🕛Beauxbatons e Durmstrang🕛
○● Capítulo Sete ●○
(6425 palavras para compensar o meu atraso, espero que gostem!)
O Torneio Tribruxo virou o assunto mais comentado por todo o castelo, não importava a onde você fosse, o assunto sempre era o mesmo.
Os boatos voavam de um aluno para outro como um germe excepcionalmente contagioso: quem ia tentar ser o campeão de Hogwarts, que é que o torneio exigia, e em que os alunos de Beauxbatons e Durmstrang se diferenciavam deles.
Era possível notar que o castelo estava sofrendo uma faxina mais do que rigorosa. Vários retratos encardidos tinham sido escovados para descontentamento dos retratados, que se sentavam encolhidos nas molduras, resmungando sombriamente e fazendo caretas ao apalpar os rostos vermelhos. As armaduras de repente brilhavam e mexiam sem ranger e Argo Filch, o zelador, estava agindo com tanta agressividade com os alunos que se esquecessem de
limpar os sapatos que aterrorizou duas garotas do primeiro ano levando-as à histeria.
Outros funcionários também pareciam estranhamente tensos.
Quando Lyra desceu para o café na manhã do dia 30 de outubro, descobriu que o Salão Principal fora ornamentado durante a noite. Grandes bandeiras de seda pendiam das paredes, cada uma representando uma casa de Hogwarts - a vermelha com um leão dourado da
Grifinória, a azul com uma águia de bronze da Corvinal, a amarela com um texugo negro da Lufa-Lufa e a verde com uma serpente de prata da Sonserina. Lyra cravou seus olhos por longos segundos na parte da Sonserina, e uma onda de orgulho tomou conta dela.
Por trás da mesa dos professores, a maior bandeira de todas tinha o brasão de Hogwarts: leão, águia, texugo e serpente unidos em torno de uma grande letra "H".
A Malfoy andou calmamente até a mesa das Serpentes, com um grande sorriso estampado no rosto. A verdade é que a garota está estranhamente aliviada, como se tivesse tirado uma tonelada das costas. Ela não sentia mais aquela culpa toda do que tinha acontecido anos atrás, ela não se importava do que as pessoas pensam ao ver ela, Lyra estava... Normal.
Ela só sentia-se feliz, só isso.
Quando chegou na mesa verde, a primeira pessoa que ela viu foi Alvo Potter, que estava com sua matinal cara de sono. Por um ato inesperado, Alvo ficou totalmente acordado e com seu coração quase saindo pela boca.
Lyra Malfoy estava o abraçando.
Scorpius, que estava sentado em frente aos dois, arregalou os olhos e abriu a boca. Mil coisas se passaram na mente dele, porém, nada fazia sentido. Uma única pergunta estava estampado nos olhos do Malfoy:
Por que raios ela abraçou ele?
Depois de longos dois minutos, Lyra soltou o Potter, que estava pálido e com os olhos arregalados. Ele abriu a boca várias vezes tentando proferir uma única palavra, mas nada saiu.
A loira olhou ele e abriu um sorriso, mostrando os dentes extremamente alinhados e brancos. Com certeza isso não se vê todo dia, para ver a loira sorrindo algo muito sério aconteceu.
Ou então não é a Lyra Malfoy.
ㅡ Tá legal, quem é você? ㅡ Potter perguntou, enquanto encarava a loira.
Lyra não deu de ombros, direcionando o seu sorriso à Rose, que estava sentada na mesa dos leões. A ruiva não estranho o ato da amiga, afinal, elas tinham passado a noite acordadas na Torre da Astronomia, falando sobre a vida.
ㅡ O que vocês acham de nós sentarmos junto com a Rose? ㅡ Scorpius, que estava bebendo suco de uva, se engasgou e começou a tossir sem parar. Alvo, que estava levando uma garfada até a boca, parou o garfo no meio do caminho. Ambos encararam a Lyra.
ㅡ Tudo bem, já descobrimos que você é uma Lyra falsa, agora vá embora antes que eu fale para o Dumbledore que você está usando Poção Polissuco. ㅡ A voz de Scorpius se fez presente, fazendo a irmã soltar um pequeno riso.
ㅡ Não sou uma Lyra falsa, apenas pensei em dar uma chance aos Grifinórios... ㅡ Falou, enquanto passava o olhar na mesa vermelha.
Os olhos da garota pousaram em Harry Potter, que agora falava algo com os gêmeos Weasley's. Lyra abriu um sorriso involuntário, lembrando que logo o sorriso que o garoto estampava no rosto irá morrer.
Seu olhar foi de encontro a mesa dos Lufanos, no qual ela pôde ver Cedrico Diggory. Uma pontada de pena se fez presente no coração da garota, pois logo o Lufano irá morrer.
Mas o pensamento foi esquecido quando um ruído de asas que vinha do alto anúnciou a chegada do correio.
Alvo pela primeira vez viu a coruja de seu pai, Edwiges, pousada no ombro do mesmo. Na pata estava uma carta amarrada, e Alvo soube que era uma carta de Sirius Black. Um pequeno sorriso se fez presente no rosto do Potter Júnior, pensando no que seria se Edwiges e Sirius ainda estivessem vivos.
Provavelmente o Black seria um velho ranzinza, que reclama vinte e quatro horas por dia.
