Capítulo 4
"Eu não sou perfeita e não estou tentando ser; só estou fazendo o melhor que posso para viver honestamente." - Honestly, Keeley Valentino
Eu estava atrasada pela terceira vez durante as duas últimas semanas.
O salto alto já gasto ameaçava quebrar, mas eu não podia desacelerar o passo; apenas me restava torcer pra que ele durasse. Nas outras vezes em que cheguei tarde foram dez minutos de diferença em relação a meu horário habitual, porém dessa vez quase não consegui acordar e estava meia hora atrasada.
Eu sabia exatamente de quem era culpa, contudo saber não despertava a fúria esperada e sim vontade de dá risinhos envergonhados.
Aconteceria uma hora ou outra que passar a noite entre conversas, beijos e amassos com Caio resultasse a perca de algumas horas de sono e, claro, meu corpo insistia em querer as repor de qualquer jeito.
Merda. Pensei ao pisar em falso e quase torci o tornozelo.
Faltavam apenas duas quadras para chegar a sede da Coral, entretanto ainda tinha impressão de estar longe. Definitivamente eu deveria começar a expulsar Grey mais cedo de minha casa.
O negócio é que aquilo de manter nosso relacionamento escondido limitava nossas idas a lugares simples como o Deloy, o parque mais perto da Ala O. Às vezes, Caio chegava tarde do serviço e extremamente cansado passando para me dá um "oi" apenas; ainda tinha a questão que eu nunca deixaria minha mãe sozinha mesmo que ela estivesse adormecida pelos remédios para sair à noite. De jeito nenhum.
Mentir para Jean de novo estava fora de cogitação para mim, já que a mesma estava no penúltimo ano da faculdade e não a prejudicaria por causa de um luxo meu.
Pensando na faculdade de minha amiga, percebi que não havia ninguém no mundo que estava mais medrosa do que eu em relação a isso. Jean deveria está fazendo estágio há muito tempo, mas estava adiando por não querer deixar-nos na mão. Era questão de tempo e eu teria que internar dona Leticia na clínica com sabe Deus lá que dinheiro.
Caio disse para mim que tentaria arrumar alguma pessoa de confiança para cuidar da minha mãe, mas nós dois sabíamos que isso era impossível. Ninguém iria cuidar de uma pessoa com um estágio de doença tão avançado.
- Você está atrasada. - Daisy falou com os olhos cerrados a me ver ofegante em sua frente.
- Diga uma coisa que eu não sei. - Falei ao colocar meu dedão para a biometria.
- O senhor Carter chegou faz cinco minutos. - ela deu sorrisinho esperto.
Tenho certeza que o choque de meu rosto era horrível, pois fez a morena em minha frente desfazer o sorriso.
Nunca nesses longos cinco anos em que eu trabalhava para Coral cheguei depois de meu chefe.
Corri para o elevador tão rápido que acabei esbarrando em algum dos engomados do recinto e apertei no botão sete tentando manter a calma.
Passei a mão no rosto e nos cabelos mortificada.
Eu estava lascada. Tudo. Culpa. Minha.
Passei o tempo todo agindo como uma babaca apaixonada que deixei meu relacionamento com Caio atrapalhar meu trabalho.
Quando o elevador se abriu e comecei andar depressa para minha mesa, agradecendo mentalmente pelo andar não ter quase ninguém trabalhando. Estanquei no meio do caminho quando vi Albert Carter batendo o pé no chão e checando as horas. Andei de mansinho pensando que se caso não fizesse barulho ele não perceberia minha presença, mas antes de chegar no meu lugar ele levantou o olhar severo para mim.
Abri a boca para pedi desculpas, entretanto meu chefe foi mais rápido.
- Não quero desculpas. - sua voz de trovão soou no cômodo quase vazio - Dessa vez passa, Lydia. - ele abriu a porta de seu escritório e eu quase pude ver fumaça saindo de suas orelhas - Quero minha agenda e meus emails organizados em cinco minutos.
Eu precisava ser rápida, muito rápida!
- Vamos logo com isso, Lydia! - bradou senhor Carter fechando a porta com mais força que o habitual.
