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V - Outono de 2000

Dois anos depois...


Rafael


Nossos pais tinham resolvido passar a virada do ano pela primeira vez juntos. Sempre combinávamos, mas nunca dava certo. Mas esse ano deu. E eu não poderia estar mais feliz com isso.

Novo milênio, tudo novo, e agora que eu tinha completado 18 anos, ia ser muito irado.

Finalmente, depois de todo esse tempo eu consegui controlar os meus sentimentos pela minha desastrada. Chamá-la de minha desastrada não despertou a confiança de vocês não foi?

Tiramos a nossa carteira de motorista juntos, e ela ganhou um carro de presente. Preferi que o meu carro de presente fosse convertido em dinheiro, assim, eu já teria uma quantidade legal de grana, quero me estabilizar, sair da casa dos meus pais, ter a minha própria vida, e ter essa grana era um grande passo que eu dava para a minha independência.

A casa de praia era incrível. Grande e bem localizada. Não precisávamos pegar o carro para irmos para a praia, mercado ou qualquer evento. A casa ficava no centro de tudo.

Tinha um quarto só para mim e um só para a Isa.

Chegamos na praia no dia 30 e passei o dia inteiro com a Isa na praia, porque nas palavras dela, tinha que pegar o bronzeado do sucesso... Por isso tive que colocar uma bermuda, camiseta e não menos importante os meus óculos escuros.

Passar o dia ao lado dela de biquíni foi uma tarefa difícil. As curvas dela ficaram mais sinuosas e ela tinha uns dos corpos mais perfeitos que eu já tinha pousado o olho. Mas como o amigo que eu era dela, não podia dar sinais de satisfação...

– E então? Como está o meu bronzeado? – ela pergunta, depois de voltar de um mergulho, sentando ao meu lado. Ela me mostra os braços contente. Não sei se eu conseguia ver alguma diferença, mas se ela via então...

– Não via nada de errado com a cor de antes – dou de ombros e antes que eu fique tempo demais olhando o seu corpo, eu deito de costas em cima da minha camisa que eu tinha retirado.

– Mas agora ela está mais bonita não está? – ela pega seus óculos escuros e os coloca.

– Está sim Isa – fecho os olhos e tento não me concentrar no modo como a água salgada brilhava em sua pele, ficando muito tentadora.

– Você não está nem olhando – ela dá uma risada e se deita ao meu lado, descansando a sua cabeça no meu peito. Nem me importo por ela estar com o cabelo pingando por todo o meu peito.

– Mas sei como você fica feliz quando está bronzeada, logo, mais bonita – não penso direito e as palavras já saíram.

– Obrigada – dá para ouvir o sorriso em sua voz.

– Mas nós não vamos demorar muito mais não é? A temperatura começou a aumentar demais e esse Sol daqui a uns momentos não vai ser nada saudável.

– Eu sei bem... Acho que eu só vou dar mais um mergulho, a água está uma delícia... Vem comigo?

– Hum, um mergulho agora até que não é má ideia...

Ela se levanta e sai correndo em disparada para o mar. Vou atrás dela, sem pressa. E assim que molhos meus pés no mar, percebo que a Isa tinha razão. A água estava uma delícia. Era engraçado ver a Isa no mar, ela mergulhava de uma maneira estranha entre as ondas, parecia até que ela estava levando um caldo ou algo parecido...

Tento retirar a areia, sem sucesso do meu calção e passo uns bons momentos submerso. Adorava a movimentação do mar. Quando eu levanto, para tomar ar, me assusto com o grito da Isa, me chamando.

– O que foi Isa? – falo completamente alarmado.

– Preciso de ajuda – ela diz, deixando somente a cabeça fora da água. Era estranho, já que não estamos muito fundo.

– O que aconteceu? – agora estou bem preocupado.

– Vem cá... – ela me chama com a cabeça.

Não estava muito longe dela, e demoro apenas alguns segundos para chegar onde ela estava.

– Isa, você está me deixando preocupado, o que aconteceu?

– E-eu perdi a parte de cima do meu biquíni – ela fala baixo, visivelmente envergonhada.

– Mas o quê? – arregalo os olhos e tento controlar o meu riso, mas não faço um bom trabalho, pois acabo soltando uma gargalhada.

– Rafa – ela briga, visivelmente irritada e joga água em mim. – Eu estou falando sério, me ajuda aqui!

– O que você quer que eu faça? Quer que eu procure ele?

– É seu pela! – ela morde o lábio e dá pra sentir a sua apreensão. Coitada, não vou mais rir dela.

– Vou procurar... Se você ver por aqui, me avisa.

Volto alguns metros e procuro pelo pedaço de tecido rosa que não deveria ser tão difícil assim de encontrar. Mas não estava em lugar nenhum. O tecido era chamativo, deveria ser fácil de se avistar, mas não estava em nenhum lugar por ali.

Procuro em uma boa parte do litoral, considerando até para qual lado a maré estava puxando, mas depois de quinze minutos procurando sem sucesso eu volto.

– Isa, não sei onde foi que esse biquíni se enfiou não... Deve ter aberto um portal para uma outra dimensão e o seu biquíni foi puxado para lá, porque não encontrei.

– Não fala isso Rafa... E agora, como é que eu vou sair daqui?

