○●Capítulo dois●○

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Lyra revirou os olhos quando todos ficaram indignados que o Quadribol foi cancelado, ela bufou e deitou a sua cabeça sobre a mesa, fechou os olhos e estava pronta para dormir quando se levantou em um susto pelo barulho da porta do Salão Principal sendo aberta.

Minerva McGonagall bufou e murmurou algo do tipo: "quem mais falta interromper o discurso de Dumbledore?"

Lyra novamente revirou os olhos, ela conhecia muito bem essa parte da história. Perdeu a conta de quantas vezes seu pai contou essa história para ela. Toda noite era a mesma história: o ano em que aconteceu o Torneio Tribruxo.

Todos os alunos já olhavam a pessoa que estava parada na porta, ele então tirou a enorme capa, fazendo os cabelos grisalhos ficarem a vista. Começou a caminhar em direção a mesa dos professores. Fazendo um barulho metálico a cada passo que dava, por causa da bengala que trazia, andou até Dumbledore, mas um relâmpago cruzou o teto, assim se tornou possível ver o rosto do ser humano, era cheio de cicatrizes, mas o que era mais aterrorizante eram os olhos dele, um era miúdo, escuro e penetrante, o outro era grande e redondo como uma moeda, e azul elétrico vivo. O olho azul se movia constantemente, independentemente se o outro olho se movia ou não.
O homem foi até Dumbledore, apertou a mão e foi se sentar na mesa dos professores, começou a comer.

ㅡ Alastor Moody. ㅡ Lyra sussurrou para Scorpius, que somente fez um sinal positivo com a cabeça. ㅡ Isso não foi uma pergunta.

Scorpius olhou para ela, que apenas deu de ombros.

ㅡ Será que dá para parar de falar? Sua voz me irrita! ㅡ Scorpius respondeu da maneira mais fria, Lyra apenas sorriu orgulhosa de seu irmão ter aprendido direito a como tratar pessoas chatas. Não que ela seja chata, mas deu para entender.

ㅡ Gostaria de apresentar o nosso novo professor de Defesa Contra Artes das Trevas ㅡ disse Dumbledore animado, em meio ao silêncio ㅡ Professor Moody.

Todo o Salão ficou em silêncio, exceto pelas palmas de Hagrid e Dumbledore, o que não foi acompanhado por mais ninguém.

ㅡ É agora que as coisas ficam mais interessantes... ㅡ comentou Potter.

ㅡ Você não irá impedí-lo? ㅡ indagou Lyra, que agora encarava o seu suco de abóbora.

ㅡ E deixar de ver todos culpando o meu pai por ele mesmo ter colocado o seu próprio nome no Cálice de Fogo mesmo sendo menor de idade? ㅡ Alvo perguntou, parando de comer para poder encarar Moody. ㅡ Há! Nunca!

ㅡ Você é malvado, Potter.

ㅡ Você não sabe o quanto, Malfoy. ㅡ Alvo piscou para Lyra, que deu um mini soco no ombro do mesmo.

ㅡ Como eu ia dizendoㅡ recomeçou Dumbledore ㅡ teremos a honra de sediar um evento muito excitante nos próximos meses , um evento que não é realizado há um século. Tenho o prazer de informar que, este ano, realizaremos um Torneio Tribruxo em Hogwarts.

ㅡ O senhor está BRINCANDO!ㅡ exclamou em voz alta um menino ruivo da mesa da Grifinória.

Quase todos riram e Dumbledore deu risadinhas de prazer.

ㅡ Não estou brincando, Sr. Weasley ㅡ disse ele ㅡ embora, agora que o senhor menciona, ouvi uma excelente piada durante o verão sobre um trasgo, uma bruxa má e um Leprechaun que entraram num bar...

A Professora Minerva pigarreou alto.

ㅡ Hum... Mas talvez não seja a hora.. Não... Onde mesmo eu estava? Ah, sim, no Torneio Tribruxo... Bom, alguns de vocês não saibam o que é esse torneio, de modo que espero que aqueles que já sabem me perdoem por dar uma breve explicação, e deixem sua atenção vagar livremente.

"O Torneio Tribruxo foi criado há uns setecentos anos, como uma competição amistosa entre as três maiores escolas europeias de bruxaria - Hogwarts, Beuxbatons e Durmstrang. Um campeão era eleito para representar cada escola e os três campeões competiram em três tarefas mágicas. As escolas se revezaram para sediar o torneio a cada cinco anos, e todos concordaram que era uma excelente maneira de estabelecer laços entre os jovens bruxos e bruxas de diferentes nacionalidades, até que a taxa de mortalidade se tornou tão alta que o torneio foi interrompido."

ㅡ Durante séculos houve várias tentativas de reiniciar o torneio ㅡ continuou Dumbledore ㅡ nenhuma das quais foi bem-sucedida. No entanto, os nossos Departamentos de Cooperação Internacional em Magia e de Jogos e Esportes Mágicos decidiram que já era hora de fazer uma nova tentativa. Trabalhamos muito durante o verão para garantir que, desta vez, nenhum campeão seja exposto a um perigo mortal.

ㅡOs diretores de Beuxbatons e Durmstrang chegarão com a lista final dos competidores de suas escolas em outubro e a seleção dos três campeões será realizada no Dia das Bruxas. Um juiz imparcial decidirá que alunos terão mérito para disputar a Taça Tribruxo, a glória de sua escola e o prêmio individual de mil galeões.

Vários murmúrios começaram no Salão Principal, Alvo, Lyra e Scorpius se entreolharam para depois darem de ombros. Eles eram menores de idade, sendo assim, não poderiam participar.

