
Twenty
𝗙𝗔𝗕𝗜𝗢
Sempre gostei de me basear nas emoções, no meu instinto puro e na minha vontade para tomar as decisões. Sou da filosofia de que não existe nada mais certo do que eu posso sentir, se eu quero alguma coisa, faço de tudo para consegui-la porque é assim que vou sentir que fiz o certo, foi assim com minha futura carreira, com minha namorada, e com todas as escolhas importantes que tomei até hoje.
No entanto, parece que não posso me basear em sentimentos dessa vez, o que é uma merda. Não posso apenas querer ficar com Sophie porque ela está indo embora para um lado do mapa e eu para outro, não fiquei bravo por ela escolher estudar na Alemanha, sei que é o que ela sempre quis. Porra, eu vi essa garota se matar de estudar nos últimos
anos enquanto eu tirava as notas mínimas na escola porque meu sonho estava bem fora dela. Mas agora estamos em um impasse, um enorme, desde que começamos a namorar não tivemos muitas brigas grandes, somos bem diferentes mas acho que isso nos aproxima de algum jeito, ela me faz querer crescer, me faz pensar logicamente quando estou surtando e sendo devorado por todas as coisas que sinto, e gosto de achar que a ajudo a ser mais a garota divertida que eu conheço, sei que ela sempre acha que tem que ajudar a todos e salvar a todos e ser a melhor em tudo, então tento dizer a ela que tudo bem apenas ir a festas às vezes e ser uma menina normal de 16 anos.
Aquela era facilmente a noite mais fria do ano, o céu estava preto e trovejava ameaçando chover a qualquer momento, não era o melhor dia para uma formatura, não era um bom dia no geral.
Estava ali parado há horas, encarando a fachada da casa que convivi possivelmente mais do que a minha nos últimos anos, me sinto um pouco burro por estar ali só encarando a casa no frio, vestindo um smoking como se de alguma forma aquilo fosse resolver a briga que tivemos no dia anterior. Foi horrível, durou poucos minutos mas foi o suficiente para botar todo nosso futuro em cheque, e pensar que eu estava tão empolgado e com tantos planos me faz sentir ingênuo até demais, ela tinha os próprios planos e eu sabia disso, mas acho que não percebi que eram reais até que se materializassem mesmo e estivessem bem na minha cara me encarando com uma careta azeda e desesperançosa.
Daqui a alguns minutos eu deveria atravessar a rua, tocar a campainha e fingir que está tudo bem por uma última noite, mas, nossa, estou tão animado para isso quanto estava para minhas provas finais, não gosto de fingir nada, não gosto de esconder o que quero, e honestamente a essa altura acho que não posso de jeito nenhum ter o que quero sem desistir de algo. Merda, que situação desgraçada, ninguém deveria passar isso aos dezessete anos, que mundo fodido. Chuto uma pedrinha da calçada e meto as mão no bolso da calça de linho, totalmente frustrado com esse universo fodido.
— Cuidado, cariño, vai acabar causando uma confusão que não quer.
O sotaque espanhol arrepia minha espinha, mas não de um jeito bom, Valentina me deixa tão nervoso que sinto que vou vomitar quando ela fala comigo.
— Oi, Valen — respondo me virando a ela, claro que toparia com ela indo ao baile a qualquer minuto, por uma infeliz coincidência tanto minha namorada quanto minha ex moram no mesmo bairro. Sophie não é a maior fã dela, eu também não sou às vezes, ela sempre me fez sentir esquisito com todo aquele vai e fica, mas hoje em dia a vejo como uma amiga que me causa náuseas as vezes. — Espero não ter acertado seu carro, aliás que carro! É dos seus pais?
A garota está totalmente arrumada dentro do conversível, que agora está estacionado a minha frente, ela sorri e nega com a cabeça fazendo um bando de badulaque em suas orelhas tremerem de forma graciosa.
— Não, presente de formatura — explica entusiasmada, percebo que ela corre os olhos por mim e franze a testa. — Está esperando a hora de buscar Sophia?
Bufo um pouco irritado com a forma que ela erra o nome de Soph de propósito, o sentimento entre as duas é mútuo.
— Sim e não — respondo, voltando a encarar a casa inquieto, a dúvida reacende no meu peito e sufoca minha garganta, não deveria ser tão difícil assim decidir se vai levar sua namorada para o baile, não é?