Havia uma sensação de agradável expectativa no ar aquele dia. Ninguém prestou muita atenção às aulas, pois estavam bem mais interessados na chegada das comitivas de Beauxbatons e Durmstrang à noite.
Quando a sineta tocou mais cedo, Lyra, Scorpius e Alvo desceram depressa para as masmorras, indo para o Salão Comunal da Sonserina, largaram as mochilas e os livros, conforme as instruções que tinham recebido, vestiram as capas e desceram correndo para o saguão de entrada, no qual os diretores das Casas estavam organizando os alunos em filas.
ㅡ Potter, endireite a gravata ㅡ disse o professor Snape secamente a Alvo.
- Sigam-me. - mandou o professor - Alunos da primeira série à frente... Sem empurrar...
Eles desceram os degraus da entrada e se enfileiraram diante do castelo. Fazia um fim de tarde frio e límpido; o crepúsculo vinha chegando devagarinho e uma lua pálida e transparente já brilhava sobre a Floresta Proibida. Lyra, postada entre Alvo e Scorpius na quints fileira
da frente para trás, viu Rose Weasley trêmula enquanto olhava para a sua mãe, Hermione Granger, ao seu lado.
ㅡ Quase seis horas... ㅡ comentou Scorpius, verificando o relógio e depois espiando o caminho que levava aos portões da escola.
ㅡ Relamente não tem graça nós sabermos o que vai acontecer, não é? ㅡ Alvo falou, olhando em volta e vendo todos os alunos se perguntando como que Durmstrang e Beauxbatons vão chegar.
Os garotos examinavam atentos os jardins cada vez mais escuros, mas nada se movia; tudo estava quieto, silencioso, como sempre. Lyra começava a sentir frio. Desejou que os visitantes chegassem logo...
E então Dumbledore falou em voz alta da última fileira, onde aguardava com os outros professores:
ㅡ Aha! A não ser que eu muito me engane, a delegação de Beauxbatons está chegando!
ㅡ Onde? ㅡ perguntaram muitos alunos ansiosos, olhando em diferentes direções.
ㅡ Ali! ㅡ gritou um aluno da sexta série, apontando para o céu sobre a Floresta.
Alguma coisa grande, muito maior do que uma vassoura - ou, na verdade, cem vassouras -, voava em alta velocidade pelo céu azul-escuro em direção ao castelo, e se tornava cada vez maior.
ㅡ É um dragão! ㅡ gritou esganiçada uma aluna da primeira série, perdendo completamente a cabeça.
ㅡ Deixa de ser burra... é uma casa voadora! ㅡ disse um outro garoto do primeiro ano.
O palpite do garoto estava mais próximo, Lyra sabia disso. Quando a sombra gigantesca e escura sobrevoou
as copas das árvores da Floresta Proibida, e as luzes que brilhavam nas janelas do castelo a iluminaram, eles viram uma enorme carruagem azul-clara do tamanho de um casarão, que voava para eles, puxada por doze cavalos alados, todos baios, cada um parecendo um elefante de tão grande.
As três primeiras fileiras de alunos recuaram quando a carruagem foi baixando para pousar a uma velocidade fantástica - então, com um baque estrondoso que fez um garoto da Grifinória saltar para trás e pisar no pé de um aluno da quinta série da Sonserina, do qual Lyra nunca tinha visto -, os cascos dos cavalos, maiores que pratos, bateram no chão.
Um segundo mais tarde, a carruagem também pousou, balançando sobre as imensas rodas, enquanto os cavalos dourados agitavam as cabeçorras e reviravam os grandes olhos cor de fogo.
Lyra só teve tempo de ver que a porta da carruagem tinha um brasão (duas varinhas cruzadas, e de cada uma saíam três estrelas) antes que ela se abrisse.
Um garoto de vestes azul-claras saltou da carruagem, curvado para a frente, mexeu por um momento em alguma coisa que havia no chão da carruagem e abriu uma escadinha de ouro. Em seguida, recuou respeitosamente. Então Lyra viu um sapato preto e lustroso sair de dentro da carruagem - um sapato do tamanho de um trenó de criança - acompanhado, quase
imediatamente, pela maior mulher que ela já vira na vida. O tamanho da carruagem e dos cavalos ficou imediatamente explicado.
Lyra só vira, até então, uma pessoa tão grande quanto essa mulher: Hagrid; ela duvidou que houvesse dois centímetros de diferença na altura dos dois. Mas, por alguma razão, esta mulher (agora ao pé da escada, que olhava para as pessoas que a esperavam de olhos arregalados) parecia ainda mais
anormalmente grande. Ao entrar no círculo de luz projetado pelo saguão de entrada, ela revelou um rosto bonito de pele morena, grandes olhos negros que pareciam líquidos e um
nariz um tanto bicudo. Seus cabelos estavam puxados para trás e presos em um coque na nuca.
Vestia-se da cabeça aos pés de cetim negro, e brilhavam numerosas opalas em seu pescoço e nos dedos grossos.
Dumbledore começou a aplaudir; os estudantes, acompanhando a deixa, prorromperam em palmas, muitos deles nas pontas dos pés, para poder ver melhor a mulher. O rosto dela se descontraiu em um gracioso sorriso e ela se dirigiu a Dumbledore, estendendo a mão faiscante de anéis. O diretor, embora alto, mal precisou se curvar para beijar-lhe a mão.