– Ih, é mesmo, agora que eu me lembrei que a sua camisa está fora de condições, ela é toda furada, ou sei lá o que é aquilo...

– Sim...

– Deixa eu ir pegar a minha camisa...

– Mas eu vou molhar ela inteira.

– Até parece que eu vou te deixar sair daqui usando as suas mãos como camisa... – falo meio puto só de imaginar a cena e a atenção que ela ia atrair.

– Obrigada.

– Não sai daí – resolvi implicar só mais um pouco com ela.

– Engraçadinho...

Pego a minha camiseta, agradecendo que eu tinha pegue uma camiseta vermelha, essa não era transparente e daria conta do recado. Volto pro mar e a entrego para ela. Sei que não era necessário, mas virei de costas enquanto ela vestia a minha camiseta.

– Não sei se isso vai dar muito certo... – ela fala.

– Mas porque Isa?

– Digamos que a camisa fica um pouco reveladora demais... – e quando eu me viro para encará-la eu tenho que me controlar.

A camisa molhada estava colada em seu corpo, revelando o contorno dos seus seios empinados e perfeitos. Marcava a sua cintura fina. E agora que eu percebi que o corte do braço era folgado demais e acabava deixando de fora a lateral do seu seio.

Te controla Rafael!

– Er... Ficou um tanto quanto... Revelador – não quis dizer sexy, mas ela estava.

– Merda! – ela fala frustrada e volta a entrar na água, ficando somente com a cabeça para o lado de fora.

– Vem, vamos dar um jeito – estendo a mão para ela.

– Isso! Você é um gênio Rafa! – ela diz animada e fica de pé de uma vez.

Ela segura a minha cintura e me gira, abraçando as minhas costas. Fico surpreso e a minha respiração falha. Ela estava colada em mim. Ela estava colada em mim com a minha camisa. Eu conseguia sentir os seus seios nas minhas costas, e era uma delícia.

– Prontinho, agora vamos andando, que eu vou ficar toda enrugada se eu não sair daqui em breve.

– Tá certo – tentei fazer com que a minha voz soasse firme, mas acredito que eu não tenha feito um bom trabalho.

Nunca uma caminhada rápida de dez minutos que separava a praia da casa em que estávamos hospedados durou tanto. Sua pele era quente, e eu sentia cada nervo em que ela tocava, era quase como se tudo ganhasse vida e estivesse em verdadeira festa.

Não tinha como não notar que mesmo naquela situação diferente e estranha, ela estar me abraçando daquele jeito parecia ser tão natural para mim. Nossos passos eram sincronizados e eu tomei o cuidado de não andar muito mais rápido do que ela.

Tive que controlar uma vontade que nasceu em mim de segurar a sua mão enquanto andávamos. Ver suas mãos repousadas inocentes sob a minha barriga, seus dedos delicados e pintados com uma cor amarelada, que me lembrava as folhas de uma árvore no mais belo outono, me faziam querer saber se os seus dedos encaixavam bem nos meus.

Uma mistura de alívio e tristeza me tomou quando passamos pela porta da garagem e ela me soltou.

– Obrigada Rafa. Quando eu sair do banho eu te devolvo a sua camisa.

– Não há de quê Isa – falo olhando pra cima, controlando um surto de vergonha.

Por isso nem vi quando ela agora me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Me deixando sem reação e plantado no chão da garagem. Depois de alguns minutos que eu usei sabiamente para me recuperar, fui tomar um banho para aliviar os pensamentos da nossa caminhada.

No restante do dia passamos lendo e conversando bobagens. E como estávamos cansados da viagem e do Sol, acabamos por ir todos dormir bem cedo. Isa acabou adormecendo na minha cama enquanto estávamos conversando sobre quais seriam os nossos planos e desejos para o ano que iria começar em breve.

O dia começou cedo para nós, acompanhando nossos pais à praia e conhecendo a pequena cidade litorânea. Eu adorava como as nossas famílias se davam tão bem, como nossos pais eram tão amigos. Sem sombra de dúvidas devo boa parte da minha amizade e proximidade com a Isa por conta dos nossos pais.

Voltamos para a casa, quando o Sol já começava a se por. Faltavam poucas horas para a virada do ano e eu comia um sanduíche largado no sofá junto da minha melhor amiga. Nove horas nossos pais resolveram se aprontar para a virada e a Isa pegou o embalo deles.

Eu também subi, mas fiquei no meu quarto de bobeira até umas nove e meia, quando eu revolvi tomar banho e me vestir. Estava de branco da cabeça aos pés. Uma camisa e uma bermuda. Nada de muito arrumado, e como estávamos na praia, não substitui nem o meu chinelo de dedo.

Desço na esperança de alguém já ter terminado o banho e estar lá embaixo, mas eu sou o primeiro a descer. Então me sento no sofá quase deitando e espero pacientemente todos saírem de suas tocas.

Os pais de Isa foram os primeiros e quando eles desceram, ficamos conversando distraidamente. Meus pais não demoraram muito tempo depois e se juntaram à nós. A conversa foi ganhando um tom mais maduro enquanto o tempo passava.

Mas já eram onze e vinte da noite e nada da Isabela descer.

– Rafael, meu filho, vá lá em cima e vê se apressa a Isabela, senão dá meia noite e ainda vamos estar aqui sentados nesse sofá – dona Thalia fala.