— Problemas no paraíso? — Questiona e aceno com a cabeça. — A faculdade na Alemanha eu suponho, não sei o que ela quer fazer naquele fim de mundo gelado, honestamente.
Valentina dá de ombros e seu tom é azedo, posso concordar com ela dessa vez, não sei o que Sophie quer fazer naquele fim do mundo.
— É difícil pra mim também, mas é o sonho dela — me explico dando de ombros, posso pensar o que quiser, mas sonhos são sonhos e não tem ninguém que entenda melhor eles do que eu. Valentina me lança um olhar solidário e aperto meus dedos no bolso, percebo que o banco de carona está vazio o que é muito estranho, ela é a garota mais popular da escola e não tem um acompanhante para a noite mais importante do ensino médio.
— E você, vai sozinha? — Pergunto com curiosidade e seus olhos escuros acendem como lâmpadas, encaro rapidamente o relógio e percebo que tenho pouco menos de dez minutos para uma decisão que não quero tomar.
— Na verdade, sim. Sabe o que dizem, melhor sozinha do que mal acompanhada. — Ela ri de forma melódica mas percebo que não está nada feliz, apesar de ser popular, quando estávamos juntos percebi o quanto a espanhola era sozinha, os pais eram ricaços da região e davam muito para ela, mas nunca estavam muito presentes.
Sinto minhas pernas fraquejarem de me imaginar assim, sozinho porque as pessoas que deveriam me amar não estão ali para mim, tento me imaginar no futuro com Sophie e nunca estou lá por ela porque a rotina que terei é uma loucura assim como a dela. Me sufoco só de pensar nisso, que pessoa estaria sendo se insistisse naquilo? Quem se machucaria mais no final?
— Quer vir comigo? — Dispara a pergunta e a encaro com o coração acelerado até o máximo.
— O quê?— Retruco engasgando com as palavras.
—Qual é, cariño. Tá na cara que acabou, ela te mandou mensagem ou alguma coisa sobre hoje?
Nego com a cabeça e meu peito aperta, será que Valentina estava certa? Será que estou parado aqui há horas pensando em nós dois enquanto a alemã está preenchendo formulários de matrícula usando pijamas sabendo que se livrou de um problema ontem?
— Bom... você que sabe, mas para mim parece bem óbvio que ela não quer mais estar com você.
É difícil ouvir as pessoas vocalizando com todas as letras seu pior medo, era exatamente assim que me sentia, e se os outros podiam ver eu estava novamente inocente de achar que só meus sentimentos poderiam nos salvar daquilo. Tomei a decisão sem pensar muito e agarrei a maçaneta cromada do carro.
— Vamos então — pedi me ajeitando nos bancos de couro, com a outra mão digitava a mensagem rápida, se ela não queria estar comigo eu com certeza não aprenderia comigo.
"Sinto muito,Sophie, não posso continuar fazendo isso."
Sophie estava livre agora, e eu nunca mais entraria no seu caminho sem que ela quisesse.
As coisas estão passando em câmera lenta desde o final da corrida, é muito bizarro, pessoas vem falar comigo e tentam oferecer um conforto, mas não estou sentindo nada, acho que fiquei anestesiado. Passo pela garagem e a primeria imagem que vem a minha mente é minha mãe, ela sempre foi a mãe coruja, mesmo, quando comecei a andar de moto era tão pequeno que os equipamentos eram todos especiais, o esporte é tão perigoso que achava que ela nunca permitiria que eu fizesse mais do que andar em nosso quintal. Quando fui convidado pro meu primeiro campeonato infantil, disse que não queria, eu achava que a deixaria muito preocupada se aceitasse, era loucura a velocidade que os outros garotos corriam nas pistas que eu visitava às vezes, e minha mãe não era muito fã da ideia, mas sabia que eu estava mentindo porque é minha mãe e as mães sabem das coisas. Enfim, quando chegamos em casa naquele dia ela estava muito quieta, me ajudou a colocar meus pijamas e deitar na cama, mas ao invés de me desejar boa noite com um beijo ela me perguntou novamente sobre o campeonato, lembro de ficar muito estressado, como se estivesse sendo acusado de algo ruim, e disse novamente que não queria, ela sorriu e perguntou com a maior tranquilidade que já vi em seu rosto " Fabio, eu te criei para ser verdadeiro e corajoso, meu amor. Então sempre que estiver com medo se pergunte se realmente tem coragem de assumir aquilo que faz seu coração vibrar, se a resposta for sim, está no caminho certo."
É só isso que consigo pensar. Eu assumi que era aquilo que eu queria, mas ela teve que arrancar a resposta de mim com o conselho mais enigmático que ouvi aos meus oito anos, e agora depois de perder o campeonato eu só consigo me perguntar a mesma coisa.
Eu realmente tenho coragem de assumir aquilo que faz meu coração vibrar?
Acho que os últimos acontecimentos mostram que não, não ando tendo coragem de assumir o que me faz vibrar em todos os nervos de meu corpo. Não tive coragem de lutar o suficiente por esse campeonato, tropecei nos meus próprios medos fodidos e agora não consigo dizer nada a ninguém que tenta me consolar porque não mereço ser consolado. Faço o maior esforço que consigo para me levantar, ainda tenho o título de Rookie do ano e o terceiro lugar do pódio a ser ocupado hoje, visto a camiseta especial da equipe e forço um sorriso quando faço o caminho local montado para a comemoração. Marc está celebrando como um louco, e mesmo que seja horrível perder, sei que perdi para um dos melhores pilotos que já vi correr.
Jogo champanhe na minha equipe e no espanhol gritando ao meu lado, também o parabenizo, mas é tudo no automático, na realidade quero me trancar em um quarto e me xingar por ter sido covarde em tantos aspectos da minha vida, não consigo aceitar que deixei a pressão me pegar. Apesar de Sophie ter viajado comigo, não a vejo muito nas últimas semanas, está sempre mantendo a maior distância que pode de mim, e é doloroso que ela esteja lá, mas não comigo.
— Fabio — uma voz fina chama, me viro em direção a dona dela mas não estou nada feliz.
— Fala, Valentina — digo com desgosto, o que menos preciso nesse dia é dela perturbando minha mente com seus jogos psicóticos.
A espanhola bate os saltos no chão com seus passos, se aproximando com um sorriso mortífero no rosto, estou tão perto da garagem Petronas que penso que ainda posso escapar, seja lá o que essa garota vá falar com certeza não vai ser nada de bom.
— Parabéns pelo prémio — diz apontando para minha camiseta que diz "rookie of the year" — Sei que não era o que queria mas foi incrível para a sua primeira temporada.
Tento forçar um sorriso e minhas bochechas doem, não quero sorrir para Valentina mas não vou ser um babaca de graça.
— Obrigado — agradeço simplesmente e dou de costas para continuar meu caminho, sua mão agarra meu braço me forçando a observá-la novamente.
— Vai na premiação hoje, não é? — questiona com ar de inocência, mas consigo ler as intenções por trás do sorriso fino em seus lábios e não estou com paciência alguma para ela e suas gracinhas.
— Vou, vão homenagear Tom. Mas antes que você diga qualquer coisa, não, Valentina, isso não vai rolar de novo, tipo nunca mais. — Sou bem firme quando digo isso, mas a expressão da espanhola continua intacta, é claro, ela só quer mais agora que digo que não a quero. Mas estou dizendo pra valer.
— Bom, eu não tinha dito nada sobre isso. Vai ver que está pensando demais em nós dois, Fabio. — Ela sorri com uma inocência forçada e minha língua estala no céu da boca.
Respiro muito fundo antes de dizer qualquer coisa, como essa garota consegue ser tão fora da realidade? Tudo pra ela é sempre um jogo, como eu sempre fui, mas estou cansado pra caralho dessa merda toda. Me aproximo da morena e seus olhos castanhos brilham, mas não sinto absolutamente nada quando a encaro o mais profundamente que consigo.
— Vou deixar bem claro pela última vez: eu amo a Sophie. Sempre foi ela, Valentina, e de verdade espero que um dia você ame alguém como eu a amo. Boa sorte.
𝗦𝗢𝗣𝗛𝗜𝗘
Aperto minha palma da mão sobre meu peito quando escuto o francês irritado dizer aquelas palavras a Valentina. Estava em meu caminho para fora da garagem quando escutei ela falar com ele, não resisti e escutei toda a conversa, não me sinto bem por ter feito isso, mas na verdade nem me dei muita escolha, eu precisava ouvir aquilo, ouvir como ele reagiria às investidas de Valentina se fosse finalmente decidir se falaria com ele ou não. Mas agora estou mais que arrependida, ele disse que me ama com todas as letras e estou recuperando um fôlego que não sabia que me faltava. O piloto passa por mim com pressa, está fedendo a champanhe e não parece nada feliz, antes que se tranque no quarto, impeço que a porta feche com meu tênis e ele me olha curioso por cima dos ombros cansados.
