Capítulo 04: A arte da sedução
Passada uma longa semana de trabalho, montando artigos sobre os famosos e buscando fofocas de todos os lugares, finalmente o sagrado sábado tinha chegado, o dia que usávamos exclusivamente para descansar.
Na hora do almoço, enquanto Ana e eu comíamos a famosa comida tailandesa do boteco da esquina, o meu telefone tocou. Eu ignorei, mas poucos minutos depois ele tocou novamente.
— Não quer atender? Parece importante. — Ana perguntou de boca cheia.
— A hora da refeição é mais importante, principalmente quando se trata de comida tailandesa. — Enchi a boca de comida com apenas uma garfada. — Quem quer que seja, vai ter que esperar.
Mas o tal chamador não quis esperar, me deixando irritada. Então interrompi minha refeição, fui até a varanda do apartamento e atendi.
— Oi. — Falei primeiro. Bastante irritada.
— Oi. — Aquela voz já estava se tornando inconfundível.
— Robert?
— Sim, tudo bem com você?
— Tudo bem sim, pensei que não ia mais ligar, já tem umas duas semanas desde que nos falamos pela última vez.
— É, me desculpa por ter demorado tanto, apareceram umas coisas de trabalho que eu precisei resolver.
— Não precisa se desculpar.
— Então... liguei pra saber se você não tá afim de sair comigo hoje a noite. Quer dizer... não como um encontro, mas pra continuarmos a entrevista que eu interrompi naquele dia.
Quando Robert fez aquela pergunta, automaticamente o plano da sedução veio em minha mente. Aquela era a oportunidade perfeita.
— Ah, claro, eu tô livre hoje à noite sim.
— Legal, pra onde você quer ir?
— Não tenho preferência, você pode escolher.
— Tá, então o Michael vai te buscar às 20:00 e nós podemos sair pra jantar em algum lugar.
— Ok, vou esperar.
— Me manda seu endereço depois.
— Tá bem, tchau.
— Tchau.
Desliguei o celular e voltei para dentro de casa. Nem senti mais vontade de almoçar, só conseguia ficar pensando no que eu iria vestir à noite e qual seria a minha tática pra fisgar aquele galã de Hollywood.
— Quem era? — Ana ficou curiosa.
— Robert Pattinson.
— Mentira! E aí? O que ele disse? — Ela até largou os talheres na mesa.
— A gente vai sair hoje a noite.
— Um encontro?
— Bom, ele disse que quer sair pra continuar com a entrevista, mas...
— Mas você vai aproveitar a chance pra botar o nosso plano em ação. — Ana leu minha mente.
— Exatamente.
— Sua safadinha. — Ela deu um sorrisinho malicioso.
— A ideia foi sua.
— A gente precisa logo lavar essa louça do almoço porque temos muito o que fazer.
— Mas o que a gente vai fazer, especificamente? — Fiquei sem entender direito.
— Te dar um trato, garota!
Ana sempre teve o talento de deixar as pessoas ainda mais bonitas, ela parecia uma fada madrinha. Se tudo desse errado na profissão de jornalista, ela com certeza conseguiria fazer dinheiro nesse ramo de moda e beleza.
Fizemos do nosso apartamento um salão de beleza durante a tarde inteira. Ana arrumou meu cabelo, fez minha maquiagem e até mesmo me ajudou com a depilação, que foi meio constrangedor.
— Menina, a quanto tempo você não transa? Olha só essa moita! — Ela falava com o pote de cera derretida nas mãos enquanto eu estava com as pernas abertas.
— Ah... acho que algumas semanas. — Respondi sem graça.
— Semanas ou anos? — Ana arrancou meus pelos de uma vez.
— AI, PORRA! QUER ARRANCAR MINHA PELE TAMBÉM?
— Pelo menos agora você não tá mais com uma floresta amazônica no meio das pernas.
— Isso vai dar uma foliculite do cacete depois... — Comecei a me coçar.
— Agora que você tá praticamente pronta, a gente tem que decidir sua roupa.
— Ah, no meu armário tem um monte. — Já me levantei para buscar.
— Não, não, não, eu vou te emprestar um vestido. Seu armário só tem velharia.
Ela foi até a sua cômoda e ficou procurando a "roupa perfeita" por alguns minutos, fazendo cara de reprovação com todos os vestidos que via, Ana era extremamente chata no quesito de vestimenta.
Quando ela finalmente aprovou o vestido, eu o reprovei. Ele era preto, tinha costas nuas, devia mostrar mais da metade das minhas coxas e era super apertado.