Me levanto do sofá e subo novamente as escadas. Vou até a porta do quarto dela e bato algumas vezes na porta.

– Isa? – bato na porta novamente e falo. Mas não obtenho resposta. Falo bem mais alto. – ISABELA!

– Já vai! Nossa! – ela finalmente me responde e eu me encosto do lado de sua porta.

– Vamos logo desastre. Não demora mais muito não! Senão dá meia noite e nós ainda estamos dentro de casa. E vamos perder os fogos!

– Já to indo pela. Nossa, não sei porque dessa pressa toda... – escuto os passos apressados dela dentro do quarto.

– Rápido, rápido, rápido – falo rindo, somente para implicar com o juízo dela. Os passos dela aumentam ainda mais.

Um barulho de uma pancada ecoa pelo quarto e eu também escuto um xingamento baixo. Um xingamento alto vem logo em seguida.

– Filha da mãe! – ela grita do outro lado da porta e eu tenho que segurar a risada. Se ela souber que eu estou rindo, ela vem aqui me exterminar!

– Você está bem? – pergunto tentando não parecer divertido. E agora fico um pouco preocupado, e se ela tiver se machucado de verdade? Não quero ter rido dela se ela tiver tido algum ferimento sério...

A porta do quarto dela se abre de uma vez e ela imediatamente se encurva em direção ao chão, segurando o pé dela e dando alguns pulinhos de leve. Tudo o que eu conseguia ver era os seus cabelos por todos os lados.

– Não mesmo! Se eu não tivesse segurando o meu dedo agora, eu teria a certeza de que ele estava junto da quina da minha cama – ela fala ainda de cabeça baixa e sem olhar para mim.

– Deixa de ser dramática desastre, nem deve ter sido tão forte assim a pancada para você estar choramingando assim...

– Choramingando nada! E você fala assim porque não foi o seu dedo Rafa! A dor subiu a minha perna inteira!

– Ah, então tá vendo, a dor nem foi tão grande assim, com essa sua perna curta, a coitada da dor fez uma viagem super rápida – brinco.

– Besta – ela fala rindo e eu sei que ela não está mais com raiva ou sentindo muita dor.

– Vamos então? Nossos pais já estão nos esperando há um bom tempo lá embaixo – me desencosto da parede e vou na direção das escadas.

– Espera Rafa! – ela faz com que eu pare no meio do caminho. Me viro então para saber o que ela queria. – Como estou?

Perco as palavras. Uma visão de tão bela.

Seus cabelos castanhos claros estavam soltos e cheios de ondas que caiam pelos seus ombros. Seus olhos destacados por uma linha preta e seus lábios com o tom mais bonito de rosa. Ela tinha um leve bronzeado dos dois dias que ela tinha pegado Sol e sua pele brilhava, da melhor maneira possível.

Seu vestido era longo, sem alças e branco. Mas na ponta dele, alguns traços vermelhos e alaranjados davam uma cor viva ao vestido. Seus pés estavam cobertos pelo tecido, mas tenho certeza que qualquer coisa que ela usasse ali debaixo ia ficar maravilhoso.

Linda é pouco para o que meus olhos veem nesse exato momento.

Sabe aquele sentimento que eu tinha dito mais cedo que estava completamente controlado? Não está mais. Ele saiu pela janelinha da minha mente e agora olha para a Isa de maneira intensa.

– Rafa? Você escutou? – ela pergunta, balançando seus braços na minha frente.

– Hã? Oi? – minha cara de bobo apaixonado para ela deve ter sido muito óbvia...

– Perguntei se eu estou bonita... – ela fala mais uma vez com o seu sorriso doce.

– Você está incrível.

– Obrigada, e você fica muito bem totalmente de branco. Talvez você devesse considerar a medicina – ela fala sorrindo.

Ainda estou paralisado no meu lugar com a beleza daquela mulher incrível na minha frente.

– Vamos? – ela me pergunta já na minha frente, com o seu melhor sorriso.

– Claro – falo e parte da minha sanidade volta. Eu tenho que juntar toda ela se eu for tentar me recompor.

Descemos e depois de pouca conversa fomos todos para a praia.

A areia estava tomada de pessoas vestidas de branco. No meio da areia, um relógio bem alto e grande, que nos permitia ver as horas. E nesse exato momento, faltavam vinte minutos para a virada de ano.

Ficamos numa roda de famílias, conversando sobre as melhores coisas que aconteceram naquele ano e o que gostaríamos que acontecesse com aquele ano que se aproximava. Num piscar de olhos os poucos minutos se passaram e estávamos nos momentos finais.

Um minuto para o ano novo e enchemos nossas taças com champanhe, para comemorar a entrada do ano. Cinco, quatro, três, dois, um!

O ano se inicia e eu olho para os meus pais e estão dando um beijo apaixonado. Os pais de Isa estão em um beijo de cinema. Quando eu era mais novo, odiava ver os meus pais trocando qualquer tipo de afeto, hoje acho incrível como mesmo depois de tanto tempo eles ainda conseguem se gostar tanto assim.

Mas eu consigo entender esse sentimento de amor. O meu me foi apresentado desde muito cedo. E ela está aqui do meu lado. Eu olho para a minha melhor amiga e digo.

– Feliz ano novo meu desastre favorito! – eu a puxo para um abraço.

– Feliz ano novo meu pela saco mais lindo! – ela me dá um abraço apertado.

– Algumas pessoas dizer que passar o ano, e dar um beijo em alguém trás sorte – não sei de onde eu tirei a coragem de falar isso para ela. Eu ainda estava abraçado com ela. Será que ela ia rir da minha cara?

– Verdade? – ela pergunta e eu simplesmente concordo. – Então você me daria a honra de me trazer sorte esse ano? – um sorriso travesso toma de conta de seus lábios.

– Sempre.

Nos aproximamos devagar e eu selo nossos lábios. Não tem língua, mas mesmo assim meu coração quase que sai pela boca quando passamos poucos, mas eternos segundos conectados.

– Feliz ano novo Rafael. Quero que esse seja mais um ano contando com você ao meu lado – ela sorri e meu coração entra em total descompasso agora.

– Feliz ano novo Isabela. Se depender de mim, não irei a lugar nenhum – devolvo o sorriso e nem sei quanto tempo passamos nos olhando daquele jeito, mas nossa ligação é quebrada quando nossos pais vêm ao nosso encontro.

Desejamos um feliz ano novo para eles. E depois de tudo aquilo, brindamos ao ano que acabara de chegar. E para mim já tinha começado da melhor maneira possível.


Todos ali na praia estão bebendo e se divertindo. Incrível como é bem mais fácil se fazer amizades num ambiente assim. E encontramos uma turma grande de pessoas com mais ou menos a nossa mesma faixa etária e nos enturmamos muito fácil.

As horas vão passando e o clima vai mudando. Comecei a perceber vários casais se formando e se afastando discretamente do local, procurando privacidade.

Nesse momento fiquei completamente em alerta e receoso por pensar que a Isa pudesse se envolver com qualquer um dos meninos dali. Ela sempre estava no meu campo de visão e ficava completamente encantado pelo modo que ela sempre estava sorrindo e cativando as pessoas ao seu redor.

Começo a perceber que a Isa está bebendo demais, ela ri um pouco mais fácil, e seu humor está ótimo, mas mesmo distante, ela parece estar nervosa. Nem posso imaginar o motivo. Quando ela queria esconder alguma coisa de mim, ela conseguia. Já tem algo que a perturba no ano que mal acabou de começar?

Estou conversando com duas meninas e um rapaz e passei a não prestar mais atenção no assunto, quando um cheiro familiar começa a se aproximar de mim.

Mesmo com toda a maresia, todos os perfumes misturados, todas as fragrâncias, eu conseguia identificar aquele aroma tão familiar para mim. Aquele cheiro de pêssego que sempre me trazia um sorriso no rosto e uma acelerada em meu peito.

– Você quer vir pular as sete ondas comigo Rafa? – Isa me pergunta.

– Claro – nem precisava perguntar.

– Vem então – ela pega a minha mão e vai caminhando comigo até a beirada da praia.

Nos despedimos do pessoal e vi quando um dos caras ficou bem chateado ao me ver saindo de mãos dadas com a Isabela. Ela pareceu não se importar e fez até questão de andar bem próximo a mim.

Olho para trás e vejo que a nossa ausência nem vai ser notada, quando o cara que estava triste olhando a Isa se afastar, começa a se aproximar de uma das meninas que eu estava conversando.

– Pessoal divertido, mas muito dado! – Isa fala soltando uma pequena risada.

– Muito dado? O que você quer dizer com isso? – pergunto nervoso.

– Ah, você percebeu Rafa... Vai dizer que não reparou como aquela morena que estava conversando com você estava te dando o maior mole? – ela dá de ombros...

– Ah sim... – não tinha prestado muita atenção, estava mais preocupado com ela de conversa com os outros rapazes.

– E porque você não deu uma chance pra moça?

– Não sei... Ela não faz muito meu tipo...

– Parando pra pensar agora Rafa. Qual é mesmo o seu tipo? Não te vejo com muitas meninas e juro que nunca entendi qual era o seu tipo.

As que me lembram você.

– Não tenho um definido, mas ela definitivamente não era – dou de ombros e ela sorri docemente para mim.

– Você nunca me fala muito sobre seus relacionamentos Rafa... Sabe, uma opinião feminina pode vir a calhar em muitos casos...

– Eu sei... Mas você também está no mesmo barco que eu Isa, você também não é de falar dos seus rolos comigo...

– Você me pegou nessa... – ela dá uma gargalhada gostosa e corre os últimos metros até a beira da água. Abro um sorriso mudo e aperto o passo para acompanhá-la.

Antes que seus pés pudessem encostar na água, ela para e fica alguns segundos encarando aquela grande imensidão azul, mas que no momento parecia uma imensidão negra. Ela tem seus olhos fechados e uma brisa balança de leve seu cabelo. Linda. Meu coração já está cansado de saber disso, mas mesmo assim ele se surpreende por um novo traço dela que me fascina por completo.

Sempre que a olho, encontro algo novo para gostar nela. E nesse exato momento foi o modo como a lua refletiu na sua boca, brilhando e tremendo quando ela entreabriu os lábios e soltou uma longa respiração.

Então ela abre os olhos e se abaixa para retirar sua sandália. Depois levanta um pouco seu vestido, para não molhar demais. Eu faço o mesmo, tiro as sandálias e junto um pouquinho de fé para fazer os meus pedidos de ano novo.

Então Isa segura minha mão e vamos pular as sete ondas.

Não contei para a Isa o que eu pedi em cada pulo, pois eu acredito naquela supertição, então também acredito que se eu contar para alguém o que eu pedi, não vai se realizar. Mesmo a Isa me perguntando muito o quê tinha desejado. Só falei que tem haver com a minha felicidade. E tem mesmo.

Quando saímos do mar tenho um sentimento de paz me abraçando e eu abro um enorme sorriso.

– Ué, e esse sorriso do nada? – ela pergunta me olhando curiosa.

– Só estou feliz Isa. Acho que esse será um ano muito bom para mim – se pelo menos um dos meus pedidos se realizassem, ia ser sem sombra de dúvidas o melhor.

– Para mim também. E eu acho que a gente merece um ano bom não é?

– Com toda certeza minha amiga.

Isabela


Não quis voltar para aquele local. As pessoas eram divertidas, mas eu queria mesmo era ficar na companhia do meu amigo. Fiquei feliz quando o Rafa nem fez questão de voltar também. Ele parece mais descontraído agora, mais relaxado.

Sorrio enquanto fico sorrindo, olhando para ele falar sobre o que ele pretende fazer ainda esse ano, como passou a se apaixonar pela carreira de direito e o que ele ainda deseja alcançar. Meu sorriso ameaça rasgar o meu rosto quando ele me inclui nos planos para o futuro, amo ver que ele me quer ao seu lado, mesmo como amiga.

Minha mãe me liga, somente para nos avisar que eles já estão voltando para casa e perguntando se eu tenho uma chave para entrar. Digo que tenho uma no bolso do Rafa e digo para ela ficar tranquila, que não vamos nos demorar muito mais.

Sempre me esqueço de como é bom andar lado a lado com o Rafa. Ele sempre me passava uma sensação de segurança, me sentia bem, me sentia eu mesma ao seu lado.

– Que mina linda... – um cara aleatório vem falar comigo. Será que ele não viu o Rafa aqui do meu lado não? Poxa, sei que não estávamos de mãos dadas, nem aos beijos, mas poxa, não tinha motivo pra esse cara vir falar comigo.

– Que pena que ela está acompanhada... – falo acidamente e me aproximo um pouco mais do Rafa.

– Que é isso coração... Eu também estou acompanhado... – ele aponta para uma morena linda, a poucos metros de nós, ela sorri maliciosamente para nós dois e acena. – Só estávamos pensando se gostariam de se juntar a nós.

Arregalo os olhos e fico completamente sem palavras. Esses dois estavam propondo isso mesmo? Troca de casais? Era isso mesmo? Estava horrorizada, mas uma onda de vergonha me bateu e eu não consegui falar mais nada.

– Não curtimos isso cara – Rafa fala seco e colocando a mão no meu ombro, começa a se afastar.

– Se mudarem de ideia, estamos nessa casa – vejo o homem apontar na direção da mulher e é só então que eu percebo um casarão enorme, bem pomposo.

– Não mudaremos – Rafa fala mais uma vez e nos afastamos um pouco mais rápido. – Acho que isso foi pra encerrar a noite não foi? – ele fala no meu ouvido, e pelo seu tom, pareceu que ele se divertiu com a proposta que tínhamos acabado de receber.

Ainda não consigo falar nada. Não sei o que foi que me deu, mas não abri a boca na volta para casa. Entramos e Rafa perguntou se eu estava cansada, somente neguei com a cabeça, então ele deu a ideia de ficarmos um pouco ali na varanda da casa, jogando um pouco de conversa fora.

Depois de entrar e tomar vários copos de água, fomos para a varanda e sentamos em grandes cadeiras de madeira, e o Rafa foi logo puxando assunto.

– Pensei que você fosse partir a cara do homem no meio quando ele sugeriu uma troca de casais! – ele fala gargalhando.

– É... Sei lá, não soube o que falar...

– Fiquei até preocupado achando que você fosse aceitar, pela sua demora em responder, mas quando eu vi que você estava vermelha, percebi que tinha que falar alguma coisa...

– Você responde tão tranquilamente, até parece que recebe uma proposta dessas todos os dias!

– Não foi a minha primeira... – ele dá de ombros. – Mas não imaginei que você fosse ficar tão sem reação daquele jeito...

– Fazer o quê não é pela? Não ando nesses lugares promíscuos que você frequenta... Então não soube o que responder... – implico com ele.

– Não ando em lugares promíscuos! Se eu ando, você também anda! E outra, eu estava brincando sobre proposta, nunca recebi nenhuma proposta dessas não...

– Sabia que você estava mentindo!

– Claro, só tive um pouco mais de tranquilidade, sei lá...

– Tenho que te contar uma coisa Rafa – eu falo baixo, quase fechando os olhos para tentar reunir a coragem que eu precisava.

– Claro Isa, o que quiser...

– Isso é sério tá? – falo rápido, como se eu estivesse retirando um curativo da pele.

– Claro que eu sei que é sério... – ele me dá um sorriso. E eu conheço bem esse sorriso. Era o sorriso que ele sempre usava quando fingia que me escutava e levava a sério. Esse sorriso me dava nos nervos.

– Sou virgem Rafa – era a explicação por ficar tão perdida com aquele homem. Para quem nunca nem viu o sexo oposto nu, uma troca de casais é um pouco demais.

O sorriso que ele tinha e substituído por um rosto completamente surpreso. Quase conseguia as engrenagens da sua cabeça funcionando e ele não falou nada. Na realidade ficou parado, olhando na minha direção, mas como se não me enxergasse mais.

Seus olhos tremem um pouco e tenho que segurar uma risada quando ele tenta ajustar seus óculos que não existiam mais em seu rosto. Sua boca abre e fecha repetidas vezes e acredito que ele está tentando encontrar alguma coisa para falar.

– Rafa? Você ouviu o que eu disse?

– Ouvi – sua resposta é curta, e demora uns bons segundos até ser dada.

Não sei bem o que falar agora, pois não sabia o que eu estava esperando em resposta dele. Não tinha a menor ideia de como era que ele iria reagir e nem o que faria. Era uma informação que eu queria compartilhar com ele, mas que ele não precisava necessariamente saber.

– Isa, por que você me contou isso? – ele me encara e não consigo encontrar a sua resposta.

– Não sei Rafa. Na realidade nunca contei isso pra ninguém. Quer dizer, minha mãe também sabe. Acho que queria tirar isso do meu peito... Na realidade não sei o motivo de ter falado isso para você... Quer dizer, eu sei. Foi por isso que eu reagi daquele jeito quando aquele homem falou daquele jeito comigo, nunca tinham falado desse jeito comigo...

– Eu entendo. Aquele cara foi bem direto não foi? – ele sorri em compreensão. – Sabe... Eu também nunca fiz...

É ridículo eu sei, mas me senti muito aliviada.

– Por falta de opção eu tenho certeza que não foi... – falo em tom de brincadeira, mas eu me senti com a brincadeira que eu tinha feito.

– Não, não foi – ele diz sério e eu o encaro. Rafa está olhando para cima, encarando as estrelas. Ele não parecia se gabar da frase. Ele não era esse tipo de cara.

– Mas sozinho já aconteceu não foi? – nem sei de onde eu tinha tirado a coragem para fazer essa pergunta. Claro que ele já tinha se masturbado sua maluca! Se até eu já tinha matado a minha curiosidade e me tocava vez por outra... Lógico que ele fazia isso.

O rosto dele ganha um tom de vermelho completamente adorável. Ele ajusta os óculos e limpa a garganta diversas vezes. Ele olha para mim, acho que espantado comigo por fazer aquela pergunta.

– Claro que sim não é Isa? – ele responde com uma voz fraca e desvia o seu olhar do meu.

– Por que você nunca fez? – pergunto verdadeiramente curiosa.

– Sexo? – acho que o rosto dele iria explodir a qualquer momento. Eu estava muito envergonhada também, mas a minha curiosidade era maior e já que ele estava respondendo... E outra, não sei quando é que vai ser que a minha coragem vai dar as caras novamente para esse assunto, então vou mesmo é aproveitar.

– Sim.

– Não sei, nunca tive vontade de ir mais além com nenhuma menina... E como eu nunca tive vontade, eu meio que não me importo em ser virgem... Mas e você Isa?

– Idem. Mas com meninos, óbvio – brinco. – Tem uma pressão sabe, no círculo de meninas, parece até que as meninas que são virgens são meio infantis, bobas, somente porque nunca fizeram. Acho isso ridículo, a pessoa só deve fazer isso com outra se sentir confortável, quando ela se sentir amada, nada menos do que isso. É chato demais ser tratada de modo diferente pelo seu círculo social somente por uma coisa que você não fez, e nem quer fazer.

– As meninas te pressionam Isa? – ele parece chateado.

– Não é bem isso... Sabe, é que sempre que as conversas começam a "evoluir", se é que você me entende, elas meio que me excluem da conversa, ou mudam de assunto. É chato ser a única virgem do grupinho.

– Sei como pode ser isso. Mas Isa, por favor, você tem que me prometer que você nunca vai fazer nada somente por causa de pressão da sociedade ou do seu círculo de amigos...

– Você acha que eu sou tão fraca assim para fazer uma coisa que não estou preparada por conta de pressão?

– Sei que não é Isa, mas me sentiria melhor se você prometesse...

– Prometo Rafa... – sorrio para ele e seus ombros relaxam. – Se eu fosse perder a minha virgindade, seria com alguém como você Rafa.

As palavras saem e não tem mais jeito. Eu falei.

– Sério? – ele parece espantado com a minha afirmação. Acho que agora era a minha vez de corar até o último milímetro do meu rosto.

– É... – o que são mais algumas palavras pra quem já usou aquela frase não é? – Você é o meu melhor amigo e o melhor cara que eu conheço, não dá pra pensar em ninguém melhor – dou de ombros.

– Agora estou me sentindo... – ele diz brincando.

– É, se você não fosse tão pela, poderia ser até um daqueles caras de filme romântico – mostro a língua pra ele e ele ri.

– E só pra você saber, você é o sonho de consumo de boa parte da população masculina na escola... Se eu tivesse que perder também, seria um cara de sorte se fosse com você...

– Obrigada.

Se eu teria sorte se fosse você e você teria sorte se fosse eu, porque não deixar a sorte de lado e irmos em frente? Mas por que eu não conseguia retirar essa frase da minha garganta? Estava tão perto, tão perto, seria tão fácil falar ela, já estamos no assunto e duvido aparecer um momento melhor do que esse.

Mas as palavras simplesmente não saíram do meu pensamento e da minha vontade.

E então o momento foi perdido e o assunto completamente alterado.

O vento começou a ficar frio e comecei a me encolher na cadeira. Rafa parecia não se incomodar com a temperatura, ele sempre foi uma pessoa quente por natureza. A madrugada ficava cada vez mais silenciosa e quase não conseguíamos escutar os barulhos vindos da praia. Rafa entrou em casa, dizendo que estava com sede e que voltaria em poucos instantes.

Sinto um cobertor quentinho cobrir as minhas costas e ombros. Atitude completamente adorável do Rafael. Murmuro um "obrigada" e vou logo me encolhendo dentro do tecido quente e aconchegante.

Conversamos até o dia começar a clarear. Eu bem que tentei ficar acordada enquanto o Rafa estava falando algo sobre o campus da faculdade, ou era sobre um filme que iria estrear? Adormeci na cadeira, escutando a doce voz do meu amigo, sentindo a brisa suave do litoral.

Tinha coisa melhor?

alguns meses depois...

O Rafael já estava tão nervoso que não tinha mais nenhuma unha para que pudesse roer. Ele pega a minha mão e tenta abocanhar a unha do meu indicador. Puxo a minha mão bruscamente.

– Nem pense nisso pela! Minhas unhas estão fora dos limites.

– Deixa de ser ruim Isa! Eu preciso disso pra me acalmar.

– Você precisa é de um copo bem grande de suco de maracujá – solto uma risada e levanto da cadeira que eu usava para estudar. – Vou providenciar um suco bem forte pra você.

– Obrigado – ele se joga de costas na minha cama e solta um suspiro totalmente angustiado.

Também não era para menos, hoje sairia os resultados do vestibular. Não tenho a menor dúvida que ele passou, além de estar bem confiante com a minha aprovação. Os nomes iam ser colocados na página online da universidade, mas o horário não tinha sido preciso.

Encho o maior copo que encontro com um suco concentrado que a minha mãe tinha feito mais cedo. Ela sabia que o Rafa vinha olhar o resultado aqui em casa e sabia muito bem como ele ficava quando estava nervoso. Volto pro quarto e o Rafa estava sentado na minha cama, com o meu computador na frente dele.

Ele apertava o botão de atualizar de cinco em cinco segundos.

– Se você quebrar o botão do meu computador eu vou roubar aquele seu computador importante dos seus jogos, tá me escutando? – falo em tom de brincadeira e estendo o copo de suco para ele.

– Acho que vai ser mais rápido se injetarmos isso direto na minha veia – ele diz levando o polegar à boca e tentou morder alguma coisa.

– Deixa de besteira Rafa, você deve ter arrebentado na prova, nem sei o motivo de você ficar tão alvoroçado...

– Mas se eu tiver trocado alguma coisa, se eu tiver confundido as datas, os conhecimentos, e se eu... – o interrompo de falar, colocando um dedo delicadamente sobre a sua boca e forçando o copo de suco na sua frente.

– Você não errou nada. Tenha fé em você Rafa – sorrio e seus ombros descem um pouco.

O sorriso que ele me dá é bem nervoso, então ele pega o copo de suco e toma vários goles lentos e vejo sua respiração ficar bem mais normal. Ele encaixa seus dedos por debaixo de seus óculos e coça os olhos. Ele abre um sorriso sem dentes, mas bem mais tranquilo.

– Melhor?

– Sim. Obrigado.

– Deixa que eu seguro isso – pego o meu computador e depois de sentar na cadeira, o ajusto em minhas pernas. – Agora, deixa que eu atualizo.

Tentei tornar a conversa leve enquanto esporadicamente eu atualizava a página da universidade. Rafa pareceu se acalmar um pouco mais durante a tarde. Já passava das sete horas da noite quando finalmente a universidade liberou os nomes dos alunos que foram aprovados.

Mantive o tom calmo e a conversa boba enquanto clicava no curso de Direito. Nem me surpreendi quando vi o nome do Rafa ali, na primeira colocação. E ele ainda tinha a audácia de dizer pra mim que estava com medo. Abro um sorriso enorme.

– E pensar que tive um momento à tarde que eu pensei em deixar você roer a minha unha por conta do seu nervosismo...

– Saiu? – ele senta de uma vez na minha cama, arregalando os olhos e se aproximando de mim.

– Sim.

– E então? – ele fala nervoso e morde o canto da boca, já que as unhas dele não existiam mais.

– E você ainda pergunta pela? – coloco o computador na mesinha ao meu lado e levanto os braços de uma vez. – Você passou! Parabéns pela! – dou um pulo em seu pescoço, o abraçando.

Devo tê-lo pegue desprevenido, pois ele cai para trás, caindo de costas no meu colchão. Meu corpo imediatamente se toca da proximidade e das nossas posições, mas estou feliz demais por ele para me importar. Sinto o seu sorriso no meu pescoço e suas mãos nas minhas costas.

