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Twenty Two

𝗦𝗢𝗣𝗛𝗜𝗘

Piso e paredes brancas, o cheiro de desinfetante inundando os corredores e salas, a movimentação de equipes preparadas, sempre em alerta, sempre esperando que algo ocorra, que alguém passe pelas portas rotativas precisando de ajuda. Os papéis espalhados pelos balcões das enfermeiras, o telefone que nunca para de tocar no pronto socorro, as luzes fortes e brancas, as galerias no topo de salas de cirurgia. Eu sempre amei todas essas coisas, tudo em um hospital me fazia ter certeza de que estava no lugar certo e na profissão certa, desde criança eu podia me ver andando pelos corredores com pijamas cirúrgicos e jalecos brancos. Eu simplesmente sabia que aquele era meu lugar.

Ah, eu realmente amava os hospitais até ser a pessoa na sala de espera.

A luz refletindo no chão polido faz meu olho arder, o cheiro de limpeza está impregnado na calda do meu vestido espalhado pelo chão, a equipe me faz tremer de pensar que podem a qualquer momento serem solicitados para uma emergência, e a emergência vai ser meu irmão herniando na mesa de cirurgia. Hanna não cessava as lágrimas ao meu lado, podia ouvir seus suspiros preocupados que com o passar do tempo se abrandaram se transformando em soluços esporádicos, Fabio andava sem rumo, de uma ponta a outra com as mãos batucando em um ritmo somente dele, totalmente concentrado em seus passos. Ninguém poderia começar a explicar o sentimento que pairava no ar daquela sala de espera. Eu me sentia congelada, como em um sonho em que não podemos fazer nada para mudar o rumo que vai tomar, me sentia em uma corda bamba apenas esperando que o vento me lançasse para um lado ou outro.

O tempo não passava da forma que deveria, seis horas impactavam o mesmo peso de um dia inteiro. Sentia cada músculo do meu corpo doendo, virando de um lado para o outro na cadeira de plástico, nunca soube como é ser a família que espera por notícias, sempre tive empatia por elas, por seus rostos brandos e perdidos naquele momento em que tinham tão pouco poder. Agora sei que nunca mais vou vê-los da mesma forma, agora que estive em seu lugar.

A doutora atravessou as portas rotativas, o pijama cirúrgico amassado e a touca de tecido em mãos, tentei analisar sua expressão e entender se seus olhos frígidos pareciam mais felizes ou se sua expressão era que penava para dar notícias trágicas para a família. Nós três nos prendemos a ela, a expectativa do que sairia de seus lábios escuros, Fabio se colocou ao meu lado um ou dois passos à frente, sua mão esmagou a minha com um aperto ansioso, Brooks estava atrás de nós, como se quisesse se esconder das notícias que estariam por vir.

– Foi tudo como esperado, Sophie, mas você sabe tão bem como eu que só saberemos com certeza quando ele acordar.

Um ar pesado se desprendeu de meu pulmão, não estava acabado ainda, mas eram boas notícias, as melhores que poderíamos receber. Estendi minha mão para a cirurgiã que um dia fora minha mestre, mas fui interrompida, Quartararo a prendeu entre seus braços em um abraço apertado e celebrou nossa pequena vitória, Hanna seguiu a linha do piloto e flagrei um sorriso nascer nos lábios da doutora, sútil, mas um sorriso que escancarou que até neurocirurgiões têm corações pulsantes.

Quando Tom era pequeno não sabia esperar por nada, podia ser tranquilo em todos os outros sentidos, mas esperar definitivamente não era seu forte. Queria sempre que a comida chegasse em minutos na mesa quando saiamos para comer, tinha febres quando o fim do ano se aproximava e nossos pais o impediam de bisbilhotar os presentes de natal, nossas únicas brigas foram quando passamos a sair juntos e o garoto tinha que esperar que me aprontasse, nada nunca foi tão difícil para Thomas quando a espera. Imagino um sorriso presunçoso em seus lábios me vendo na agonia de espera-lo, esse é o terceiro dia que trago flores para seu quarto, sei que ele odeia rosas vermelhas, as comprei para irritá-lo na esperança que isso o acorde, é o pior sentimento irracional que já tive, esperança, se desgastando a cada minuto que seus olhos passam fechados.