ㅡ Minha cara Madame Maxime! ㅡ disse. ㅡ Bem-vinda a Hogwarts.
ㅡ Dumbly-dorr. ㅡ disse Madame Maxime, com uma voz grave. ㅡ Esperro encontrrá-lo de
boa saúde.
ㅡ Excelente, obrigado. ㅡ respondeu Dumbledore.
ㅡ Meus alunos. ㅡ disse Madame Maxime, acenando descuidadamente uma de suas enormes
mãos para trás.
Lyra, cuja atenção estivera focalizada inteiramente em Madame Maxime, reparou, então, que uns doze garotos e garotas - todos, pelo físico, no fim da adolescência - haviam descido da carruagem e agora estavam parados atrás de Madame Maxime. Eles tremiam de frio, o que não surpreendia, pois suas vestes eram feitas de finíssima seda e nenhum deles usava capa. Alguns tinham enrolado echarpes e xales na cabeça. Pelo que Lyra pôde ver de seus rostos, eles olhavam para o castelo, com uma expressão apreensiva.
ㅡ Karrkarroff já chegou? ㅡ perguntou Madame Maxime.
ㅡ Deve estar aqui a qualquer momento. ㅡ disse Dumbledore. ㅡ Gostaria de esperar aqui para
recebê-lo ou prefere entrar para se aquecer um pouco?
ㅡ Me aquecerr, acho. Mas os cavalos...
ㅡ O nosso professor de Trato das Criaturas Mágicas ficará encantado de cuidar deles ㅡ disse Dumbledore ㅡ assim que terminar de resolver um probleminha que ocorreu com alguns de seus outros... protegidos.
ㅡ Meus corrcéis ecsigem... hum... um trratadorr forrte ㅡ disse Madame Maxime, com uma expressão de dúvida quanto à capacidade de um professor de Trato das Criaturas Mágicas em Hogwarts para dar conta da tarefa. ㅡ Eles son muito forrtes...
ㅡ Posso lhe assegurar que Hagrid poderá cuidar da tarefa. ㅡ disse o diretor, sorrindo.
ㅡ Ótimo ㅡ disse Madame Maxime, fazendo uma ligeira reverência ㅡ, por favorrr inforrrme a esse Agrid que os cavalos só bebem uísque de um malte.
ㅡ Farei isso ㅡrespondeu Dumbledore, retribuindo a reverência.
ㅡ Venham ㅡ disse Madame Maxime imperiosamente aos seus alunos e o pessoal de Hogwarts se afastou para deixá-los subir os degraus de pedra.
Os alunos de Hogwarts continuaram parados, agora tremendo um pouco de frio, à espera da delegação de
Durmstrang. A maioria das pessoas contemplava o céu, esperançosa.
Durante alguns minutos, o silêncio só foi interrompido pelos cavalões de Madame Maxime que resfolegavam e pateavam. Mas então...
ㅡ Vocês estão ouvindo alguma coisa? ㅡ perguntou Alvo de repente.
Lyra prestou atenção; um barulho alto e estranho chegava até eles através da escuridão; um ronco abafado mesclado a um ruído de sucção, como se um imenso aspirador de pó estivesse se deslocando pelo leito de um rio...
ㅡ O lago! ㅡ berrou um garoto da Grifinória apontando. - Olhem para o lago!
De sua posição, no alto dos gramados, de onde descortinavam a propriedade, Lyra tinha uma visão desimpedida da superfície escura e lisa da água - exceto que ela repentinamente deixara de ser lisa.
Ocorria alguma perturbação no fundo do lago; grandes bolhas se formavam
no centro, e suas ondas agora quebravam nas margens de terra - e então, bem no meio do lago, apareceu um rodamoinho, como se alguém tivesse retirado uma tampa gigantesca do seu leito...
Algo que parecia um pau comprido e preto começou a emergir lentamente do rodamoinho... E então Lyra avistou o velame...
- É um mastro! - disse ela a Scorpius e Alvo.
Lenta e imponentemente o navio saiu das águas, refulgindo ao luar. Tinha uma estranha aparência esquelética, como se tivesse ressuscitado de um naufrágio, e as luzes fracas e enevoadas que brilhavam nas escotilhas lembravam olhos fantasmagóricos. Finalmente, com
uma grande espalhação de água, o navio emergiu inteiramente, balançando nas águas turbulentas, e começou a deslizar para a margem.
Alguns momentos depois, ouviram a âncora ser atirada na água rasa e o baque surdo de um pranchão ao ser baixado sobre a margem.
Havia gente desembarcando, os garotos viram silhuetas passarem pelas luzes das escotilhas. Os recém-chegados pareciam ter físicos semelhantes aos de Crabbe e Goyle... Mas então, quando subiram as encostas dos jardins e chegaram mais próximos à luz que saía do saguão de entrada, Lyra viu que aquela aparência maciça se devia às capas de peles de fios longos e despenteados que estavam usando. Mas o homem que os conduzia ao castelo usava peles de um outro tipo; sedosas e prateadas como os seus cabelos.
ㅡ Dumbledore! ㅡ cumprimentou ele cordialmente, ainda subindo a encosta. ㅡ Como vai, meu caro, como vai?
ㅡ Otimamente, obrigado, Prof. Karkaroff.
O homem tinha uma voz ao mesmo tempo engraçada e untuosa; quando ele entrou no círculo de luz das portas do castelo, Lyra viu que era alto e magro como Dumbledore, mas seus cabelos brancos eram curtos, e a barbicha (que terminava em um cachinho) não escondia inteiramente o seu queixo fraco. Quando alcançou Dumbledore, apertou-lhe a mão com as suas duas.
ㅡ Minha velha e querida Hogwarts! ㅡ exclamou, erguendo os olhos para o castelo e sorrindo; seus dentes eram um tanto amarelados, e Lyra reparou que seu sorriso não abrangia os olhos, que permaneciam frios e astutos. ㅡ Como é bom estar aqui, como é bom... Vítor, venha, venha para o calor... Você não se importa, Dumbledore? Vítor está com um ligeiro resfriado...
Karkaroff fez sinal para um de seus estudantes avançar. Quando o rapaz passou, Lyra viu de relance um nariz grande e curvo e sobrancelhas escuras e espessas.
ㅡ E aí está o grande Vítor Krum! ㅡ Alvo falou debochado, enquanto analisava o mesmo.
Quando eles atravessaram o saguão com os demais alunos de Hogwarts, a caminho do Salão Principal, Lyra viu um garoto pulando nas pontas dos pés para conseguir ver melhor a nuca de Krum.
Várias garotas do sexto ano apalpavam freneticamente os bolsos enquanto andavam:
ㅡ Ah, não acredito, não trouxe uma única pena comigo... Você acha que ele assinaria o meu chapéu com batom?
ㅡ Francamente! ㅡ exclamou Lyra com ar de superioridade, ao passarem pelas garotas, agora disputando o batom.
ㅡ Vou pedir um autógrafo a ele se puder ㅡ disse Alvo ㅡ, você tem uma pena, Scorpius?
ㅡ Não, deixei todas lá em cima na mochila. ㅡ respondeu o loiro.
Os garotos se dirigiram à mesa da Sonserina e se sentaram. Scorpius tomou o cuidado de se sentar de frente para a porta, porque Krum e seus colegas de Durmstrang ainda estavam parados ali, aparentemente sem saber onde se sentar.
Os alunos de Beauxbatons tinham
escolhido lugares à mesa da Corvinal. Corriam os olhos pelo Salão Principal com uma expressão triste no rosto. Três deles ainda seguravam as echarpes e xales que cobriam a cabeça.
- Não está fazendo tanto frio assim - comentou Lyra que os observava.
Vítor Krum e os colegas de Durmstrang tinham se acomodado à mesa da Sonserina. Lyra acompanhou eles com o olhar e viu que Draco, Crabbe e Goyle pareciam muito cheios de si com isso. Enquanto a garota
observava, Malfoy se curvou para falar com Krum.
Os alunos de Durmstrang estavam despindo os pesados casacos de peles e olhando para o teto escuro e estrelado com expressões de interesse; uns dois seguravam os pratos e taças de ouro e examinavam-nos, aparentemente impressionados.
Na mesa dos funcionários, Filch, o zelador, acrescentava cadeiras. Estava usando a velha casaca mofada em homenagem à ocasião.
Depois que todos os estudantes tinham entrado no salão e sentado às mesas das Casas, vieram os professores, que se dirigiram à mesa principal e se sentaram. Os últimos da fila foram o Prof. Dumbledore, o Prof. Karkaroff e Madame Maxime.
Quando a diretora apareceu, os alunos de Beauxbatons se levantaram imediatamente. Alguns alunos de Hogwarts riram. A delegação de Beauxbatons não pareceu se constranger nem um pouco e não tornou a se sentar até que Madame Maxime estivesse acomodada do lado esquerdo de Dumbledore. Este, porém, continuou em pé e o Salão Principal ficou silencioso.
ㅡ Boa-noite, senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes ㅡ disse Dumbledore sorrindo para os alunos estrangeiros. ㅡ Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos. Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa.
Uma das garotas de Beauxbatons, ainda segurando o xale na cabeça, deu uma inconfundível risadinha de zombaria.
ㅡ O torneio será oficialmente aberto no fim do banquete ㅡ disse Dumbledore. ㅡ Agora convido todos a comer, beber e se fazer em casa! ㅡ Ele se sentou, e Lyra viu Karkaroff se curvar na mesma hora para a frente e iniciar uma conversa com o diretor.
As travessas diante deles se encheram de comida como de costume. Os elfos domésticos na cozinha pareciam ter se excedido; havia uma variedade de pratos à mesa que Alvo jamais
vira, inclusive alguns decididamente estrangeiros.
ㅡ Que é isso? ㅡ disse Alvo, apontando uma grande travessa com uma espécie de ensopado de frutos do mar ao lado de um grande pudim de carne e rins.
ㅡ Bouillabaisse ㅡ disse Lyra. ㅡ É francesa ㅡ explicou a garota. ㅡ Comi nas férias, no penúltimo verão, é muito gostosa.
ㅡ Acredito ㅡ retrucou Alvo, servindo-se de chouriço de sangue.
