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19 - Deuses sendo deuses

"Deuses, por vezes, são demasiados cruéis".

—Fragmentos dos Registros Druidas, 533 d. C

Palavras, às vezes, ferem mais do que qualquer chibatada. Por muitas vezes, senti o chicote açoitar minha pele até que sangue jorrasse por minhas feridas recém-abertas; uma dor impossível de se esquecer. Jamais conseguirei apagar da memória tais dolorosas lembranças, pois sempre levarei, gravadas em meu corpo, inúmeras cicatrizes que me recordam dos fatídicos momentos em que eu era chicoteada até perder o sentido; até acordar sobre um chão duro e frio de um canto qualquer do salão dos escravos. Aquela foi uma das piores dores que tive de suportar em minha vida. No entanto, saber que eu era prisioneira daquele por quem fatidicamente me apaixonei, também me desferiu uma dor insuportável que culminou na existência de mais cicatrizes que não foram estampadas em minha pele e sim em meu coração.

Na noite após o primeiro desafio, eu não consegui dormir. Muitas informações rondavam em minha cabeça e todas elas acabavam com a memória do olhar desolado que Loki me dirigiu após afirmar que não seria capaz de me conceder a liberdade.

Era doloroso remoer os fatos ocorridos no dia, por tal razão, concentrei-me em ajudar Acme, tentando encontrar alguma forma de descobrir a resposta do enigma. Felizmente, bem antes do raiar do dia, eu já tinha a resposta. Estava claro, tão claro quanto o Sol que começou a brilhar no céu. A resposta não se tratava de um deus, ou uma pessoa. Também não era algo que se pode tocar, ao contrário, pode-se apenas sentir. Não era a própria Vidente, pois ela também morre. E não se tratava de um mundo, pois mundos deixam de existir. Mas há algo que dura para sempre, que existe antes de homens e deuses e continuará existir após. Eu já tinha a resposta e esperava que Acme também a tivesse. Caso contrário, teria de dar um jeito de fazer com que chegasse a resposta, sem que soubessem que eu a ajudei. E só então, o primeiro teste estaria finalmente concluído.

Pela manhã, a primeira ação que realizei após o desjejum, foi procurar por Acme em seus aposentos. Mas, infelizmente, soube por uma criada que ela passara a noite com Thor e ainda não havia retornado. Decidi, portanto, não a procurar. Minha conversa com ela deveria ser privada e ter Thor à espreita não era uma opção considerável.

Dessa forma, optei por tentar resolver um de meus problemas e torci para que Odin pudesse me ajudar a solucionar pelo menos um deles.

Naquela manhã, não compareci ao treinamento das Valquírias, um dos motivos é que eu tentava evitar Loki que obviamente me procuraria em Sessrumnir. Contudo, também necessitei perambular pelo castelo à procura dos aposentos de Odin que até então, eu não fazia ideia de qual era localização.

Explorei o palácio até ficar irritada. Não queria fazer um alarde sobre meus assuntos a tratar com o soberano de Asgard, por isso tentei não solicitar informação às criadas. Entretanto, sem muita escolha, tive de pedir para que uma servente me transmitisse a informação que deseja, mas ela, obviamente, não me forneceu. Coube a mim, apenas informar a Odin que eu estava à sua procura, torcendo para que ele tivesse um tempo a me conceder.

Pensei em retornar para meu quarto, mas aquele seria o primeiro lugar que Loki me procuraria caso não me encontrasse no treinamento. Havia muitos lugares em Asgard a serem explorados e eu faria de tudo para me esconder do deus da mentira. Ele não queria me libertar, mas eu não estava disposta a aceitar de bom grado sua decisão. Uma perigosa disputa havia se iniciado e eu não pretendia sair derrotada.

Estava quase chegando a saída do palácio, quando uma das criadas me chamou e informou que Odin estava à minha espera na Sala de Reuniões. Um alívio tomou conta de mim. Minha esperança ainda vivia, eu precisava sanar minhas dúvidas com o deus, antes de falar com Cernunnos.

Ao chegar na Sala de Reuniões, deparei-me com Odin que se encontrava de costas para a porta, bebericando algo enquanto contemplava a magnífica imagem do jardim no exterior do palácio.

Não anunciei minha presença, ele já sabia que eu estava ali.

— Jamais me cansarei de contemplar essa vista. — falou em tom melancólico, mantendo o olhar fixo na janela. — Espero que tudo volte a ser como era, quando todos renascermos após o Ragnarok.

