Capítulo 06: Rebeca e Robert
Robert POV: *capítulo super extenso (mas vale muito a pena)*
— Bom dia, flor do dia. — Entrei no quarto onde Willow dormia e abri as cortinas para deixar o sol entrar.
— Pai, que horas são? — Ela perguntou com a voz manhosa.
— São oito horas da manhã.
— Ainda tá muito cedo.
— Não tá não, temos muita coisa pra fazer hoje.
— Tipo?
— Tipo ir no shopping comprar umas coisas pro seu quarto novo.
— Mas tá ótimo assim, pai, não precisa comprar mais nada.
— Faço questão que você decore do seu jeito.
— Então tá.
— Vou te esperar lá em baixo pra tomar café.
— Beleza, vou só trocar de roupa. — Willow se levantou.
— Ok.
Então as escadas euforicamente até a cozinha. Era inegável, desde que Willow tinha chegado, uma alegria inexplicável despertou dentro de mim. Ela tinha trazido uma energia muito boa para a minha casa e para a minha vida.
Eu queria mimar ela como podia, depois de tantos anos ausente, era o mínimo que podia fazer. Suki, por outro lado, não estava gostando nenhum pouco de tudo aquilo.
Já faziam dois dias desde que Willow começou a conviver conosco, e sempre se montava um clima tenso quando as duas estavam juntas. Não por culpa da minha filha, obviamente.
— Rosa, prepare uns waffles bem tostados e recheados com bastante chocolate, do jeito que a Willow gosta, por favor. — Pedi a cozinheira com um sorriso de orelha a orelha.
— Como ela vai fazer waffles com chocolate se eu nem deixo entrar chocolate aqui dentro? — Suki perguntou curiosa.
— Eu fui no supermercado ontem e comprei. — Respondi.
— Robert, a gente não come chocolate, isso tá completamente fora da nossa dieta, sabe quantas calorias tem isso? — Ela revirou os olhos.
— Mas a minha filha gosta e eu comprei. — Dei de ombros.
— Quero só ver se você começar a engordar por causa dessa menina. Não vou aguentar esses paparazzis tacando hate na gente por causa do seu corpo. — Suki deu uma golada no seu suco verde.
— Nem tudo na vida é só estética, meu amor.
— Vamo ver se vão lhe chamar pra atuar em algum filme estando gordo.
— Se me excluírem por causa disso, eu não dou a mínima. Tava até pensando em me aposentar mesmo, assim consigo dar mais atenção pra Willow.
— E o nosso dinheiro? Como que fica? — Suki estava ficando aborrecida, dava para perceber pelo rubor em suas bochechas.
— Podemos viver uma vida mais simples, ué. Não precisamos desse luxo todo.
— Até parece que você iria conseguir viver assim. — Ela riu em forma de deboche.
— É claro que conseguiria. Agora nada mais me importa, contanto que eu consiga estar perto da minha filha, vivo até debaixo da ponte. Mas se você só consegue viver no luxo... não posso fazer nada.
— Bom dia, Rosa. Bom dia, Suki. — Willow apareceu na cozinha.
— Bom dia, lindinha. — Rosa cumprimentou. — Fiz aqueles waffles que você ama, e olha... caprichei bem no chocolate.
— Obrigada. — Ela deu um sorrisinho sem mostrar os dentes. Willow era uma criança tão encantadora.
— Tô indo pro set de filmagem, alguém nessa casa precisa trabalhar. — Suki pegou sua bolsa e saiu emburrada de casa, sem nem dar um beijo de despedida.
— Aconteceu alguma coisa? — Minha filha questionou.
— Não, meu anjo, não aconteceu nada. — Sorri.
— É tão bom ter uma criança em casa, parece que deu vida pra esse lugar. — Rosa comentou feliz.
— É, pois é. — Concordei.
— Até o senhor tá mais feliz, fazia tempo que eu não lhe via sorrir tanto. Cuidado pra não ficar com câimbra nas bochechas.
— Senhor Pattinson, seu agente está na porta, posso autorizar a entrada dele? — Marcus, o segurança, entrou na cozinha.
— Claro, não precisa pedir minha permissão.
— Ok, senhor.
Alguns segundos depois, Michael entrou na cozinha. Com uma carranca mais feia que nunca.
— Odeio essa burocracia pra entrar aqui, sinto falta de quando você não tinha esses seguranças de dois metros de altura. — Ele bufou.
— Bom dia pra você também, Michael.