De alguma forma o Salão Principal parecia muito mais cheio do que de costume, ainda que só houvesse umas vinte pessoas a mais ali; talvez porque os uniformes de cores diferentes se
destacassem tão claramente contra o preto das vestes de Hogwarts. Agora que tinham despido as peles, os alunos de Durmstrang deixavam ver que usavam vestes de um intenso
vermelho sangue.
ㅡ Nós não deveríamos falar sobre as mortes? Tipo, talvez devêssemos avisar para Cedrico não colocar o nome dele no cálice... ㅡ Scorpius comentou, enquanto olhava para a mesa da Lufa-Lufa.
ㅡ Acha que ele escutaria a gente? ㅡ Lyra rebateu. ㅡ Somos apenas três adolescentes da Sonserina.
ㅡ O que a nossa Casa tem a ver? ㅡ Alvo interveio.
ㅡ Ah, eu não sei, Potter! Talvez por que ele vai achar que estamos fazendo isso para alguém da Sonserina entrar no torneio? ㅡ Lyra falou como se fosse óbvio, algo que realmente é.
A garota olhou para mesa dos professores, e as duas cadeiras que estavam vazias acabavam de ser ocupadas. Ludo Bagman sentou-se agora do outro lado do Prof. Karkaroff enquanto o Sr. Crouch, ficou ao lado de Madame Maxime.
Quando o segundo prato chegou, os garotos repararam que havia diversos pudins desconhecidos, também. Alvo examinou um tipo esquisito de manjar branco mais atentamente.
Depois que os pratos de ouro foram limpos, Dumbledore se levantou mais uma vez. Neste momento, uma agradável tensão pareceu invadir o salão.
ㅡ Chegou o momento ㅡ disse Dumbledore, sorrindo para o mar de rostos erguidos. ㅡ O Torneio Tribruxo vai começar. Eu gostaria de dizer algumas palavras de explicação antes de mandar trazer o escrínio... Apenas para esclarecer as regras que vigorarão este ano. Mas, primeiramente, gostaria de apresentar àqueles que ainda não os conhecem o Sr. Bartolomeu Crouch, Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia ㅡ Houve vagos e educados aplausos ㅡ, e o Sr. Ludo Bagman, Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.
Houve uma rodada mais ruidosa de aplausos para Bagman do que para Crouch, talvez por
sua fama de batedor ou simplesmente porque ele parecia muito mais simpático. Ele agradeceu
com um aceno jovial. Bartolomeu Crouch não sorriu nem acenou quando seu nome foi
anunciado, seu bigode à escovinha e a risca exata nos cabelos pareciam muito esquisitos ao lado dos longos cabelos e barbas de Dumbledore.
ㅡ Nos últimos meses, o Sr. Bagman e o Sr. Crouch trabalharam incansavelmente na
organização do Torneio Tribruxo ㅡ Continuou Dumbledore ㅡ e se juntarão a mim, ao Prof.
Karkaroff e à Madame Maxime na banca que julgará os esforços dos campeões.
À menção da palavra "campeões", a atenção dos estudantes que ouviam pareceu se aguçar.
Talvez Dumbledore tivesse notado essa repentina imobilidade, porque ele sorriu e disse:
ㅡO escrínio, então, por favor, Sr. Filch.
Filch, que andara rondando despercebido um extremo do salão, se aproximou então de
Dumbledore, trazendo uma arca de madeira, incrustada de pedras preciosas. Tinha uma
aparência extremamente antiga. Um murmúrio de interesse se elevou das mesas dos alunos;
alguns alunos do primeiro ano subiram nas cadeiras, mas por serem tão, suas cabeças mal ultrapassaram a dos outros.
ㅡ As instruções para as tarefas que os campeões deverão enfrentar este ano já foram
examinadas pelos Srs. Crouch e Bagman ㅡ Disse Dumbledore, enquanto Filch depositava a
arca cuidadosamente na mesa à frente do diretor ㅡ, e eles tomaram as providências
necessárias para cada desafio. Haverá três tarefas, espaçadas durante o ano letivo, que
servirão para testar os campeões de diferentes maneiras... sua perícia em magia, sua coragem,
seus poderes de dedução e, naturalmente, sua capacidade de enfrentar o perigo.
A esta última palavra, o salão mergulhou num silêncio tão absoluto que ninguém parecia
estar respirando.
ㅡ Como todos sabem, três campeões competem no torneio ㅡ Continuou Dumbledore calmamente ㅡ, um de cada escola. Eles receberão notas por seu desempenho em cada uma das tarefas do torneio e aquele que tiver obtido o maior resultado no final da terceira tarefa ganhará a Taça Tribruxo. Os campeões serão escolhidos por um juiz imparcial... o Cálice de Fogo.
Dumbledore puxou então sua varinha e deu três pancadas leves na tampa do escrínio. A tampa se abriu lentamente com um rangido. O bruxo enfiou a mão nele e tirou um grande cálice
de madeira toscamente talhado. Teria sido considerado totalmente comum se não estivesse cheio até a borda com chamas branco-azuladas, que davam a impressão de dançar.
Dumbledore fechou o escrínio e pousou cuidadosamente o cálice sobre a tampa, onde seria visível a todos no salão.