— Eu não vou usar isso. — Balancei a cabeça em negação.
— Ah, você vai sim.
— Já viu o tamanho desse vestido? Deve ficar curto até em uma criança de cinco anos.
— Mas essa é justamente a intenção, amiga.
— Não, não vou usar, escolhe outro.
— Só experimenta, sua chata!
— Tá... — Bufei.
Fui até o banheiro, coloquei o vestido com muita dificuldade e depois me olhei no espelho que ficava em cima da pia. Eu parecia estar embalada a vácuo, mal conseguia respirar naquela roupa, meus seios pareciam que iam explodir dentro dela.
Ao sair e mostrar a roupa para Ana, ela arregalou os olhos e deu alguns pulinhos, obviamente ela tinha amado, diferente de mim.
— Viu? Ficou uma gata! — Ela me arrodeou olhando cada detalhe do vestido. — Olha como sua bunda ficou perfeita nele!
— Tô parecendo uma prostituta.
— Confia em mim, você tá linda. Vai conseguir agarrar aquele vampiro num piscar de olhos.
— Espero que sim.
Olhei meu relógio e vi que os ponteiros marcavam 20:16, eu já estava atrasada. Me despedi rapidamente de Ana e corri para o elevador.
Chegando ao andar de baixo, havia uma Mercedes preta na porta do prédio que buzinou quando me viu sair, devia ser o carro em que Michael estava. Então abri a porta traseira e acabei dando de cara com Robert, tomando um susto.
— Oi. — Ele me cumprimentou.
— Oi, eu não esperava te ver. Quer dizer, eu não esperava te ver aqui no carro.
— Não seria muito cavalheiro da minha parte deixar você ir pro restaurante sozinha.
— Eu não ia sozinha, ia com o Michael. A propósito... oi, Michael.
— Oi, Rebeca. — Ele respondeu olhando pelo retrovisor interno.
— Mas obrigada por ter vindo. — Agradeci.
— Não a de que. — Robert ficou um tempinho em silêncio. — Você tá muito bonita, se me permite falar.
— Obrigada, você também.
— Peguei literalmente a primeira roupa que vi limpa no armário.
— É verdade então?
— O que?
— Que o galã Robert Pattinson é averso a banhos? — Não consegui conter uma risadinha.
— Isso faz parte da entrevista? — Ele também riu.
— Não, é só curiosidade minha.
— Sim, é verdade, tem vezes que o Rob fica sem tomar banho por quase uma semana. — Michael acrescentou.
— Valeu, Mike... — Robert foi sarcástico.
Ficamos conversando e rindo durante o caminho inteiro, fazia tempo que eu não ria daquela forma. O Robert era super engraçado, ele fazia piadas tão sem graça que me davam vontade de gargalhar, sei lá porquê.
Após muitas risadas, chegamos no restaurante. Era um dos melhores de L.A, com certeza eu não teria dinheiro para pagar a minha conta, então tinha que economizar bem nas minhas pedidas.
— Michael, pode voltar pra casa agora. — Robert pediu.
— Tem certeza? Não vai precisar de mim?
— Não, a gente vai ficar de boa, toma aqui um dinheiro e pega um táxi.
— Então tá, divirtam-se.
Robert queria que nós dois ficássemos a sós, e eu sabia muito bem o que aquilo significava, mas eu iria me fazer de desentendida por enquanto.
Entramos no restaurante e pegamos uma mesa mais afastada, para conversarmos melhor. Mas mesmo afastados, ainda chamávamos um pouco de atenção, alguns fãs batiam fotos dele discretamente e ficavam cochichando, aquilo me incomodava muito.
— Você não se aborrece com isso? — Questionei com um tom de indignação.
— Com o quê?
— Com todas essas pessoas encarando você.
— Chega um momento em que você começa a se acostumar. — Ele deu de ombros.
— Eu nunca iria conseguir, é demais pra mim.
— Também pensei que não conseguiria, no início eu tinha muitas crises por causa disso, mas fui melhorando no decorrer dos anos.
— Isso é bom.
— É, acho que sim.
O garçom veio até nós e começou a anotar os nossos pedidos, interrompendo a nossa conversa. Depois que ficamos sozinhos de novo, Robert demorou para puxar algum assunto, então eu tive que tomar as rédeas.
— Vai querer retomar a entrevista agora?
— Você quem sabe.
— Tá... então vamos começar. Teve alguma novidade nesses últimos 14 dias que a gente ficou sem se falar?
— Hum... — Ele pensou. — Ah, eu tô com um novo projeto de filme.
