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3-Emma

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-E ai? Como foi?- Pergunta vovó Olympia assim que fecho o portão atrás de mim. Ela caminhava levemente de canteiro em canteiro regando as alfaces já verdes e boas para comer, os pés de tomate, as salsinhas e todas as outras verduras que cultivava na horta. Ainda faltava o canteiro de margaridas abaixo da minha janela e a de hortênsias abaixo da janela da sala. Vovó sempre teve muito carinho por suas plantas e se preocupava em mandar a galinha longe daquele lugar.

-Bonita!- Exclamo quando ela vem cacarejando em minha direção. Deve ter ouvido o portão rangendo e por isso veio correndo. Seus pequenos olhos pretos estavam fixos em mim apenas aguardando o carinho- Você já a alimentou?

-Estava esperando você chegar para dar comida a ela. A ração está em cima da máquina de lavar.

-Vamos papar Bonita?- Digo com uma voz de criança. A galinha parecia me entender, pois agitou as penas e se voltou para o pequeno galinheiro nos fundos da casa. Ou talvez ela apenas saiba o que a palavra "comida" significa- Pode deixar que eu coloco a ração para ela.

-Ei mocinha. Não fuja da conversa- Vovó pousa o regador no chão com movimentos lentos, já que seu corpo envelhecido dificultava certas ações, e coloca as mãos na cintura- Como foi no colégio?

-Ah... Nem bom e nem ruim- Dou de ombros- Normal, sabe?

-Você conversou com alguém?

Engulo em seco com a pergunta. Eu nunca fui muito de fazer amigos. Gostava de ter companhia, mas a ideia de tentar conversar com alguém me assustava pra caramba. Só de pensar, minhas mãos suam e meu coração fica acelerado. E ninguém fez questão de falar comigo. Nem ao menos perguntaram meu nome.

Eu ouvi algumas risadinhas e comentários vindos do fundo da sala ou das mesas lotadas do refeitório, mas não dei muita bola. Achei que tivessem achado minha jaqueta ridícula ou antiquada demais para minha idade, mas quando parei para ouvir, estavam falando do meu cabelo. "Onde já se viu um cabelo curto desse jeito?" "Ela não é uma menina. Pode ter cara de menina, mas deve ser um garoto" "Já pensaram em perguntar o nome dela?" "Eu não vou falar com ela. Essa garota vai achar que quero amizade com ela ou pior".

-Não.

-Ah, Emma. Você não tem jeito mesmo- Vovó balança a cabeça e desfaz a postura de interrogadora para pegar o regador novamente. Ela parecia decepcionada, mas não profundamente. Dou um passo à frente para voltar a falar. Não queria que minha voz falhasse.

-Eu estava com vergonha. Prometo que tento falar com alguém que senta perto de mim. Nem que seja para pedir uma borracha emprestada ou perguntar o número da página.

-Fica tranquila, Emma. Eles também não devem estar se sentindo seguros para falar com você- A água do regador acaba, as últimas gotas percorrendo uma folha de alface- Aliás, qual atividade extracurricular vai escolher? Sua mãe estava falando sobre as opções ontem à noite quando você foi deitar.

-Ah- Nem sobre isso minha mãe se deu o trabalho de falar- Eu estava pensando em aulas de xadrez. Algo novo.

-Boa escolha. Você é muito inteligente. Tenho certeza de que vai se sair muito bem nos jogos- Ela sorri mostrando todos os dentes brancos da dentadura e caminha até a torneira para encher o novamente o regador.

-Claro. Eu tive a melhor professora.

Outra coisa que é impossível de se escapar quando se mora com a avó é aprender xadrez. Acho que todo velho sabe jogar. Vovó tem tabuleiro enfeitando a mesa de centro da sala, mas todas as peças estão coladas na posição em que foi deixado na última partida que jogou com seu marido. Eu acho uma homenagem bonita, mas ao mesmo tempo muito triste.

-Deixe de ser boba. Agora entre e coma os bolinhos que preparei, mas lembre-se de deixar alguns para seus pais.

Os bolinhos estavam postos sobre a mesa e cobertos por um guardanapo para que os mosquitos não façam a festa. O cheiro deles preenchia a cozinha, fazendo meu estômago roncar e minha boca se encher de saliva. Não havia percebido o quão faminta eu estava.

