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2 - A ESTRANGEIRA

"Em seu caminho surgirá uma amizade, e esse laço desempenhará um significado importante em toda sua jornada, assim como no desfecho final".

— Fragmentos dos Registros Druidas, 533 d. C.

Em toda minha vida, eu nunca vivi no luxo. Jamais presenciei ostentações de bens e riquezas. Minha família era de camponeses, não costumávamos pensar em ouro e prata, ter uma terra para plantar, vacas para nos fornecer leite e algumas galinhas para botar ovos, era o suficiente para vivermos. Depois, fui levada como escrava pelos vikings, o que fez-me passar de uma pobre camponesa, para uma reles ninguém. Mal tinha roupa para vestir, quem dirá algo para comer. Minha única experiência com luxo se resumia a moradia do Jarl do clã Feniryr. Aquilo foi o mais próximo da riqueza que eu havia visto, até ser levada ao oponente castelo de Asgard e nada no mundo pôde preparar-me para evitar ficar embasbacada diante da beleza estonteante da arquitetura de pedras douradas e reluzentes que formavam o lustroso palácio.

Recordo-me que fiquei sem palavras e literalmente de boca aberta enquanto aproximávamos da ponte que nos levava a entrada da moradia dos deuses. Um véu de uma cristalina cachoeira escorria de forma graciosa de algum lugar do topo do castelo. O céu azul que agora já não estava tão intenso por conta do entardecer, parecia ser ofuscado pela exuberante construção situada no que parecia ser o centro de Asgard.

Chegamos ao grande portão que representava ser tão seguro e resistente ao ponto de, talvez, nem precisar de soldados para vigiá-lo. E logo Loki passou os dedos em algumas runas gravadas na estrutura de metal e as travas se abriram nos deixando de frente com um homem de estrutura forte de um guerreiro bem treinado cujos olhos castanhos revelavam a sabedoria e esperteza de mil vidas. Seu cabelo ruivo bem cortado se juntava com a barba bem podada e sua postura de austeridade revelava que era um homem sério.

— Heimdall! Sempre bom te ver amigo! — Loki exclamou, evidentemente animado. — Eu te abraçaria, mas como pode ver, carrego uma bela dama em meus braços. — Completou, cheio de graça.

Como de costume, revirei os olhos diante de tal situação que para mim, era considerada desnecessária.

— Vejo que a bela dama não está apreciando sua companhia! — Heimdall observou franzindo o cenho em sinal de desconfiança.

Senti que o corpo de Loki enrijeceu-se diante de tal contestação. Ele a abriu a boca para dizer algo, mas foi cortado pelo guarda:

— Está com ele por vontade própria, moça? — A pergunta séria foi destinada à minha pessoa.

Por breves instantes, permiti-me analisar a situação em que me encontrava. Ao que tudo indicava, Heimdall estava ofertando uma possível ajuda para me livrar de Loki, caso eu assim decidisse. No entanto, eu não o conhecia e até que soubesse quem era ou poderia vir a serem meus inimigos, não tomaria qualquer decisão que pudesse lamentar futuramente.

— Estamos juntos caro senhor. Desculpe-me pela minha falta de modos. Foi uma longa jornada até aqui. — respondi, com certo ar de fadiga.

O homem que ainda bloqueava o portão lançou-me um olhar desconfiado.

— E de onde a senhorita está vindo? — Pelo seu tom de voz, tive impressão de que estava sendo interrogada.

— Ah Heimdall! Não percebe que a moça está cansada?! Deixe de ser tão desconfiado homem, ela não é uma assassina pronta para matar algum de nós! — Loki exclamou exasperado.

— Então quem é ela? — Heimdall perguntou com secura.

— Ela é meu sacrifício! — Loki respondeu de imediato. — E esse é um assunto que devo tratar apenas com Odin e mais ninguém. Portanto, deixe-nos passar. — Concluiu com rispidez.

Ainda a contragosto, Heimdall liberou nossa passagem.

Senti que Loki continuou tenso conforme seguia para nosso destino. Suas passadas eram duras e apressadas e ele fez o favor de permanecer calado por um breve momento.

— Quem, de fato, é Heimdall? — perguntei, após não conseguir apaziguar minha curiosidade.

Loki exibiu um pequeno sorriso antes de responder:

— Heimdall é nosso precioso guardião. Ele guarda tanto os portões de Asgard, quanto a passagem pela Bifrost: nossa Ponte que conduz aos outros mundos. Aqueles olhos amendoados veem tudo que acontece no mundo, de uma forma que nem Odin consegue entender. — explicou paciente.