— Sério? Pra quando?
— Pro início do ano que vem.
— Isso é ótimo! Qual é o nome?
— É Mapa para as Estrelas, acho que vai ser um bom trabalho, tem atores incríveis atuando nisso.
— Pode me dar um exemplo?
— Tem a Mia Wasikowska, a Julianne Moore...
— Pelo visto, parece que vai ser um filme fantástico.
— É, exceto uma parte dele. — Robert ficou desconfiado.
— Que parte?
— Vou ter que interpretar uma cena de sexo.
— Pensei que você já tava se acostumando com isso. Afinal, você já fez em Crepúsculo, em Bel Ami, em Cosmópolis...
— É, mas retratar cenas de sexo faz as pessoas ficarem se questionando tipo... "será que ele transa assim na vida real?", é constrangedor.
— Por que? Você quebra muitas camas igual em Crepúsculo? — Me estiquei um pouco mais para frente dele. Não era uma pergunta apropriada para fazer em uma entrevista, mas eu quis saber.
Infelizmente, quando íamos debater sobre isso, a nossa comida chegou. Ele começou a falar sobre outras coisas sem nexo e eu acabei perdendo o gancho da conversa para entrar no assunto de relacionamento.
Nossa noite foi chegando ao fim e eu não tinha conseguido extrair nada a respeito da suposta traição da Kristen. Aquele já era praticamente o nosso terceiro encontro e eu não tinha descoberto nada, ele não ia querer me dar mais um dia de entrevista.
Robert pediu a conta e nós logo nos arrumamos para sair do restaurante. Eu precisava tentar alguma coisa dentro do carro, se não iria perder a oportunidade e meu chefe ficaria uma fera, eu corria risco até de ser demitida.
— Nossas entrevistas chegaram ao fim então? — Perguntei sem muito alarde.
— É, acho que duas vezes conversando já deve ter sido suficiente, não é?
— Claro. — Menti.
— Mas então... eu só falei sobre mim, por que não me fala sobre você um pouco? Você sabe tudo sobre mim e eu praticamente nem te conheço.
— Bom... eu nasci no Texas, tenho 27 anos, entrei na universidade de L.A com 23 anos, me formei no ano passo e tô trabalhando na GQ a 6 meses.
— Só isso? — Ele riu. — Quero saber dos seus passatempos, suas músicas preferidas, essas coisas bobas.
— Eu gosto muito de comer comidas exóticas, de ler e de me exercitar. Minha música favorita é Bohemian Rhapsody, do Queen. — Dei uma pausa para pensar em mais coisas. — Desculpa, eu sou péssima pra falar sobre mim, me acostumei a só saber sobre os outros.
— Tudo bem, ser ouvinte é uma qualidade.
Depois de alguns minutos, ele estacionou na porta do meu prédio. Eu precisava urgentemente usar a tática da sedução, era agora ou nunca.
— Obrigada por me deixar.
— Não foi nada.
— Eu queria continuar conversando com você e te conhecendo melhor, longe de todo esse lance de entrevista e tal. — Me aproximei dele.
— É, seria uma boa. — Robert fixou o olhar em minha boca. Estava funcionando.
— Quero saber tudo sobre você, nunca conheci alguém tão interessante. — Sussurrei para seduzi-lo.
— E eu nunca conheci uma mulher tão enigmática.
Fomos nos aproximando cada vez mais. Ele estava tão perto, eu me sentia como um pescador orgulhosos por ter pescado um grande peixe.
Nós íamos nos beijar, até acontecer um imprevisto. Eu já estava quase tocando os lábios dele quando escutei meu vestido rasgar. Eu sabia que vestir aquela roupa não era boa ideia.
— Porra! — Soltei.
— O que foi isso? — Robert franziu o cenho.
— Meu vestido... acho que rasgou.
Por sorte, ele havia descosturado na lateral, não mostrando nada das minhas intimidades.
— É, foi um rasgo grande. — Robert esticou o pescoço para olhar. Ele parecia gostar de ver aquela parte nua do meu corpo.
— Como eu vou entrar no prédio assim?
— Toma, usa o meu casaco.
— Mas como eu vou devolver?
— A gente resolve isso depois.
— Tá bem, obrigada. — Dei um beijo na bochecha dele. — A gente vai se falando.
— Tá bom.
Saí correndo da Mercedes e fui direto para o elevador. Por mais que a minha tática da sedução tivesse dado errado, o plano não estava perdido. Eu iria vê-lo outra vez, graças àquele bendito casaco.
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