— Oi — digo entredentes, ele franze o rosto ainda mais.
— Oi.
Entro em pânico quando fecho a porta plástica atrás de mim porque não sei bem o que estou fazendo naquela sala, caminho em silêncio até ele, coçando meus braços pelo nervosismo que borbulha em mim. Tenho que fazer isso? Me questiono desde que recebi a escolha, não sei se quero dizer a ele, mas nas últimas semanas percebi o espiral que estamos presos e que deve significar algo o fato de que nunca consigo me livrar dele, não importa onde esteja, ele sempre está lá de alguma forma.
— Preciso saber sobre essa, hmm... coisa de hoje.
Ele parece perturbado, não pela pergunta, mas por toda a situação, ele tira a camiseta comemorativa de cima do traje de corrida, também pousa o troféu de terceiro lugar no chão, então apoia o corpo na parede em frente a mim e cruza os braços.
— É uma festa, eles premiam os vencedores, o novato da temporada e esse ano vão premiar seu irmão, tipo uma homenagem — se explica e corre os dedos pelos fios loiros com raiva, seu tom é austero como se quisesse se livrar logo da informação.
— Tudo bem então, posso chegar lá às 19:00? — Prolongo nossa conversa mesmo sem saber exatamente a que ponto quero chegar, se fosse sincera, estou enrolando para não ter que tocar em nenhum assunto importante.
— Sim. Podemos conversar? — Pergunta e ameaço me levantar instintivamente, Fabio ri com escárnio e espalma o rosto entre as mãos. — Sophie, não, não vou mais fazer isso, tá bom? Eu não aguento mais pisar em ovos e arranjar motivos idiotas pra falar com você e vice versa. Vou dizer como me sinto, você vai ouvir, e então decide se nunca mais quer olhar na minha cara, ok?. — O francês implode impaciente e meu queixo cai.
Bufo irritada pela teimosia do francês, será que ele não poderia apenas seguir em frente? Apesar disso não o contrario e volto a me sentar, um brilho satisfeito passa por seus olhos castanhos quando percebe que estou ouvindo desta vez.
— E então? — Instigo e ele quem toma fôlego.
— Eu queria te dizer aquele dia, eu queria dizer pra você não ir, e eu sinto muito que não disse, Sophie. Mas eu simplesmente não aguentei a forma que ele falou sobre nós e eu só não entendia como você conseguia estar tão confusa porque pra mim estava bem clara a resposta — Quartararo não segura nenhuma palavra e sinto meu peito ser pressionado na minha garganta, aperto as mãos com o nervosismo que inebria todos meus músculos.
— Não, não estava clara, Fabio, como poderia? A última vez que me entreguei pra você por completo, bom... — retruco sentindo o peito arder com a angústia guardada em mim por tanto tempo. — Então me diz por que por que eu deveria confiar totalmente em você tão cegamente?
— Cara, você é impossível! — exclama balançando a cabeça na negativa — Me diz como você consegue, Sophie? Toda vez arranjar uma desculpa pra gente não ficar junto? Eu to cansado de ser o único vilão, eu errei sete anos atrás, e fui covarde aquela noite, mas você não foi a única que teve um coração partido naquele dia.
Meus batimentos parecem socos entre minhas costelas, quase me sufoco em todas as coisas que estou sentindo. Fabio se aproxima com cuidado, deixando a mesa que nos separava, algo tão escaldante quanto ódio ilumina suas írises quando se volta a mim. E todos os sintomas estão lá, a angina insuportável, o formigamento dos membros superiores e a sensação certeira de que você está morrendo, corações não se quebram de verdade, mas a síndrome do coração partido é real, seus sentimentos podem ser tão exasperantes e intensos que seu corpo realmente acha que seu coração está partido, está parando.
— Como posso ter quebrado seu coração? — Pergunto com uma mistura sem sentido entre raiva, preocupação e culpa. — Por que te fazer uma pergunta simples como aquela quebraria seu coração?