ㅡ Ansiosos como eu sei que estarão para ganhar a Taça para Hogwarts ㅡ disse o diretor ㅡ os diretores das escolas participantes, bem como o Ministério da Magia, concordaram em impor este ano uma restrição à idade dos competidores. Somente os alunos que forem maiores, isto é, tiverem mais de dezessete anos, terão permissão de apresentar seus nomes à seleção. Isto é uma medida que julgamos necessária, pois as tarefas do torneio continuarão a ser difíceis e perigosas, por mais precauções que tomemos, e é muito pouco provável que os alunos abaixo da sexta e sétima séries sejam capazes de dar conta delas. Cuidarei pessoalmente para que nenhum aluno menor de idade engane o nosso juiz imparcial e seja escolhido campeão de Hogwarts. ㅡ ele deu uma pausa, olhando para os gêmeos ruivos sentados na mesa dos leões ㅡ Portanto peço que não percam tempo apresentando suas candidaturas se ainda não tiverem completado dezessete anos.

Lyra já estava começando a amaldiçoar Dumbledore por querer que ele parasse de falar logo, pois ela já estava morrendo de sono.

ㅡ As delegações de Beuxbatons e Durmstrang chegarão em outubro e permanecerão conosco a maior parte deste ano letivo. Sei que estenderão as suas boas maneiras aos nossos visitantes estrangeiros enquanto estiverem conosco, e que darão o seu generoso apoio ao campeão de Hogwarts quando ele for escolhido. E agora já está ficando tarde e sei como é importante estarem acordados e descansados para começar as aulas amanhã de manhã. Hora de dormir! Vamos andando!

Lyra pulou da mesa, pronta para chegar no seu dormitório e pular na cama, foi aí que ela parou no meio do caminho, fazendo com que alguns Sonserinos batessem nas costas dela.

ㅡ Será que a madame pode andar? ㅡ Um comentário áspero foi pronunciado, Lyra virou lentamente o seu rosto e encarou o dono da voz.

ㅡ Não estou impedindo o corredor todo, caso não tenha percebido. ㅡ respondeu friamente encarando o seu pai. Era realmente estranho vê-lo bem mais novo.

As íris cinzas dele tiveram um vislumbre de um estranho brilho, o que fez Lyra ficar confusa. Ele estava bravo ou orgulhoso?

Ela começou a andar em direção à ele, muitas pessoas prenderam a respiração. Seria guerra de Malfoy entre Malfoy.

Lyra chegou bem em frente à ele, Draco somente arqueou uma sobrancelha. Os olhos dela eram capazes de matá-lo ali mesmo, mas os dele não perdiam por muito.

ㅡ Será que pode me dar licença? Está impedindo a passagem de todos. ㅡ Lyra falou chegando bem perto de seu pai.

Draco olhou em volta e viu que era verdade, Lyra tinha parado no meio do caminho mas era ele que impedia a passagem de todos. Ele foi para o lado, dando passagem para ela que, ao invés de ir para a Sala Comunal da Sonserina, foi em direção à Torre da Grifinória.

Scorpius e Alvo se entreolharam, não entendendo a atitude da amiga.

Por que raios ela tinha parado no meio do corredor, se virado, e ido em direção contrária da Sala Comunal?

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Rose Weasley estava sentada em uma poltrona na Sala Comunal da Grifinória, estava sozinha e com os braços cruzados. Se ela soubesse que seria assim, teria implorado para o Chapéu Seletor colocá-la na Sonserina, logo depois ela se arrependeu profundamente do que tinha pensado.

Ela era uma grifinória, teria que ter coragem e fazer novos amigos, mas ela tinha medo, medo de julgarem-na de uma forma horrível. Ela não sabia qual forma era essa, mas tinha medo de se socializar.

Todas as conversas daquela sala pararam quando encararam a pessoa que estava na porta da Sala Comunal.

Rose Weasley se levantou em um pulo quando viu sua amiga para ali, olhando com nojo para todos os grifinórios.

ㅡ Lyra! O que está fazendo aqui?! ㅡ Rose se aproximou da amiga, que a olhou de cima a baixo.

ㅡ Já te disse que você fica horrível no vermelho? ㅡ Lyra comentou pegando a manga do uniforme da ruiva. ㅡ Seu cabelo já é dessa cor, fica muito sem graça assim. Deveria tentar o verde...

ㅡ Para de enrolar! Desembucha logo, o que você quer? ㅡ Rose falou irritada.

ㅡ Será que posso dormir no seu quarto? Se eu voltar para a minha Sala Comunal é bem capaz de eu matar o meu pai antes mesmo de ele conhecer a minha mãe. ㅡ Rose precisou prestar muita atenção no que Lyra disse, já que a loira falou tudo isso muito rápido e baixo.

ㅡ Mas é claro! Mas antes, terá que experimentar o vermelho... ㅡ Rose pegou Lyra pela manga e a puxou até o seu dormitório, que estranhamente só tinha duas camas.

ㅡ Prefiro morrer do que vestir o vermelho.

Rose não pode deixar de rir da sinceridade da sua amiga, pois certamente sabia que isso era verdade. Lyra seria leal à Sonserina até a morte.

A Weasley revirou os olhos quando viu a cama de sua amiga. Antes, tinha um dossel com cortinas vermelhas, juntamente com as cobertas que tinham o enorme brasão da Grifinória, agora as cortinas eram verdes e as cobertas tinham o brasão da Sonserina.

ㅡ Você sabe que não me convenceu com a desculpa de: " deixe-me dormir no seu quarto porque se não vou matar o meu pai ", não sabe? ㅡ Rose perguntou quando já estava deitada, pronta para dormir.

Lyra não respondeu, apenas fingiu que estava dormindo. Nunca, em hipótese alguma, iria admitir que o seu maior medo é ficar sozinha.