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Capítulo 8

"Não quero ver outra geração desistir. Prefiro ser uma vírgula do que um ponto final."  - Every Teardrop Is a Waterfall by Coldplay.

A força que eu fazia para manter minha boca fechada e chorar pelo alívio que sentia era tão grande que meu maxilar já começava a doer. Eu era protagonista de uma cena peculiar: uma mulher adulta com os olhos direcionados ao chão sendo conduzida por um menino de 14 anos como se ele fosse meu guarda-costas pessoal. Estava tão concentrada no meu objetivo de chegar em casa o mais rápido possível, que nem reparei que deixei Caio sem resposta quando o mesmo me cumprimentou acanhado.

Ao fechar a porta de casa, conferi se os ferrolhos estavam bem trancados com os dedos tremendo. Pela cara que Jean fez ao me ver entrar na sala eu mostrava está tão aterrorizada quando me sentia.

Meu corpo todo tremia e eu tentava me abraçar sentada no meu sofá. Consigo ouvir as vozes de Jean e Jack ao longe, mas me concentro em manter o copo com água que minha amiga me deu parado enquanto os três segundos em que aquele homem apontava a arma

para mim ainda dominava meus pensamentos.

— Ei, ei pô. — Jack dissera, empurrando discretamente a arma para o chão. — Eu conheço ela. Você anda muito na defensiva, Cabeça!

Ele olhou para mim por um momento e virou para o garoto.

— Confirme que ela não dirá nada. — sua voz era grave e arranhada, fazendo meu corpo de arrepiar de medo.

Ouvi Cabeça sussurrar batendo no meu ombro de propósito e me fazendo perder o equilibrio.

— Se liga, vadia.

Foi daí que o corpo começara a tremer como reação automática do que passamos. Havia pessoa que presenciaram momentos muito mais perigosos, entretanto, aquela foi a primeira vez que eu cheguei tão perto da violência que assolava a Ala O. Não fora um familiar ou amigo que estava a mercê de um criminoso — fora eu. E a ideia de que Jack estava envolvido com aquele mundo embrulhava meu estômago.

— De onde vinha aquele dinheiro? — sussurrei para Jack quando percebi a conversa deles havia acabado.

— Entreguei algumas encomendas para ele. — respondeu depois de um tempo em silêncio.

Apertei os lábios ao entender que encomenda Jack falava.

— Você mentiu para mim. — afirmei — Por quê?

Jack engoliu o seco.

— Não posso responder isso. — sua voz vacilou. — Desculpe, Ly. Se você não confiar mais em mim, tudo bem. Apenas não se afaste de Bonnie, ela precisa de você mais do que eu.

Fiquei calada, sem saber o que dizer diante aquelas frases.

— Apenas... Tome cuidado. — murmurei — Não pude impedir você entrar nisso nem tenho como tirá-lo da confusão que você se meteu.

— Não se preocupe. — disse sem conseguir olhar para meu olhos de tão tamanha a culpa.

— Eles não irão atingir ninguém.

Além de você mesmo, pensei, certa que não desistiria dele tão fácil.

Jean ficou calada, sendo uma mera expectadora da cena até que Jack sumisse de meu campo de vista, antes murmurando uma despedida seca e eu ouvi o barulho da porta sendo fechada. Não precisava conhecê-lo muito para saber que não o veria muito cedo e esse pensamento doía meu peito. Ele era como um irmão menor para mim e eu me preocupava, ainda mais agora que sei as coisas que Jack anda fazendo.

— OK, vou ficar com você essa noite.

Balancei a cabeça negando.

— Você tem aula, não pode perder.

Ela deu uma risada.

— Já tô com DP nas matérias de hoje mesmo, não importa se eu estou lá ou não. — deu os ombros e me abraçou. — Vamos fazer festa do pijama!

Sorri amarelo e murmurei um agradecimento, pois sabia o que minha amiga estava fazendo.

