Capítulo 21: Contratada
— Não precisa ficar nervosa assim, eles vão te contratar, tenho certeza disso. — Robert falava quase que com impaciência enquanto estávamos no trânsito indo ao escritório da People. Era o dia da minha entrevista de emprego e eu estava surtando.
— Mas e se eles tiverem o meu histórico da GQ? E se eles descobrirem que eu tive um caso com você? Eles jamais vão me aceitar...
— Como eles teriam o seu histórico, Rebeca? Isso é impossível.
— Nossa, eu tô quase passando mal, juro. — Inspirei bem fundo.
— Relaxa, eles vão adorar você.
— Você não tem noção do quanto eu quero essa vaga, Rob.
— Eu sei, meu bem. Só fica tranquila e seja você mesma, tá bom? — Ele pegou em minha coxa enquanto dirigia. — Você é capaz de qualquer coisa, basta ter calma.
— Tá, eu vou tentar.
Alguns poucos minutos depois, nós já tínhamos chegado à sede da revista People. Era um prédio enorme cheio de andares e coberto de espelhos.
— Boa sorte, anjo. — Robert me beijou. — Independente do resultado, tô aqui pra você.
— Obrigada, Rob.
— Venho te buscar daqui a pouco.
— Tá bom.
Saí da Mereces e Robert deu partida no carro assim que me viu entrar dentro do prédio. Eu tentava me conter ao máximo para que ninguém percebesse o quanto meu corpo tremia e o quanto eu estava suando.
Peguei o elevador com vários jornalistas, editores e CEOs, eles pareciam ser tão melhores que eu, mais inteligentes, mas aptos, mais tudo.
Finalmente, cheguei ao andar onde estava localizada a sala de Mark, o editor chefe da revista, o qual faria a minha entrevista. Ele abriu a porta para mim de forma descontraída e me convidou para sentar em frente de sua grande mesa.
— Sinta-se à vontade, Rebeca. — Mark sorriu.
— Obrigada.
— Então... me conta um pouco sobre você. — Ele abriu um caderninho e deixou sua caneta Montblanc pronta.
— Bom... eu sou do Texas, mas em 2008 decidi vir morar sozinha em Los Angeles Pra fazer jornalismo na UCLA. Fiz alguns trabalhos voluntários pela universidade e também fui uma das primeiras da turma a conseguir estágio.
— Você trabalhou na GQ, não é?
— Foi. Em 2012, quando eu me formei, eles me contrataram como repórter de celebridades, que era o meu ponto forte, mas acabei saindo da revista no ano passado.
— Poderia me falar o porquê? — Mark me questionou e eu logo fiquei nervosa.
— Não sei se você quer saber. — Dei um sorriso amarelo.
— Apenas seja honesta.
— Em um dos meus trabalhos, acabei conhecendo o Rob e... bem... a gente se envolveu. Meu chefe descobriu tudo e achou melhor eu sair.
— Eu não a culpo, o Robert é uma tentação.
— Não tenho como discordar.
— Olha, Rebeca, eu realmente não me importo se você acabou se envolvendo com um dos seus entrevistados, isso não vai definir quem você é. O que vejo aqui é que você é uma mulher competente no seu trabalho, é esperta e também muito inteligente, seu currículo mostra isso claramente. Sei que com certeza você contribuiria muito para com a nossa empresa.
— Muito obrigada.
— O que acha de começarmos na segunda-feira da semana que vem?
— C-como? — Fiquei espantada com a rapidez da contratação.
— Alguma dúvida, querida?
— Não, nenhuma.
— Podemos iniciar na segunda então?
— Claro, claro que sim. — Respondi com euforia.
— Ok, você entrará às oito, o horário de almoço é de uma às três, e você sairá às seis da tarde. Sua sala será a dois, ela fica exatamente nesse mesmo corredor.
— Tá perfeito.
— Obrigado, Rebeca, nos vemos na semana que vem. — Ele apertou minha mão.
— Eu que agradeço.
Fui embora da sala de Mark quase pulando de alegria pelos corredores do prédio, os funcionários deviam estar me achando maluca.
Quando saí da People, Robert já estava me aguardando do lado de fora. Entrei no carro e ele já me lançou aquele olhar nervoso e cheio de expectativa.
— E então? — Ele quis saber.
— Fui contratada!
— Parabéns, meu anjo! — Nos abraçamos. — A gente devia sair pra comemorar.
— Pra onde?
— Você que escolhe.
— Hum... — Pensei. — Ah, vamo naquele pub que tem comida tailandesa, que fica na esquina da minha antiga casa.
— Você diz o pub onde a gente se conheceu?
— Esse mesmo.
