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Capítulo 07: Acidente

Robert POV:

  Todos estavam muito ansiosos para conhecer a Willow. Meus pais, desde que descobriram que eram avós, não falavam mais de outra coisa. Já as minhas irmãs surtaram com a ideia de serem tias. Willow também estava animada para conhecer a outra parte da sua família.
  Por volta de umas onze e meia da manhã, Suki, Willow e eu começamos a viagem até a casa de Lizzy, minha irmã do meio. Ela havia se mudado de Londres para a Califórnia a pouco tempo para tentar a carreira de música. Por causa disso, minha família britânica agora quase sempre estava na América.

  — Ansiosa pra conhecer seus avós e suas tias, filha? — Olhei para ela pelo retrovisor interno do carro.

  — Um pouco nervosa.

  — Nervosa por que?

  — E se eles não gostarem de mim?

  — É claro que eles vão gostar de você, meu anjo.

  — Não conte muito com isso, Willow. — Suki disse. Seu comentário pareceu bem venenoso.

  — Do que você tá falando, Suki? — Perguntei.

  — A sogra é meio difícil de lidar, não é pra todo mundo que ela sai distribuindo sorrisos e carisma.

  — Ela não vai ser antipática com a própria neta. — Respondi baixo.

  — Veremos.

  Suki não estava ajudando muito no nervosismo de Willow, pelo contrário, parecia que queria deixar minha filha mais amedrontada ainda. Era como se minha namorada estivesse com ciúmes dela e estivesse fazendo de tudo para deixá-la o mais desconfortável possível.
  Quando chegamos na casa de Lizzy e eu apertei a campainha, ouvi a voz estridente de minha irmã através da porta.

  — Mãe, pai, Vic, eles chegaram! — Lizzy gritou.

  Alguns segundos depois,  minha irmã do meio nos atendeu. Dava para ver que ela estava em completo estado de euforia por conta da sobrinha.

  — Oi, Rob. — Lizzy me deu um abraço um um beijo na bochecha. 

  — Oi, mana.

  — Olá, Suki. — Ela cumprimentou minha namorada de forma breve. Era meio óbvio que Lizzy nunca foi com a cara de Suki.

  — Oi. — Suki respondeu séria.

  — Lizzy, essa aqui é a...

  — Willow. — Minha irmã interrompeu. — eu tava tão ansiosa pra te conhecer.

  — Wills, essa é sua tia Lizzy. — Apresentei.

  — Oi. — Minha filha falou com timidez.

  — Você é tão linda. — Lizzy se ajoelhou e ficou na mesma altura que ela. — Ela parece muito com a Rebeca, Rob.

  — Parece mesmo.

  — Tenho um presentinho pra você.

  Lizzy tirou uma caixa pequena do bolso, deixando Willow curiosa. Quando ela abriu e viu seu presente, logo afrouxou um sorriso.

  — É uma pulseira, escolhi junto com a sua avó, espero que goste. Tem um pingente de "W". — Lizzy mostrou na expectativa.

  — Obrigada, é muito bonita. — Willow agradeceu.

  — Falando em vó, vamos entrar pra conhecê-la? — Falei.

  — Vamos sim. — Minha irmã concordou.

  A casa de Lizzy era muito bonita, parecia bastante com a minha mas era um pouco mais minimalista e simples.
  Minha irmã nos levou até a sala de jantar, onde Victoria, minha mãe e meu pai estavam. O almoço já tinha sido servido, eles apenas estavam nos esperando para poderem começar a comer.

  — Rob! — Mamãe deu um salto da cadeira ao me ver entrando no cômodo. — Essa que é a minha netinha?

— É sim, mãe.

— Me chamo Willow. — Ela se apresentou. Era inegável, Willow tinha muito carisma.

— Eu sei disso. — Minha mãe olhava maravilhada para ela. — Já sei tudo sobre você, querida. Você é o assunto principal da família agora.

— Willow, aquele é seu avô Richard e sua tia Victoria. — Apontei para o restante da família.

— Oi, Willow. — Vic acenou com um sorriso genuíno.

— Ela é extremamente parecida com a mãe dela, impressionante. — Papai comentou boquiaberto. — Muito linda a minha neta.

— Será que todo mundo vai ficar falando do quão linda a ex dele era bem na minha frente? — Suki cochichou com Lizzy bastante insatisfeita, mas minha irmã a ignorou.

— Você gostou da pulseira que a sua tia Lizzy deu? Eu que escolhi. — Minha mãe questionou.

— Gostei muito.

— Ai, que bom. Você já quer almoçar, querida? Tem carne, massa, todo tipo de comida.

— Claro, pode ser.

Nos sentamos na mesa de jantar e o papo foi fluindo de forma espontânea. Todos estavam muito curiosos para saber mais e mais sobre Willow. Dava para reparar que minha filha estava um pouco envergonhada, já que todo mundo ali era estranho para ela, mas mesmo assim Willow tentava ao máximo interagir.

— Quando é que você vem se mudar pra Los Angeles pra ficar mais pertinho de nós, hein? — Lizzy perguntou a sobrinha.

— Não sei, minha mãe não tá querendo vir pra cá. Acho que vou passar uma temporada com ela no Texas e depois venho passar uma temporada com o papai aqui em L.A.

— Ela faz bem em continuar morando naquele fim de mundo. Se a Rebeca viesse pra cá, iria atrapalhar toda a vida do Rob. — Suki falou.

— A Rebeca é cabeça dura, ela vai bater o pé dizendo que não vai vir morar na Califórnia , mas depois que ela perceber que você e seu pai são agora quase que inseparáveis, ela vai mudar de ideia. — Liz disse. — Conheço a minha amiga.

— Mas por que sua mãe não quer vir pra cá, querida? — A avó quis saber.

— Minha outra avó, a mãe dela, tá muito doente. — Willow falou triste.

— Sinto muito.

— Ela tem qual doença mesmo, Willow? É aquela lá que a pessoa fica se tremendo toda, não é? — Suki deu uma provocada.

— É... é Parkinson.

— Uma pena. — Minha namorada bebeu mais vinho.

— Rob, vou ir lavar a louça, pode me ajudar a levar esses pratos? — Minha mãe pediu.

— Claro, mãe.

Enquanto Willow continuou conversando com suas tias e seu avô, mamãe e eu nos trancamos na cozinha. Eu sabia que ela queria me falar alguma coisa, pois ela nunca chamava ninguém para ajudá-la com a louça.

— O que foi, mãe? Sei que você não me trouxe aqui a toa.

— Olha, Robert, eu tô pagando todos os meus pecados com essa Suki, viu. — Ela respirou fundo. — Que garota chata, meu filho.

— Que isso, mãe? Ela é sua nora. — Censurei.

— Minha nora o cacete.

— Qual é o seu problema?

— A Rebeca era uma santa perto dessa aí. Nunca devia ter tratado a mãe da minha neta daquela forma. Agora tenho que ficar aturando essa cobra venenosa. Só pode ser carma.

— Eu sempre disse pra você que a Rebeca era uma mulher boa. — Dei de ombros.

— Você bem que podia voltar com ela, meu filho.

— Impossível, mãe. A Rebeca me odeia. E, além do mais, eu tô feliz com a Suki.

— Você não tá feliz, filho, só tá com ela porque tem medo de ficar sozinho.

— Eu não tenho medo de ficar sozinho. — Rebati.

— Robert, eu te conheço mais do que qualquer pessoa, eu sou sua mãe. Você é sim uma pessoa carente, que sempre precisa receber atenção, por causa disso, na sua cabeça, ficar solteiro é uma tortura. — Mamãe não teve papas na língua.

De repente, meu celular vibrou dentro do meu bolso, quando tirei e vi quem era, me animei um pouco mais.

— É a Rebeca. — Falei com um sorriso.

— Vai atender logo, eu te dou cobertura dessa sucuri que você chama de "namorada".

— Mãe, para de ficar falando besteira da minha namorada, por favor.

— Tá, tá...

Ao atender, percebi a voz de Rebeca bastante aflita, com certeza alguma coisa havia acontecido.

— O que foi, Rebeca? — Comecei a me preocupar.

Rob... é a minha mãe, aconteceu um acidente... e-ela não tá bem...

Meu Deus, o que houve?

Eu não sei direito ainda, parece que ela teve uma crise e caiu... eu preciso voltar pro Texas com a Willow. O mais rápido possível.

Merda... o que eu ia fazer agora? Eu não queria que a Willow partisse, mas também não queria ser egoísta com a Rebeca.

— Tem como você me encontrar na minha casa?

Tá... tá, eu tô indo. — Então ela desligou.

Rapidamente, saí da cozinha, me despedi da minha família e levei Willow e Suki para casa junto comigo. Minha filha estava sem entender nada, e eu não queria dizer a ela que algo ruim havia acontecido.
Chegando lá, Rebeca já estava me esperando na frente do portão. Ela estava chorando e aquilo partiu meu coração completamente.

— Mamãe, o que aconteceu? — Willow desceu do carro.

— Filha, a gente precisa voltar pra casa, sua avó precisa de nós.

— O que ela tem?

— Ela caiu, meu amor, mas vai ficar tudo bem.

— Vai arrumar sua mala, filha. — Pedi e minha filha obedeceu. — Suki, pode ajudar a Willow com isso? Preciso falar com a Rebeca em particular.

— Tá. — Minha namorada concordou, mas bastante mal humorada. Ela não queira que Rebeca e eu ficássemos a sós.

— O que aconteceu?

— Eu ia ligar pra Gisele, uma amiga minha que tá tomando conta da minha mãe, ia dizer pra ela que eu achei a Willow e tal... mas... — Rebeca ficou com os olhos marejados.

— Fala, Beca.

— Escuta esse áudio. — Ela tirou o celular do bolso e deu play.

Rebeca, aconteceu um acidente com a Marlene, eu tô no hospital agora. Ela descobriu que a Willow sumiu, acho que provavelmente ela me ouviu falando com os delegados sobre o desaparecimento dela pelo telefone. Sua mãe sofreu um pico de estresse muito forte e ontem a noite teve uma crise convulsiva extrema. Ela caiu e acabou batendo a cabeça... os médicos disseram que iam tentar ajudar ao máximo, mas eu tô muito preocupada, amiga... Me desculpa por ter deixado isso acontecer. — O áudio chegou ao fim.

— Não conta pra Willow sobre isso, senão ela nunca vai se perdoar, vai achar que aconteceu tudo isso por culpa dela. — Rebeca pediu.

— Não vou contar.

— Eu preciso ir pra lá, Robert. Sei que o combinado foi você ficar uma semana com ela, mas... minha mãe precisa ver que eu a encontrei e que ela tá bem, por isso preciso levá-la.

— Ei, tá tudo bem, não se preocupa. — Abracei ela para confortá-la.

— Tá... eu tenho que ir pro aeroporto.

— Eu posso levar vocês.

— Tá bem.

Depois de um tempo, Willow saiu de dentro de casa junto com Suki. Sua mala já estava pronta e ela já estava preparada para sair.

— Vem cá, meu anjo. — Peguei ela no colo. — A gente se vê de novo em breve, ok?

— Foi um prazer ter você aqui, Willow, boa viagem. — Suki acenou.

— Pai, vem com a gente... por favor. — Ela chorou.

— Não posso, filha, eu vou só atrapalhar lá.

— Por favor, pai.

Olhei para Rebeca sem saber o que dizer. Mas ela quebrou o silêncio.

— Você pode vir, se quiser. — Ela disse.

— Você tem que trabalhar, Robert. — Minha namorada respondeu.

— Posso tirar uma folga.

— Robert, você tá com algum problema? — Suki sussurrou, impedindo Rebeca e Willow de ouvirem. — Vai mesmo viajar com sua ex?

— Isso não é uma viagem de férias, Suki, aconteceu um acidente.

— Que seja. Você tá entrando numa cilada.

— Então vem junto. — Pedi.

— Olha, eu sei que é sua filha, mas você sabe que eu odeio criança. Eu não teria paciência pra ficar mais uma semana cuidando dela.

— Mas você nem cuidou dela.

— Além do mais, eu tenho muito trabalho pra essa semana. Filmagens, desfiles, etc.

— Tá, então você fica e eu vou, tá decidido.

— Às vezes você é tão idiota que dá raiva. Mas tá... vai ficar junto com a aproveitadora da sua ex.

— Por que você tem que ser tão difícil, às vezes?

— Robert, você vem ou não? — Rebeca perguntou e Suki arqueou a sobrancelha, me lançando um olhar fulminante.

Então pensei... pensei... pensei... e...

— Sim, eu vou.

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