila, parecendo esperar a largada para a corrida, e ela só acontece quando uma garota, vestida só com roupas de baixo e uma jaqueta verde por cima, aparece na frente dos carros, ela leva as mãos para as costas, debaixo da jaqueta, retira o sutiã e o larga a sua frente, é quando os cinco carros arrancam e a multidão ao meu redor grita e vai à loucura.
Rachas são proibidos na ilha, não me surpreende que Dean seja o dono dele. Me encosto contra a única construção do lugar: dois banheiros públicos e saco o celular do bolso de trás da calça, tirando algumas fotos escondida. Abro um sorriso quando consigo uma de um Ghostin pegando dinheiro das mãos de uma garota e dando um pacote de volta, ao fundo, um carro se aproxima da linha de chegada.
— Vamos ver quem vai estar na mão de quem agora.
— Ainda será você – Meu celular é arrancado de minhas mãos e eu me desencosto do banheiro, olhando assustada para o assaltante. Dante me encara com um sorriso enorme no rosto enquanto joga meu celular para o alto e o pega, repetidas vezes. – Morena, você por aqui?
— Me devolve – Tento alcançar o aparelho, mas Dante ergue-o para o alto. Amaldiçoo meus 1,60 de altura – Dante. – Ralho.
— Como chegou aqui? – Estupidamente, tento pular para alcançar o celular, mas Dante começa a mexer nele, ainda no alto, provavelmente apagando as fotos.
— De carro. – Sou irônica. Ele ergue a sobrancelha e guarda meu celular no bolso de trás de sua calça. Solto uma lufada de ar e cruzo os braços.
— Não deveria estar aqui. – Ele é sério desta vez.
— Não me diga – Reviro os olhos – Relaxa, já vou embora, só preciso do meu celular. – Ergo a mão esquerda em sua direção. Dante abre um sorriso e bate na minha mão.
— Não, você não vai.
— O que você... – Dante enfia as mãos dentro do bolso do meu casaco e alcança a chave do carro – Dante você não pode... – Antes que possa finalizar, Dante se afasta de mim. Pelo menos ele não foi no bolso onde está o canivete.
— Dean virá te encontrar, só depois, você vai receber isso – Ele acena com as chaves e some pela multidão. Abro a boca em choque, merda, eu tô fodida.
Nos primeiros minutos, eu me mantive calma, ou pelo menos fingi estar, peguei uma cerveja em uma das caminhonetes e quando outra corrida começou, prestei atenção nela. Eu estava sendo vigiada, sentia isso, e me odiei por ter decidido seguir o cara.
Agora, plenas quatro da manhã, eu já estou de saco cheio. Dean não apareceu até agora, já teve tido umas três corridas e as pessoas estão ainda mais chapadas do que antes -pelo menos graças a isso a vigilância em mim diminuiu-. Eu não irei passar a noite toda aqui esperando por Dean, prefiro voltar a pé para a SMD do que passar mais algum minuto aqui. Assim que outra corrida começa, e todos levam a atenção para lá, vou em direção ao estacionamento escuro, decidida a fazer uma ligação direta em um carro qualquer e seguir pela estrada.
Olhei por sobre meus ombros, e ao me certificar de que ninguém olha em minha direção, abro a porta de um carro esportivo antigo cujo dono havia deixado destrancado há meia hora, ocupado demais com as mãos na bunda de duas loiras ao seu redor. Agacho-me, ficando cara a cara com a parte de baixo do volante, retiro os pinos e o pedaço de plástico dali com a ajuda do alicate e encaro o emaranhado de fios. Beleza, eu posso fazer isso, já havia visto Zach fazer aquilo duas vezes. Segurei os fios nas mãos, indecisa em qual seria o da bateria, ignição e partida. Escolhi o fio marrom e amarelo.
— É o vermelho. - Tomo um susto, largando os fios e caindo de bunda para trás. Ergo a cabeça, dando de cara com olhos azuis me encarando. Ele está rindo, suas mãos estão no bolso da jaqueta de couro e os cabelos loiros caem sobre a testa.
—E-e-eu...
— Quer ajuda? - Estica-me a mão. Sentindo minhas bochechas ferverem, aceito sua mão estendida e ele me puxa para cima.
— Eu só estava...
— Tentando fazer uma ligação direta para dar o fora daqui - Adivinhou. Passo a mecha de cabelo que caiu sobre meus olhos para trás da orelha –Indo contra as normas de Dean? – Suspiro.
— De Dante na verdade – Estranhamente, ele não me deixa tão desconfortável quanto os outros dois - Ele me deixou plantada aqui faz horas! - Exclamo, sentindo a raiva voltar a tomar conta de mim.
