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Four

𝗦𝗢𝗣𝗛𝗜𝗘

O encaro no fundo dos olhos, perturbadoramente castanhos, como o tronco de um enorme pinheiro. Não sei bem o que esperar, ele, de fato, sempre fora imprevisível até mesmo para mim, talvez seja presunção minha achar que ainda o conheço. Estamos novamente no paddock, cercados por toda a agitação de uma manhã de classificatórias e treinos livres. Como já disse, não venho a um desses há anos, já não me lembro exatamente como funciona.

— Vai mesmo ficar trancada aqui o tempo inteiro, Chérie? — questiona, enquanto Tom o ajuda a vestir o traje especial para as corridas. Gosto de lembrar de como ele foi desenvolvido com médicos, talvez esteja em abstinência de assuntos médicos.

— Você vai estar lá fora? — pergunto e ele confirma com um aceno de cabeça, que posso observar pelo reflexo do espelho, o mesmo que venho usando para observar seus cílios claros. — Então, sim. — confirmo e  Fabio solta uma lufada de ar, quase como uma risada. Meu irmão realmente ri.

— Vai estar perdendo o show, sabe? — insiste e dou de ombros, não quero perder mais um minuto o encarando, sua presença é extremamente nostálgica e a morena dos cabelos encaracolados do lado de fora apenas acentua isso. — Você quem sabe. — por fim, desiste. Foi mais fácil do que pensei, ele já foi mais insistente.

Tom me lança alguns olhares, sei que são preocupados, mas estou bem. De alguma forma, sinto que precisava vê-la novamente, confirmei da forma mais cristalina o que precisava. Aquilo tudo está realmente soterrado em alguma pedra, uma que não tenho vontade alguma de levantar, não quero aquele jogo novamente, está morto, estou de fato vacinada.

Sou outra pessoa agora. Quero ser.

Percebo que estou sozinha quando a porta range, e as balançadas indicam que a dupla me deixou para trás, assim como eu queria. Agora, sou eu e os exames de Tom, os encaro como meu próprio Golias em minha própria Odisséia. Começo com os básicos, exames de sangue, qualquer um poderia fazê-los, são check ups, até que não parecem alterados. Quando chego ao envelope pardo da radiologia, me sinto um pouco tonta, sei o que vou encontrar ali em baixo e não sei se quero. Tiro o papel fotográfico brilhante, adoro a forma que ele é plastificado e produz uma melodia única, o coloco contra a luz, aperto meus olhos e finalmente o encaro de frente.

"Prazer em conhecê-lo" — murmuro como uma psicopata prestes a matá-lo. Tumores cerebrais são tão variáveis, sei disso porque, de uma forma cômica, me interesso imensamente pela Neurocirurgia. Posso vê-lo, bem ao topo da cabeça de meu irmão, um pequeno caroço em meio a sua maravilhosa e perfeita massa encefálica. Tenho algumas apostas e quero confirmá-las, se estiver certa é um Meningioma, pode ser curado apenas com cirurgia. Se estiver errada, Tom tem um largo caminho de radiação em sua cabeça para percorrer. Gosto de estar certa, mas nesse caso em especial, quase imploro ao universo que eu esteja.

Respiro de forma pesada algumas vezes, apertando os olhos como se tentasse espiar o fundo do envelope gigante que guarda todos os exames. Quero pegar o menor deles, o resultado da biópsia realizada pelo médico que deixou com que meu irmão saísse do hospital com aquilo em sua cabeça. É tão pavoroso, não gosto do incômodo de encarar meus medos nos olhos.

— Isso aqui é uma bagunça. — uma voz feminina arruína meu momento, quase a agradeço por isso.

É uma menina, ou melhor, uma mulher. Está vestindo uma camisa social branca, com botões de pérolas que brilham sob os feixes âmbares de sol que entram pelas janelas, sorri com uma simpatia descomunal. Os cabelos castanhos caem pelo seu ombro e os olhos cor de mel são como faróis me lembrando de que não sou como essas mulheres radiantes. Dignos de fazer qualquer um chorar.

— Sim, acho que sim.— a respondo, mesmo tendo a certeza de que não está se dirigindo a mim, ou a ninguém, se isso importa.

Ela continua a perseguir seu objetivo, com os olhos furtivos examinando cada milímetro da sala.

— Ahá! — exclama, animada. — Ops, você está bem?