— Claro, é uma ótima ideia. Vou convidar a Ana também.
Dirigimos até o outro lado de L.A para conseguirmos chegar no pub. Eu não lembrava que minha antiga casa era tão longe. Acho que eu já estava começando a me acostumar com aquele centro de Beverly Hills.
Uns vinte minutos depois, chegamos ao local onde íamos almoçar. Ana, pelo fato de morar mais próximo, já estava lá guardando uma mesa para nós. E para minha surpresa, minha amiga estava acompanhada de Tom, o melhor amigo do Rob.
— Oi, sumida. — Ana se levantou e me abraçou. — Esqueceu da sua melhor amiga pobre? Ou tá muito ocupada com seus coleguinhas de Beverly Hills?
— Cala a boca. — Ri para ela.
— Tommy? Não esperava te encontrar aqui. — Meu namorado abraçou seu amigo.
— Eu tava na casa da Ana. — Ele respondeu sem graça.
— Ele vai pra lá quase todos os dias, a gente vive grudado agora. — Ana segurou a mão de Tom e apoiou sua cabeça no ombro dele.
— Vocês parecem felizes. — Comentei me sentando à mesa do pub.
— É, o Tom tá até com uma cara mais viva. — Robert falou.
— A gente tá indo devagar. Mas estamos indo bem. — Tom parecia satisfeito.
— Fico feliz por você, cara.
O garçom veio até nós, interrompendo nossa conversa, e anotou nosso pedido do almoço. Ana e eu fomos certeiras, pedimos bife de porco ao molho de amendoim, que era o nosso prato favorito dali.
Quando o atendente saiu para preparar nossos pedidos, nós voltamos a conversar.
— Quer saber a boa notícia? — Falei com Ana.
— O que?
— Tô empregada de novo.
— Sério? Tá trabalhando aonde?
— Na People.
— Meu Deus, Rebeca, caramba! — Ana ficou surpresa. — Quantos eles vão te pagar?
— Eu vou trabalhar oito horas por dia de segunda a sábado, o valor da hora lá é vinte e cinco dólares, então...
— Você vai ganhar quase cinco mil dólares por mês. — Ela me interrompeu. Ana era bem melhor que matemática do que eu.
— É, isso mesmo.
— Você tem muita sorte, Rebeca. Enquanto isso, eu tô trabalhando igual louca na GQ pra ganhar merreca.
— Eu já disse que você pode se demitir pra eu te bancar. — Tom disse.
— E ficar dependendo de macho? De jeito nenhum. Eu te adoro, Tom, mas não quero sua grana.
— Você e a Rebeca são igualzinhas. — Robert se meteu. — Mesmo a gente ganhando bem, não fazem nenhuma questão do nosso dinheiro.
— Minha mãe me ensinou a ser independente. Eu não tive pai, esqueceu? — Falei.
— Não é questão de ser dependente.
— Enfim... a gente quer o nosso dinheiro e fazer o que bem entendemos com ele.
— Exatamente.
Alguns minutos depois, nossa comida foi servida e começamos a almoçar. Robert e Tom se maravilharam com a comida do pub. De vez em quando era bom largar todo o glamour e simplesmente comer uma comidinha de boteco.
— Rob, sabia que o Tom tá querendo se mudar pra cá pros Estados Unidos? — Ana revelou, deixando Robert em êxtase.
— Sério? Por que não me contou nada? — Ele se referia ao amigo.
— Era pra ser meio que surpresa... então surpresa. — Tom riu.
— Isso vai ser ótimo, cara. Posso arranjar uns contatos pra você conseguir um emprego em algum estúdio daqui.
— Valeu.
— Mas por que decidiu assim tão de repente? As coisas não estão indo bem em Londres?
— Você sabe como é, né? As coisas lá são bem devagar.
— É, é verdade.
— Além de que aqui tem mais oportunidades, eu posso ficar mais perto de vocês.
— Sim, com certeza.
— Tava até pensando em comprar alguma casa lá por perto de Beverly Hills. Seria legal se nós todos morássemos perto um do outro.
— Nós todos? — Ana perguntou.
— Sim, você iria morar comigo. — Tom sorriu pra ela. O brilho nos olhos de Ana foi instantâneo. — Se você aceitar, claro.
— Tom... é claro que eu aceito! — Ela o beijou e eu não pude esconder o meu sorriso bobo ao ver minha amiga tão feliz.
— As coisas estão indo tão bem, não é? — Robert falou para mim.
— É.
Realmente, tudo estava uma maravilha. Mas na minha vida, eu nunca tive muita sorte. Então até quando aquele mar de rosas iria durar? Quando a tempestade iria começar novamente?
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