— Já ouvi falar de lendas sobre a Bifrost. Dizem que ela é como um arco-íris e que só os deuses podem pisar em sua extensão. Trolls, Gigantes e Elfos que tentaram, tiveram seus pés queimados. — Soltei aquela frase com o propósito de deixar claro que tinha alguns conhecimentos sobre seu mundo, que não estava tão leiga assim naquele lugar.

— Vai ter que parar de chamar essas informações de lendas Erieanna, pois verá que tudo é verdade, portanto estamos falando de fatos e não de mitos. — rebateu, de forma esperta.

— Isso sou eu quem decido. Por enquanto, tudo não passa de lendas. Ainda nem estou convicta de que realmente me encontro em Asgard. — Não consegui esconder a descrença em minha voz.

— Thor tinha razão. Isso será interessante. — Loki murmurou para si mesmo.

Fizemos o resto do trajeto em silêncio. Conforme passávamos pelos habitantes locais, nenhum olhar se perdurou mais do que o suficiente no homem que levava uma mulher com veste pouco adequadas nos braços.

As pessoas dali carregavam um sorriso contagiante nos lábios. Parecia que viviam num paraíso e toda aquela felicidade, fazia com que meu estômago embrulhasse. Tanta gente no mundo passando fome, frio e até mesmo morrendo por eles. E a sensação que eu tinha era a de que pouco se importavam com o que acontecia fora dali.

Loki levou-me para o interior do castelo que era tão exuberante por dentro quanto por fora, subiu uma longa escada revestida em ouro e deixou-me num quarto ficava quase no fim de um dos milhares de corredores. O cômodo era tão grande que mais parecia uma casa.

— Seus novos aposentos, Coração de Gelo. — Depositou-me delicadamente sobre a lustrosa cama de dossel. — Chamarei uma das serventes do castelo para te ajudar com o banho, já que não tem condições de fazê-lo sozinha. Eu mesmo poderia te ajudar com essa prazerosa tarefa, mas creio que não seja a melhor opção nesse momento. — Exibiu seu genuíno sorriso malicioso que parecia sempre estar em seu rosto.

— Quando voltarei ao normal? — questionei, antes que ele saísse do quarto.

— Amanhã estará completamente normal. Terá tanto seu poder, como as forças de suas pernas de volta. Verá, também, que sua magia será mais forte aqui, dessa forma, tente não matar ninguém enquanto pisar nessas terras. — esclareceu, com certo ar de ironia, evidenciando o seu conhecimento sobre meus últimos dias no clã.

Então Loki partiu, mas não tive tempo de ficar sozinha com meus pensamentos, pois em seguida o cômodo foi invadido por três serviçais que me auxiliaram com minha limpeza. De modo geral, elas eram silenciosas e pareceriam ser reservadas. Não as odiei de imediato, já que, pelo menos tiveram a decência de se mostrarem chocadas ao se depararam com as diversas cicatrizes estampadas em meu corpo. Com certeza, não viam muito mal tratos vivendo naquele maravilhoso lugar, tampouco sentiam o frio cortando a pele como agulha afiada. A ignorância daquela gente em relação às barbarias do mundo abaixo de seus narizes empinados, deixava-me revoltada. E assim continuei pelos dias que se seguiram: irritada com o mundo, com os deuses e o maldito povo de Asgard e seus egoísmos.

🏰

Três dias apósminha chegada em Asgard e eu não havia feito muitas atividades. Estava numlugar desconhecido, cercada por pessoas estranhas e não queria começar aconhecê-las.

Loki aparecia todos os dias em meus aposentos e tentava a todo custo tirar-me dali. No entanto, eu sempre acabava recusando e voltava a deitar-me. Eu comia porque tinha de ficar forte para enfrentar as novas batalhas, mas meu apetite era nulo. A magia voltou a habitar dentro de mim, o que me deu certo conforto, uma vez que esta era minha única parte que não foi destruída. Às vezes eu observava os acontecimentos através da grande janela alocada nas paredes do quarto e ficava irritada com a perfeição do dia. Sabia que uma hora ou outra teria de enfrentar meu destino, só que pela primeira vez, eu não fazia ideia do que fazer. Porém, naquele mesmo dia, a vida colocou-me de volta ao rumo. Creio que foi aquele o dia em que minha guerra contra os deuses, de fato começou.