— O pessoal da Dior quer saber se a reunião de hoje ainda tá de pé.
— Hoje não vai dar, tenho outros planos. — Olhei para a minha filha.
— Que planos podem ser mais importantes que isso?
— Um passeio com a minha filha.
— Filha? — Michael tomou um susto. — Desde quando você tem uma filha?
— Desde que a Rebeca engravidou.
— Tá me zoando, Robert?
— É claro que não, Michael.
— Puta merda! Isso é loucura!
— É, eu sei.
— Cacete, Rob, isso vai dar o que falar... vai ser matéria de revista pro ano inteiro. Sua filha vai se tornar tão famosa quanto aquelas crianças Kardashians.
— Deixe que falem. A existência dela não vai mais ser um segredo.
— Espero que saiba no que tá se metendo, Pattinson.
— Eu assumo minhas responsabilidades. — Respondi distraído. — Agora, se puder nos dar licença, precisamos sair.
Willow e eu saímos de casa, entramos no meu carro e dirigimos direto até o shopping. Durante o trajeto, aproveitamos para bater papo e conhecer melhor um ao outro. Apesar de sermos pai e filha, nos conhecíamos havia apenas dois dias, eu não sabia quase nada sobre ela e ela também não sabia quase nada sobre mim.
— Filha, me fala mais de você. — Pedi.
— Tipo o que?
— Sei lá, qual é sua comida preferida? Além de waffles com chocolate.
— Hum... — Ela colocou o indicador no queixo e começou a pensar. — sorvete de baunilha.
— Boa escolha.
— E você? Qual é sua comida preferida?
— Agora você me pegou... — Pensei um pouco. — acho que é cachorro quente.
— Boa escolha. — Willow sorriu.
— Qual sua cor favorita?
— Azul, e a sua?
— Olha que coincidência! A minha também! — Respondi animadamente. — Qual é sua cantora ou cantor preferido?
— Taylor Swift, com certeza.
— Eu conheci a Taylor uma vez, sabia?
— Sério? E como ela é? — Os olhos de Willow brilharam.
— Ela é ótima. É muito engraçada.
— Como você conheceu a Taylor?
— Tive um encontro duplo com ela uma vez. Era eu e a Suki, e ela e o Joe. Acho que faz uns três anos isso.
— Nunca gostei desse Joe, eu sabia que ele ia trair ela. — Ela cruzou os braços em negação.
Ficamos conversando sobre a Taylor Swift por bastante tempo, contando fofocas sobre a vida da cantora e até ouvindo músicas dela. Willow tinha conseguido me fazer cantar e dançar "Shake it Off" no carro, apenas ela conseguia fazer eu perder a minha postura de "machão".
Quando chegamos no shopping, acho que entramos pelo menos em umas dez lojas diferentes. Tudo o que agradava Willow nas vitrines eu fazia questão de entrar na loja e comprar.
Compramos roupas de cama com estampas do agrado de Willow, compramos almofadas rosas para enfeitar sua cama, compramos luminárias, quadros para pendurar na parede, um lap-top, vários livros e roupas novas para encher o armário dela.
Eram tantas sacolas que nem mesmo eu estava dando conta de carregar tudo aquilo. Acho que em um único dia nós gastamos cerca de cinco mil dólares. Mas, sendo sincero, aquele dinheiro nem iria me fazer falta.
— O que quer fazer agora? — Perguntei quase em um gemido, de tanta força que eu estava fazendo para carregar todas as compras de Willow.
— Podemos tomar sorvete? — Ela pediu. Eu não podia negar aquele pedido, por mais cansado que estivesse.
— Claro, querida.
Fomos até a Häagen Dazs da praça de alimentação e pedi um sorvete de baunilha para ela e um de morango para mim. Todo mundo estava olhando para nós dois e alguns fãs tiravam fotos discretamente, e eu só fazia de conta que não estava vendo aquele tumulto se formando.
— Gostou? — Perguntei enquanto ela tomava o sorvete.
— Esse é o melhor sorvete da vida!
— Que bom, filha.
— Pai, posso te fazer uma pergunta?
— O que foi, meu anjo?
— Você em algum momento já sentiu falta da minha mãe? — Foi uma pergunta que me pegou de surpresa. Até dei uma engasgada com o sorvete.
— Por que tá perguntando isso?
— Curiosidade.
— Ah, Willow... — Suspirei. — eu tenho uma nova vida agora, assim como sua mãe com certeza também deve ter. O que a gente tinha não era pra ser.