– Flores não são permitidas na UTI, Sophie – sua voz frígida tenta parecer mais suave, a ignoro, ela se aproxima do leito de Thomas e leva o estetoscópio para perto de seu peito ao lado esquerdo, depois ausculta seu pulmão e por fim testa seus reflexos neurológicos.

– Acha que vai acordar? – questiono, sem saber se quero a resposta. Não sei como diria a Fabio, que está no hospital desde o dia da cirurgia, e dorme agora pela primeira vez em três dias em uma cadeira de plástico, ou para Hanna que de alguma forma está em um relacionamento que não entendo muito bem com meu irmão, mas sei exatamente como diria a meu pai que apareceu na noite da cirurgia com a cara pálida e minha mãe ao seu lado como escudo. Gostaria de culpá-lo, de culpar Thomas por ser tão estúpido, mas no fim, culpo mais a mim.

A neurocirurgiã suspira, coloca uma de suas mãos em meus ombros, não quero ser consolada, todos estão sendo consolados e o único consolo que teria seria ver Tom acordando.

– Dra Haaster, não preciso te dizer a resposta, você sabe exatamente qual é.

Ela está certa, sei exatamente o quanto uma cirurgia é violenta e que o corpo pode demorar a se recuperar, mas também sei as milhares de complicações que podem evoluir para óbito em um piscar de olhos. Sorrio a ela, com as últimas forças que tenho, e me sento novamente na beira da cama de Thomas, escuto a porta abrir e fechar e estou a sós com meu irmão de novo. Aperto seus pés desejando profundamente que acorde, mordo os lábios e meu rosto esquenta e formiga querendo chorar, mas me recuso a ceder, sempre acreditei que não deveríamos chorar pelos vivos.

– Por favor, acorde, por favor Tom – imploro em vão, não sabemos se pessoas em coma podem nos ouvir, mas torço que sim.

– Deveria descansar um pouco – sua voz rouca preenche o quarto, e suspiro aliviada, meu corpo quase relaxa com o som das máquinas sendo substituídas por algo caloroso e familiar. Seus passos são pesados até mim, como se estivesse com pressa, não quero tirar os olhos de Thomas, estou praticamente monopolizando os horários de visita, medindo sua temperatura, checando seus sinais vitais e pedindo para ver seus exames de sangue, quero vigia-lo por que não posso perder nenhum sinal de piora ou melhora.

– Estou bem aqui – respondo e Fabio dá uma risada irônica.

– Chérie, já te peguei checando um saco de xixi do seu irmão, você não tá nada bem – brincou me fazendo rir, mal acredito que ainda sei rir. Olho para seu rosto brincalhão mas vejo cansaço por todo ele, os olhos inchados, a pele pálida pela falta de hidratação e o nariz vermelho que me faz pensar que estava chorando e isso enche meus olhos de lágrimas e desvio o olhar.

– Eu sei, mas ainda assim. Não quero perder nada – explico segurando a mão de Tom, está quente, cheia de vida, assim como seu coração está batendo em ritmo regular mas ainda não saiu da ventilação mecânica sozinho. A mão de Fabio se apoia em meu rosto, me forçando a encará-lo, ele aperta a testa sei que está preocupado, sei que está uma bagunça, sei que se culpa pelo tempo que Thomas demorou para fazer a cirurgia, sei tudo pela forma que seus olhos perderam o brilho natural que tem.

– Tudo bem, vou comer alguma coisa e ver como a Hanna está. Pode ficar com ele?

O piloto confirma com a cabeça e beija minha testa com tanta força que quase desisto de ir embora, levanto do leito sendo imediatamente substituída por Fabio, que se senta e começa a tagarelar, recolho minha bolsa e quando saio do quarto escuto Quartararo ainda contando sobre a premiação para seu melhor amigo.

Nunca tinha prestado atenção em como os corredores de UTI são silenciosos, hora ou outra escuto o bipe das máquinas, uma prece sussurrada, ou um choro escapar, mas quando se está no posto de enfermagem disputando prontuários com outros residentes não se escuta nenhum desses detalhes e isso é proposital, não podemos fazer nosso trabalho se estivermos sentindo a dor da família de nossos pacientes, parece cruel, mas é verdade, tornaria nosso trabalho impossível, mal sei como consigo suportar essa dor agora, se a sentisse todos os dias não aguentaria a profissão, ninguém aguentaria. Caminho pelo hospital sem pressa alguma, não quero encontrar meus pais então mando uma mensagem a Brooks pedindo que me encontre no café em frente ao hospital mesmo estando apreensiva de passar um tempo a sós com ela. Na segunda noite ela e Fabio brigaram e me vi obrigada a me meter entre os dois, Hanna estava totalmente alterada, não era a garota divertida e doce que conheço, foi substituída por uma garota com muito medo e cansaço, acabei a mandando para um hotel onde Alicia está para encontrá-la.

Atravesso a rua, já fria e coberta de neve pela época do ano, as pessoas passam por mim vivendo suas própria vidas e não me lembro mais como vivia minha vida antes, sem praticamente nenhuma preocupação de verdade me assombrando, pode se sentir saudade de como sua vida era alguns dias atrás? Acredito que sim. Entro no café e recebo a mensagem de Hanna dizendo que estava a caminho, fico um pouco menos tensa e me sento em uma das mesas, não tenho vontade de nenhum dos doces que me faziam salivar antes, na verdade a possibilidade de ingerir qualquer coisa me deixa nauseada, mas peço um café pelo costume. Agradeço quando minha amiga chega, a letargia do ambiente me deixa ansiosa. Ela não tem a aparência melhor que nenhum de nós, está de pijamas, o cabelo loiro preso em um coque desgrenhado e os olhos inchados, quero abraçá-la mas fico receosa e apenas sorrio enquanto ela se senta.

– Pedi dois cafés, descafeinado e com creme e canela pra você – conto, tentando ser simpática, ela sorri na mesma tentativa.

– Obrigada – responde e nos calamos até que os copos sejam postos à nossa frente

Minha amiga captura o recipiente entre os dedos, que tremem um pouco, não deve comer nada há horas, dias, meu peito se aperta entre as costelas de preocupação.

– Queria pedir desculpas a ele – começa, encarando o lado de fora, muitas pessoas passam por lá embaladas por roupas de frio, coloridas ou não, parecem tão normais e daria de tudo para parecer como elas. – Ao Fabio, quero dizer, eu sei que não foi culpa dele. Thomas é o maior cabeça dura, quase o matei durante o tempo que você estava nas corridas.

Engasgo com meu café, na época em que tive que deixar Tom sozinho em Andorra a única condição imposta foi que ele tivesse ajuda de uma enfermeira o dia inteiro, consigo juntar os pontos e entender agora o porquê dele ter elogiado tanto sua cuidadora.

– O quê? – pergunto com os olhos arregalados, a loira dá uma risadinha inocente.

– Achou que só você podia ter relacionamentos secretos, né? – retrucou cômica e gargalhamos juntas, era bom gargalhar juntas, ouvir os sons tão vibrantes se misturando de forma natural, era como nos velhos tempos.

– Você vai ter que me contar os detalhes agora, por favor, só deixe os detalhes nojentos de fora, eu realmente não quero saber a posição favorita do meu irmão.

Hanna sorriu e disparou a contar tudo de como um relacionamento entre os dois surgiu, e por uns minutos nada acontecia além daquele café.

Uma mensagem apitou em meu celular, calando Brooks de imediato, minhas mãos se encheram de suor desesperadas, trêmulas. Li o nome de Fabio na tela e engoli em seco enquanto digitava a senha, meu coração disparou em uma taquicardia dolorosa, que implorava que as notícias fossem boas. Quando li as palavras angustiadas do piloto, meus pulmões se encheram de ar, recolhi minha bolsa de imediato, largado notas amassadas de dinheiro na mesa.

– O que aconteceu? – Hanna gritou, me seguindo com terror puro nos olhos azuis.

– Fabio disse que ele engasgou, Hanna – conto com a voz embargada por um choro preso por dias – Ele está lutando com a intubação.

O rosto de minha amiga se ilumina como o meu, apertamos ainda mais o passo, as enfermeiras sequer se dão ao trabalho de nos pedir identificação a essa altura, seguimos pelos corredores que presenciaram nossas maiores angústias e quando a porta se abre me deparo com os olhos arregalados de Thomas. Minha pele se arrepia por inteiro, e as lágrimas escorrem até meu pescoço, sinto minha pressão baixando mas não me importo, não me importo com nada além do fato de Tom estar vivo e acordado, não é um vegetal, não depende de máquinas, é meu irmão.