Pego um bolinho e mordo um pedaço generoso. Seu sabor adocicado fazem meus músculos relaxarem de satisfação e a massa derrete lentamente em minha boca. Ninguém cozinhava tão bem como minha vó.

Logo, Bonita aparece na porta de tela da cozinha, bicando de leve. Havia esquecido totalmente de alimentá-la. Corto pequenos pedaços de bolinho com a mão e jogo para minha galinha comer. Ela bica o chão animadamente e cacareja de felicidade. Até Bonita aprecia a comida da minha vó.

Da porta, conseguia ouvir a movimentação da avenida ao longe. As buzinas soavam com ódio e pressa. Até consigo sentir o calor dos motores esquentando o ar ao redor.

Um barulho um pouco mais alto me faz parar de respirar. O som do pneu contra o asfalto parece com o som que ouvi ontem. O do carro da minha mãe. Será que... Não. O barulho se dissolve no ar em menos de 5 segundos. A esperança de ver minha mãe em casa cedo é esmagada. Eu nem sei o porquê eu as crio, já que sempre decepciono.

Cansada, encho a mão com mais alguns bolinhos e vou para o quarto, mas não antes de fechar a porta de tela para que Bonita não entre. Meu quarto, assim como todo quarto de adolescente, é meu refúgio. O céu estava começando a ficar colorido do lado de fora. O azul estava perdendo lugar para o rosa.

Abro completamente a janela para apreciar a vista e me jogo na cama. Eu gostava do fato de conseguir apreciar o céu deitada. Assisto o sol entrando atrás das nuvens lentamente até desaparecer no horizonte enquanto a avenida esvaziada de pouco em pouco. Nem percebo meus olhos ficando pesados e se fechando aos poucos. Não demora muito para que eu mergulhe em sono leve e barulhento.

*

Deixo a mochila embaixo da minha cadeira para que nenhum sem educação tropece nela pela vigésima vez. O sol entrava suavemente pelas janelas do salão e os raios penetravam a fina cortina branca. O local não era muito grande. Devia ser usado para alguma reunião pequena ou para abrigar materiais. As paredes eram de um branco encardido enquanto o chão era feito de madeira envernizada. Algumas mesas com capacidade para duas pessoas estavam espalhadas pelo ambiente, abrigando alunos que cochichavam com seus colegas.

Como esperado, havia poucas pessoas na aula de xadrez. Algo tão clássico não costuma chamar atenção de adolescentes. Aparentemente, todos haviam conseguido encontrar um par e, pela conversa, eles todos eram conhecidos. Menos eu. Fazia cerca de quinze minutos que a aula havia começado e ninguém tinha se voluntariado para fazer dupla comigo. Eu queria não me importar, mas seria o uma situação ridícula ter que jogar com a professora.

Retiro meus fones de ouvido da bolsa, enfiando os na orelha. Meus pés balançam de acordo com o ritmo da música. Aproveito o momento de imersão para colocar as peças de xadrez no seu lugar. Não tenho dificuldade com isso, pois vovó já havia me ensinado há muito tempo atrás. Olympia está sempre me ensinando sobre a vida.

-Muito bem querida. Vejo que já sabe a posição de cada peça- A voz vem de trás de mim. Uma professora na faixa dos cinquenta anos aparece com um sorriso gentil no rosto. Algumas rugas marcavam sua pele, mas mesmo assim ela parecia ter uma alma jovem. A saia longa balançava com seus movimentos- Pode retirar o fone, por favor?

-Ah... Claro. Me desculpa- Retiro-os rapidamente, as mãos tremendo pelo susto que levei da professora. Ninguém a ensinou que não se pode assustar pessoas assim?

-Tem uma pessoa perguntando se pode fazer dupla com você- Ela vira a cabeça para o lado e eu acompanho seu olhar. Uma garota de cabelos azuis se aproximava lentamente, apertando a alça da mochila e sorrindo torto. Ela não parecia confortável.

-Oi- Diz ela baixinho.

-Espero que vocês sejam boas colegas. Vou dar uma olhada nos outros jogadores- E então, ela sai caminhando suavemente com seu salto baixo.

-Olá.