— Você não respondeu a minha pergunta, pai.
— Tá... eu já senti muita falta dela. Só que eu fiz muito mal pra sua mãe, Willow, confesso isso, e te dou a certeza de que já me arrependi. Mas depois de colocar na minha cabeça que ela nunca mais iria olhar na minha cara de novo, percebi que a melhor opção era tirá-la da cabeça. — Confessei.
— Se ela te desse outra chance, você tentaria voltar com ela?
Fiquei em silêncio por um tempo, porque não soube o que responder. Fazia anos que eu não pensava na Rebeca e agora Willow estava me tirando da minha zona de conforto. Me lembrando de que lá no fundo eu ainda tinha sentimentos pela mãe dela, mesmo que fossem mínimos.
— Você não parece ser feliz com a Suki, pai. — Minha filha voltou a falar. — Você sempre fica meio tenso quando ela tá perto.
— Eu sou feliz, Willow. — Menti.
— Então tá... se você tá dizendo.
De repente, durante o nosso bate papo, percebi que havia alguns paparazzis perto de nós. Eles estavam nos fotografando e tirando a nossa privacidade.
— Vamos pra casa. — Falei.
— Por que?
— Paparazzis.
— Ah... entendi.
De fininho, nós dois saímos da praça de alimentação e caminhamos rapidamente pelo shopping até chegarmos no estacionamento.
Guardei as compras no porta mala e logo entrei no carro para despistar aqueles fotógrafos antes que eles pudessem nos seguir.
O caminho de volta para casa foi diferente do de ida. Willow e eu não conversamos dessa vez. Confesso que eu fiquei bastante reflexivo depois que tocamos no nome de Rebeca.
Ao chegarmos na mansão de Beverly Hills, tirei todas as coisas de Willow da mala do carro e levei até o quarto onde minha filha estava acomodada.
— Você arruma tudo aí? Vou descer pra assistir um pouco de televisão. — Falei.
— Tá bom.
— Se precisar de qualquer coisa, me chama.
— Pode deixar.
Desci as escadas e me acomodei no sofá da sala para assistir uma partida de futebol da Champions league. Uns dez minutos de jogo depois, Marcus surgiu na sala de estar.
— Senhor Pattinson, tem uma mulher lá no portão.
— Quem é agora?
— Não sei, ela também não quis dizer o nome. Só disse que precisava lhe ver com urgência.
— Já vi que meu endereço se tornou coisa pública agora. — Reclamei.
Caminhei até o jardim de casa junto com Marcus e o atravessamos em direção ao portão de ferro que havia na entrada. Como já estava começando a anoitecer, não consegui identificar o rosto da mulher. Apenas consegui ver sua silhueta pequena e magra.
— Oi? — Me aproximei.
— Robert? — A voz me era familiar. Extremamente familiar.
— R-Rebeca? — Meu coração palpitou e comecei a suar.
— Sou eu.
— Abre o portão, Marcus. — Pedi.
— Mas, senhor... você conhece essa mulher?
— Só faz o que eu tô mandando, Marcus!
Marcus apertou o controle e as grades se abriram imediatamente. Rebeca se aproximou de mim lentamente. Eu não soube o que dizer e muito menos o que fazer. Fiquei em completo estado de choque.
— Oi... — Cumprimentei com timidez. Era incrível que mesmo com 41 anos ela ainda estava tão linda como quando era jovem.
— Cadê a minha filha? — Ela questionou extremamente preocupada.
— Ela tá lá dentro. Vem, entra. — Convidei.
Rebeca entrou dentro de casa receosa. Um dia ela tinha morado ali e vivido uma história de amor comigo, hoje eram apenas memórias.
— Eu não vim pra ficar, Robert. — Rebeca disse ligeiro. — Vim buscar a Willow e voltar pro Texas.
— Que? Como assim? Ela não vai sair daqui!
— Que tipo de autoridade você acha que tem pra dizer onde ela deve ficar?
— A autoridade de pai!
— Autoridade de pai? Você mal a conhece.
— Por culpa sua, Rebeca! Como pôde me esconder por todo esse tempo que nós tínhamos uma filha linda?
— Ela não pertence ao seu mundo, Robert.
— É claro que pertence. Eu sou o pai dela, você querendo ou não. — Respondi ríspido.
— Mãe? — Willow desceu as escadas e deu de cara com Rebeca, a qual imediatamente correu para ela e a envolveu forte em seus braços.
— Willow, você tá ficando maluca? Quer me matar do coração? Como que você foge desse jeito?
— Eu precisava conhecer o meu pai.
— É, e agora que conheceu, podemos ir pra casa.
— Não! Eu não vou voltar pro Texas! Vou ficar! — Willow se impôs.
— Como é?
— Eu quero ficar com o meu pai.
— E vai deixar sua mãe pra trás? — Rebeca ficou chateada.
— Não! Você podia se mudar pra Califórnia!
— Rebeca, podemos conversar em particular? — Pedi e minha ex namorada assentiu.
Fomos até a área da piscina de casa e naquele momento percebi que Rebeca estava possessa de raiva de mim. Ela devia estar pensando que eu queria roubar a filha dela ou sei lá o que.
— Você quer tomar minha filha de mim, é isso?
— Ela não é só sua, você não fez com o dedo.
— Mais respeito, Pattinson. Não sou nenhuma das suas putas pra você falar assim comigo.
— Que putas, Rebeca? Tá doida?
— Tanto faz. A Willow não vai morar em Los Angeles. Ponto final.
— Eu quero ser presente na vida dela, não vou aceitar que você a leve embora assim sem mais nem menos. Vamos deixar as nossas desavenças de lado e vem morar aqui em L.A com a Willow.
— Você é tão egocêntrico que acha que tudo gira em torno de você. — Ela riu.
— Como assim?
— Eu não posso ficar aqui, Robert. A minha mãe tá quase morrendo!
— Sinto muito... eu... eu não sabia.
— Eu preciso ficar em Austin com ela. Minha mãe nem sabe que a Willow desapareceu, se ela souber... nem sei o que pode acontecer.
— Entendo.
— Então, Robert, você tem uma semana. Uma semana pra ficar com a Willow. Depois disso ela volta comigo pro Texas e aí a gente se acerta como vai ficar a guarda dela.
— Tá... — Suspirei. — Onde você vai ficar durante essa uma semana?
— Eu não sei.
De repente, Suki apareceu na área da piscina. Ela olhou Rebeca dos pés a cabeça e arqueou a sobrancelha. O clima ia esquentar agora.
— Robert, quem é ela? — Minha namorada questionou.
— Suki... essa é a Rebeca, mãe da Willow.
— O que ela tá fazendo aqui?
— Eu vim procurar minha filha. — Rebeca rebateu.
— Procurar a sua filha ou se aproveitar da situação pra seduzir o meu namorado? — Suki se agarrou em mim.
— Não, não quero nada com o seu namorado, fica tranquila.
— Aham.
— Olha só, eu não tenho tempo nem idade pra essa rivalidadezinha não, tá? Licença. — Rebeca virou as costas e saiu. Obviamente eu corri atrás dela.
— Mãe, onde você vai? — Willow perguntou ao ver a mãe atravessando a sala de estar.
— Procurar um lugar pra ficar. Amanhã a gente se fala, filha. — Minha ex respondeu sem paciência.
— Rebeca, espera! — Alcancei ela na porta. — Você pode ficar aqui. Durma no quarto da Willow.
— E ficar aguentando essa sua ninfetinha batendo boca comigo e me olhando com cara de cu? Não, obrigada.
— Olha, eu sei que a Suki é... difícil, às vezes, mas posso pedir pra ela se comportar.
— Esquece, Robert, eu não vou ficar aqui. Você não tem noção do tanto de gatilho que eu tive no momento em que entrei nessa casa.
— Eu sinto muito.
— Eu tô indo, vou procurar um hotel aqui por perto e vou ficar bem.
— Você que sabe. Mas caso precise, essas portas sempre vão estar abertas pra você.
— Agradeço.
— Amanhã eu vou levar a Willow pra conhecer meus pais, se você não se importar. Se quiser vê-la, vamos estar em casa pela parte da noite.
— Tá, amanhã a noite eu vou dar uma saída com ela, pra... enfim... conversar. Papo de mãe e filha.
— Ok, a gente entra em contato. Esse é meu número. — Dei o meu contato a ela.
— Certo, a gente se fala. Tchau, Robert. — Rebeca me deu um abraço breve e desengonçado. E eu retribuí.
Aquela era a primeira vez depois de 12 anos que senti borboletas no estômago. Eu havia me lembrado o quanto amei e talvez ainda amasse aquela mulher. Uma pena que nós nunca daríamos certo de novo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro