Prólogo
"Foi quando meu pai me disse:
Filha, você é a ovelha negra da família.
Agora é hora de você assumir,
e sumir!"
Rita Lee
Sentada num banco de praça eu pude notar o vai e vem das pessoas como ondas do mar. Apesar das roupas, e feições diferentes, todos eram iguais na atitude: mergulhados demais em si mesmos para me notar, assim como meus pais. Eu era invisível!
E lá eu fiquei, sozinha, celular na mão, lendo sobre uma certa roseira.
"Roseira, no entanto, nunca floriu. Ela via todas a sua volta desabrocharem e só fazia murchar. Nunca saiu do sono invernal e nunca foi bela. De nada adiantava o vidro que a protegia do rigor do inverno, o frio corria em seus galhos."
(Trecho de "A Roseira", de RainbowLost)
Conheço bem esse sentimento; sou como a Roseira. Vivo presa numa redoma cercada de obrigações e proibições sem sentido. Nunca pude sentir a brisa cortante do inverno, os pingos da chuva, ou qualquer experiência que fosse potencialmente prejudicial ao meu futuro brilhante pré determinado pelos meus pais. Tudo que era real estava do outro lado do vidro, fora do meu alcance. Me pergunto se algum dia serei capaz de atravessá-lo.
Você deve estar pensando que sou uma daquelas pessoas que causam um problema atrás do outro, encrenqueira, rebelde sem causa, e todos esses rótulos que são dados aos adolescentes.
Pois errou feio!
Sou apenas uma garota comum de dezesseis anos, que quer agir como uma garota comum de dezesseis anos. Mas carrego a responsabilidade de ser o gênio da família, e de certa forma sei que não posso decepcionar meus pai. Eles não fazem por mal, só querem que eu tenha uma vida mais tranquila.
Eles são donos da única imobiliária de Vale das Flores - cidade onde vivemos - e batalharam muito para erguer esse pequeno império imobiliário praticamente do zero. Tenho muito orgulho deles!
Mas sei que minha hora vai chegar. Vou romper essa redoma, e viver!
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