Em silêncio, a garota de cabelos azuis se senta na cadeira a minha frente e pousa a mochila no colo. Ela mexia os dedos de forma nervosa e parecia evitar olhar em meus olhos. Reparo que ela possui traços bonitos, um rosto definido combinado com um belo par de olhos e uma boca rosa bem desenhada. Algo nela me era familiar.

- Acho que você é da minha sala- Ela diz. Então é dai que eu te conheço- Você não é a aluna nova do segundo ano?

-É. Sou eu mesmo- Abro um sorriso para ela. Talvez essa seja a chance de eu conversar e fazer amizade com alguém- Bem que você não me era estranha. É... Desculpa, eu não sei seu nome.

-Eu sou a Saya. Saya Miller.

-Prazer Saya. Eu sou a Emma. Quer começar a jogar?

-Não. Pode ir primeiro.

Viro o tabuleiro para que o lado branco fique voltado para mim. Estou feliz por Saya ter chegado bem a tempo. Mais um pouco e eu teria que fazer dupla com a professora como uma criança que é excluída pelos colegas. Talvez essa seja quase minha realidade. Ando um pião e olho para Saya.

 -Agora é você- Seus dedos flutuam pelo tabuleiro até que pousam em um pião e o move de forma insegura.

-Desculpa. Eu não sei jogar xadrez- Suas bochechas coram de vergonha, então tento tranquilizá-la com um sorriso.

-Tudo bem. Eu te ensino.

As próximas horas passaram rapidamente. Passei cada minuto ensinando como Saya poderia mexer suas peças e mostrando técnicas para virar um jogo. Ensinei coisas que minha avó havia me ensinado. Depois, jogamos uma partida pata ver se ela havia entendido. Saya se embolou em uma função ou outra, mas eu a corrigia e voltávamos a jogar. Ao final da aula digo a ela que se saiu muito bem para uma primeira vez e suas bochechas coram imediatamente.

-Onde aprendeu a jogar xadrez?- Pergunta enquanto caminhávamos pelo corredor em direção à saída. Era estranho ver as salas de aula vazias. O colégio parecia morto sem os alunos para preenchê-la

-Aprendi com minha avó. Eu moro com ela.

-Ah entendi. Você joga muito bem- Seus olhos cor de mel finalmente encontram os meus depois de muito tempo. Ela parecia não ter coragem de olhar para as pessoas. Eles vão descendo até pousarem na minha jaqueta- Onde você comprou essa jaqueta? Ela é muito maneira.

-Ah. Eu comprei em uma loja qualquer, mas fui eu que bordei as flores- viro de costas para que ela possa ver o restante do bordado preenchendo minhas costas- e as estrelas aqui.

-Caramba. Você é realmente talentosa. Aprendeu com sua avó também?

O céu ainda não estava colorido quando chegamos ao lado de fora. Ele ainda estava azul e o sol esquentava o ambiente. Por sorte, ele estava fazendo uma pausa atrás das nuvens e não iria me derreter até chegar em casa.

-Sim. É inevitável quando se mora com uma. E você? Do que gosta?

-Bem, eu não sou boa em algo como você. Ainda estou procurando e eu espero gostar do xadrez.

-Vai gostar, sim. Você parece ser esperta, logo pega o jeito.

-Mas eu gosto de revistas de fofoca, serve?- Encontro novamente seus olhos cor de mel. Suas bochechas estavam cada vez mais ruborizadas. Acredito que seja pelo calor que estava fazendo do lado de fora.

-Serve- Sorrio de volta para ela- Poxa, você não sabe o quanto eu...

Uma buzina alta interrompe nossa conversa. Nós duas olhamos de um lado para o outro para encontrar o sujeito que quase nos deixou surda.

-Anda logo Saya- Uma moça grita de dentro de um carro preto. Pelo seu tom de voz, ela parecia estar estressada e com muita pressa.

-Desculpa. Eu preciso ir. Até mais.

Saya nem me dá tempo para me despedir, pois corre rapidamente para o outro lado da rua onde sua mãe estava estacionada. Algo dentro de mim murcha depois disso, mas mesmo assim fico feliz por ter feito uma amizade. Eu finjo que não, mas é difícil ir para escola e ver todos conversando menos você. Observo seu carro escuro dar meia volta e descer pela rua na esperança de olhar para seu cabelo azul uma última vez, mas os vidros estão todos fechados.

Poxa, você não sabe o quanto eu estou feliz por ter conversado com alguém.

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