— O caimento do vestido ainda não está bom. — A estilista mais uma vez achou defeito na minha roupa. — Preciso de uma agulha pra dar um ponto aqui na cintura.

  — Vai apertar ele mais ainda? Eu mal tô conseguindo respirar! — Reclamei.

— Querida, você precisa aparentar ter uns cinco quilos a menos, ou senão a mídia vai jogar hate em você. — Ela franziu o cenho para mim, claramente já estressada comigo.

Hoje era o tão esperado dia da premiere de Mapa para as Estrelas, o filme em que Robert trabalhou durante o ano todo. Mas tinha um porém, ele queria me assumir como namorada dele nesse evento, o que me deixava um pouco nervosa.
  Nossa casa estava cheia de estilistas e maquiadores para nos deixar devidamente apresentáveis para o evento. Nessa noite, Hollywood conheceria o "casal do ano", todos os holofotes estariam em cima de nós.
Depois das estilistas terem apertado ainda mais o vestido e me furado inúmeras vezes com as agulhas, elas por fim me liberaram para a Première.
Era fato, eu estava muito bonita com aquele vestido preto brilhante com decote em V, mas aquela roupa era extremamente desconfortável e também extravagante demais para o meu gosto. Parecia até que eu era a artista principal do evento.
  E a pergunta que não queria calar, se eu já estava vestida daquele jeito, como será que as outras atrizes estavam vestidas? Com certeza elas iriam me deixar no chinelo.
Quando consegui escapar um pouco dos olhos das fashionistas, não pensei duas vezes em ir até o quarto onde Robert estava se arrumando.
Os estilistas estavam o vestindo com um terno básico azul marinho escuro, que havia lhe caído como uma luva, nem precisa de ajustes. Robert não precisava de muita coisa para ficar ainda mais lindo que o normal.

— Nossa. — Ele arregalou os olhos ao me ver com o vestido. — Você tá maravilhosa.

  — Digo o mesmo.

  — Eles já estão prontos? A limusine já tá esperando lá em baixo. — Michael entrou no quarto.

  — Sim, eles já estão liberados. — Um dos estilistas respondeu.

  — Então vamos, Rob, não podemos atrasar!

  Saímos de casa às pressas e entramos logo na grande limusine preta que estava parada em nossa porta. As estilistas ficavam correndo atrás de mim para não deixar meu vestido arrastar no chão, e aquilo era muito irritante.

  — Finalmente me livrei delas. — Comentei com alívio.

  — É, esses estilistas são um pé no saco.

  — E ainda nem lhe ajeitaram direito. — O colarinho do seu terno estava torto, então cheguei bem pertinho dele para ajustar. — Agora melhorou.

  — O que seria de mim sem você?

  — Qual é, Rob, você sabe ajeitar seu colarinho sozinho, não precisa de mim pra isso.

  — É, mas eu sou desatento, não presto atenção nesses detalhes, você sabe.

  — É, pior que você é mesmo.

Chegando na première, fiquei cheia de receio de sair da limusine, havia muitos paparazzis e fãs do lado de fora, não sabia direito como lidar com isso. Então Robert, percebendo minha inquietação, segurou firmemente em minha mão e começou a andar comigo pelo tapete vermelho.
Eram tantos flashes sobre a gente que meus olhos já estavam começando a arder. Todos ficavam gritando por Robert e pedindo para ele posar paras as fotos.

— Robert, olha pra cá! — O paparazzi que estava mais próximo de nós pediu.

— Robert, peça pra sua namorada virar pra cá! Queremos vê-la melhor!

— Robert, eu te amo! — As fãs berraram.

— Meu Deus... isso é um pesadelo. — Eu estava começando a ficar ansiosa.

— Calma, são só algumas fotos e depois eles param de nos encher.

— Mal cheguei e já quero ir embora.

— Consegue fazer isso por mim? Se for demais pra você, podemos ir embora. — Ele se colocou de frente para mim, impedindo que os fotógrafos tirassem mais fotos minhas.

— Eu consigo, não se preocupa comigo.

— Obrigado.

Nós nos abraçamos e os fotógrafos então caíram em cima. Aquilo estava completamente fora da minha rotina habitual, mas a noite era pra festejar o trabalho de Robert, eu tinha que me esforçar.
De repente, os flashes miraram em outras limusines. Com certeza eram os outros atores chegando. Finalmente podíamos escapar agora.

— Pronto, eu disse que seria tranquilo. — Robert passou o braço sobre meus ombros.

— É, até que foi.

— Robert, pode dar uma palavrinha com a gente? — Uma repórter chegou, tirando a nossa paz.

— Claro. — Meu namorado foi educado.

— Quais são suas expectativas pra hoje? Acha que o filme vai ser um sucesso?

— Não sei... Mapa para as Estrelas é um filme profundo e bastante crítico, não sei se isso é algo que agrada o público. Hoje em dias as pessoas só querem assistir filmes que alienem a mente delas.

— Pode nos falar um pouco sobre o seu personagem?

— Eu interpreto um cara meio frustrado e interesseiro, e o sonho dele é ser ator. Mas ele acaba sendo meio que o motorista das celebridades.

  — Se você fosse meu motorista, pra onde você me levaria, Robert? — A mulher parecia estar dando em cima dele.

  — Com licença? — Quis que ela prestasse atenção na minha presença.

— Pois não? — A repórter se fez de sonsa.

— Melhor a gente entrar no teatro. — Robert sugeriu e eu aceitei.

— Que mulher ridícula. — Falei com bastante raiva enquanto íamos para a sala de cinema.

— Já tô acostumado com esses assédios.

  Quando entramos no teatro, a estreia do filme ainda demorou um pouco para acontecer. Enquanto aguardávamos, várias pessoas iam cumprimentar Robert, diretores, atores, produtores, enfim... gente importante. Quase nenhum deles falou comigo.
  Apenas Julianne Moore e Mia Wasikowska foram educadas o suficiente para não fazerem de conta que eu era invisível. Ambas falaram amigavelmente comigo e até tentaram puxar conversa.
  Ao iniciar o filme, logo fiquei cheia de interesse ver o trabalho que Robert tinha feito, aquela era a primeira vez em que eu me sentava para assistir um filme completo dele.
  E como já esperado, Robert era bom no que fazia, ele dava vida ao personagem como ninguém. Sua atuação era versátil e surpreendente, ele conseguia ir de um extremo ao outro em pouco tempo com bastante facilidade. Até mesmo a cena de sexo que ele fez com Julianne eu gostei. Os dois foram extremamente profissionais, até parecia real.
  Quando finalizou a exibição de Mapa para as Estrelas, todo o público aplaudiu de pé aquele trabalho, fazendo eu me encher de orgulho do meu namorado talentoso. O que me deixava mais satisfeita naquela situação, era ver seu sorrisinho bobo e seus olhos alegres resplandecendo seu sentimento de vitória.
  Então, a fim de comemorar, todo o elenco do filme e alguns convidados importantes reservaram um dos clubes mais chique de Los Angeles para fazer o after da premiere.
O clube estava lotando de gente, mas não de fãs ou de paparazzis, era apenas um monte de celebridades tendo uma noite animada e sem preocupações.

— Oi, Rob, bom trabalho que você fez! — Pessoas aleatórias o parabenizavam.

— Obrigado.

— Mandou bem, Robert. — Outro indivíduo falou.

— Valeu.

— Rob, meu rapaz! Como está? — Um homem muito elegante veio em nossa direção, ele não me era estranho.

— Oi, Mark, vou bem, e você?

— Tô ótimo. Quem é essa moça bonita? — Ele me olhou.

— É minha namorada Rebeca. Amor, esse é Mark Golin, editor chefe da revista People.

— Oi, — Me lembrei dele devido a alguns eventos os quais participei quando trabalhava na GQ. — Muito prazer.

— O prazer é meu. — Ele beijou minha mão.

— Como vão as coisas na People?

— Sendo sincero com você, tá indo mal, estamos escassos de jornalistas.

— Jura? A Rebeca é jornalista, ela até trabalhou na GQ. Ela é uma profissional excelente.

— É mesmo, Rebeca? — Mark se animou.

— Bom... eu tento dar meu melhor.

— O que acha de fazer uma entrevista de emprego conosco? Eu confio no Robert, se ele tá dizendo que você é boa, eu acredito.

— Seria perfeito. — Sorri. Quando você conhecia gente importante, tudo na sua vida se tornava 1000 vezes mais fácil.

— Então nos vemos no escritório na segunda feira. O endereço está no meu cartão. — Mark me deu o papelzinho. — Até mais, Rob.

— Tchau, Mark.

— Cacete... eu tenho uma entrevista de emprego na People. — Disse ainda sem acreditar.

— Você merece isso.

— Obrigada, Rob. Por tudo. — Dei um abraço apertado nele.

— Não tem que me agradecer.

E assim, graças a Robert, minha vida estava começando a voltar aos trilhos certos.