Queria dizer algo, mas nada saiu de meus lábios. Achei que veria o Ragnarok, porém, saber que estava viva, deixou óbvio que morreria antes desse fatídico dia. Eu era uma Valquíria, mas não era imortal. Loki havia feito uma escolha imprudente ao me manter viva. Como seria uma Valquíria e resgataria os guerreiros de Midgard, se nem mesmo poderia voltar naquelas terras sem morrer? Assim que meu treinamento terminasse, todos saberiam que eu estava viva. Teria que fugir antes que tudo saísse do controle. Antes que os deuses decidissem me matar. Asgard tinha deixado de ser segura.

Odin se virou de modo a me olhar.

— Disseram-me que estava à minha procura... Pois bem, estou te ouvindo. — expressou em um tom sério; a mesma sonoridade que usava ao negociar.

Tinha intensão de iniciar o diálogo, porém fui interrompida quando um dos corvos adentrou pela janela e pousou no braço do deus. Odin deu-me às costas e levou o pássaro próximo ao ouvido que de imediato começou a grasnar baixinho.

— Hum... Interessante! — murmurou para o corvo.

Observei a cena com atenção. O pássaro continuou o relato ao seu dono, Odin realmente parecia entendê-lo.

— Muito obrigado por seus serviços, Memória. Será interessante acompanhar o desenrolar dessa história. Agora vá e me traga mais informações. — Ergueu o braço espantando o corvo que bateu as asas negras e se perdeu na imensidão do céu azul.

Odin, então, voltou sua atenção para mim. Seu único olho permaneceu fixo nos meus, tentando desvendar todos os meus segredos.

— Desculpa pela interrupção, mas as notícias não devem esperar. — Sentou-se na cadeira ao topo da mesa voltou a ingerir sua bebida. — Então, em que posso ajudá-la?

Andei alguns passos à frente, depositei a mão aberta sobre a outra ponta da mesa e encarei Odin.

— Diga-me o que sabe sobre o laço de Sacrifício. O que ele é e como funciona. — solicitei com seriedade.

Odin arqueou a sobrancelha acima de seu tapa olho.

— Qual o interesse por de trás desse pedido um tanto peculiar? — indagou desconfiado.

Exibi um breve sorriso de canto antes de responder:

— Se me conceder as informações que pedi, tens minha palavra de que revelarei o meu interesse nesse assunto.

O deus supremo soltou um pequeno riso e levou a bebida a boca.

— Como sempre, uma ótima negociadora. Entretanto, posso simplesmente não lhe transmitir as informações que deseja. Talvez, minha curiosidade não esteja tão aguçada para tal fato. — Alisou a barba com uma das mãos.

Dei a volta na mesa e parei bem próximo a ele.

— Então procurarei outro deus para me ajudar. — Olhei para minhas unhas. — Contudo, acredito que seja do seu interesse me ver livre do laço que me prende ao sacrifício, pois se minhas especulações estiverem corretas, sei que quando eu me tornar a líder das Valquírias, você não poderá me controlar, já que que eu não pertenço a você e sim ao Loki. — Lancei a informação no ar e esperava fisgá-lo.

Odin se ajeitou na cadeira e me olhou de esguelha.

— Talvez eu já tenha firmado um acordo com Loki a respeito de seus serviços, assim como da sua lealdade. — replicou, mas me pareceu um tanto relutante em sua fala.

— Prefere ter um acordo com o deus da mentira que pode simplesmente faltar com sua palavra, ou prefere aliar-se a mim que jamais faltei com a minha? — inquiri com firmeza.

Um silêncio carregado de tensão pairou no ambiente, por um instante acreditei que Odin iria ignorar meu pedido. Entretanto, contrariando minhas suspeitas, ele respondeu:

— Um sacrifício é uma magia antiga, ninguém sabe onde surgiu, se alguém a conjurou ou se teve sua origem com os nove mundos. Tudo que se sabe é que a primeira vez que um deus fez um acordo de sacrifício com um mortal, o laço foi estabelecido e desde então ele continua a se estabelecer sem que saibamos o seu real propósito. — Bebeu um gole de sua bebida. — Jamais interferimos em tal magia, pois acreditamos que esse é o curso natural a ser seguido e que, portanto, deve ser respeitado. — Levantou-se da cadeira e caminhou até a janela. Observei com atenção todos os seus movimentos. — Contudo, ao longo dos séculos, fomos capazes de descobrir algumas informações a respeito do laço, informações que talvez não seja o suficiente para o seu propósito, mas estou disposto a dividi-las contigo. Dessa forma... — Voltou-se para me olhar. — Faça-me suas perguntas e se eu tiver as respostas, as responderei.

Bendita Natureza! Odin estava disposto a me ajudar. Parece que conseguiria ir embora antes do que imaginava.

Puxei uma das cadeiras, sentei-me mantendo minhas costas eretas, cruzei a as pernas e indaguei:

— Como se quebra um laço de Sacrifício?

Odin soltou um riso curto que eclodiu no ar.

— Existe um jeito... Um único jeito que não é fácil e também não é difícil. Tudo vai depender de seu relacionamento com Loki e do seu poder em persuadia-lo.

Soube exatamente o que ele quis dizer, e não gostei daquilo, pois já havia cogitado tal possibilidade e não obtive sucesso.

— Deve existir uma outra forma, sempre há uma brecha. Sempre! — Trinquei o maxilar contendo a fúria.

O deus riu de uma forma que fez as rugas se acentuarem ao redor de seus olhos.

— Não há brecha quando se trata do laço de um Sacrifício, e acredite, você não foi a primeira a tentar quebrá-lo. Vez ou outra um deus se apaixona perdidamente por uma mortal, então ele a pede como sacrifício e na maioria dos casos ambos vivem felizes até um certo tempo, ou até que o deus em questão se canse da amada e encontre uma nova paixão. Como esperado, a moça que logicamente está morta, mas ainda possuí sentimentos, deseja ser livre para amar outros homens. Contudo, como já deve saber, deuses são egoístas. Mesmo quando não mais desejam dividir seu coração com a humana, também não deseja que ela pertença a outro... — Sorveu um longo gole na bebida e depois enrugou levemente os lábios. — Todas tentaram ser livres e todas fracassaram. Em outras palavras, para que eu seja explicitamente mais claro... — Contornou com suavidade a extensão do meu maxilar com seus dados. — Antes de firmar um acordo contigo para que seja uma Valquíria, eu tive que pedir a permissão de Loki. Eu disse que poderia ir para os oito dos nove mundos, porque, primeiramente, ele te concedeu essa liberdade. Você está onde ele quer que esteja e vai para onde ele desejar. Com um simplesmente estalar dedos, podes ser transportada instantaneamente para o lado dele. Loki pode te aprisionar em seu quarto, num castelo ou numa montanha no momento em que bem entender, basta apenas que diga estas simples palavras: não poderá sair daqui! Isto é uma ordem. — Aproximou nossos rostos até que nossos narizes quase se tocassem. — Goste ou não, você pertence ao deus da mentira e somente ele tem o poder te libertar.

Por um momento, meu coração bateu em um incessante ritmo descompassado. Não tinha ideia se Odin me disse a verdade, mas não era capaz descartar facilmente palavras dele.

— Deve haver outro jeito! Tem que ter! — exclamei, contrariada, apertando os braços da cadeira com demasiada força.

— Não tem, querida. Se quiser, posso lhe informar o nome de umas dez moças que assim como você foram fadadas a serem presas a um laço de Sacrifício e assim permanecem até hoje. — Caminhou até o balcão de bebidas e despejou mais uma dose de um líquido âmbar no copo.

— Nós, os deuses, às vezes somos muitos cruéis. Essas mulheres desejam a liberdade e não sabem que se forem libertas, imediatamente serão levadas a Helheim. Esse é o curso natural da vida. Nas raras vezes em que um mortal é sacrificado a um deus, e este não deseja mantê-lo ao seu lado, imediatamente ele o libera do laço do Sacrifício, e assim a pessoa passa a fazer parte do mundo da minha querida, e um tanto peculiar, Hela. — explicou, olhando contemplativo para a janela. — O mesmo poderia acontecer contigo, caso consiga se libertar do laço. — Novamente virou-se para olhar diretamente para mim. — No entanto, eu sendo o deus supremo, não permitiria que fosse levada a Helheim, uma vez que, como é deu seu conhecimento, tu és uma peça extremamente importante em meu jogo. — Exibiu um sorriso felino. Um sorriso que não lhe caiu bem.

Odin estava completamente certo. Deuses, com toda certeza, eram egoístas na mesma medida em que eram cruéis. Todavia, o que Odin não sabia é que eu não estava morta. Sendo assim, quando conseguisse minha liberdade, não precisaria de sua suposta benevolência para evitar com que eu fosse mandada a Helheim. Eu estaria bem longe antes que ele pudesse sentir a minha ausência.

— Que bom que eu o tenho como aliado. — Abri um largo sorriso. Um sorriso absurdamente falso. — Se me der licença, tenho um laço de Sacrifício a quebrar. — Levantei-me da cadeira. — Embora eu continue na mesma posição a qual entrei nessa sala, agradeço por sua ajuda. — Assenti levemente com a cabeça e parti rumo a saída da sala de reuniões.

Se houvesse uma outra forma de quebrar o laço do sacrifício sem envolver Loki, somente uma pessoa saberia. O problema em questão, é que eu não era capaz de chegar à Niflheim sozinha ou sem que Loki soubesse que eu tinha intenção de procurar a Vidente. Certamente, eu tinha um grande problema nas mãos. Um problema que, por um momento foi esquecido quando os eventos da noite seguinte, inesperadamente, se chocaram contra mim.

A vida não parava de me surpreender.

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