ㅡQuem quiser se candidatar a campeão deve escrever seu nome e escola claramente em um pedaço de pergaminho e depositá-lo no cálice. ㅡ Disse Dumbledore. ㅡ Os candidatos terão vinte e quatro horas para apresentar seus nomes. Amanhã à noite, Festa das Bruxas, o cálice devolverá o nome dos três que ele julgou mais dignos de representar suas escolas. O cálice será colocado no saguão de entrada hoje à noite, onde estará perfeitamente acessível a todos que queiram competir.
"Para garantir que nenhum aluno menor de idade ceda à tentação", continuou Dumbledore, "traçarei uma linha etária em volta do Cálice de Fogo depois que ele for colocado no saguão. Ninguém com menos de dezessete anos conseguirá atravessar a linha. E, finalmente, gostaria de incutir nos que querem competir, que ninguém deve se inscrever neste torneio levianamente. Uma vez escolhido pelo Cálice de Fogo, o campeão ficará obrigado a prosseguir até o final do torneio. Colocar o nome no cálice é um ato contratual mágico. Não pode haver mudança de ideia, uma vez que a pessoa se torne campeã. Portanto, procurem se certificar de que estão preparados de corpo e alma para competir, antes de depositar seu nome no cálice. Agora, acho que já está na hora de irmos nos deitar. Boa-noite a todos."
ㅡ Até que enfim isso acabou, não aguentava mais ficar ali ouvindo sobre o torneio e blá blá blá. ㅡ Alvo falou, se levantando logo em seguida. ㅡ Qual é? Por que nós não podemos ficar nos nossos dormitórios? Já sabemos de tudo isso mesmo, não mudaria nada se a gente ficasse lá... ㅡ Lyra parou de prestar atenção na reclamação do Potter Júnior, para prestar atenção no que o diretor de Durmstrang falava:
ㅡ Voltamos ao navio, então.Vítor, como é que você está se sentindo? Comeu o suficiente? Devo mandar buscar um pouco de quentão na cozinha?
Lyra viu Krum sacudir negativamente a cabeça e tornar a vestir as peles.
ㅡ Professor, eu gostaria de beber um pouco de vinho ㅡ disse outro garoto de Durmstrang esperançoso.
ㅡ Eu não ofereci a você, Poliakoff ㅡ retorquiu Karkaroff, seu caloroso ar paternal desaparecendo instantaneamente. ㅡ Vejo que derramou comida nas vestes outra vez, moleque porcalhão...
Lyra viu o momento em que o grandioso Harry Potter parou de andar para deixar Karkaroff passar pela porta. O diretor de Durmstrang agradeceu, olhando para o Potter, e então o bruxo estacou. Tornou a virar a cabeça para Harry e encarou-o como se não pudesse acreditar no que via. Atrás do diretor, os alunos de Durmstrang pararam também. Os olhos de Karkaroff percorreram lentamente o rosto de Harry e se detiveram na cicatriz. Os alunos de Durmstrang miraram Harry cheios de curiosidade, também.
Lyra viu que alguns faziam cara de terem finalmente entendido. O garoto que sujara as vestes de comida cutucou uma colega ao seu lado e apontou abertamente para a testa de Harry.
ㅡ É, é o Harry Potter, sim - disse alguém com um rosnado às costas deles.
O Prof. Karkaroff virou-se completamente. Olho-Tonto Moody se achava parado ali, apoiado pesadamente na bengala, o olho mágico encarando sem piscar o diretor de Durmstrang. A cor se esvaiu do rosto de Karkaroff enquanto Lyra observava a cena. Uma expressão terrível, em que se misturavam a fúria e o medo, perpassou o rosto do homem.
ㅡ Você! ㅡ Exclamou ele, encarando Moody como se duvidasse de que realmente o via.
ㅡ Eu. ㅡ Disse Moody sério. ㅡ E a não ser que tenha alguma coisa a dizer a Potter, Karkaroff, você talvez queira continuar andando. Está bloqueando a porta.
Era verdade; metade dos estudantes no salão aguardava atrás deles, espiando por cima dos ombros uns dos outros para ver o que estava causando o engarrafamento. Sem dizer mais uma palavra, o Prof. Karkaroff arrebanhou seus alunos e saiu. Moody observou-o desaparecer de vista, seu olho mágico fixando as costas do bruxo, uma expressão de intenso desagrado em seu rosto mutilado.
[...]
Como o dia seguinte era sábado, normalmente a maioria dos estudantes teria tomado o café da manhã mais tarde. Lyra, porém, não foi a única a se levantar muito mais cedo do que costumavam nos fins de semana. Quando desceu para o saguão, viu umas vinte pessoas andando por ali, alguns comendo torrada, todos examinando o Cálice de Fogo. A peça fora colocada no centro do saguão sobre o banquinho que era usado para o Chapéu Seletor. Uma fina linha dourada fora traçada no chão, formando um círculo de uns três metros de raio.
ㅡ Alguém já depositou o nome? ㅡ Perguntou Lyra a uma aluna do terceiro ano.
ㅡ Todo o pessoal da Durmstrang ㅡ Respondeu ela. ㅡ Mas ainda não vi ninguém de Hogwarts.
