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Capítulo 01 - Barbara

O inverno sempre foi minha estação preferida. De algum modo, enquanto todos parecem pensar que o frio nos faz solitários, eu sempre acreditei que é a época mais acolhedora do ano. As conexões se fortalecem e as pessoas sempre são mais calorosas do que em qualquer outro momento. Por esse motivo eu vejo a neve caindo do lado de fora do meu carro como um bom sinal. Como um presente de boas-vindas.

Até esta manhã eu não conseguia acreditar que eu estava prestes a dividir um apartamento com minha melhor amiga e mais duas garotas. Durante anos nós fizemos planos para este momento, mas depois de várias decepções eu acabei me contentando com o fato de que isso jamais aconteceria. Eu estava ciente de que o futuro com que eu sonhei não se tornaria realidade e tentei me ajustar, mas uma carta chegou até mim com as únicas palavras capazes de me surpreender. Alguém havia me inscrito no programa de suporte da universidade e, em um golpe de sorte, eu tinha um patrocinador, alguém cuja doação anônima possibilitou que eu estivesse aqui. Era muito mais do que eu poderia sonhar e eu ainda tenho medo de acordar e descobrir que os últimos seis meses estudando pré medicina não passaram de um sonho. No entanto, a neve lá fora é real, assim como o misto de ansiedade e nervosismo que sinto. E isso é o suficiente para me colocar em movimento.

Eu desço do carro, apreciando a pressão do gelo sendo esmagado sob minhas botas enquanto faço meu caminho até a mala do automóvel. O ar a minha volta é cortante, me fazendo desejar um copo de chocolate quente e uma manta de lã para me eu enrolar e me sentar diante de uma janela. Ver a neve cair sempre foi um dos meus passatempos preferidos. Porém, por mais que eu aprecie tudo que o inverno traz, no momento eu só quero levar minhas três caixas para dentro do apartamento e encher meu novo quarto com os meus pertences.

Com duas das caixas empilhadas, caminho com cuidado até a entrada do prédio e observo o pequeno hall. A construção é datada do início do século, o que não é uma surpresa considerando que foi Abby quem encontrou o lugar e ela é fascinada por tudo que tenha mais de cem anos. O espaço é estreito, com uma porta em cada lateral, um escaninho de madeira ao fundo e uma escada no lado direito cujos degraus irregulares revelam seu uso ao longo dos anos. Há uma luminária de parede em cada lado da entrada, porém ambas estão apagadas e a iluminação é natural, provida pela claraboia três andares acima que permite que a luz se espalhe pelo vão central. Em essência, esse lugar é ideal para minha melhor amiga e eu sei que também será para mim. Eu posso sentir a aura tranquila e acolhedora enquanto estou parada aos pés da escada.

Escuto uma porta se abrir no andar superior e rapidamente coloco minhas caixas em um canto para poder apanhar a última. Tiro a neve acumulada nos cantos da mala do carro e, após pegar a terceira caixa eu o tranco, voltando ansiosa para o prédio. Minhas colegas de apartamento já estão aguardando por mim. As aulas retornam amanhã e, enquanto todas se mudaram dois dias atrás, eu preferi aproveitar mais um final de semana com a minha família. Com minha mãe grávida de seis meses, eu não quero perder nenhum momento ao lado dela e de meu pai, principalmente por eu estar morando longe de casa agora. Eu quero estar ao lado do meu irmão e lhe passar a segurança que eu senti falta quando cresci, porque apesar de meus pais nunca terem deixado de me dar amor e atenção, alguns momentos da minha vida foram difíceis e eu jurei que não deixaria o mesmo acontecer ao bebê que está vindo. Se depender de mim, ele nunca vai passar pelas mesmas dificuldades que eu. Nunca vai precisar ouvir que não é bom o bastante por não ter dinheiro ou ter que aturar os rumores enquanto cresce. Porque isso é o que acontece quando você mora na área mais negligenciada da cidade. Se eu não tivesse Valentina e Abby ao meu lado enquanto crescia, eu não sei o que teria acontecido comigo. Nós três acabamos nos unindo devido às nossas diferenças e formamos laços fortes o bastante para que nada fosse capaz de nos separar, nem mesmo a distância entre nós agora que Valentina está estudando no outro lado do país junto com o namorado.

Sorrindo ao pensar em tudo o que eu passei ao lado de minhas amigas, eu paro ao entrar de volta no prédio. Carregar as caixas acabou me cansando mais do que eu imaginava. Ainda segurando uma delas, eu viro para as escadas no mesmo instante em que um movimento me chama atenção perto dos escaninhos. Assim que os olhos azuis encontram os meus eu sinto minha respiração falhar e meu corpo congela.

Zander.

Eu sabia que cedo ou tarde acabaria tendo de encará-lo novamente, mas esperava estar pronta quando isso acontecesse. Ou pelo menos imaginei que haveria mais gente por perto. De qualquer forma, eu não estou pronta para lidar com a situação agora.

Eu aprendi cedo que não existem príncipes encantados ou finais felizes na vida real. Não para mim. E acreditei nisso até o verão passado, quando Zander entrou na minha vida e provou em poucas semanas que o amor existe e é tudo o que eu sonhei. Tudo aconteceu muito rápido e com tanta intensidade que levou um tempo para eu perceber. Ele foi o centro do meu mundo e eu sabia que Zander abriria mão de tudo por mim. Eu não podia simplesmente deixar que ele desistisse de uma vida brilhante apenas para estar comigo, então eu fiz o que foi preciso.

Eu o deixei ir embora, não importa que tenha sido a decisão mais difícil que já tomei. Era fácil mentir para outras pessoas e culpar as diferenças em nossas vidas como a causa do nosso rompimento, mas eu não poderia fazer o mesmo comigo. E a verdade é que eu amei Zander o bastante para preferir que ele conquistasse tudo o que ele poderia ao invés de ficar preso ao meu lado em nossa cidade pequena. Quando eu o deixei partir, um pedaço da minha alma desapareceu junto com tudo o que nós tivemos durante o melhor verão da minha vida.

Quando eu o conheci, Zander tinha um brilho no olhar que me fazia ter esperança por um futuro que eu nunca me permiti ter. Esse brilho ainda existe, mas todo o resto está diferente. Seu sorriso envolvente parece ter morrido, ou eu talvez não mereça mais recebê-lo. O cabelo descolorido, os piercings e as roupas desleixadas de antes desapareceram, dando lugar a um rosto limpo e um corte de cabelo curto em sua cor natural, preto. Após nosso término eu o vi uma única vez, de relance, quando Zander apareceu na lanchonete em que eu trabalho no campus da universidade, por isso eu sei que a tatuagem de teia que cobre o seu peito está escondida debaixo da camisa de mangas compridas que veste. Esse novo visual combina com ele. Zander não permite que muitas pessoas conheçam seu lado gentil e sua transformação recente enfatiza o quanto ele pode ser intimidador.

— Barbara, — ele diz com a voz atormentada e eu me pergunto se esse encontro é tão difícil para ele quanto é para mim.

Ouvir ele dizer meu nome depois de tanto tempo causa um choque em meu corpo e eu sinto uma agulha perfurando meu peito. Nervosa, eu afasto o pensamento ao saber que não há motivo para eu me agitar. Eu sabia que Zander apareceria no apartamento em algum momento. Ele também é amigo da Abby e acabou criando um vínculo com o resto do grupo.

Mais uma razão para eu me conformar com sua presença; ano passado, enquanto eu tentava ignorar a dor de o ter deixado, Zander estava estudando na mesma universidade que eu sem que eu soubesse. Ele estava me dando o espaço que eu pedi, mas eu sei que não foi coincidência ele ter vindo para o mesmo lugar que eu depois de ter dito que não planejava voltar a estudar.

— Theodore, — é tudo o que eu sou capaz de dizer sem que minha voz falhe. Usar seu primeiro nome é a única defesa que eu tenho. É o nome que ele utiliza com as pessoas que não fazem parte de sua vida.

E eu preciso me lembrar que não faço mais parte dela.

Ao me ouvir, ele se retrai e desvia os olhos para as caixas aos meus pés. Posso ver a dor em seu rosto e meu próprio coração se agita em resposta, mas eu preciso manter a distância. Nós dois temos que crescer e vencer nossos fantasmas.

— Vou te ajudar a subir com as caixas.

Eu me preparo para recusar quando lembro que nosso primeiro encontro aconteceu de forma similar. Eu precisava de ajuda e Zander não conseguiu deixar de ser o herói. Por mais que ele finja que não se importa, é uma das pessoas mais altruístas que eu já conheci.