– Acho que descobriu meu segredo – ele sussura, uma voz cansada, exausta e baixa, mas nunca soou tão bem. Abraço-o, junto com sua namorada, e ele tenta colocar seus braços ao nosso redor. Depois que a consciência retorna, procuro por Fabio no quarto, ele está exatamente onde esteve a vida toda, ao lado de Tom, a mão em seu ombro e lágrimas molhando seu rosto perfeito, e naquele momento o amo mais do que nunca amei.

A agitação diminui com o tempo, a equipe médica se irrita com a quantidade de gente no quarto, mas nenhum deles protesta por ordem de minha antiga professora. Quartararo exibe seu troféu de novato do ano, que morou na sala de espera nos últimos dias, Thomas não para de reclamar do fato de termos ido embora da festa antes sem levar nenhuma lembrancinha a ele. Ainda checo seus sinais vitais hora ou outra no monitor e meu namorado conta das vezes que me pegou conferindo seu saco de urina, Tom resmunga e todos nós não paramos de dar risada.

– Preciso ligar para uma pessoa, não façam nada de errado enquanto eu saio – peço e meu irmão revira os olhos.

– Ela sempre querendo dar ordens na gente, Fabio tô te falando, cai fora enquanto dá tempo – meu irmão provoca, e a voz ainda grogue deixa tudo mais cômico.

– Nunca mais – Quartaro retruca com seriedade e não quero conter o sorriso brando que nasce nos meus lábios.

– Af, vocês são nojentos – Tom resmunga e puxa Hanna pela cintura – Vamos fazer eles provarem do próprio veneno, Han.

A garota da risada, assim como o piloto, a versão grogue de Thomas é um show completo de humor. Disco o número de Alicia enquanto saio do quarto, o número toca várias vezes, e ainda posso vê-los pela pequena janela de vidro da porta, os dois se divertem como nos tempos de criança e tenho flashbacks de todas as vezes que os peguei assim, apenas passando tempo juntos, fazendo planos, dando risadas, quantas vezes quis estar com eles e a quantidade de cenas exatamente como essa que perdi durante meus anos na Alemanha em que meu maior pesadelo era ser essa garota novamente.

Agora sei que às vezes seu pior pesadelo pode ser exatamente o que você precisa. Não poderia me manter na Alemanha nem por mil vagas de residência, e sei que naquela época não poderia me manter aqui, não quero pensar nos momentos como esse que perdi, em que me sinto bem apenas de ter minha família e amigos ao meu lado, não, gosto de viver pelos que estão por vir. Quero Fabio ao meu lado, crescendo junto comigo e descobrindo como equilibrar a balança das nossas personalidades juntos, quero ver Tom e Hanna se casando e tendo filhos e Alicia se tornando tudo o que pode tornar, e principalmente, quero que meus pais consigam finalmente estar em paz com todos os seus filhos.

Sei que são muitas coisas a pedir e a esperar, mas não tenho mais medo da provável decepção, não tenho mais medo de viver meus pesadelos porque agora sei que, no fim, podem acabar se tornando um sonho e nem toda racionalidade do mundo pode tirar isso de mim.

— Oie Ali, liguei para te agradecer.

Pela última vez... boa noite leitorasss

Eu honestamente não sei como agradecer vocês pelo pequeno sucesso que Over conseguiu e pela paciência com meu sumiços. Quando pensei em escrever com o Fabio achei que seria um pouco loucura, o público é muito pequeno, mas ainda assim minha admiração por ele superou isso e decidi escrever Over sobretudo para mim, então me deixa extremamente feliz que isso foi compartilhado com vocês de forma tão linda. Quero agradecer ao mundinhof1, vocês são as melhores pessoas que eu poderia ter conhecido aqui, também agradeço imensamente a lwtranger por ter betado toda essa história e ter sido muito maravilhosa fazendo isso kkkkkk e por último vocês, porque histórias são feitas para serem lidas e me sinto honrada de ter sido escolhida e acolhida por vocês 💖

Até breve ❤️

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