2. Guerra de sombras
Luciana entrou na sala de aula, radiante. Estava diferente, mais arrumada do que normalmente costumava estar. Com um batom rosa claro nos lábios. Os cabelos presos de lado, uma blusinha verde, uma calça jeans, botas e uma jaqueta preta de couro.
Luciana foi até onde Christopher estava, sentou-se em cima da mesa dele e disse-lhe:
— E aí, irmãozinho? Sentiu saudades de mim?
Christopher engoliu em seco sem entender o que estava acontecendo ali. O que diabos tinha de errado com Luciana? Será que ela estava bêbada?
— Por que essa cara? Parece que viu um fantasma? — Luciana riu, alto.
Brittany deu um risinho, achando que Christopher estava encrencado.
Emma viu Luciana em cima da mesa de Christopher e não gostou nada. Então, virou o rosto, antes que ele percebesse que ela estava olhando.
Luciana saiu da mesa de Christopher em pulo e se aproximou de Brittany:
— Oi, Brit?
— Oi. — Respondeu Brittany rindo. — Meu deus! O que você usou, menina? Tá estranha!
— Você tá mais gata do que eu costumava me lembrar. — Disse Luciana se debruçando sob a mesa dela e tocando seu rosto.
— Lucy, né? — Disse Brittany pegando a mão dela e a afastando de seu rosto, gentilmente.
— Para você, posso ser o que quiser. — Luciana piscou para ela, sorrindo com malícia.
— Lucy? Acho melhor você... — Disse Christopher tentando afastá-la da mesa de Brittany.
— Ih, sai para lá, irmão. — Luciana o empurrou. — Vê se não estraga meu lance! Droga.
Christopher recuou, espantado. Só uma pessoa falava daquele jeito com ele, mas não podia ser.
— Fica de boa, tá? — Luciana bateu no ombro de Christopher, sorrindo. — Depois, falo com você. Só preciso bater um papo com essa gatinha, antes. — Ela piscou, antes de se voltar a Brittany.
— Lucy? Pare!
Luciana se virou e viu Jordana, Mary Ann, Ananda e Harriet vindo correndo em sua direção.
— Fiquem longe de mim! — Falou Luciana furiosa.
— Não. Você precisa vir com a gente, já! — Falou Ananda a pegando por um braço.
— Porcaria nenhuma. Me deixem, suas vadias. — Disse Luciana.
— Você vem com a gente. — Falou Mary Ann a pegando pelo outro braço.
— Ei? O que está acontecendo aqui? — Brittany perguntou, se levantando. — Não podem levá-la se ela não quiser ir com vocês!
— Não se meta nisso! — Disse Mary Ann irritada.
— Por favor? Me ajude? — Luciana pediu a Brittany.
— Deixem ela! — Disse Brittany empurrando Ananda e Mary Ann.
Luciana saiu correndo da sala. Jordan e Harriet foram atrás. Brittany também quis ir, mas Mary Ann entrou em sua frente.
— O que vocês vão fazer com ela? — Disse Brittany.
— Dá uma mão aqui, Chris? Faz favor? — Disse Mary Ann.
— Vocês tem de me dizer o que está acontecendo, primeiro. — Falou Christopher se aproximando.
— Agora não dá tempo. — Falou Mary Ann. — Só confie em mim e mantenha essa aqui bem longe!
— Essa aqui tem nome, infeliz. — Falou Brittany com raiva.
— Por que não vai embalar seu bebê? — Mary Ann empurrou Brittany, a jogando para cima de Christopher, antes de sair correndo, seguida por Ananda.
— Sua... — Brittany tentou ir atrás delas, mas Christopher a segurou.
— Me solte! — Brittany se irritou e bateu em Christopher. Mesmo assim, ele não a soltou. — O que você está fazendo? Precisamos ajudar aquela menina!
— Isso não é problema nosso. — Falou Christopher encarando os olhos de Brittany.
— Isso não é problema nosso. — Disse ela ficando mais calma.
Christopher a soltou.
— Volte para o seu lugar e esqueça isso. — Falou Christopher.
Brittany obedeceu.
Emma aplaudiu. Christopher se voltou a ela, sério. Emma parecia desapontada.
— Isso foi para o bem dela.
— Não interessa. Não é certo controlar as pessoas dessa forma. Você não tem esse direito. — Emma disse.
— Queria que eu fizesse o quê? Que deixasse ela ir? — Falou Christopher.
Emma não respondeu, levantou-se e saiu da sala.
† † †
Luciana corria quando seu celular tocou. Ela parou e meteu a mão no bolso de sua jaqueta, pegando o aparelho. Havia uma nova mensagem de texto, e a mensagem dizia:
"Te espero no porão, Lucy.