Depois de tomar banho e esperei Jean voltar enquanto fitava minha mãe ainda acordada. Segurei sua mão pensando no quanto sua fragilidade me doía e nada poderia fazer para que a doença parasse de retirar vida de Dona Letícia cada vez mais. Com cuidado troquei sua fralda e apertei os lábios percebendo que ela não poderia continuar daquele jeito; necessitava urgentemente transformar o quarto em algo parecido com um hospital para ela se sentir mais confortável.

Quando Jean volta começo a fazer perguntas sobre a saúde de mãe e como eu faria para melhorar seu bem estar, entretanto, Grey tem planos diferentes para nós duas.

— Vamos falar de outra coisa. — ela disse mexendo em minhas panelas — Chegou a encontrar seu destinado hoje?

Cruzei os braços e fiz uma carranca.

— Por que eu o encontraria?

— Não se faça de cínica.

Deixei meus ombros caírem. E percebi que não tinham uma força se quer para esconder qualquer coisa de Jean naquela noite.

— Ele até que é legal.

Minha amiga deu um gritinho e eu rolei os olhos.

— Qual o nome dele? — fiquei calada e ela estendeu a colher em minha direção — Vai me dizer que você não perguntou o nome dele de novo?

— Thomas, o nome dele é Thomas. — ela levantou a sobrancelha — E é só o que você vai me arrancar.

— Nem o sobrenome, Ly?

Ela fez bico como uma criança e eu ri.

— Prefiro manter isso em segredo.

Eu preferia assim por enquanto. Thomas mostrou querer sigilo, algo que eu também concordava.

— Ok. Ele é engraçado? Bonito? Moreno?

— Ele é divertido. — dei os ombros fazendo pouco caso disso, mas no fundo estava aliviada em falar do Hoyer.

Ele, por incrível que pareça, era a única coisa nova que aconteceu na minha semana que não me dava aflição só de pensar.

— Aff, cadê a mulher que é um livro aberto que conheci? — disse desligando o fogão — Fiz canja, tudo bem?

Assenti sentindo minha barriga reclamar.

— Você é tão mais fechada quanto a isso, Caio não parou de falar de Gia nos últimos dias. — Jean revirou os olhos e eu senti meu estômago embrulhar.

— E é? — consigo responder com um gosto amargo em minha boca.

— E ela nem é essas coisas, sabe? — continuar falando enquanto eu coloco os pratos na mesa — Quer dizer, ela até que é bonita, boazuda e tals, mas é muito fechada. Deve ser porque é toda rica e não é acostumada a animação da Ala O. Ela é uma psicóloga da Ala J que se formou faz pouco tempo.

Resmunguei uma afirmação torcendo amargamente que a destinada de Caio fosse uma megera só para que ele sentisse o que é ter o coração quebrado.

— Você acredita que ela tava com ciúmes porque ele veio aqui ontem? — ela riu como se aquilo fosse um absurdo. — Sei que você é linda, Ly, e concordo plenamente com isso, mas não acho que...

Se alguma vez eu me gabei de saber como esconder meus sentimentos quero pedir desculpas pela mentira descarada. Quando Jean olhou para meu rosto aflito ao ouvi-la fazendo seu monólogo não demorou dois segundos para ela perceber quão abalada eu fiquei com as suas palavras.

— Desembucha. — ela mexeu as mãos nervosamente.

Envergonhada por não ter falado nada sobre isso antes para alguém que chamo de melhor amiga, acabo falando mais do que esperava e chorando no ombro de Grey. A verdade é que eu estava tão sobrecarregada com as reviravoltas que minha vida tinha dado naquela semana que precisava externar isso o mais rápido possível.

— Ele não tinha o direito de ter te iludido desse jeito, Lydia! — ela exclama durante meu discurso.

— Olhe, eu não sou nenhuma santa nessa história. — falo assoando o nariz com um pedaço de papel higiênico — Eu estive com ele porque eu quis. Caio não me forçou a nada.

— O negócio, Ly, é que não se brinca com os sentimentos das pessoas desse jeito. — Ela segurou minhas mãos, jogando o "lenço" fora — No mínimo ele não devia ter dito que era seu destinado.

Cerro os olhos para Jean.

— Você, como qualquer outra pessoa, sabe que não ligo se Caio é o meu destinado ou não. Eu só queria... Eu só queria... Que ele me amasse de verdade. Que ele quisesse lutar, não por mim, mas comigo.

Ela fica em silêncio enquanto encosto minha cabeça em seu ombro. Era uma cena que daria uma bela foto: eu e Jean sentadas no sofá com os olhos em algum ponto invisível apenas divagando.

— Preferia que você fosse a destinada do meu irmão, não a Gia. — murmurou — Adoraria ter você como minha irmã.

Com um sorriso melancólico respondo para ela.

— Você já é a minha irmã, pirralha.

.

Quando acordei de manhã nem levantei um dedo para esconder as olheiras infelizes que apareceram em meu rosto. Enquanto colocava minha mãe na vã, observei a cidade passando com o sentimento que seria a última vez que faria isso.

Diante de tantos problemas que me aconteceram naquela semana, me esqueci que hoje teria uma consulta grátis que um psicoterapeuta fazia a cada mês na clínica — e eu já tinha ideia do que ele iria falar.

Eu percebi que nos últimos meses a invalidez de mãe se agravara e que até mesmo levá-la para clínica usando a cadeira de rodas tinha começado a se mostrar algo perigoso. Além do mais, para Jean cuidar dela estava cada vez mais complicado. Sei que o trabalho intensivo que ela tem com minha mãe tem atrapalhado seus estudos, e eu simplesmente estou cansada de abusar de sua gentileza.

Balancei a cabeça tentando evitar o inevitável. Até escutar da boca do médico o que eu teria que fazer os meus problemas iam ser adiados.

Empurrando a cadeira de rodas fui em direção à sessão de sempre, como eu fazia todo sábado, e cumprimentei as pessoas que conhecia no meio do caminho. Localizei Ivanna rapidamente e tive quase certeza que ela cairia se não tomasse cuidado ao colocar tanta força nas rodas da cadeira, mas, felizmente, ela conseguiu chegar a nós sem nenhum arranhão.

— Pra quê essa afobação toda, hein? — Perguntei ao parar de andar.

— Como foi com o seu destinado?

Olhei para ela sentindo um incômodo gigante com sua pergunta.

— Oi, Lydia, tudo bem? Obrigada por ter se preocupado com minha segurança. — Imitei sua voz e voltei a andar.

— Hey, não me deixa falando sozinha. — reclamou tentando me acompanhar — Só tô curiosa, poxa! Tive certeza que você tinha se esquecido e queria muito ter visto a cena de você conhecendo o amor da sua vida no susto.

— Acho que você ama minhas desgraças. — resmungo.

— Aí, desculpa, mal humorada! — ralhou e segurou meu braço para que parasse.

Virei meu rosto para explicar que a história era muito longa para ser contada agora, entretanto, fui interrompida.

— Lydia?

Imagina a minha surpresa ao ver meu destinado de terno preto alinhado com a sobrancelha erguida bem atrás de mim.

Cerrei os olhos começando a me sentir alerta e com medo. Desde o dia que o conheci o encontrei de alguma maneira durante a rotina que tenho há mais de dez anos e a única resposta que eu tinha para isso é que ele era um stalker, psicopata e maluco. Bem, Thomas não tinha cara de alguém desequilibrado, mas é normal que eles não o tenham, não é?

— Você anda me seguindo, Thomas? — Pergunto tentando intimidá-lo, porém ele dá uma gargalhada.

— Sei que é difícil de acreditar, mas nenhum dos nossos encontros foram premeditados. Juro! — disse de forma relaxada — Pensei que você soubesse que isso poderia acontecer, entretanto. Não conhece como funciona o destino?

— Não acredito que existe esse negócio de destino, não desse jeito. — dei os ombros — Tipo, os destinados podem se apaixonar e tudo mais, porém isso não significa que são almas gêmeas. O problema é que as pessoas estão tão certas que destinados nasceram para viver juntos que dificilmente percebem que relógios não podem decidir seu futuro, e que não foram feitos um para o outro mesmo quando claramente não são compatíveis.

Vejo um brilho prateado cruzar sua íris preta e sinto meu ego ampliar quando vi que o deixara sem resposta.

Entretanto, comemorei cedo demais.

— O destino não funciona como algo que controla tudo na vida das pessoas. — explicou — Ele dita quem será o amor de sua vida, mas não diz se essa pessoa fará escolhas boas ou não será contaminada pela maldade natural do ser humano, muito menos se ela vem cheio de defeitos. O destino existe, mas ele não arranca todo o livre arbítrio.

Fiquei ali encarando-o tentando entender aonde ele queria chegar com aquele papo de destino. Quer dizer, não duvidava que era uma das suas tentativas de me conquistar — como o mesmo deixou claro um dia antes — contudo, não faria sentido dizer que os destinados podiam chegar em nossas vidas defeituosos.

Espera aí, ele acha que eu sou a defeituosa nessa história?

Ouvi um pigarro, estourando a bolha em que eu e Thomas nos encontrávamos e por puro reflexo viramos para onde ouvimos o barulho.

Ivanna nos olhava com interesse, os olhos de cigana, que sempre pareciam saber mais do que qualquer pessoa, alternava a atenção entre mim e meu destinado.

— É um prazer vê-lo novamente, senhor Hoyer. — Disse sorrindo cheio de interesse — Vejo que já conhece minha amiga, Lydia Blackwell. Desculpe-me a insolência dela.

— Thomas, me chame de Thomas. — ele disse com um sorriso simpático que espalhava para todos os seu futuros eleitores — Conheço Lydia a pouco tempo, então, não conhecia suas crenças sobre o destino.

— Sério? — ela disse arregalando os olhos — Mas você se parecem tão íntimos.

Tenho vontade de bater minha cabeça na parede ao entender o que ela insinuava. Se eu não tivesse dado um debate sobre aquele tópico em específico, Ivanna ainda estaria alheia a quem era o meu destinado. Deus me ajude com as perguntas que ela me fará mais tarde.

— Impressão sua, Ivanna. — ele disse com desdém. — Lydia e eu estamos nos conhecendo ainda.

Que droga, Thomas! Você só tá piorando as coisas!

— Ah, que cabeça a minha! — falo rapidamente, cortando a fala de minha amiga — Esqueci de apresentar minha mãe.

Percebo que é uma péssima ideia quando o vejo direcionar os olhos curiosos para ela. Leticia está com a cabeça pendendo para um lado; os olhos desfocados e a boca meio aberta. Me encho de mortificação quando entendo o que estou fazendo expondo minha mãe daquele jeito. Thomas não precisava saber dela agora. Não que eu sentisse vergonha de minha mãe, não mesmo! O problema é que eu odiava o olhar cheio de pena que davam para ela e para mim dizendo "coitada da menina, ela tem que cuidar de uma mãe inválida" e eu simplesmente odeio isso.

— Olá. — ele diz simplesmente como se estivesse cumprimentando um conhecido na rua.

O silêncio constrangedor me fez remexer desconfortavelmente e a verdade estapeava-me.

— Bem... — ele olhou para trás em direção a um homem alto de terno preto — Ah, qual o nome dela?

— Leticia Blackwell. — Respondi e pus as mãos nos ombros da minha mãe, como se a confortava, entretanto, eu era que precisava de consolo.

Sorri para ele tentando mostrar para ele que estava tudo bem, mas todos pareciam saber ler-me muito bem e não engolir meus falsos sorrisos.

Seu rosto modificou-se para um semblante preocupado e deu um passo em minha direção.

— Você está...

Se interrompeu ao ver meu olhar assustado para a sua mão que quase alcançava meu rosto.

Com a fase vermelha de vergonha, Thomas se afastou de mim parecendo um menino que acabara de ser pego fazendo alguma besteira.

— Bem, tenho que ir. — ele disse — Vejo você por aí, Lydia. — acenou com a mão — Até mais, Ivanna!

Murmurei uma despedida e fitei ele caminhar em direção aos seus seguranças que apareceram no meio das colunas. Franzo o cenho tentando pensar se eu os tinha visto durante a conversa com Thomas ou se nossos encontros serão sempre repletos de despedidas estranhas, ou até mesmo se o destino iria fazer com que nos encontrássemos todos os dias até que eu endoidasse e o matasse.

