Capítulo 2 - Os Sete Paladinos Celestiais
Victor mal teve tempo para processar a informação quando o rugido do caminhão crescendo foi escutado e a luminosidade de seus faróis fez o sangue gelar em suas veias. O impacto iminente era uma questão de segundos. Instintivamente, ele arrancou o cinto de segurança com um puxão brusco, liberou as travas das portas e gritou com urgência para os agentes do FBI:
— Pulem!
Numa agilidade descomunal, ele empurrou a porta do motorista ao seu lado e se jogou para fora do carro, o asfalto áspero rasgando sua pele enquanto rolava pela estrada, sentindo o calor e a trepidação do carro ainda em movimento atrás de si. Não mais que cinco segundos se passaram antes que o caminhão colidisse brutalmente com o veículo lateralmente, lançando-o ladeira abaixo.
Victor, ainda atordoado no chão, ergueu a cabeça e viu o caminhão dar ré, evadindo-se do local do incidente. Teve apenas uma fração de segundo para vislumbrar o motorista do caminhão antes que ele acelerasse em fuga, mas a imagem que viu ficou gravada em sua mente. Seu rosto era anguloso, com uma mandíbula quadrada e grossa, marcada por uma cicatriz longa que ia do canto do olho esquerdo até o maxilar, como se alguém o tivesse cortado com uma lâmina afiada e ele tivesse sobrevivido para contar a história. Havia também uma tatuagem de um palhaço macabro em seu antebraço.
— Que dia de merda — murmurou para si mesmo enquanto se levantava.
Com o corpo dolorido, ele virou o olhar para seus arredores, buscando os agentes do FBI. Um suspiro de alivio sútil escapou de seus lábios ao ver Jakeline estirada a alguns metros de distância, viva. Sem hesitar, ele correu até ela, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.
— Roger?! — Indagou Jakeline, ainda cambaleando, ao notar que seu estagiário não estava próximo a eles. Ela se desvencilhou dos braços de Victor e, como uma força da natureza, desceu correndo a colina traiçoeira.
O terreno estava escorregadio uma vez que havia chovido durante toda a tarde daquele dia. Victor foi atrás dela, descendo com mais cuidado que a mesma. Pelo horário da madrugada, mesmo sendo uma das rodovias mais movimentadas de São Paulo, não havia uma só alma para os ajudar. Eram eles por eles.
Quando chegaram ao carro, agora uma massa retorcida de metal à beira do riacho no fundo da colina, a visão congelou o estômago de ambos. Roger ainda estava lá, preso no banco do passageiro, o corpo imóvel como se já tivesse desencarnado, cabeça pendida para frente. O carro, milagrosamente, tinha parado em pé, embora a frente estivesse esmagada como uma lata de alumínio.
Uma inquietação latente passou por Victor nesse momento, enquanto cuidadosamente tentava abrir a porta do carro para verificar se o homem de boné estava de fato morto. Esses segundos de aflição lhe trouxeram de volta lembranças das quais rejeitava. "Mais um não... Ele não...!"
— Ele... ele morreu? — Jakeline sussurrou temerosa.
Victor, com mãos trêmulas, abriu a porta e verificou o pulso do "agente mirim" do FBI. Uma onda de alívio o atingiu quando sentiu a pulsação fraca, mas presente, sob seus dedos.
— Ele está apenas inconsciente. — Declarou Victor, fingindo indiferença. — Chame uma ambulância.
A testa de Roger estava coberta de sangue, provavelmente resultado de uma forte pancada contra o banco da frente.
• • • ✦ ✦ ✦ • • •
Victor caminhava pelos corredores daquele hospital silencioso. Já haviam se passado algumas horas desde que chegaram, mas o peso do tempo parecia maior. O ex-detetive carregava consigo dois copos de café que havia pego na cafeteria do andar térreo. Quando finalmente se aproximou do quarto de Roger, a porta se abriu inesperadamente, revelando Jakeline, com o seu semblante exausto.
— Como ele está? — perguntou Victor, entregando-lhe um dos copos de café, sem desviar o olhar.
Jakeline aceitou o copo sem dizer nada por um instante.
Ambos se dirigiram para as cadeiras no corredor, o silêncio entre eles preenchido apenas pelo zumbido das luzes fluorescentes. O hospital parecia deserto naquele local, tendo noção de que teriam toda a privacidade que precisariam ali.
— Ele vai ficar bem. — Disse finalmente, dando um pequeno gole em seu café. — Teve uma contusão na cabeça, mas nada grave. Bom, também machucou a perna ao prende-la nas ferrugens, mas aparentemente foi apenas uma torsão também.
Mesmo com a notícia positiva, o tom de Jakeline não parecia aliviar. Ela estava cabisbaixa, os olhos fixos no líquido escuro que girava no copo. Num primeiro momento Victor não sabia dizer se era pela culpa que carregava por não ter protegido seu subordinado, ou por outro motivo.
Depois de um suspiro pesado, continuou.
— Acha que o acidente foi proposital?
— A agente do FBI aqui é você, logo você quem melhor deveria saber responder a isso.
Jakeline o fitou por alguns instantes, voltando a tomar o seu café.
— Por que nos acompanhou até aqui? Poderia muito bem ter ido embora. A não ser que os boatos que ouvi sobre você ser alguém extremamente egoísta e individualista estivessem errados.
Victor deu um sorriso de canto, sem humor, e balançou os ombros.
— Não me leve a mal, mas apenas os acompanhei pois queria saber mais a respeito do que você estava falando... Quer dizer que aquele velhote dos Estados Unidos está mesmo morto?
Ele sentia um embrulho no estômago ao se lembrar de Edgar. O finado presidente dos Estados Unidos fez coisas impensáveis a ele e ao seu grupo que lhe causavam repulsa só de lembrar. Tanto as que Victor tinha conhecimento, quanto as que não possuía.
— Você é tão inteligente, mas às vezes soa como um completo desinformado — retrucou, mordaz. — Só se fala disso na última semana em todo o mundo. Você não acompanha os noticiários?
Victor deu de ombros novamente, relaxado.
— Como diria Sherlock Holmes: "Não dá pra empilhar qualquer informação inútil em nossas cabeças, achando que temos espaço disponível pra qualquer coisa trivial." Foco em armazenar em minha cabeça apenas o que considero relevante pra mim. Assistir noticiários não é uma delas.
— Bom, agora isso tem muita relevância para você, senhor Diógenes. — Ela enfatizou o sobrenome dele com um toque de provocação, antes de encará-lo com firmeza. — Tem a ver com um dos sete Paladinos Celestiais.
— Como sabem que foi um de nós que matou o presidente?
— Uma mensagem no banheiro, anexo a suíte presidencial onde o presidente foi morto. Escrito com sangue, o sangue do próprio presidente, estava: "Um dos sete é quem procuram". E ao lado dessa mensagem, o emblema dos Paladinos Celestiais — Jakeline parou por um instante, observando a reação de Victor. — Um triângulo preenchido com sete espadas.
Era verdade. Esse era um símbolo inconfundível para Victor. Todos os sete possuíam uma tatuagem com esse emblema. A de Victor ficava bem abaixo de seu peito direito.
— Isso é o suficiente pra suspeitar de nós?
— O presidente da maior potência do mundo foi morto com golpes de espada. — Prosseguiu Jakeline. — A arma do crime não foi encontrada. Porém a perícia confirmou como os cortes foram precisos, evidenciando o quão habilidoso o assassino era com essa arma branca. Especialidade essa que, por si só, já deveria lhe recordar dos sete Paladinos Celestiais.
"Além disso, havia uma carta na escrivaninha ao lado do corpo, na suíte presidencial. Escrita com recortes de jornal, estavam os seguintes nomes: 'O Flautista de Hamelin, Kitsune, Afrodite, Hades, Guilherme Tell, Arsène Lupin e Robin Wood'."
— Esses são...! — Victor tentou dizer, mas foi interrompido pela mulher ao seu lado.
— Os codinomes de vocês. Sim, tenho conhecimento disso, "Robin Wood". Enquanto a da sua parceira de crime, Mônica Helleanor, se refere ao interpreto ladrão francês mestre dos desfaces Arsèlene Lupin, o seu se refere ao ladrão altruísta. Os codinomes foram dados com base nas características de vocês, inspirados em figuras da literatura ou seres mitológicos. No seu caso, você gosta de bancar o herói, roubando dos ricos para dar aos pobres. Não que venha ao caso, mas roubo é roubo, Victor. Não importa o quão nobre seja a intenção.
"Não preciso nem dizer que o codinome de vocês é ultrassecreto, preciso? Se eu não trabalhasse para um dos maiores serviços secretos do planeta, nem eu mesma teria conhecimento dessa informação. Logo, não resta dúvidas de que vocês sete são os nossos suspeitos. Qualquer um de vocês sete pode ter matado o Edgar".
Victor manteve seus olhos fixos nos de Jakeline por alguns segundos, mas logo depois um sorriso cínico curvou seus lábios. Calmamente, ele tirou do bolso um maço de cigarros e colocou um entre os lábios, sem se preocupar em acendê-lo num primeiro momento. Com um gesto desinteressado, se levantou do banco e virou-se de costas para ela, começando a caminhar em direção à saída do hospital.
