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Capítulo 24: Atrasos

  Finalmente chegou o período da minha menstruação, porém, ela ainda não havia descido, deixando Robert e eu cheios de expectativas.
  Infelizmente, por causa da nossa jornada de trabalho, não pude fazer o teste de gravidez perto dele, mas fiz questão de tê-lo comigo na linha telefônica para sabermos do resultado juntos.

  — Tô tão nervosa, minhas mãos estão até tremendo. — Falei com ele enquanto tirava o teste da caixinha no banheiro da empresa.

  — Eu também tô. Mas tô com um bom pressentimento, acho que dessa vez vai.

  — Ai... tomara.

  Me posicionei no vaso sanitário e comecei a urinar no palitinho do teste. Quando terminei, fiquei aguardando ansiosamente a segunda linha aparecer. Demorou um... dois... cinco... sete minutos e nada.

  — E aí? — Robert parecia quase histérico.

  — Nada. — Respondi com a voz triste.

  — Espera mais um pouco que vai dar positivo.

  — Não, Rob... não vai dar positivo... não demora tanto assim.

  — Amor, eu sei que você tá grávida, deve tá errado isso aí.

  — Rob, eu não tô grávida, aceita. — Disse e ele deu um suspiro.

  — Tá... a gente pode tentar de novo, na próxima a gente consegue, com certeza.

  — A gente já tá tentando a cinco meses, Robert, e não aconteceu nada. Talvez seja um sinal querendo dizer que eu não tô pronta pra ser mãe.

  — Não diz isso, Beca... não conseguir nas primeiras vezes é normal.

Tá... tenho que voltar pro trabalho.

Então tá. — Ele notou minha tristeza. — Você vai pro jantar hoje, não é? Já confirmei com o Tom e com a Ana.

  — Vou, claro.

  — Ok, a gente se vê lá. Te amo, anjo.

  — Te amo também. — Desliguei.

  Eu estava tão frustrada pelo resultado do teste ter dado negativo que nem senti ânimo para trabalhar. O que eu mais queria naquele momento era poder ver meu namorado e o abraçar para tirar aquele peso das minhas costas.
  Algumas horas se passaram e finalmente deu oito horas da noite, o horário do encerramento do meu expediente. Então comecei a arrumar minhas coisas e no momento que fui sair da minha sala, Mark apareceu.

  — Já tá indo embora, Rebeca? — Ele perguntou como se não soubesse do meu horário.

  — Já, são oito horas.

  — É que você vai precisar fazer mais umas coisinhas pra mim. Nada demais.

  — O que? Eu enviei todos os e-mails que você pediu, recebi as correspondência, organizei sua agenda. O que faltou?

  — Acabou de chegar uma mensagem pra mim sobre uma informação da família Kardashian. O segundo filho da Kim nasceu, então preciso que você faça uma matéria sobre isso.

  — Agora?

  — Sim, nós precisamos mandar a informação pro público assim que ela chega nas nossas mãos.

  — É que eu tinha marcado um compromisso...

  — Eu te pago a hora extra. Boa sorte com a reportagem. — Ele saiu sem nem se preocupar.

  Confesso que quis estrangular meu chefe quando ouvi aquilo, mas não tinha o que fazer, eu precisava cumprir minha obrigação sem reclamar.
  Fiquei escrevendo a coluna durante horas, nem sequer peguei meu celular para não ter risco de distrair e perder tempo. Eram mais ou menos umas nove e meia da noite quando conseguiu finalizar tudo.
  Havia cinco chamadas perdidas de Robert e oito chamadas da Ana, eles deviam estar desesperados para saber onde eu estava. Então, sem perder mais tempo, peguei um táxi na porta da People e pedi para que o taxista dirigisse até o restaurante o mais rápido possível.
  O trânsito não estava contribuindo, demorei em torno de quarenta e cinco minutos para chegar até o nosso ponto de encontro.
  Chegando lá, vi Tom, Robert e Ana sentados numa mesa no centro do salão com os seus pratos já vazios, mas ainda tinha um cheio de comida aparentemente fria, que devia ser o meu.

  — Onde você tava? — Robert perguntou chateado enquanto eu me sentava junto a eles.

  — Desculpa, foi um imprevisto no trabalho.

  — Pedimos um prato pra você... a gente já comeu o nosso. — Ana comprimiu os lábios.

  — Tudo bem, relaxa. — Comecei a comer. Eu estava tão faminta.

  — Agora que você chegou... Tom e eu finalmente podemos dar a notícia.

  — Que notícia? — Meu namorado perguntou.

  — Fala você, amor. — Ela pediu a Tom.

  — A gente vai casar. — Tom e Ana mostraram as alianças no dedo.

  — Parabéns! Isso é ótimo! — Comemorei.

  — E vocês vão ser padrinhos, já adianto logo. — Minha melhor amiga contou animada.

  — Obrigada, Ana, significa muito pra nós.

  — Quando vai ser o casamento?

  — Daqui a três meses. A gente não quer demorar muito.

  — Isso é maravilhoso, tô muito feliz por vocês dois, sério. — Parabenizei.

  — Obrigada. Mas e vocês dois? Quando sai o casório?

  — Não tenho ideia. — Respondi. — As coisas ainda estão meio complicadas pra resolver esse negócio de casamento. Nossos empregos são muito puxados e tal...

  — Entendi. E o bebê? Como tá indo?

  — Ainda nada. — Baixei a cabeça.

  — Sinto muito, mas não desistam, uma hora ele vai vir.

  — Tomara.

  — Com licença, — O garçom veio até nossa mesa. — nosso restaurante irá fechar em trinta minutos. Os senhores gostariam de pedir a conta?

  — Claro, pode trazer. — Robert autorizou.

  Quando o atendente voltou, eu havia acabado de terminar de jantar. Então nós dividimos a conta, pagamos e voltamos para Beverly Hills no carro de Robert.
  Ao dar carona e deixar Tom e Ana na casa deles, Robert e eu começamos a ter um embate no carro sobre o meu atraso no jantar.

  — O Mark me apareceu com um monte de coisa pra fazer, não podia simplesmente deixar tudo lá e ir embora.

  — Sim, Rebeca, mas você tinha todo o direito de se impor, de dizer "não" e ir embora, ele é seu chefe e não Deus. A gente ficou te esperando até tarde, foi constrangedor.

  — Robert, você sabe que eu não posso fazer isso. Tenho que mostrar ser uma funcionária competente, ou senão vou ser rebaixada de cargo.

  — Ah, aí você pode desmarcar seus compromissos, chegar atrasada, dar toda a sua vida pelo trabalho e as pessoas que te amam que se fodam? — Robert estava bastante chateado.

  — Você sabe que eu não gosto quando você fala palavrão pra mim. Então pode maneirar essa língua porque eu sou a sua namorada.

  — Desculpa. Mas é que isso já te me tirando do sério, Rebeca. Esse trabalho tá te prejudicando, mas você não tá enxergando isso. Nem o meu trabalho é tão puxado assim.

  — Isso vai passar, Robert, o Mark só vai ficar no meu pé durante esses meses, depois vai melhorar.

  — Já ouvi isso antes.

  — Você devia tá feliz por mim e não pedindo pra eu escolher entre o nosso relacionamento e a minha carreira.

  — Eu não tô pedindo pra você fazer isso, Rebeca. Eu tô feliz por você, só não tô gostando dessa sua carga horária, ela tá te sugando. Tá sugando seus relacionamentos.

  — Como assim os meus relacionamentos? — Cruzei os braços. — O que quer dizer?

  — Porra, você nem sequer tá pensando em se casar comigo só por causa desse emprego.

  — Eu só disse que não tô pensando em casamento agora, não que eu não quero me casar.

  — Como você pode não tá pensando em casamento agora? Olha a quanto tempo a gente tá junto! Como você consegue não pensar em casar? Isso é frieza, Rebeca.

  — Eu não sou fria! Só tô muito ocupada, não tenho tempo pra ficar vendo coisas de casamento.

  — E como que você quer ter um bebê estando assim tão ocupada? Vai sair pra trabalhar e mandar uma babá cuidar dele? Não achei que você fosse ser esse tipo de mãe.

  — Chega, Robert! Agora você passou do limite, não vou mais discutir. — Virei a cara para ele e passei a observar a janela.

  — Eu passei do limite? É sério? Só tô querendo o seu bem e sou eu que saio como vilão?

  — Acabei de falar: não vou mais discutir.

  — Beleza. — Ele fechou a cara.

  Quando chegamos em casa, nem nos falamos, cada um foi para o seu canto. Tomei um banho bem demorado, fiz meu skin care noturno, pus um pijama velho e deitei na cama. Robert, por outro lado, ficou mexendo no celular e demorou para dormir.
  Mas quando adormecemos, ficamos deitados de costas um para o outro na cama, sem nem ao menos dar "boa noite". Era a primeira vez que aquilo nos acontecia.

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