9 - INCERTEZAS
"A sua coragem jamais falhará, ainda que os pavores dos mundos ameace lhe devorar".
—Fragmentos dos Registros Druidas, 533 d. C.
Ser corajosa, ou obstinada nunca foi, para mim, uma questão de escolha, mas sim de necessidade. Eu precisei usar toda coragem que sempre habitou em meu ser, determinada a sobreviver em meio aos vikings. Fui obrigada a conjurar toda minha obstinação e assim evitei a me tornar menos que nada. Dessa forma, depois de anos fazendo uso das minhas habilidades de sobrevivência, eu já não temia nenhum contratempo que o destino pudesse colocar em meu caminho. Temer as circunstâncias da vida, também jamais foi uma opção, por isso estava pronta para enfrentar o banquete em Sessrumnir e tudo que viesse com ele.
Logo que aterrissarmos em nosso destino, novamente senti meu estômago embrulhar por conta do modo — um tanto peculiar — de viagem. Porém, não deixei transparecer o meu desconforto e rapidamente tratei de alinhar minha postura, ajeitando minha veste que ficara bagunçada devido ao pouso.
— Seja bem-vinda a Sessrumnir! — Balder exclamou, animado, abrindo largamente os braços, fazendo-me notar a magnífica beleza do local em que nos encontrávamos.
O palácio era localizado bem no centro de uma esplendorosa floresta que aparentava estar no auge da primavera. Mesmo na leve escuridão da noite, as folhas verdes exibiam uma coloração vibrante, assim como as flores das cores mais diversas cercavam todo o magnifico corredor que levava até o portão principal do salão. No céu, o brilho majestoso da Lua iluminava toda vegetação da floresta, fazendo com que a magia dentro de mim se agitasse, por conta da força da Natureza que me cercava. Ali até poderia ser o domínio de Freya, líder das Valquírias, entretanto, eu era a filha da Natureza e seus poderes sempre fizeram parte de mim e jamais me abandonaram. Saber que eu estava rodeada pela magia da floresta Folkvang, fez de mim uma força poderosa, talvez até mais potente que a própria deusa da sedução. Definitivamente, eu não tinha nada a temer.
Silenciosamente, caminhei junto a Balder pelo corredor repleto de trepadeiras. O percurso encontrava-se solitário, uma vez que — seguindo o conselho de Acme — tratei de me atrasar para o banquete, pois, assim, todos notariam minha presença quando eu adentrasse no salão.
Pouco tempo depois, alcançamos a entrada do palácio. Um clima desconfortável pairou no ambiente. Era nítido que aquela não seria uma noite agradável.
— Está pronta? — o deus perguntou, receoso.
— Sempre!
Balder abriu as portas do salão e de imediato a música animada, assim como o ruído de homens e mulheres festejando chegou aos meus ouvidos.
Enganchei meu braço no do deus que me acompanhava e seguimos confiante rumo à mesa reservada aos deuses. A princípio, poucos olhares notaram nossa presença, mas conforme avançamos pelo salão, o alarde da celebração fora diminuindo até não passar apenas de buchichos intrigados.
Chegamos, então, no final do salão onde Freya ocupava o lugar no centro da mesa dos deuses, cujo assento ao seu lado direito, era ocupado por Thor, e no esquerdo, sussurrando algo em seu ouvido, estava ninguém menos que Loki. Notei, também, que havia alguns outros deuses, assim como Sif, que eu ainda não havia tido o prazer de conhecer, contudo era de meu conhecimento que ela e Acme nutriam um bom laço de amizade.
Percebendo que o salão se aquietou, Freya voltou seu olhar para a multidão a fim de compreender o motivo do repentino silêncio. Ela nem tentou esconder a expressão de desgosto quando seu olhar recaiu em mim.