— Porque eu te amo. Porra, Sophie, não está óbvio? Eu te amo, nunca deixei de amar se for sincero, você está presa dentro de mim desde sempre e é assustador como eu não consigo me livrar desse sentimento nunca, e eu acho que nunca vou porque você está presa em mim, nas minhas memórias, nas minhas melhores risadas e na forma que eu vejo o mundo, e eu só... não consigo mais não estar com você, só você, e achei que sentia o mesmo. Então, eu não sei... fala alguma coisa porque eu não sei o que fazer com isso, ok? É com você.
O francês é tão assertivo em todas as palavras que não faço nada além de acreditar em cada uma, mas sou cética demais para apenas me deixar levar por nossos sentimentos e isso queima lágrimas em minha bochecha, ele passa os dedos longos em meu rosto as capturando e seu toque sutil formiga minha pele.
— Ok, você me ama? Você me ama? Eu acabei de aceitar um emprego em Barcelona, e começo logo depois que o Tom se recuperar da cirurgia, eu sou uma interna, você tem noção de quanto tempo eu passo dentro de um hospital? Fabio, é isso que estou te dizendo, não pode dar certo, é com isso que você quer lidar?
— Meu Deus, você é uma cabeçuda mesmo, não é? Sophie, eu não ligo se tiver que mudar pra conchinchina com você ou se tiver duas horas por dia pra te ver, eu te amo, de verdade. Eu não quero só ser seu namorado eu quero um futuro inteiro com você, eu to nessa pra valer, Chérie.
— Merda, Fabio — resmungo porque sinto que estou sem escolhas, não consigo ouvi-lo dizer tudo isso e não pensar o mesmo,ele aperta ainda mais os dedos em meu rosto e me sinto desfazendo em mil pedaços. — Sabe quão assustador é saber que de todas as pessoas do mundo você é o amor da minha vida?
— Bem, pela primeira vez na vida posso dizer que sei tanto quanto você sobre alguma coisa — brinca, acariciando o topo alto de minhas bochechas e fecho os olhos com o toque. Ainda sinto a ansiedade de todas as dúvidas em mim, mas elas estão tão brandas e se afogaram no seu pior inimigo: a esperança.
Dizem que não se pode racionalizar os sentimentos, mas aqui vai minha tentativa:
Tanto na biologia quanto no amor, as coisas que mais são importantes são as que nos destroem. Um sistema angiotensina aldosterona pode controlar nossa pressão arterial e impedir que soframos de uma baixa de pressão severa a ponto que nos mate, mas basta uma falta de equilíbrio e ela também pode ser a causa de uma das doenças mais letais no mundo, pode destruir a mesma pessoa que salvou. Pessoas são assim, Fabio é assim, mesmo que tenha me magoado um dia, é meu primeiro amor, e se for usar os termos chulos por aí, é o amor da minha vida, e assim como qualquer conhecimento que aprendi na faculdade, é assustador que eu saiba disso com tanta firmeza. Preciso dele tanto quanto preciso de qualquer sistema bioquímico, quero ele tanto quanto qualquer conquista acadêmica, e quero todas as partes, as brigas inflamadas e os beijos na chuva, odiá-lo tanto quanto o amo, amá-lo desse nosso jeito.
— Então é isso? Vamos começar tudo de novo, de novo? — questiono com um sorriso contido, ele exibe os dentes de forma arrogante e meu estômago queima em expectativa.
— Não se engane nem por minuto, Chérie. Isso nunca acabou — sussurra em meu ouvido antes de atacar meus lábios com o beijo mais incrível que já demos, lotado de saudade, sentimentos passíveis e verdade inegáveis. — Ei, quer ir ao baile comigo?
Uma nostalgia gostosa borbulha entre minhas costelas, tenho a sensação de que sua voz rouca e arfada pela falta de ar enterra as lembranças assombradas que tenho que bailes, não posso evitar sorrir como uma criança que acabou de ganhar o melhor doce de Halloween.
— Antes tarde do que nunca, não é? — Retruco e seus lábios dobram em um sorriso lateral, vamos reescrever nossa história do jeito certo.
Boa noite overfãsss
feriadou da melhor forma!
Espero muito muito que gostem do capítulo, e que perdoem esse meu sumiço! Feliz carnaval para todo mundo e aproveitem muito e se cuidem viu? 💖
Beijos e até a próxima!
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