Lyra agradeceu e foi até o canto da sala, onde pegou um pequeno livro e começou a anotar sobre o dia de ontem. A Malfoy se irritava quando alguém dizia que o livro é um diário, pois na cabeça dela é somente um livro de anotações, que talvez em algum dia leve a ser algo bem mais precioso.
Foi então que algo chamou a atenção da garota loira, um garoto ruivo estava parado em frente à linha etária, balançando-se nas pontas dos pés como um mergulhador se preparando para um salto de quinze metros. Depois, acompanhado pelo olhar de todos que estavam no saguão, ele respirou fundo e atravessou a linha.
Por uma fração de segundo, Lyra achou que a coisa dera certo -outro garoto ruivo certamente pensara o mesmo, porque soltou um berro de triunfo e correu atrás do irmão -, mas no momento seguinte, ouviram um chiado forte e os gêmeos foram arremessados para fora do círculo dourado, como bolas de golfe. Eles aterrissaram dolorosamente, a dez metros de distância no frio chão de pedra e, para piorar a situação, ouviram um forte estalo e brotaram nos dois longas barbas brancas e idênticas.
O saguão de entrada ecoou de risadas. Até os gêmeos riram depois de se levantarem e dar uma boa olhada nas barbas um do outro.
ㅡ Eu avisei a vocês ㅡ Disse uma voz grave e risonha, ao que todos se viraram e deram com o Prof. Dumbledore saindo do Salão Principal. Ele examinou Fred e Jorge, com os olhos cintilando. ㅡ Sugiro que os dois procurem Madame Pomfrey. Ela já está cuidando da Srta. Fawcett da Corvinal e do Sr. Summers da Lufa-Lufa, que também resolveram envelhecer um pouquinho. Embora eu deva dizer que as barbas deles não são tão bonitas quanto as suas.
Os ruivos seguiram para a ala hospitalar acompanhados por um outro garoto, que rolava de rir. Aproveitando a deixa, Lyra caminhou até o Salão Principal, estampando um pequeno sorriso.
A decoração no Salão Principal estava mudada essa manhã. Como era o Dia das Bruxas, uma nuvem de morcegos vivos esvoaçava pelo teto encantado, enquanto centenas de abóboras esculpidas riam-se em cada canto.
Lyra rolou os olhos quando escutou o pessoal da Sonserina falando que não podem deixar de jeito nenhum alguém da Grifinória ser um campeão. De longe, Lyra viu Rose caminhar em sua direção, a ruiva tinha um pequeno sorriso nos cantos do lábio.
ㅡ Parece que alguém está toda feliz... Posso saber o que aconteceu? ㅡ Lyra perguntou, quando a ruiva sentou-se na sua frente.
ㅡ Scorpius Malfoy que aconteceu! ㅡ E então, de repente, Rose fechou o sorriso e ficou brava. ㅡ Você por acaso sabe o que aconteceu ontem?
A loira levantou uma sobrancelha, já desconfiando do que havia acontecido.
ㅡ Parece que eu sei?
ㅡ Seu irmão me beijou, Lyra! Ai meu Merlin, Scorpius Malfoy me beijou! Meu pai vai matar ele, eu tenho certeza. ㅡ Rose disparou, sem parar para poder respirar.
ㅡ Você gostou? ㅡ Lyra perguntou, cortando o discurso que a ruiva faria. A Weasley parou abruptamente de falar e encarou a loira como se ela fosse louca.
ㅡ Se eu gostei? ㅡ Rose repetiu, só para ter certeza de que tinha escutado certo. A loira confirmou. ㅡ Esse é a pior parte! Eu gostei, Lyra, eu gostei! Meu Merlin, o que fiz para merecer isso? Droga, droga, droga! Meu pai vai me matar, e depois vai matar Scorpius! Merlin, eu esqueci que ele é um Malfoy! Você tem noção de que os Malfoy's não gostam da minha família?
ㅡ Sim, eu tenho.
ㅡ Não, você não tem. Eles odeiam a minha família, e certamente vão me odiar. E meus pais? Meu pai vai ter uma parada cardíaca e minha mãe vai dar chilique. Meu Merlin, eu esqueci que os Malfoy's eram Comensais da Morte e lutaram contra a minha família, eles vão ressuscitar Voldemort para me matar...
A loira olhava Rose com o cenho franzido, a verdade é que ela tem uma enorme vontade de rir, mas certamente a ruiva a sua frente a mataria.
Rose com certeza esqueceu que Lyra também é uma Malfoy.
ㅡ Acho que os Malfoy's não fariam isso. ㅡ Lyra falou, para ver se a garota a sua frente lembrava que ela está falando com uma Malfoy.
ㅡ Você não os conhece, Lyra. Não sabe do que eles são capazes. ㅡ A loira abriu um sorriso, não acreditando no que a sua amiga falou.
ㅡ Prazer, Lyra Malfoy. ㅡ Ela estendeu a mão na direção da ruiva, que parecia finalmente ter acordado.
ㅡ Ai meu Merlin, eu... Não queria ter dito aquilo, na verdade eu queria, mas é que eu estou nervosa, não era para Scorpius ter me beijado e...
ㅡ Rose, chega! Meus pais não vão ressuscitar Voldemort nem nada, e certamente seu pai não te mataria, já que você é a princesinha dele. Scorpius te beijou, você gostou, pronto! Encare os fatos, você gosta dele e ele gosta de você, não vejo o motivo de não ficarem juntos. ㅡ Lyra falou, para logo depois começar a comer.