— Obrigada, — agradeço, surpreendendo a nós dois.

Pelo modo como ele está parado eu posso dizer que Zander estava pronto para argumentar comigo. Sem palavras, ele apanha as duas caixas remanescentes e sobe as escadas. Eu o sigo de perto, me permitindo sentir sua presença e perfume por mais tempo do que eu deveria.

— Eu pensei que você fosse se mudar na sexta passada, — ele diz à minha frente, alheio a nossa proximidade ou a forma como estudo seus ombros.

— Preferi ficar mais tempo com meus pais.

— Como eles estão?

— Bem.

— E você? — Ele para no meio da escada e vira para me encarar. Seus olhos se arregalam rapidamente antes de voltarem ao normal e sinto meu rosto começar a corar. Para seu crédito, ele não faz nenhum comentário por ter me flagrado estudando seu corpo.

Zander foi a única pessoa que soube o quanto a gravidez de minha mãe me afetou no início. Eu fui pega desprevenida, assim como meus pais, e levou algum tempo para eu compreender que esse bebê está vindo ao mundo por um ato de amor e não por um descuido deles.

— Estou bem.

Minha resposta parece o satisfazer, pois ele volta a subir os degraus e não diz mais nada. Ao alcançarmos a porta no segundo andar, ele segura as caixas contra a parede com um dos braços e tira uma chave do bolso da calça. Eu deveria me incomodar por ele estar tão à vontade, mas a presença de Zander parece certa ao meu lado, por mais que eu não compreenda o motivo dele estar abrindo a porta da minha nova casa.

— Bem-vinda, — apesar de não estar sorrindo, noto a alegria em sua voz quando ele dá espaço para que eu entre.

O interior do apartamento é quente e confortável, como eu já imaginava. Não é muito grande, a sala tem o tamanho ideal para acomodar uma mesa de jantar para oito pessoas, dois sofás forrados com veludo vinho, um aparador, uma televisão de tela plana e uma pequena lareira de tijolos vermelhos. Eu reparo na decoração elegante, nos pequenos toques como as margaridas dentro de garrafas de vidro sobre a mesa e os tapetes e as almofadas estampadas espalhadas pelos sofás, assim como dois quadros de arte moderna e um espelho que cobre toda a parede ao fundo do ambiente, e sei que a mãe de Abby passou por aqui. Ela gosta de manter tudo na mais perfeita aparência e com certeza não deixaria a filha viver em um lugar que não refletisse seu bom gosto.

Na minha esquerda há um pequeno corredor com seis portas que levam a cozinha, ao banheiro e aos quatro quartos que iremos ocupar. Não é muito espaçoso, mas não me importo com isso. Essa é a minha casa e eu não poderia desejar nada melhor.

— Ivy foi ao mercado, — Zander comenta após me dar uns minutos para apreciar a casa. — Só a Abby e o Rock estão aqui, terminando de organizar a cozinha.

Esse é o motivo do silêncio. Eu não cheguei a reparar na movimentação dentro do apartamento, estando muito ocupada em memorizar minha nova sala de estar e tentando ignorar o fato de que Zander está do meu lado. Não tenho coragem de fazer a única pergunta que quero, mas não consigo deixar de imaginar a razão de sua presença aqui.

— Eu posso colocar no seu quarto? — Ele aponta para a caixa em meu braço e em seguida olha através do corredor.

Faço que sim e espero ele apanhar as outras duas antes de seguirmos pelo corredor. Ao passar pela cozinha, escuto as risadas de Abby e Rock e um sorriso genuíno surge em meu rosto.

Os dois se conheceram no ano passado, quando foram emparelhados para dividir um quarto nos dormitórios por conta de um erro no sistema. No início a tensão entre eles era visível, mas à medida que o tempo passou, Rock foi derrubando as barreiras da minha amiga até ela se dar conta de que ele era sua alma gêmea. Eu não poderia estar mais contente por Abby. Pelo modo como os dois se tratam com carinho e ternura você esperaria que eles estivessem juntos por toda a vida ao invés de apenas três meses.

Durante muito tempo eu desejei encontrar alguém assim também, porém agora eu sei que, às vezes, a sua alma gêmea pode aparecer na hora errada. E por mais que seja complicado, você precisa aceitar o que a vida te trouxer e saber que o amor nem sempre é o bastante.


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