Ass: Harriet".
Luciana parou de correr e encarou a tela, assustada.
Jordana alcançou Luciana e agarrou o seu braço.
— Peguei você! — Ela disse, sorrindo, triunfante.
Mary Ann e Ananda vieram logo em seguida e cercaram Luciana.
— Vejam isso! — Disse Luciana mostrando o celular as garotas
— Recebi uma mensagem igual a essa, antes de morrer.
— Oh, meu deus! Cadê a Harriet? — Falou Mary Ann, nervosa.
— Temos de encontrá-la, Alex! — Disse Jordan encarando Luciana.
Alex fez que sim com a cabeça e foi atrás de Harriet com as garotas.
//Dezesseis horas antes...
"Cuidado, ela está aqui. Atrás de você, Lucy. Corra".
— Ah, meu deus! — Falou Luciana chorando.
Mary Ann e Jordan viram dois braços brancos se aproximando do pescoço de Luciana como se fossem enforcá-la. As velas apagaram-se e o sótão mergulhou na escuridão. Todas gritaram sem entender o que estava acontecendo.
Hollie derrubou Luciana no chão, subiu em cima dela e apertou suas mãos em volta do pescoço dela, a enforcando. Luciana tentou afastá-la, mas Hollie era mais forte.
— Deixa ela! — Alex empurrou Hollie.
Os dois caíram no chão e Hollie arranhou o rosto de Alexander, deixando marcas profundas de onde desprendeu energia. Então, se levantou. Deu um chute nele e caminho na direção de Luciana que se arrastava na escuridão, tentando encontrar uma de suas amigas.
Jordana agarrou o pé de Harriet e esta se assustou, pensando que fosse um fantasma. Para se proteger, Harriet deu um chute no rosto de Jordan, machucando o nariz dela. Jordan gritou com dor.
Harriet correu e quando esbarrou em Ananda, as duas gritaram e bateram uma na outra. Ananda recuou e bateu suas costas nas costas de Mary Ann e esta a empurrou.
Hollie agarrou o braço de Luciana, cravando suas unhas sem dó na pele da garota. Alexander segurou Luciana pelo outro braço, a puxando. Luciana gritou sem entender o que acontecia. Alexander a puxou com mais força e Luciana caiu em cima dele. Nesse instante, algo inesperado aconteceu: Alexander possuiu o corpo de Luciana. Foi estranho e ele levou alguns minutos para entender o que estava acontecendo, encarando as mãos de Luciana. Era esquisito estar em outro corpo que não o seu. Ele não se sentia ele mesmo, embora, pudesse controlar aquele corpo sem problemas. Hollie gritou, enfurecida e desapareceu.
— Lunos Acendeste! — Falou Jordana e todas as velas se acenderam.
Harriet e Ananda pararam de bater uma na outra quando perceberam o que estavam fazendo.
— Desculpe? — Falou Ananda sem graça.
— Me desculpe, também? — Falou Harriet.
— Lucy! — Mary Ann se aproximou dela, correndo.
Luciana recuou e encarou Mary Ann, desconfiada.
— Está tudo bem, Lucy? — Mary Ann perguntou.
— Sim. Está. — Luciana respondeu, se levantando do chão.
— Eu fiz isso? Me desculpe? — Disse Harriet vendo o nariz de Jordan sangrando.
— Você é maluca! Saiu dando porrada em todo mundo no escuro. — Falou Jordana brava.
— Eu posso curar isso, se quiser. — Falou Harriet se aproximando dela.
— Por favor? — Falou Jordana.
Harriet tocou o nariz de Jordana.
— Ai! — Disse Jordana com dor.
— Prontinho. — Harriet sorriu.
— Mas já? E sem nenhuma palavra mágica? — Jordan tocou seu nariz e ele voltou ao normal.
— Esse é um dom natural. Não precisa de palavras mágicas. — Falou Harriet.
— Puxa! Que legal! Só vou te perdoar porque nunca se sabe quando se precisará de você por perto, mas, na próxima vez que quebrar meu nariz, vou ficar muito zangada. — Falou Jordan.
— Não vai mais acontecer. Juro. — Disse Harriet.
— Eu preciso de um tempo para... Absorver tudo isso. — Disse Luciana parecendo confusa. — Me desculpem, mas tenho que ficar sozinha, agora.
Luciana saiu do sótão, deixando as garotas a sós.
— Ela está estranha! — Reparou Mary Ann.
— Também não é para menos. Depois desse susto! — Falou Ananda.
— Até agora, não entendi direito o que aconteceu. — Falou Harriet.
— Eu ouvi o Alex gritando. — Falou Jordana. — Bem... Devia ser ele. Era a única voz de garoto aqui.
— Eu ouvi também. — Mary Ann disse.
— Acho que Alex salvou a Lucy. — Falou Harriet.
— Eu não sei. Tenho minhas dúvidas. — Disse Mary Ann.
— No que você está pensando? — Jordana perguntou.
— Não repararam na cor vermelha da aura de Lucy? Ela estava estranha. Geralmente, a cor da aura de Lucy é azul. — Falou Mary Ann.
— É, eu reparei. Mas será que isso é mesmo relevante? — Jordana disse.
— Tinha uma sombra envolta nela. Você viu? — Mary Ann disse.
Jordan fez que não com a cabeça.
— Vocês acham que... Lucy está possuída? — Harriet perguntou.
— Talvez. Hollie fez isso uma vez, pode bem ter feito de novo. — Falou Mary Ann.
† † †
Alexander se olhou no espelho do quarto.
— Podia ser pior... — Ele disse e foi até o closet. Viu farelos de doce no chão e uma folha amassada. Pegou a folha e a desamassou. Era um desenho de uma garotinha segurando a mão dele. Estava escrito no canto "para o sr. cabeça de tomate".
— Emilie? — Ele sorriu, fechou o closet e foi até o quarto da garotinha.
Emilie estava brincando com sua casa de bonecas.
— Lucy? — Ela disse, um pouco assustada.
— Oi? — Disse Alexander sorrindo e encostou a porta do quarto e se aproximou de Emilie. Ele estava com o desenho dela na mão. — Que bonito o seu desenho!
— Eu fiz para o cabeça de tomate, mas o bicho papão não me deixou entregar. — Falou Emilie. — Acha que o bicho papão levou o cabeça de tomate para longe?
— Não, mesmo. Ele só... Está ocupado. Mas ele gosta muito de você. Acredite? — Falou Alexander se sentando ao lado dela, no tapete.
— Você sabia que o bicho papão se esconde no seu closet e que ele parece com você, Lucy? — Disse Emilie.
— Sabia. Mas... Você o viu? — Alexander disse.
Emilie fez que sim com a cabeça.
— Ele mandou eu te dar um recado.
— Que recado?
— Disse que se você não deixar ele entrar, ele vai comer todo mundo na sua frente.
Hollie maldita. Como ela ousava dizer aquelas coisas horríveis para uma garotinha?
— Escute? Quero que fique longe do closet. Me prometa que fará isso? — Alexander pediu.
— Prometo. — Falou Emilie.
— O cabeça de tomate vai cuidar do bicho papão e ele nunca mais vai voltar a te incomodar. Prometo. — Disse Alexander.
— Você gosta do cabeça de tomate, Lucy? — Emilie perguntou.
Lucy gostava?
— Não sei. — Alexander respondeu sinceramente.
— Ele é bonito e legal. Você podia namorar com ele. — Disse Emilie.
Alexander riu.
Ah, que bonitinha! Emilie tentando arrumar uma namorada para ele.
— É sério. Você ia gostar dele. — Falou Emilie. — Eu namoraria com ele se fosse mais velha.
— É? Vou pensar nisso, tampinha. — Falou Alexander a abraçando.
— Jura? — Disse Emilie.
— Juro. — Disse Alexander.
Emilie sorriu.
Alexander fez cócegas nela.
— Pare! Pare! — Falou Emilie rindo.
//Agora...
Harriet recebeu um SMS de Luciana, mandando ela ir até o porão.
— Nem em sonho. — Harriet deu meia volta, quase esbarrando em Emma. — Ai, que susto!
— O que está acontecendo? — Emma perguntou.
— Lucy está possuída. — Harriet disse.
— E onde ela está? — Emma perguntou.
— Harriet! — Luciana veio correndo e a abraçou. — Que bom que você está bem.
— Por que pediu para eu encontrá-la no porão? — Harriet perguntou. — Sabe que morro de medo de escuro.
— Não fui eu. — Falou Luciana.
— Ei? — Emma agarrou o braço de Luciana.
— O que foi? — Luciana perguntou.
— Quem é você? — Emma perguntou.
— Lucy. — Ela respondeu.
— Não! Qual o seu nome, espírito? — Emma disse.
— Sou eu mesma! Ele saiu do meu corpo! — Falou Luciana.
— Eu não acredito! — Falou Emma.
— Ele foi ao porão, tentar impedir a coisa. — Falou Luciana.
† † †
Mary Ann chegou até o porão. A porta trancou-se com uma batida, mergulhando o cômodo em escuridão.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro