08. A proposta
Henry desceu do carro sentindo suas mãos tremerem levemente, seus olhos passeavam por toda a extensão da academia. O prédio com ares tradicionais ficava em frente à uma praça, alguns alunos entravam e saíam dele junto com poucos adultos. Respirou fundo para controlar seu nervosismo, sentia que a qualquer momento poderia travar. Nunca pensou que pudesse tanto querer algo, a maioria de suas conquistas se deram por ser o Kid Danger, mas agora ali estava ele, tentando algo por ser somente Henry Hart.
- Ei, vai dar certo.
Charlotte afirmou confiante, passando um braço por sua cintura ao abraça-lo de lado. Senti-la tão perto fez seu coração desacelerar um pouco. Enrolou um braço pelo pescoço dela, a puxando contra si e a abraçando forte.
- Quero acreditar em você.
- Pois acredite. Você sabe que eu sempre tenho razão.
Riu da declaração em tom prepotente, a beijando suavemente na bochecha antes de se afastar um pouco. Os olhos castanhos brilhantes como sempre o fizeram se sentir em casa, aquele era um poder desconhecido para a própria Page, mas ele algum dia iria dizer para ela. Fitou o prédio imponente, respirando fundo novamente e voltando-se para Charlotte que esperava por seu próximo passo.
- Está na hora. - disse sorrindo, depositando novamente um beijo em sua bochecha antes de se afastar. - Me deseje sorte, querida.
Charlotte revirou os olhos para a piscadela dele, então esticou a mão, pedindo por algo que ele não sabia.
- Seu celular, gênio. - esclareceu, o fazendo buscar o aparelho no bolso. - Vou dar um jeito para eles pararem de te rastrear.
- Obrigada. Você é a melhor.
E como não conseguia mais manter suas mãos longe dela, a puxou novamente para um abraço enchendo seu rosto de beijos. Charlotte o empurrou para longe, as risadas saindo altas de dentro dela.
- Vai logo! Não quero que você se atrase por minha causa.
- Até daqui a pouco, linda.
Dava passos de costas para o prédio a fim de poder ver o sorriso envergonhado que ela abriu.
- Nos vemos depois, Hen. - apontou para trás de si. - Vou esperar na praça. Seja você e arrase!
Abriu um sorriso confiante após ela lhe mandar um beijo, girou para ficar de frente para a academia e se pôs em direção à entrevista.
《◇》
Charlotte esperou por Henry sentada em um banco perto de um laguinho. Ali era tão calmo, por ser fim de tarde via algumas toalhas estendidas para piqueniques, crianças brincando de pega-pega e donos passeando com seus cachorros. Após bloquear o sinal que permitia o rastreamento no celular do Hart, fora buscar no carro o livro de Piscologia experimental para se preparar para o teste da próxima semana. Não queria nem pensar no que sua mãe iria dizer assim que descobrisse que ela havia abrido mão de uma matéria relacionada a física por mais uma de psicologia. Estava tão absorta nas pesquisas exemplificadas que nem percebeu a presença de uma certa pessoa até ter braços a enrolando pelo pescoço.
- Mas que merda!
Exclamou irritada após dar um grito assustada pela súbita presença de Henry, ele gargalhava alto quando sentiu ao seu lado. Cruzou os braços, estreitando os olhos enquanto o observava acalmar os risos, após alguns segundos conseguiu se controlar.
- Não fique assim, Char. Foi engraçado. - a cutucou na cintura, rindo novamente quando ela franziu o nariz em desagrado.
- Como foi a entrevista? - mudou de assunto, sentindo a animação começar a se espalhar por seu corpo quando ele abriu um sorriso orgulhoso.
- Acho que fui bem. O reitor realmente gostou de mim, e acho que eu posso ter me apaixonado um pouco por ele. - soltou um longo suspiro diante da confissão a fazendo sorrir. - Você é incrível, mas aquele homem, Charlotte, ele é tão inteligente.
- Não adianta, você não vai conseguir me fazer ficar com ciúmes. - garantiu divertida, o socando levemente no ombro. - Mas me conta direito como foi. Quais foram as perguntas? Ele falou sobre o seu currículo? Disse como vai ser a grade de horários ou o salário? Você vai poder comer de graça aqui? Porque eu li algumas coisas e parece que a comida daqui é maravilhosa.
Henry soltou uma sonora risada, levantando-se e a puxando pela mão junto com ele.
- Vou responder a todo esse interrogatório enquanto comemos algo. - falou, entrelaçando seus dedos quando começaram a caminhar. - Tem uma lanchonete aqui perto que o seu Rodriguez disse que serve uma torta maravilhosa. Depois podemos dar uma volta por aqui antes de voltar pro seu apartamento, o que acha?
Charlotte arqueou uma sobrancelha, o encarando um tanto surpresa, olhou ao redor observando as pessoas que frequentavam o parque, então voltou-se novamente para ele que se encontrava com as bochechas levemente avermelhadas.
- Um jantar e um passeio no parque. - pontuou, inclinando levemente a cabeça quando um sorriso pequeno surgiu em seu rosto. - Por acaso está me levando para um encontro, Henry?
- Por acaso você aceitaria se eu estivesse?
Por trás do tom brincalhão pôde identificar uma nota de insegurança. Fitou suas mãos entrelaçadas, seus olhos subindo delas até os olhos brilhantes de Henry. Apoiou o queixo no ombro dele, seus narizes ficando a centímetros de se tocarem. Ali resolveu tomar uma decisão que poderia mudar tudo, não, na verdade iria mudar tudo, mas havia aprendido que muitas vezes na vida só temos que seguir em frente e torcer para dar tudo certo no final.
- Vamos. Vamos lá ter o nosso encontro.
O sorriso contagiante que Henry abriu fez uma boa parte de sua hesitação sumir. Era sempre assim quando estava com ele, ela sentia que tudo era certo e o que não fosse poderia facilmente se acertar em algum momento.
- Já que estamos indo oficialmente em um encontro, eu posso fazer algo que estou doido para fazer há muito tempo?
O encarou curiosa, mas logo o entendeu quando Henry aproximou seu rosto do dela. Inclinou-se contra ele, ambas as suas mãos estavam ocupadas, uma entrelaçada a dele e a outra segurando o pesado livro de psicologia. O Hart entendeu seu consentimento, juntou seus lábios em um beijo casto e lento, ela entreabriu os seus o permitindo aprofundar um pouco mais o beijo. Henry passou um braço por sua cintura a colando em seu corpo. Charlotte poderia passar o resto da noite nos braços dele, porém o beijo teve que acabar por conta do fato importante, e totalmente desnecessário, de que eles precisavam de ar para respirar.
- Isso... com certeza foi bem melhor do que eu imaginei. - Henry confessou, sua voz um pouco ofegante.
Charlotte riu quando afastou seu rosto alguns centímetros do dele, apertando seus dedos entrelaçados quando comentou provocativa:
- Então você estava mesmo sonhando comigo.
- Deveria ter ficado calado. - soou falsamente contrariado, a puxando levemente para voltarem a andar.
- Você não negou. - percebeu contente, gargalhando de leve quando o viu começar a ficar vermelho. - Que amor, você está com vergonha.
- E quanto mais você fala mais vermelho eu fico. - declarou sarcástico, apertando sua cintura enquanto ela ainda ria apoiada contra ele. - Quando está sendo beijada você não é tão chata.
Quis que soasse como um resmungo irritado, mas Charlotte o conhecia bem para saber que ele só estava brincando, então continuou a sorrir o observando tentar reprimir o próprio sorriso só por teimosia.
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