Não que isso vá acontecer, é claro.

Ao menos eu espero.

— Pretendia me falar que o Thomas é seu destinado? — Ivanna perguntou com as sobrancelhas erguidas.

Nego com a cabeça e sigo empurrando a cadeira de minha mãe o mais rápido possível para o grande banner onde algumas enfermeiras estão atendendo pessoas e orientando.

— Me diga, então, o motivo de você não está jogada com os braços ao redor dele agora mesmo. — Disse ela ao me alcançar.

— Ora, Ivanna, você estava na conversa que tivemos agora pouco. — respondi — Nós pensamos diferente.

— Aha! Aí que você se engana.

Parei me na pequena fila que já se formava e fiz uma careta confusa.

— Hein?

— Como Caio lidou com a destinada dele? — perguntou, desviando o assunto — Sabe, deve ter sido complicado para a senhorita perceber que eu estava certa em pedir pra terem cuidado?

— Eu te odeio por esfregar na minha cara esse fato. — resmungo ranzinza. 

— Me escute na próxima vez, então.

Tentei resumir rapidamente os eventos que aconteceram naquela semana conturbada pelo tempo em que esperamos para entrar no consultório. Felizmente aquele dia era bastante fresco e não estava calor demais ou frio demais — um dia raro de outono.

Por algum motivo contei-os tão insensivelmente que me auto surpreendi. Nem mesmo quando falei que apontaram uma arma para minha face fiquei afetada. Não que está na mira de alguém que podia facilmente acabar com minha vida fosse uma experiência fácil de digerir, entretanto, tinha prometido a mim mesma que encararia aquilo normalmente. Pela a sobrevivência de Jack, eu iria ignorar aquilo.

Com sabedoria ocultei nomes e certos momentos, contudo, minha amiga estava mais focada em criticar Caio pela forma tão maldosa que terminou nosso relacionamento e me encher de motivos pela qual eu deveria dá uma chance ao engomadinho.

Fui chamada para entrar no consultório antes que ela dissesse o motivo seis para sair com Thomas — papo que eu ignorava totalmente — e empurrei a cadeira antes que ela dissesse qualquer coisa.

O olhar que o Doutor Bardon me deu fez com que minhas entranhas congelassem. Costumava pensar que ele era lindo de morrer por causa da sua beleza clássica, entretanto, com o passar do tempo, o aborrecimento que recebia por ser o mensageiro de más notícias o fez deixar de ser atraente.

— Como vai, Lydia? — ele perguntou cordialmente.

— Bem, doutor. — digo me sentando.

— Que bom. — Murmurou se levantando para andar em direção a cadeira de rodas de minha mãe.

Parou no meio do caminho e estalou a língua.

— OK, Lydia, é o suficiente. — ele virou-se para mim — De jeito nenhum você poderia está levando sua mãe pra cima de pra baixo nessas condições.

Baixo a cabeça sentindo um aperto no peito e o sentimento de desapontamento me atinge. Eu estava decepcionada comigo mesma por ter deixado aquilo ir tão longe.

— Eu sei que é difícil aceitar e que o dinheiro é escasso, mas sua mãe... — hesitou.

— Você nem examinou ela. — resmungo.

— E precisa? — ele disse com um ar cansado. — Sei que sua amiga, que não é uma profissional, faz um bom trabalho...

Reviro os olhos emburrada, mesmo sabendo que ele estava certo.

— Oras, sua mãe conseguiu conviver com a doença por mais tempo que qualquer outro paciente com a situação igual a de vocês e isso é admirável! — ele se direciona a mim, ajoelhando-se em minha frente como se eu fosse uma pequena criança — No entanto seria insistir na negligência continuar assim. Não faço a mínima ideia de como vocês conseguem alimentá-la e trocar as suas fraldas!

Quando ele segura minha mão querendo me dá apoio para a decisão que eu deveria tomar, a eu adolescente solta gritinhos internos, porém a eu adulta sente o peso do mundo em meus ombros.

— Ainda tenho aquele catálogo de clínicas, se você quiser — balanço a cabeça, negando — Tudo bem, eu conheço algumas enfermeiras boas e baratas para lhe indicar, mas os aparelhos...

— Não posso pagar os dois. — digo com um olhar aflito.

— Se você não quer pagar a clínica, esse é o único caminho. — Ele diz — Eu a considero muito, mas não vou mentir pra você: se sua mãe conseguir passar esse ano será uma benção.

Engulo o choro e assento quando percebo que ele está repetindo a mesma frase que me disse desde janeiro.

— Apenas faça com que a sua morte seja calma e confortável. Entendo que interná-la seria quase como mandá-la para a forca se for aqui no San Tomaz e em outros lugares seria caro, pois os aparelhos são cobertos pelo hospital, mas as enfermeiras são o triplo disso. Meu concelho é...

Escuto seu conselho calada em obediência tentando me lembrar quando tudo tinha saído do meu controle. Quando ele termina seu monólogo, olho para minha mãe e a dor do meu coração se intensifica ao ver que aquela mulher linda que um dia fora Letícia Blackwell estava com a pele enrugada, magra demais, os olhos desfocados e a baba descendo em seu rosto. Enxugo com um lenço limpo e me despeço com um abraço estranho do Bardon que se tornara mais afável e quase um amigo nos últimos anos. Segurando as guias dos exames que ele passara, fiz minha melhor cara de indiferença para encontrar Ivanna que nos esperava pacientemente.

— Raymond demorou hoje, hein? — comentou — Como ele tava?

Levantei as sobrancelhas e dei um sorriso cheio de segundas intenções.

— Por que você não pergunta para ele?

— Eu mesmo não! — respondeu rápido.

— Vocês iam fazer um casal muito bonitinho. — digo levando a minha mãe até o bebedouro.

— Não acho. — ela fala levantar o queixo, altiva. — Aquele imbecil me encheu de remédios no primeiro ano que estive aqui!

Fico quieta sabendo que é questão de tempo para ela confessar que tem uma paixão nem tão secreta pelo médico. O fato dele ser divorciado de — adivinha quem! — sua destinada o fazia ser um perfeito partido. Era uma pena que no mínimo vinte anos me impedem de parecer nada além de uma pirralha ou eu tentaria algo com ele.

— Bem, se o otário do seu destinado não soube perceber a mulher maravilhosa que tinha em sua frente, tenho certeza que Bardon saberia valorizá-la.

Ela me dá um sorriso melancólico lembrando do encontro desagradável que teve com o "amor de sua vida" que simplesmente a rejeitou só por ser deficiente física. Um nojo de pessoa, aquele lá.

— Obrigada, minha linda. — fala com um sorriso cheio de significado.

.

Apenas tenho minutos para pensar no que fazer dali em diante quando deito-me no sofá de casa com meu lençol e travesseiro — me recuso a dormir no colchão do meu quarto e lembrar de coisas que quero esquecer. A conversa que eu tivera com Jean assim que cheguei na clínica ainda estava crua em minha mente quando ela falou que o caso da DP era sério e que, infelizmente, aquela era a última semana que ela me ajudaria com minha mãe.

Com os olhos fechados, deixo as lágrimas de desespero rolarem, me perguntando porque tanta merda acontece comigo de uma vez só. Decido, então, seguir o conselho do Doutor Bardon:

Amanhã eu vou ao banco pedir um empréstimo gordo que provavelmente nunca conseguirei quitar a dívida antes do sessenta durante meu horário de almoço; no final do dia, contudo, pedirei para fazer home officer por um tempo até que chegue a hora de pedir demissão.





n/a: Baixem as pedras que eu sei que sou a errada da história! Desculpa a demora de séculos que levei para atualizar. Sinto muitíssimo por ter começado a lascar de novo com a vida de Lydia, mas se tem uma coisa que ela veio nessa vida, foi pra sofrer ahsuahsuhas.

Comentem, por favor! Quero muito saber suas opiniões! O que acham que vai acontecer? E Lydia, o que ela vai fazer? E Thomas, até quando ele vai ser só uma personagem secundário? 

Caso queiram conversar tem meu ask: @todofanda1d e meu twitter: @letterseverdeen.

Até mais!

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