Tudo teve início com uma bela jovem estrangeira. É um pouco improvável que essa parte da minha vida comece dessa forma, mas as lembranças que tenho do começo de determinada jornada, remete ao lindo rosto arredondado que carregava um belo par de olhos verdes que realçavam a cascata de sedosos cabelos dourados de uma delicada moça cuja idade aparentava ser próximo a minha. Ainda estava deitada embaixo dos lençóis, quando ela invadiu o quarto com sua empolgação desmedida.

— Olá dorminhoca. — A jovem cumprimentou-me como se já me conhece há muito tempo. — Estava ansiosa para te conhecer! Esperei que saísse do quarto. Mas como não saiu, não tive escolha a não ser vir até seu encontro. — Sentou-se no final da cama enquanto exibia um largo sorriso.

— E você é? — indaguei, completamente confusa.

— Ah como sou desatenta... — Sorriu mais uma vez. — Eu sou Acme. — Completou de modo gentil.

— Acme? — Franzi o cenho. — Um nome bem diferente. — Sei que minha face revelou o quanto eu estava intrigada com a bela jovem que estava a minha frente.

— Bem... é que não sou daqui e nem era da região do povo de onde provavelmente veio. Eu sou grega, sou originária da Grécia. 

Ajeitei-me na cama de modo a conceder melhor atenção para a moça que começou a parecer bem interessante.

— E como veio parar aqui? — disparei, sem rodeios. Ela parecia ser uma garota falante e ingênua, por isso tinha certeza de que responderia a todas minhas perguntas.

— Essa é uma longa história, mas para resumir, posso dizer que o deus do trovão se apaixonou por mim e eu por ele. Então aqui estou eu, me preparando para conquistar a imortalidade e viver para sempre ao seu lado. — Soltou um suspiro sonhador.

— Quer dizer que está aqui por causa de Thor?

Eu devia estar demostrando uma expressão de completa descrença, pois Acme riu de meu questionamento.

— Sim! Ele mesmo! —  Balançou seus ombros pálidos e magros.

Cada palavra que saia de sua boca, deixava-me mais confusa do que já estava e ficava me perguntando-me se ela também foi sacrificada pelo deus ou pior, será a garota estava enfeitiçada pelo filho de Odin? Nada daquilo fazia sentido.

— Você também foi sacrificada? — questionei, não mais capaz de conter minhas inquietações.

Acme arregalou os olhos antes de responder:

— Façamos um acordo... Eu responderei todas suas perguntas, se sair para um passeio comigo. — Arqueou as perfeitas sobrancelhas loiras de um jeito desafiador.

Então percebi que a garota não era tão ingênua, pois sabia o momento exato a qual deveria negociar. Não respondi de imediato, apenas fiquei olhando para os suaves olhos verdes de Acme.

— Pelos deuses Erieanna! Nós somos duas estrangeiras num lugar estranho. Precisamos nos unir! — Lançou-me um sorriso de cumplicidade.

Ponderei por alguns instantes antes de aceitar sua parceria. Acme era fácil de ler, a jovem podia estar deslumbrada por estar vivendo entre os deuses, mas sei que também estava receosa acerca de seu destino, caso contrário não estaria desesperada para fazer amizade com alguém que não conhecia. Fiquei intrigada a respeito de saber meu nome, mas não a questionei sobre tal constatação, naquela altura imagina que muitos já especulavam sobre mim e no fundo admirei sua coragem em vir procurar-me. Ela era aparentava ser uma moça inocente, por isso considerei que era a pessoa mais segura para manter um laço de proximidade.

— Creio que é melhor eu me trocar. Seria escandaloso demais sair para uma caminhada vestindo apenas roupas de dormir. — Sorri para descontrair.

Acme bateu palmas animada enquanto eu segui para o espaço acoplado ao quarto que servia para realizar as necessidades pessoais.

Naquele dia eu enfiei-me num leve vestido de tonalidade amarela. O clima em Asgard sempre estava perfeito, portanto, senti uma profunda emoção se agitar dentro de mim quando o calor do sol aqueceu minha pele enquanto caminhava pelo exterior do palácio ao lado de uma bela e sorridente jovem grega.

— Então... Diga-me, você está realmente apaixonada por Thor? — Havia tanta descrença em minha voz, que a pergunta soou de forma estridente.

— Eu sei que, devido às circunstâncias, para ti é repudiante o fato de eu estar apaixonada por um deus, mas é a verdade, nos amamos e faremos de tudo para ficarmos juntos. — ela respondeu, com convicção, deixando claro que nada impediria de viver seu amor.

— Eu não quis ofender... — comecei a falar receosa. — É só que eu não entendo como vocês se conhecerem e como um deus foi se apaixonar por uma humana. Na verdade, uma semana atrás, nem sequer acreditava que deuses existiam. — expliquei, sendo verdadeiramente sincera.