Agora, passa a me encarar, rugas de preocupação em sua pele oliva. Me sinto segura por um segundo, é um tanto hilário a confiança que ela passa com apenas um olhar.

— Sim, sim. Tudo bem.

A morena estende a mão de forma graciosa e diz:

— Sou Alicia, mas pode me chamar de Ali. Você deve ser a irmã do Tom, estou certa? — questiona, esbaforida.

— A própria. — respondo e a moça misteriosa sorri. — Sophie, mas pode me chamar de Soph, aliás.

Nos encaramos por um tempo desnecessário, não sei bem porquê, mas ela é realmente encantadora. Uma das pessoas que você imediatamente tem vontade de conhecer.

— Muito bem, Sophie, agora preciso levar isso aqui pro afobado do seu irmão, e bem rápido, se eu quiser dar boa sorte pro Osito antes.

Pisco algumas vezes depois que o furacão Alicia sai pela porta, tentando assimilar o que aconteceu. Ela é de fato intensa, mas agora estou sozinha com o envelope. Minha respiração recrimina o quanto estou nervosa, acelerando mais do que o necessário, cansando meu corpo mais do que deveria. O arranco como um band aid, o termo está em negrito.

TUMOR BENIGNO.

Maior alívio que já senti, tenho vontade de chorar, o pesadelo acabou de se tornar um pouco pior, agora sei como acabar com ele, posso atravessar minha odisseia.

Escuto o agito do lado de fora das paredes que me cercavam e decido que não quero me aprisionar sozinha, isso faria com que eu apenas cultivasse ,ainda mais, todos os sentimentos austeros em relação a Tom. Quando saio pelas portas agitadas, me encolho entre a divisória e a garagem.

Quartararo está sentado em um banco, com o traje aberto até a cintura, a corrente de cruz no pescoço se pendurando até a metade de seu peito exposto. O cabelo loiro bagunçado para cima, e totalmente hipnotizado pela pista a sua frente. Exibido, como sempre foi, sem se preocupar com a quantidade de pele que mostrava para as câmeras, que hora ou outra, o filmava.

Sei que meu corpo está enrijecido, sinto os músculos tencionadas, se contendo para a cena que assisto como um filme. Ele pisca os olhos, com os cílios pesando toneladas, a parte infeliz de meu cérebro me força a relembrar nossos tempos juntos. Em que brigávamos depois de suas corridas, mas fazíamos as pazes logo em seguida, das vezes em que perdia o sono quando não podia estar lá ao seu lado, de assistir corridas entre exercícios de álgebra.

Estavam todas lá, as melhores e piores, felizes ou tristes, as malditas lembranças piscavam como estrelas em uma noite quente, e eram impossíveis de ignorar.

Era a porra de uma confusão.

— Não te esperava por aqui. — exclamou, surpreso, antes de vestir seu capacete, reparei a quantidade de números estampados nele, me faziam tremer de curiosidade.

— Eu decidi dar uma chance pro show. — respondi, sorrindo, e voltamos a nos encarar com menos entusiasmo.

— Por que meu irmão está segurando sua moto? Aposto que você já espantou todas as grid girls. — provoquei, me recostando na parede com um laminado temporário que estampava seu número, vinte como o dia de seu nascimento, e totalmente personalizado para lembrar um diabo.

O piloto soltou o ar pelas narinas, rindo.

— Acha mesmo que eu gosto dessa história? Não sou um imbecil, se uma garota fizer algo por mim,quero que seja porque quer, e não por um emprego ultrapassado. — afirma, revirando os olhos, poderia achar que está mentindo, mas gosto de acreditar que o conheço bem o suficiente para saber que é verdade. — Torça por mim. — pede, indo em direção a motocicleta que o esperava.

— Apenas porque eu preciso. — retruco, com um meio sorriso, o mais sem graça que posso. Fabio sobe em sua moto e algo me faz arrepiar, talvez o ronco do motor assim que ele acelera, saindo em disparada para a pista. Tom volta de seu posto, sempre sorrindo.

— Ele não é um idiota, sabe. E ele se arrepende, muito, me falou isso várias vezes. — falou, passando os braços pelos meus ombros, como se lesse meus pensamentos.

Não devolvi nenhuma palavra, toda a situação que me encontrava já me confundia o suficiente sem Tom tentando florear a imagem do francês. Apenas assenti com a cabeça, como se houvesse algo a concordar, e a tombei em seu ombro.

•••

Espero que gostem do capítulo ♡︎

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