ㅡ Como você acha que Hogwarts reagiria?
ㅡ Acho que seria o acontecimento do século. Mas se vocês se assumirem nessa época, acho bem capaz do meu pai e o seu pai matarem o Scorpius.
[...]
Lá pelas cinco horas começou a escurecer, e Lyra decidiu que já era hora de voltar ao Salão Principal para a festa de Dia das Bruxas - e, o que era mais importante, para o anúncio de quem seriam os campeões das escolas.
A Festa das Bruxas pareceu durar muito mais do que habitualmente. Como todas as pessoas no salão, a julgar pelas constantes espichadas de pescoços, as expressões impacientes nos rostos, o desassossego de todos que se levantavam para ver se Dumbledore já acabara de comer, Lyra simplesmente queria que os pratos fossem retirados e os nomes dos campeões anunciados.
Depois de muito tempo, os pratos voltaram ao estado de limpeza inicial; houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no salão, que caiu quase instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. A cada lado dele, o Prof. Karkaroff e Madame Maxime pareciam tão tensos e ansiosos quanto os demais. Ludo Bagman sorria e piscava para vários alunos. O Sr. Crouch, porém, parecia bastante desinteressado, quase entediado.
ㅡ Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir ㅡ Disse Dumbledore. ㅡ Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado ㅡ Ele indicou a porta atrás da mesa ㅡ, onde receberão as primeiras instruções.
Ele puxou, então, a varinha e fez um gesto amplo; na mesma hora todas as velas, exceto as que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra.
O Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observavam à espera... Alguns consultavam os relógios a todo momento...
ㅡ A qualquer segundo agora ㅡ sussurrou Alvo Potter, sentado ao lado de Lyra e Scorpius.
As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar. Começaram a soltar faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado - o salão inteiro prendeu a respiração. Dumbledore apanhou o pergaminho e segurou-o à distância do braço, de modo a poder lê-lo à luz das chamas, que voltaram a ficar branco-azuladas.
ㅡ O campeão de Durmstrang ㅡ Leu ele em alto e bom som ㅡ será Vítor Krum.
ㅡ Grande surpresa! ㅡ Berrou Alvo, ao mesmo tempo que uma tempestade de aplausos e vivas percorreu o salão. Lyra viu Vítor Krum se levantar da mesa da Sonserina e se encaminhar com as costas curvas para Dumbledore; ele virou à direita, passou diante da mesa dos professores e desapareceu pela porta que levava à câmara vizinha.
ㅡ Bravo, Vítor! ㅡ Disse Karkaroff com a voz tão retumbante que todos puderam ouvi-lo apesar dos aplausos. ㅡ Eu sabia que você era capaz!
Os aplausos e comentários morreram. Agora todas as atenções tornaram a se concentrar no Cálice de Fogo, que, segundos depois, tornou a se avermelhar. Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro dele, lançado pelas chamas.
ㅡ O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour!
A garota que parecia uma veela levantou-se graciosamente, sacudiu a cascata de cabelos louro-prateados para trás e caminhou impetuosamente entre as mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa.
Quando Fleur Delacour também desapareceu na câmara vizinha, todos tornaram a fazer silêncio, mas desta vez foi um silêncio tão pesado de excitação que quase dava para sentir seu gosto. O campeão de Hogwarts é o próximo...
E o Cálice de Fogo ficou mais uma vez vermelho; jorraram faíscas dele; a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou o terceiro pedaço de pergaminho.
ㅡ O campeão de Hogwarts ㅡ Anunciou ele ㅡ é Cedrico Diggory!
- Não! - exclamou Lyra em voz alta, mas ninguém a ouviu exceto Alvo e Scorpius; a zoeira na mesa vizinha era grande demais.
Cada um dos alunos da Lufa-Lufa ficou de pé, gritando e sapateando, quando Cedrico passou por eles, um enorme sorriso no rosto, e se encaminhou para a câmara atrás da mesa dos professores. Na verdade, os aplausos para Cedrico foram tão longos que passou algum tempo até que Dumbledore pudesse se fazer ouvir novamente.
ㅡExcelente! ㅡ Exclamou Dumbledore feliz, quando finalmente o tumulto serenou. ㅡ Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem. Torcendo pelos seus campeões, vocês contribuirão de maneira muito real...
Mas Dumbledore parou inesperadamente de falar, e tornou-se óbvio para todos o que o distraíra. O fogo no cálice acabara de se avermelhar outra vez. Expeliu faíscas. Uma longa chama elevou-se subitamente no ar e ergueu mais um pedaço de pergaminho. Com um gesto aparentemente automático, Dumbledore estendeu a mão e apanhou o pergaminho. Ergueu-o e seus olhos se arregalaram para o nome que viu escrito. Houve uma longa pausa, durante a qual o bruxo mirou o pergaminho em suas mãos e todos no salão fixaram o olhar em Dumbledore. Ele pigarreou e leu...
- Harry Potter!
ㅡ É agora que a gente finge surpresa? ㅡ Lyra perguntou, olhando para Alvo e Scorpius, que somente deram de ombros.
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