— Não fiquei ofendida... Já estou mais do que acostumada com as pessoas dizendo que estou numa batalha perdida. — Acme lamentou de forma triste.

Fiquei em silêncio, pois nunca soube lidar com o sofrimento das pessoas. Meu coração era frio de mais para abalar-me facilmente com declarações frustradas.

— Como se conheceram? — mudei de assunto rapidamente.

A jovem exibiu um largo sorriso antes de começar a falar:

— Meu pai é grego, mas minha mãe é uma viking. Eles se conheceram por conta das viagens que meu pai faz pelo continente, ele é um comerciante... — Começou a contar sua história. — Minha mãe sempre me falou sobre seu povo, seus deuses e eu cresci cercada por lendas e crenças tanto gregas, quanto nórdicas. Mas sempre preferi os deuses de meu lado materno, pois os achava menos esnobes e de tanto consagrar minhas preces a Thor, um dia ele veio ao meu encontro alegando que estava curioso para saber quem era a bela jovem estrangeira que tanto ansiava em conhecê-lo. Fiquei lisonjeada e um tanto incrédula que ele tinha vindo ao meu encontro. Passamos por quatro anos nos escondendo por conta do acordo entre os deuses, mas então, achamos um modo de ficarmos juntos e aqui estou eu, parcialmente feliz em Asgard. — Deu de ombros e soltou um longo suspiro.

— Acordo entre os deuses? — Especulei, intrigada.

— Ah sim... Bem, existem milhares de culturas diferentes espalhadas pelo mundo e cada uma delas possuem seus deuses que vivem em seus respectivos lares escondidos da humanidade. Em Asgard vivem os deuses nórdicos governados por Odin, no Monte Olimpo habitam as divindades gregas liderados por Zeus, bem... creio que até seu povo tem seus deuses. — Acme olhou-me com atenção. — De onde mesmo que você pertence? — Franziu o cenho, claramente confusa.

— Eu venho da Irlanda. Meu povo cultua os Celtas que são, pelo que tudo indica, liderados pela Deusa Mãe.

— Uma mulher? — Houve espanto em sua voz.

— Sim. As mulheres de onde eu venho são conhecidas por sua força e determinação. Não nos rebaixamos, não nos curvamos e não nos rendemos a homem algum. — Esbocei um sorriso de canto.

— Interessante! — exclamou. — Mas voltando ao assunto... Os deuses firmaram um acordo de não invadir os respectivos territórios que cada panteão ocupa, ou seja, cada um deve permanecer na sua região e dessa forma ter a liberdade de ser cultuado da forma que considerar adequada pelo seu povo. Vários deuses não podem coexistir num mesmo lugar, pois ocorreria uma disputa de orgulho que levaria a uma chacina de mortes. No entanto, os humanos têm a plena liberdade de brigar por território, o acordo se limita apenas ao espaço das divindades. Dessa forma, Thor não podia pisar na Grécia porque esse não é o seu domínio. Foi muito arriscado ele ter ido ao meu encontro, poderia até causar uma guerra, se eu não fosse parte viking. Logo, Zeus e toda sua trupe descobriram meu romance e me obrigaram a escolher um lado: ou ficava na Grécia com meus pais, ou aceitaria Thor e seria banida para sempre de meu lar. Como pode ver, eu escolhi a segunda opção, no fundo eu já sabia que meu coração sempre pertenceu a Thor. — Ela sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos o que me levou a acreditar que sentia falta de sua família.

— Não importa de que lugar são, deuses são sempre egoístas. — Tentei confortá-la dizendo que a culpa não era dela por ter se afastado de seus pais.

Continuamos a percorrer os arredores do castelo conversando sobre amenidades. Tudo que Acme tinha me falado, não parava de girar em minha cabeça. Nos dias em que fiquei trancada no quarto, pensei a respeito da existência dos deuses e lembrei-me de Cernunnos, dessa forma estava certa de que devia procurá-lo novamente para que ele me auxiliasse a partir daquele lugar. Entretanto, essa informação do acordo diminuiu de forma considerável as chances de meus planos se concretizarem. Mesmo que eu consiga contatá-lo, eu já não tinha nenhuma certeza de que ele me ajudaria.

Maldito sejam os deuses! Maldito seja esse acordo!

Eu tinha que escapar de Asgard, só não sabia como. Minha única certeza é que eu fugiria daquele lugar, ou — se já não estivesse morta — morreria tentando.

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