Sentei-me na cadeira me controlando para não tentar relaxar pela corrida até o prédio antes de fazer qualquer coisa, pois o tempo era escasso.
Senhor Carter odiava atrasos e eu sabia disso - foi o motivo das duas últimas secretárias serem demitidas, por isso sempre cheguei antes do que ele na empresa. Achei-me sortuda por ser alvo apenas de uma pequena "Tempestade Carter" e não ia abusar de minha sorte naquele dia.
Antes que eu pudesse rever todas as informações que coletei, o telefone tocou com um barulho exclusivo que soava apenas quando Sr. Carter ligava.
Suspirei e atendi com a voz amena.
- Sim, senhor Carter.
- Solicite uma reunião com Garry Fordnelly essa manhã e leve as fichas enviadas por ele na terça para o departamento de finanças. - e desligou sem mais delongas.
Tive vontade de grunhir em frustração só de pensar em ter que falar com Celine West, a famosa vaca, para realizar o pedido de meu chefe.
Eu não era uma girl hater e nunca perderia meu precioso tempo odiando alguém por nada, mas havia um motivo para Celine ser considerada uma vaca pelo prédio inteiro. Aquela garota não fazia absolutamente nada de produtivo, passava horas pintando as unhas e fazia uma barreira cheia de empecilhos para que as pessoas conseguissem uma simples conversa com seu chefe - dificultando não só a comunicação na empresa como o trabalho de todo mundo pelo fato de Garry era um dos principais líderes do RH da Coral. Eu sabia, porém, que seu chefe amava isso Garry era outro preguiçoso de merda.
Diziam as más línguas que ela apenas continuava na empresa por ser a amante jovem de Garry, mas não me ateio a isso, pois não diz respeito a mim.
Organizei a agenda de Albert e joguei tudo na pasta compartilhada. Levantei-me disposta a ir falar com Celine pessoalmente, porque sabia que seu telefone ficava mudo quase o dia todo. Mas, antes, eu precisava tomar um copo com água. Gelada, de preferência.
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Celine era baixinha, tinha os cabelos tingidos de loiro e olhos azuis. Ela estava debruçada em sua mesa olhando para os esmaltes azul turquesa em uma das mãos e vermelho escarlate na outra quando cheguei a seu andar. Seu rosto estava concentrado como se jogasse uma partida de xadrez tentando decidir o que queria. Fitei seu telefone fixo fora do gancho e suspirei ao constatar que fiz uma boa escolha vindo ali. Cocei a garganta chamando sua atenção.
Ela levantou seus olhos azuis e revirou-os ao perceber quem era.
- O que você quer? - falou ríspida.
- Senhor Carter solicita uma reunião particular com Garry Fordnelly. - eu disse me surpreendendo com o tom formal que saíra da minha boca.
- Infelizmente...
- Senhor Carter solicita uma reunião particular com Garry Fordnelly. - a interrompi repetindo minha frase.
Ela me olhou com repreensão, mas continuei com o olhar firme, não desviando.
- Às onze horas ele deve está no escritório de senhor Albert Carter ainda hoje. - Expliquei sabendo que o nome do meu chefe seria levado em conta. Quem seria louco o bastante em negar um pedido de um dos maiores chefes da Coral?
- Vou deixar recado. - Ela murmurou voltando a olhar para seus esmaltes.
Virei-me sem me despedi agradecendo aos céus por ter sido mais fácil do que imaginei.
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Olhei nervosa para o relógio do notebook.
Eram onze e quinze e nada de Garry Fordnelly aparecer.
Foi muito idiota da minha parte pensar que seria fácil.
O barulho característico do telefone começou a tocar e eu respirei fundo tentando tirar a ideia de fingir que não o escutava da cabeça.
- Sim, senhor. - Falei mordendo o lábio inferior.
- Onde está Garry? - Sua voz denunciava a impaciência. - Consiga o número do celular dele, o particular.
Abri a pasta de contatos de todos da empresa e saí pesquisando. De alguma forma não havia muitas informações necessárias de se contatar com Fordnelly nos diversos arquivos, só restou um número de celular antigo.
- Estou esperando. - Resmungou senhor Carter.
Bem, vai ter que servir.
Ditei o número duas vezes antes de meu chefe desligar.
Precisei ficar cinco minutos batendo pé ansiosa para Garry aparecer na porta do escritório com uma lerdeza de dar agonia. Antes de autorizar sua entrada, senhor Carter abriu a porta como se pressentisse a sua chegada.
- Está atrasado. - Foi o que disse em primeira instância.
- Desculpe, não recebi o recado. - Justificou Garry.
- Tenho certeza que sua secretária deve ter se esquecido de avisar, estive com Celine o tempo todo e não deixaram nenhum recado.
Olhei para ele mortificada, sem saber exatamente o que fazer diante daquela mentira tão descarada, mas, antes de dizer alguma coisa, senti todos os meus músculos endurecerem como pedra ao sentir o olhar mortal de Sr. Carter.
- O que você diz sobre isso, Lydia? - a voz do meu chefe soou como um trovão me fazendo engoli o seco.
Tinha uma desculpa na ponta da língua, afinal, eu estava com a razão, mas minha garganta fechou e só consegui balbuciar.
- Esqueça. - Garry disse mexendo a mão em desdém. - Já perdemos muito tempo.
Albert concordou, sem antes, claro, me lançar um olhar Assusta Criancinhas Inocentes e os dois entraram no escritório me deixando sozinha em silêncio.
Afundei-me na cadeira sentindo minha cabeça latejar de estresse.
Que dia ótimo, já pode acabar.
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A mesa do refeitório fez-se um curto período de silêncio depois que contei sobre o que tinha acontecido de manhã e começamos a desatar uma onda de xingamentos para Garry e Celine. Passei meus olhos pela mesa fitando cada uma das minhas amigas e senti falta da Franz e seus óculos desproporcionais ao seu rosto. Abri a boca para perguntar por ela quando a mesma sentou com tudo na cadeira ao meu lado me dando um susto.
- Minha vida está acabada! - Ela choramingou.
Sua roupa estava mais desarrumada do que o normal e os olhos inchados. Franz, que sempre foi desleixada com sua beleza, estava um trapo.
- O que aconteceu? - Mary perguntou alarmada.
Então, nossos olhos pararam no seu pulso esquerdo apenas com a marca de que nos últimos nove anos havia um relógio lá.
- Você conheceu seu destinado?
- Como ele é?
- Ele é bonito?
- Ele é rico?
As perguntas foram gritadas com uma animação animalesca, mas continuei quieta. Ao contrário das meninas, eu havia juntado um mais um e deduzido que o motivo da histeria de Franz era por culpa de seu destinado.
Demorou alguns segundos e uma careta de alguém que começaria a chorar para que todo mundo ficassem quietos.
- Ele é... - Ela soluçava. - Casado e só tem 25 anos! E ele... Quando o relógio vibrou... Ele estava com a mulher dele...
Franz colocou as mãos no rosto, desamparada.
- E ela é linda e rica. - Ela apontou para si mesmo. - Olhem para mim! Sou desengonçada, sou...
- Não faça isso consigo mesmo, Franz! - a censurei. - Se ele está casado, tudo bem, oras! Procure alguém que a ame e...
- Você perdeu o juízo, Lydia? - Mary ralhou - É isso que você diz para sua amiga?
As garotas me olhavam com descrença enquanto Franz soluçava alto e era acalentada pelo abraço de Dassy.
- Mas... - tentei me defender.
- Ele não podia fazer esse mal pra você, Franz! - Mary me ignorou, solicita. - Pois você vai sair comigo no final de semana e vai encontrar esse seu destinado metido a besta! O babaca vai ficar tão apaixonado que não conseguirá passar o resto da semana sem ter assinado o maldito divórcio.
Arregalei os olhos ouvindo os murmúrios de aprovação.
- Mas, Mary, você não pode... - falei nervosa.
- Sim. - Franz passou a mão pelo rosto enxugando as lágrimas bruscamente. - Eu vou fazer isso.
- Essa é a minha garota! - Daisy comemorou dando uma chacoalhada nos ombros da mulher.
Busquei algum tipo de socorro entre as meninas, mas todas pareciam apoiar aquela ideia ridícula.
Se jogar em cima de um homem casado apenas por causa daquele relógio estúpido? E se o destinado dela não fosse um bom companheiro? E se ele fosse mais feliz com sua atual esposa do que com Franz?
Apertei meus lábios sabendo que perguntar não me traria respostas e protestar muito menos. Todo mundo me ignoraria ou me atacaria como se eu estivesse dizendo calunias sobre sua crença.
Às vezes, minhas amigas soavam como fanáticas religiosas em relação aquele sistema e eu não podia odiá-lo mais por ser daquele jeito.
Limitei-me a mexer na pouca comida que sobrou de meu prato, fingi não escutar aqueles comentários maldosos em relação a esposa do destinado de Franz e logo arrumei uma desculpa para voltar a minha mesa e passei o resto do horário de almoço xingando a sociedade que eu sou obrigada a fazer parte.
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Enquanto me apoiava em uma das barras do trem para manter o equilíbrio, me permiti fechar os olhos e soltar um suspiro exausto. Ainda estávamos na quarta-feira e eu teria que engoli muito sapo até aquela semana acabar, entretanto, na segunda-feira tudo viria como um furacão para cima de mim de novo. Um ciclo sem fim.
A vontade de desisti me atingiu com força e pude avaliar minhas opções: poderia me demitir e procurar algo mais perto. Foram anos trabalhando na empresa me possibilitando alguns meses de seguro desemprego, tempo suficiente para achar um emprego de garçonete ou camareira. Sorri pensando em, talvez, não precisar me submeter a difamações na empresa, ter que atravessar a cidade para trabalhar, ou, melhor, não sofrer preconceito algum por ser de uma ala inferior.
Mesmo a maioria das pessoas terem se acostumado com minha presença pelo prédio, ainda podia senti alguns olhares de esguelha e caretas desconfortáveis quando eu aparecia.
Quase caí quando uma mulher idosa tentou sair de seu banco e passou por mim como rapidez segurando várias sacolas.
- Desculpe. - Pedi, mesmo sabendo que a culpa não era minha.
A mulher não respondeu e eu me segurei para não gritar "Mal educada!" quando a vi andar em direção à porta.
Então, tentei chutar a ideia de sair da Coral de minha cabeça.
Nunca encontraria um emprego que pagasse 20% a mais do que um salário mínimo para alguém que só fez ensino médio e ainda oferecesse o plano de saúde para mim e minha mãe.
Olhei para o céu pedindo forças para continuar. Rapidamente a imagem de meu pai apareceu em minha cabeça; tentei impedi-la de vir, mas era quase impossível. Antes que pudesse fazer algo em relação a isso, consigo ver Steve Blackwell de joelhos para ficar na pequena Lydia de apenas 7 anos.
Ele tinha cabelos lisos e castanhos, como os meus, que sempre insistiam em cair em seu olho, porque ele demorava muito para cortá-lo - e minha mãe o dizia que o deixava mais jovem. Steve era um faz tudo, como Caio, mas não era exageradamente forte; tinha uma sabedoria de quem já viu muita coisa durante sua vida. Ah, e tinha uma barba que quase nunca ele fazia e arranhava meu rosto toda vez que ele beijava minha bochecha ou minha testa.
Eu estava com os olhos vermelhos, pois passei um bom tempo chorando frustrada por não ter conseguido achar a palavra ascensão do caça-palavras de dois dólares que ele sempre me trazia.
- Desisto, papai, eu não quero! - gritei e recebi um olhar repreendedor que me fez encolher.
- Não desista tão fácil, meu amor. - Ele disse segurando o caça-palavras amassado em sua mão. - Dê o seu melhor.
E entregou o papel para mim; demorou apenas cinco minutos para que eu achasse aquela palavra e ele sorriu com orgulho. Lembro de seus olhos escuros tão brilhantes ao me dizer no jantar que o único sentimento que eu precisava para continuar viva era perseverança.
Ele deveria está aqui, cuidando de mim. Deveria...
Balancei a cabeça tentando afastar meus pensamentos do papai. Passei a maior parte do tempo me fazendo esquecer-se dele que às vezes não lembrava também do quanto ele influenciou e influencia em minha vida positivamente.
Assim que pus meus dois pés no segundo degrau de casa a lembrança da data de hoje me atingiu em cheio e tenho vontade de bater minha cabeça na parede.
Já tinha duas contas atrasadas da conta de luz por causa do dinheiro que tinha gasto com a manutenção da geladeira. Hoje a terceira vencia e eu nem mesmo lembrei de passar no banco.
Parabéns, Lydia, você terá que pagar mais juros do que precisava.
Estou muito orgulhosa por você.
Segurei a maçaneta com a melhor cara de quem queria estar morta e Caio apareceu saindo da sua casa com uma animação estranha.
- Oi Caio. - Dei um sorriso automático apenas por vê-lo ali, mas contido; nem mesmo sua presença conseguiria mudar meu humor hoje.
- Oi Ly. - Respondeu sorrindo. Ele apoiou-se na porta observando meu rosto. - Como foi seu dia?
Horrível, penso dizer, preferiria ter ficado o dia todo na cama.
- Espera, antes preciso te contar uma coisa. - Disse e eu apurei os ouvidos. - Eu arrumei um emprego como jardineiro em uma daquelas casas da Ala C! Isso não é ótimo?
Sorri, feliz por ter conseguido um emprego melhor do que ele tem no momento. Se não estivéssemos no meio da rua eu o abraçaria e encheria o de beijos.
- Você não sabe o quanto é bom pensar que não preciso sair por ai procurando algum serviço. - Comentou radiante.
- Parabéns, Caio. - eu disse segurando o impulso de abraçá-lo.
- Ah, o que você dizia mesmo? Sobre seu trabalho? - Ele indaga, lembrando vagamente de sua pergunta anterior.
Ele estava tão feliz que não iria aborrecê-lo com meus problemas, então, falei com meu melhor sorriso.
- Foi normal - e dei os ombros.
Meu destinado se aproximou sorrateiro até o pequeno muro que nos separava e fiz o mesmo, entendendo o que ele queria fazer. Ele abriu os braços e nos enlaçamos em um abraço bom e reconfortante.
- Obrigado por me apoiar, Lydia.. - Sussurrou em meu ouvido causando arrepios.
- Disponha. - Respondi com um sorriso querendo que aquele muro estúpido que nos separava desintegrasse para que eu pudesse me afundar em seus braços fortes e o cheiro da colônia de sua mãe tão conhecida por mim. Contive o sorriso, pois sabia que seu perfume tinha acabado e ele estava usando o da mãe até que conseguisse mais dinheiro.
Nosso abraço foi rápido e logo me vi entrando em casa com um pouco mais de animação. Deparei-me com Jean lendo e minha mãe com o rosto cansado dos remédios que estavam começando a fazer efeito na sala.
Beijei a testa da dona Leticia e dei tchau a Jean com um aceno antes de me deitar no sofá soltando suspiros de cansaço.
Ah, pai, penso, perseverar é tão difícil.
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Continuar batalhando nas seguintes semanas foi uma das coisas mais complicadas que tive que fazer. Meu chefe continuava de mau humor, contudo, graças aos céus, não era por minha causa. Em outubro haveria a festa de comemoração de 11 anos da empresa e ele estava responsável em organizá-lo.
A Coral é uma empresa composta por cinco sócios que eram melhores amigos desde a faculdade. Todos eles mantinham uma harmonia invejável, sempre pensando um nos outros e tendo os mesmos objetivos - eu conseguia ver aquilo nas reuniões. Parecia-me algo muito irreal um lugar onde saí muito dinheiro não ter ninguém puxando o tapete do outro.
Ao menos não os do topo.
Talvez seja por causa disso que eles tenham chegado tão cedo no TOP 3 maiores empresas que produzem materiais escolares.
Todos os anos um deles ficava responsável pela organização da festa de comemoração da empresa e estávamos na vez do senhor Carter e, logo, isso sobrava para mim também.
Entretanto eu não reclamo de ter ficado com um monte de coisa para resolver durante o dia, pois era uma desculpa perfeita para ficar longe de Mary, Daisy, Diana e mais um monte de mulheres que estavam tentando mudar a personalidade de Franz apenas para que ela conseguisse conquistar seu destinado - que descobri ser chamado de Scott - um homem comprometido.
O cara simplesmente estava de saco cheio de Franz que, inteligente como era, conseguiu hackear seus perfis nas redes sociais e perseguia ele e sua mulher como um stalker.
Era questão de tempo e ele iria a denunciar para a polícia, mas como a lei geralmente favorece as mulheres em questão de destinados, não sei se Scott se sairia bem dessa.
Para completar, na última sexta-feira, minha mãe havia ido ao médico acompanhada por Jean, e ele passou um exame que o plano de saúde não cobria, me deixando sem nem um tostão.
Ainda tinha Jack que sumira do bairro e do meu campo de vista, mas sua irmãzinha estava começando a me visitar mais vezes - geralmente para comer já que sua mãe estava começando a trabalhar quase o dia todo - Ela me assegurava de que ele estava vivo e aparecia em casa de vez em quando.
No momento em que eu o reencontrasse iria puxá-lo pela orelha por me deixar tão preocupada.
A única coisa boa nisso tudo era poder passar as maior parte das noites nos braços de Caio.
Havia algo acontecendo entre nós que era inevitável, mesmo assim me assustava. Nossos beijos estavam ficando cada vez mais intensos e quentes despertando desejos primitivos em mim. Sabia que estava perto de chegar nos afins e eu queria, mas não sabia se deveria fazer, principalmente porque eu já havia ouvido diversas histórias sobre como vários garotos transavam com as meninas e depois a deixava de lado no ensino médio; aliás, nem sabia como fazer direito e tinha certeza que meu destinado era experiente.
Por mais que eu confiasse em Caio, o medo estava ali impregnado em mim.
Assim que desci no ônibus no dia primeiro de setembro, senti meu celular vibrar. Olhei para o visor estranhando o número desconhecido e atendi relutante.
- Alô?
- Lydia! - Ouvi a voz de Jack, surpresa - Você precisa me ajudar!
- O que aconteceu? - Pergunto começando a ficar nervosa.
- Bonnie está sangrando muito. - Ele estava soluçando. - Eu não sei o que fazer!
- Ai meu Deus! - Exclamei desesperada imaginando aquele corpo pequeno da irmã de Jack em seus braços coberta de sangue. - Onde é o machucado? Como aconteceu isso? Onde você está?
- Em sua casa. - Respondeu uma das minhas perguntas. - Ela se machucou na rua.
- Ligue para ambulância! - Gritei correndo para casa - Chego ai em um minuto.
Senti meus pés reclamarem pela corrida naquelas saltos alto, porém continuei correndo sentindo o coração pulsar mais rápido do quê o normal.
Bonnie, não. Bonnie, não!
Ela não podia morrer; ela só tem sete anos, uma vida pela frente! Aquilo era tão injusto, tão cruel.
Uma criança. Uma simples criança inocente que apenas precisava de segurança, amor e carinho.
Ao abri a porta de casa lágrimas escorriam pela minha face de desespero quando diversas vozes gritaram me fazendo dá um salto para trás de susto.
- Surpresa!
Eu odeio Jack Woodreck.
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n/a: E o prêmio de pior sacanagem do ano vai para....
JACK WOODRECK
Sério, gente, até eu fiquei com pena da coitada da Lydia nesse capítulo. As coisas dão tão errado na vida dela que quase to a mandando pra Universal, porque ela necessita urgentemente de uma sessão de descarrego.
O que estão achando? O que acham da Lydia e do Caio? E os outros personagens? Comentem! Sua opinião é muito importante para mim. :) (Aliás, desculpa os erros que tiverem no capítulo, ainda não revisei nada).
Não consegui fazer o próximo capítulo ainda, por isso não vai ter spoiler, entretanto, a única coisa que posso adiantar pra vocês é que as coisas vão começar acontecer.
P.s: Talvez isso signifique que o prazo dela está para terminar.
Ps2: Eu disse talvez.
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