A deusa, como de habitual, estava deslumbrante. O vestido vermelho com detalhes dourados lhe conferia um ar sedutor capaz de desarmar qualquer homem. Seu radiante cabelo ajeitado de um só lado, escorria com uma cascata dourada até sua cintura. Embora eu não a tolerasse, tinha de admitir que ela era a mais bela mulher que meus olhos já viram.
— Balder, Erieanna... Sejam bem-vindos ao meu palácio. — Seus felinos olhos azuis se fixaram em mim.
Ambos agradecemos cordialmente pela recepção e Balder tratou de ocupar seu lugar na mesa dos deuses.
A multidão, porém, continuava um tanto silenciosa, à medida em que observavam o desenrolar de nossa conversa.
— Sei que temos alguns assuntos a tratar. Mas, podemos deixar isso para mais adiante. Sugiro aproveite um pouco da celebração, antes de adentramos em assuntos mais sérios. — disse, Freya, indicando que estava a disposta a adiar o anúncio de que eu seria a mais nova Valquíria do seu bando.
— Segundo a informação que chegou até a mim, creio que não temos nada a tratar, pois tudo já está resolvido. — Tentei manter um tom de voz neutro, pois não tinha intensão de iniciar uma batalha naquela noite.
Notei que Freya intensificou o aperto nos talheres da mesa, em uma clara indicação de que estava furiosa. Por essa razão, tive de acrescentar:
— Mas é sempre melhor tratar de qualquer assunto de barriga cheia. Por isso, aceito de bom grado o seu convite de me servir do seu banquete. — Um leve sorriso malicioso surgiu em meus lábios — Aguardarei ansiosa por seu discurso, pela primeira vez entre os deuses, eu serei a protagonista de um. — completei, evidenciando que ela não me passaria para traz naquela noite.
Na nítida intensão de prevenir qualquer atrito, Thor rapidamente se levantou, pegou uma caneca de hidromel e levou até a mim.
— Vamos todos brindar a essa maravilhosa noite. — O deus do trovão ergueu a caneca e todos repetimos o gesto. — Skål! — Saudamos em uníssono.
Então a celebração tomou seu curso e eu me dispersei pela multidão seguido de Thor ao meu encalço.
— Se eu fosse você tomaria cuidado com suas palavras essa noite. Freya não é conhecida por ser paciente. — Thor advertiu, preocupado.
Percorri meus olhos pelo salão na procura de uma mesa qualquer para me sentar.
— Sei me cuidar. — rebati bruscamente. — E a propósito, aonde está Acme? — Semicerrei os olhos demostrando minha desconfiança.
— Ela está treinando. — respondeu rispidamente.
O início de uma fúria começou a se instalar dentro de mim.
— E você aqui, tranquilamente, desfrutando de uma adorável noite de celebração. Quanta consideração para com aquela quem ama. — acusei ironicamente.
Thor encurtou a distância entre nós e me encarou com seriedade. Seus olhos verdes emanaram um brilho perigoso.
— Não estou aqui por vontade própria, mas pela única razão de que Acme pediu para que eu viesse por você. E não me entenda mal, Erieanna, pouco me importo contigo, porém, infelizmente para ambos, Acme se importa. Tenha certeza de que a minha presença nesse banquete se deve a ela e não a você. — retrucou, Thor, com certo desprezo.
Não me abalei por seu rude comentário. Não éramos amigos, nunca fomos, talvez jamais seríamos.
— Aproveitarei esse momento de sinceridade e lhe transmitirei um aviso: se você ousar machucar Acme de alguma forma, eu arrancarei seu coração. Não me importo se é filho de Odin ou se colocarei minha cabeça a prêmio por isso. Eu juro que te farei sofrer. — ameacei, pausadamente, para que compreendesse com clareza o perigo que minhas palavras carregavam.
Thor, no entanto, apenas esboçou um leve sorriso.
— Não precisará cumprir sua ameaça. Eu não tenho pretensão alguma de fazer qualquer mal a Acme. — afirmou sucinto
— Apenas mantenha isso em mente. — aconselhei e, posteriormente, dei a volta pelo deus do trovão, misturando-me no meio de homens e mulheres dançando, comendo, e claro, bebendo como se não houvesse o amanhã.
O salão estava demasiado cheio, mas, ainda assim, era fácil distinguir quem eram as Valquírias no meio de toda gente. Embora todas mulheres estivessem trajando vestidos, as Valquírias eram identificadas pelo porte físico de guerreiras, bem como por seus olhos ágeis como de felinos. Além disso, carregavam uma adaga na cintura, o que evidenciava que sempre estavam preparadas para enfrentar qualquer ataque eminente.
Percorri meus olhos por todo o salão e logo encontrei o Loki demasiado próximo de Freya, levando-a para um canto qualquer escondido das vistas de todos. Suas mãos repousavam um pouco acima das nádegas da deusa e tal ação indicava que ambos tinham a intenção de fazer algo promíscuo.
Loki estava literalmente me ignorando desde que cheguei ao palácio. Enquanto eu conversava com Freya, por nenhuma fração de segundo ele olhou em minha direção. Condesso que aquela estranha situação me deixou desconfortável, pois ainda não sabia como de fato me sentia em relação a forma fria com que Loki havia passado a me tratar. Uma parte de mim estava satisfeita por ter me livrado de seu incômodo. Outra, contudo, estava curiosa para descobrir o que o levou o deus a mudar sua postura para comigo. Entretanto, havia uma parte — aquela parte que eu guardava no íntimo do meu ser — que me deixava assustada. Eu não gostava de ser ignorada por Loki, e apreciava menos ainda, ter sido trocada por Freya. Não fazia ideia de quais eram as verdadeiras intenções do deus da mentira, porém não apreciei observar o rumo em que tudo seguia.
Desviei meu olhar do casal que fazia meu estômago embrulhar e tentei aproveitar a festa. Bebi mais uma caneca de hidromel, percebendo rapidamente que não fora uma boa opção. A bebida não me caiu muito bem. Tudo que desejei era concluir o assunto que viera tratar e partir o mais rápido possível. Aquele lugar estava me sufocando, parecia até que eu tinha retornado Migard e participava das odiosas festas no salão na moradia de Ragad. Se eu ficasse mais tempo ali, provavelmente enlouqueceria e incendiaria alguém.
Sendo assim, mesmo que minha intenção fosse a de evitar Loki e Freya, não tive outra escolha a não ser ir de encontro a ambos e fazer com que a deusa da sedução me anunciasse como Valquíria. Aquela era a única forma de ficar livre para retornar a Asgard. A minha sorte é que não precisei interromper o momento indecente dos deuses, pois no meio do caminho, trombei com Loki que vinha ao meu encontro, ajeitando o cabelo louro, envolto a uma tremenda bagunça. Ele tentava, desastrosamente, recompor a postura, que, naquele momento era tudo, menos decente.
— Ora, ora, ora... Parece que eu consegui me livrar de você, afinal. — Provoquei o deus da mentira que fechou o último botão da camisa e depois me olhou com uma frieza mortal.
— Conseguiu. Está livre de mim, já obtive a resposta que desejava. Resposta que, por sinal, recusou-se a me fornecer. — revelou, sem muita explicação, começando a se afastar de mim.
Segurei-o pelo braço, impedindo que fugisse do meu alcance.
— Descobriu como? — indaguei confusa.
— Do jeito mais simples de todos. — Rolou os olhos. — Fingi que eu era você e fui de encontro a Balder. Tamanha foi minha surpresa quando ele recusou suas supostas investidas alegando que estava confuso, uma vez que ambos haviam acordados em serem somente amigos. — o deus, explicou, ainda me olhando com uma dureza que me deixava desconfortável.
Não fui capaz de demostrar qualquer reação, apenas permaneci o fitando sem articular qualquer som. Simplesmente não sabia como contradizê-lo. Minhas palavras de nada valeriam naquele determinado episódio. Ele finalmente tinha vencido o jogo.
— Você deixou bem claro sua posição. Já compreendi que nutre uma repulsa por mim. Portanto, minha querida, ficarei o mais longe possível da sua digníssima presença. — proferiu com desdém. — Se não me quer, tem quem queira. — dito aquilo, ele partiu para longe, deixando-me paralisada no meio do salão, incapaz de conseguir esboçar qualquer reação diante de suas ações.
Demorei um certo tempo para voltar a raciocinar com clareza. Meu coração ainda batia acelerado em meu peito quando caminhei de forma instintiva até um barril de cerveja qualquer. Eu precisava de uma boa dose de álcool para ser capaz de digerir toda informação que Loki despejara contra mim. O maldito deus da mentira havia me desarmado por completo. Eu deveria ter ficado feliz por ter conseguido me livrar dele, contudo, havia vários sentimentos se revirando dentro de mim e, por incrível que pareça, nenhum deles era felicidade.
Enquanto eu bebia minha cerveja, avistei Freya no meio da multidão, e decidida, caminhei até ela.
— Precisamos conversar. — Segurei-a pelo cotovelo fazendo com que sua atenção se voltasse para mim.
A deusa me lançou um olhar desdenhoso.
— Estou ocupada agora. — Girou os calcanhares tentando se afastar. Entretanto, interrompi seus passos, segurando-a novamente.
— Veja bem... — comecei com cautela — Preciso que faça seu anúncio ou eu mesma farei e creio que não vai apreciar minhas palavras se a situação decorrer do meu jeito. — adverti, em tom sério, fazendo Freya depositar toda a concentração em mim.
Havia um perigoso brilho de fúria em seus olhos azuis celestiais.
— Deixarei algo bem claro para que não tenhamos problema: eu sou a governante desse palácio, e você, minha querida, não passa de uma mera propriedade de Loki. Não se esqueça de sua posição aqui. —ameaçou em um tom severo.
Ergui ainda mais o meu queixo a desafiando.
— Sei muito bem qual é minha posição, mas creio que você precise se lembrar. Odin me nomeou como uma Valquíria e é isso que deve anunciar. — Recordei-a sobre o objetivo de eu estar naquele banquete.
Freya me analisou semicerrando os olhos e depois falou:
— Creio que devemos pôr um fim nisso. Você terá seu anúncio.
Ela não esperou que eu proferisse qualquer frase, apenas deu as costas e marchou rumo à mesa dos deuses.
Chegando ao seu destino, a deusa da sedução imediatamente pediu a atenção de todos que rapidamente ficaram em silêncio para ouvi-la.
— Deuses e deusas. Valquírias e enejhar. Estou honrada por desfrutar a companhia de todos nesse majestoso banquete. — Seu tom soou alto e seguro como de uma verdadeira líder. — Perdoem-me pela interrupção da celebração, porém devo fazer um anúncio. — A deusa procurou por meu rosto na multidão. — Erieanna, venha aqui, querida. — pediu brandamente.
Alinhei minhas costas, enchi meus pulmões de ar e caminhei a passos firme em direção à mesa.
Freya me encarou por um curto período. A expressão neutra que carregava na face me deixava no escuro sobre suas reais intenções.
— Alguns já devem conhecer a Erieanna, ou pelo menos já ouviram falar de suas audaciosas ações em Asgard. — tornou a falar — Pois bem, Odin crê que ela possa contribuir com suas habilidades se tornando uma Valquíria. Dessa forma, nessa noite, eu vos anúncio que, Erieanna, será a mais nova guerreira da infantaria de Asgard. — Um coro de exclamações entusiasmadas, acompanhadas por palmas, ecoou por todo salão. No entanto, a animação logo fora interrompida por Freya que prosseguiu: — Esperem! — alertou a deusa. — Notem que eu disse será... — Sorriu maliciosamente — Erieanna poderá ser uma Valquíria se conseguir provar que está altura de tal posição me enfrentando em um combate. Caso consiga de me vencer, então se tornará uma Valquíria. — completou com um certo ceticismo em relação a minhas habilidades. — Aceita o desafio, querida? — Arqueou a sobrancelha loira tentando me intimidar.