Momentos assim fazem meu coração disparar como nunca e com ele colado assim em mim sempre estremeço e me deixo levar pelos meus pensamentos.

– Obrigado – a gravidade de sua voz faz cócegas na minha pele.

– Sabia que você conseguiria. E nada mais justo do que o primeiro lugar para você – não preciso falar alto, já que estávamos bem próximos.

– Eu fiquei em primeiro? – dava pra escutar o choque em sua voz.

– Claro que sim... – sorrio e apoio os meus cotovelos na cama, um de cada lado da sua cabeça.

– E você? – assim que ele faz a pergunta eu abro os olhos. Abro os olhos, pois o seu hálito com cheiro de maracujá dançou sobre o meu rosto. Estávamos muito perto.

– E-eu o quê? – perdi totalmente a linha do meu raciocínio encarando os seus olhos verdes assim de tão perto. De perto assim e sob a luz do meu abajur eu vi que ele tinha diversos pontinhos pretos espalhados pelo verde de seus olhos. Era muito lindo.

– Você passou não foi? – passei aonde? Ah sim, o vestibular. Nem olhei, mas estou com muita fé na minha aprovação.

– AI MINHA NOSSA! – a voz da minha mãe é abafada, mas bem clara.

– Acho que isso responde a minha pergunta – ele diz com um sorriso fraco.

Dou um sorriso amarelo e saio de cima do Rafa. Tento não olhar diretamente para ele, para que ele não possa perceber as minhas bochechas avermelhadas de vergonha. Escuto o Rafa limpar a garganta e eu sento ao seu lado, tentando parecer o mais descontraída quanto fosse possível.

Não tive coragem de olhar nos olhos deles. Tive medo de encontrar o que eu tanto procurava, mas tinha mais medo ainda de encontrar somente um fruto da minha imaginação.

– ISABELA! – o grito da minha mãe é engraçado e bem alto.

Os passos dela não são nada silenciosos e não seguramos a risada. O clima abrandou e parecia que aquela troca de olhares tinha acontecido há anos atrás. A porta se abre de uma vez e o sorriso da minha mãe me alcança e sinto toda a felicidade que está guardada nele.

– Você passou! – ela diz toda feliz e vem me dar um abraço. Não me lembro da minha mãe alguma vez me abraçar apertado assim, foi tão forte que até me faltou ar. Sei que nunca vou me esquecer desse abraço. Ela me olha no fundo dos olhos. – Estou muito orgulhosa de você filha...

– Obrigada mãe – senti lágrimas quererem se formar em meus olhos. As palavras da minha mãe me emocionaram. Sei que ela me ama, mas é um sentimento diferente, um sentimento bom, saber que ela tem orgulho de mim.

– Você também passou não foi mocinho! – minha mãe sorri para o meu amigo e o puxa para um abraço também. – Estou tão orgulhosa de vocês dois!

– Obrigada tia Thalia – meu amigo diz envergonhado.

– Tenho que ligar ainda pra um monte de gente da família! – minha mãe diz animada, ficando de pé e quase batendo palmas de tanta felicidade.

– Certo mãe – sorrio.

– Mais tarde vamos sair pra jantar, vocês escolhem onde! Vamos comemorar as suas aprovações! – ela diz já saindo do quarto, mas chegando na porta, ela volta e me dá mais um abraço e um beijo em minha bochecha. – Muito orgulho filha!

Foi engraçado ver a minha mãe praticamente saltitando pra fora do meu quarto.

– Vou pra casa, tenho certeza que a minha mãe quer fazer a mesma coisa que a sua – Rafa diz, rindo. – Você quer ir comer onde?

– Quero comer pizza até minha barriga parecer que vai explodir! Mas e você? Se você quiser fazer outra coisa, podemos ver e combinar algo que agrade os dois.

– Não precisa. Pizza é uma ótima!

– Conseguimos Rafa – falo feliz encarando o meu amigo.

– Sim, nós conseguimos. Agora vai começar uma nova fase nas nossas vidas.

Não sei o motivo, mas aquela frase me deixou um pouco preocupada. Sei que não precisava me preocupar assim, mas tive um medo irracional de me afastar do Rafa por conta das novas amizades que vamos fazer.

– Rafa se eu te pedir uma coisa, você promete que não vai rir de mim?

– Você sabe que falando isso para uma pessoa antes de falar, a probabilidade de ela acabar rindo é bem maior não é? – ele diz divertido.

– Sei disso, mas é sério pela!

– Não tenho como prometer não rir, mas prometo dar o meu melhor para não rir. Tá bom assim?

– Perfeito – tomo uma grande respiração. – Eu estou acostumada a sempre te ver em todas as aulas que eu frequentava, vai ser um pouco chato não ver o seu rosto conhecido nos primeiros dias de aula... Então vamos acabar fazendo novas amizades, concorda?

– Claro que sim... – ele parece um pouco confuso.

– Me promete que mesmo que você conheça a melhor pessoa do mundo, e eu me torne a pior delas, você nunca vai deixar de ser o meu amigo – o rosto dele ameniza e ele me dá sorriso doce.

– Preciso do seu desastre Isa, nunca vou sair daqui – ele me abraça e eu fico feliz por ter tido a sorte de conhecer aquela pessoa.

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