— Sabe garota – Ele começa fechando a porta do carro atrás de mim. - Eu admiro a sua coragem.
— Coragem? - Pergunto confusa com o rumo da conversa.
— Mesmo sabendo que todo mundo aqui tem uma arma na cintura e defenderia o Dean sem pensar duas vezes, você sempre decide se arriscar - Reviro os olhos - Não tem medo de morrer não? - Pergunta, eu diria que até quase desesperado.
— O que é um peido para quem tá cagado? – Ele ergue as sobrancelhas, surpreso, e então, dá uma gargalhada – Eu só quero ir dormir. – Solto um suspiro. O loiro para de rir, e então me olha, parecendo com pena de mim.
— Não acredito nisso – Ele aproxima um passo, seu rosto assumiu uma faceta séria e eu me encosto mais contra o carro - Você é corajosa e não aceita humilhação, admirável, mas você não está aqui à toa - Dá outro passo - Você quer algo aqui, eu não sei o que é, mas saiba de uma coisa garota: Ninguém mexe com os Ghostin sem sair ferido, seja fisicamente ou emocionalmente. – Não consigo falar nada, apenas o encaro, e ele me encara de volta. Então, ele solta um suspiro e saca algo do bolso, meu estômago embrulha, mas é só meu celular – Toma, chama alguma ajuda.
— Eu... – Encaro o aparelho, em choque. Sem paciência, ele pega minha mão e coloca o celular nela – Por que? – Consigo perguntar, erguendo o olhar para seus olhos azuis.
— Eu não sei – Ele parece sincero enquanto analisa meu rosto – Só sai logo daqui antes que Dean chegue. – Ele me dá as costas e volta para a multidão, acompanho seus passos confusa, o celular quente em minhas mãos frias pelo clima de Suvellié.
Abaixo o olhar para o aparelho, pensando em ligar para K, então ouço barulhos de passos vindos da escuridão a minha esquerda, pela direção de onde vim, tento enxergar quem é, mas só consigo ver um ponto vermelho correr em minha direção antes de levar um tapa no braço. Kaori está a minha frente, vermelha e ofegante, não sei se de cansaço, de raiva ou dos dois.
— O que faz aqui? - Pergunto, me segurando para não gritar, não era nem para eu estar aqui, imagina ela.
— Como assim o que eu faço aqui? O que você faz aqui? - Exaltou o "você".
— Eu perguntei primeiro. - K entrefecha os olhos com meu gesto infantil, mas se rende.
— Quando cheguei, não vi meu carro no estacionamento e nem você estava no quarto. Liguei-te milhares de vezes e todas foram para a caixa postal, eu entrei em desespero, pensei que tinha ido pro limbo, ainda mais depois de ver suas ligações perdidas - Exclamou, balançando as mãos. Engulo em seco, se ela está assim com meu sumiço, imagina quando descobrir sobre o cartão - Tive que pedir para um dos Locustes rastrear seu celular, o que demorou pra porra, e depois ameaçar um dos Alphas para me trazer até aqui, mas o cara meteu no pé assim que pisei no chão há quilômetros atrás - Respira fundo - Agora me diga, o que faz aqui nesse - Olha ao redor, franzindo o nariz. – Lugar?
— Eu... não posso dizer
— Não pode dizer? – Kaori quase grita – Você sumiu, e com a porra do meu carro.
— Eu sei, mas... – Olho para trás, é minha chance de vazar daqui. Olho para K, suplicante. – Por favor me diz que trouxe a chave reserva de seu carro.
— Óbvio que eu trouxe... – A interrompo, agarrando sua mão e correndo em direção à onde deixei seu carro – Que merda é essa Anabela? – Largo sua mão quando chego ao carro e paro ao lado da porta do passageiro, esperando ela destravar o carro e dirigir o mais rápido possível para longe daqui, mas K permanece parada, esperando uma explicação. Respiro fundo e resolvo ser sincera.
— Isso é um racha, ilegal, organizado pelo Dean Bianchi – Ela arregala os olhos. – E eu, e nem você deveríamos estar aqui.
— Entendi – Ela retira a chave do bolso do moletom vermelho e destrava o carro. Entramos no mesmo e assim que termino de passar o cinto, K arranca com o carro. – Como você veio parar aqui?
— Depois eu te explico, mas agora só quero fugir daqui.
◤ NOTAS FINAIS ◥
Nossa Ana só se mete em mais problemas, será que o Dean vai deixar essa passar?
Quero pedir desculpas pelo atraso nos últimos capítulos aqui e em Bringhte, tô com um bloqueio criativo, e só me vem luz para escrever minutos antes do horário de postagem, então acabo postando atrasado.
É isso por hoje pessoal, volto semana que vem, obrigada pelos comentários e estrelinhas no último capítulo <3
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