Um silêncio sepulcral tomou conta do ambiente enquanto todos aguardavam minha resposta.
— Jamais fugi de qualquer desafio, essa não será a primeira vez. — Enfatizei o será, retribuindo o seu sarcasmo e esbocei um sorriso preguiçoso, demonstrando a minha tranquilidade em relação ao combate que travaríamos. — Apenas me diga onde e quando. — solicitei com mansidão.
— Daqui dois dias, assim que o Sol surgir no céu, nos encontraremos na Arena de Asgard. —informou, escondendo o riso.
— Estarei lá. — afirmei, lançando um breve olhar para Loki antes de me virar para ir embora. Todavia, o deus nem por um segundo, desviou o olhar em minha direção.
Deixei o salão sem saber ao certo como voltaria para o palácio de Asgard. Apenas continuei caminhando a passos firmes, com queixo erguido pela multidão de homens e mulheres os quais me olhavam, sussurrando sobre mim. Por sorte, não tardou até que Thor me alcançasse. Já estava mais do que a tempo de eu partir.
— Você sabia dos planos de Freya? — indaguei, evitando a olhar para o deus do trovão que acompanhava os meus passos apressados.
— Não. E posso afirmar que meu pai não ficará satisfeito quando souber. — respondeu com seriedade.
— Tanto faz. O que está feito, está feito. Não tenho outra escolha a não ser vencer esse duelo.
— Sei que vencerá. Loki sempre teve muito orgulho de ressaltar o quanto é boa em batalhas. — disse, Thor, totalmente convicto de suas palavras.
Bufei irritada.
— Não quero falar de Loki. — rosnei, impaciente, e interrompi a caminhada. — Apenas me leve de volta a Asgard— pedi, inclinando levemente os meus ombros para frente, demonstrando toda a minha exaustão.
Thor nada proferiu, somente envolveu seus braços ao meu entorno e, então, desvaneceu levando-me consigo.
***
Ao retornar em Asgard, o deus ruivo me deixou em frente à porta do meu quarto, despediu-se rapidamente, e partiu.
Confesso que não percebi o quanto estava desolada até que entrei no refúgio dos meus aposentos e uma vontade avassaladora de chorar tomou conta de mim.
O que eu fazia em Asgard? Aquele, definitivamente, não era meu lugar. Estava cercada de pessoas esnobes cujo único propósito era o de se divertir às custas dos outros, a fim de tornar a eternidade menos entediante. Apesar disso, por mais que eu tentasse esconder, algo dentro de mim dizia que as lágrimas que ardiam em meus olhos eram provocadas por um único motivo: Loki. Dizer que não me abalei com sua alteração de postura em relação a mim, seria uma grande mentira. Havia uma parte minha que odiava o deus da mentira por tudo que me fez passar. Entretanto, existia outra parte que desejava desesperadamente sua atenção. Era uma grande ironia, mas senti falta Loki, e o fato dele me deixar tão confusa só significa uma coisa: eu precisava partir de Asgard o mais rápido possível, antes que eu me embrenhasse em caminhos perigosos os quais são impossíveis de retornar.
Porém, não poderia partir antes que Acme enfrentasse os desafios dos deuses. Só por ela eu continuaria em Asgard. Por ela e mais ninguém.
O tempo passava depressa, logo eu fugiria dali e deixaria toda aquela loucura para trás. Ficaria livre afinal? Não tinha a resposta dessa pergunta. Minha única certeza era a que — quando eu partisse — não mais teria a sombra de Loki pairando sobre minha mim, confundindo-me, testando-me e atormentando-me. Isso já era um bom começo. Um começo pelo qual valeria a pena lutar.
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