— E então? Não quer saber por que estou aqui? — Jakeline questionou, indo atrás dele.
Victor dava passos largos, de forma que Jakeline teve que acelerar os passos para acompanhar o seu ritmo pelos corredores. Victor não aparentava interesse nas palavras da mulher de sotaque americano. Ela estava se tornando uma figurante no livro fictício da sua cabeça.
— Diga, se quiser.
— Nós do FBI não temos conhecimento do paradeiro de todos os sete celestiais, mas sabemos onde alguns estão, como você. Nossos agentes já foram enviados para contatá-los ao redor do mundo. Cada um de nós tem a missão de encontrar um de vocês.
Ele parou à frente da porta de vidro do hospital, sentindo a presença dela a poucos passos atrás.
— Entende o que estou dizendo, Victor Diógenes? Você é suspeito de um dos maiores crimes do século vinte e um. Ainda assim, acreditamos que apenas um dos sete realizou o crime. Estou lhe dando a oportunidade de colaborar conosco, para podermos pegar o verdadeiro culpado. É claro que se o culpado for você, teremos outros seis nos ajudando a desmascará-lo.
"Os sete Paladinos Celestiais são formidáveis, e quem mais os conhece melhor que vocês mesmos? Um pode mentir, mas os outros seis nos ajudarão a descobrir a verdade."
Victor deu uma risada curta, o som seco reverberando no corredor vazio. Sem se virar, respondeu, com o tom ácido:
— Patéticos esse desespero de vocês. Se dizem um dos maiores serviços de espionagem e investigação do mundo, e não conseguem resolver seus próprios problemas sozinhos? Querem que eu colabore, sendo que sequer confiam em mim? Eu me recuso. Se sou suspeito, provem e me indiciem. Eu me certifico de tirar meu corpo fora e livrar minha barra, mas não sou tolo para fazer o trabalho de vocês.
Algo o inquietava naquilo tudo. Se existiam rumores na investigação da morte do homem mais poderoso do mundo, por que Victor ainda estava vivo se era um suspeito? Por ter trabalhado diretamente para essa potência no passado, sabia bem os podres desse tipo de gente: atiravam e depois perguntavam. Além do mais, sequer foi indagado sobre seu álibi na data do ocorrido.
Ele estendeu a mão para a maçaneta, prestes a sair, mas então parou e, quase como um gesto de condescendência, virou-se brevemente para encará-la.
— Conheço meus colegas bem o bastante para saber que mesmo aqueles dos quais vocês saibam o paradeiro, nenhum irá ajudar vocês.
A responsável pela investigação mantinha seu olhar concentrado nele.
— Seu nome é Jakeline, certo? Pelas suas olheiras você parece que não dorme direito há pelo menos três dias. Sua profissão exige bastante discrição e viagens ao redor do mundo frequentes. A ausência de uma aliança em seu dedo anelar da mão direita, e a ausência também de qualquer marca que sinaliza que não usa aliança há pelo menos muito tempo, indicam que você está "encalhada". Pelas suas rugas, você parece já ter passado dos trinta. Tendo isso tudo em vista, vou te dar um conselho gratuito: Deveria procurar um macho. Sexo aumenta a autoestima, e melhora o desempenho em seu emprego. Talvez assim não precise da ajuda de ninguém para realizar seu trabalho.
Ele esperou alguma reação — raiva, indignação, um mínimo de abalo — mas tudo o que recebeu foi o olhar impassível de Jakeline. Nenhum músculo de seu rosto se contraiu. E isso só serviu para confirmar a impressão de Victor. "Ela está tão focada no trabalho que nada mais importa para ela", pensou.
Ele finalmente deixou o hospital, o isqueiro em mãos para acender o cigarro finalmente e pode externar seus pensamentos com seu maior vicio que era justamente fumar.
Mesmo com a lateral do carro amassada pelo acidente da noite anterior, Victor não hesitou em utilizá-lo para chegar ao seu bairro. A lataria deformada parecia um reflexo de sua própria vida, cheia de cicatrizes, mas ainda em movimento. Como de costume, ele estacionou algumas quadras antes de sua residência, preferindo caminhar pelas ruas do subúrbio o resto do caminho. O cigarro pendia de seus lábios, enquanto ele carregava uma sacola em uma das mãos.
— Joga a bola aí, tiozão! — Gritou um jovem de pele retinta, que estava na quadra de basquete pública próxima.
Victor parou, abaixou-se para pegar a bola que havia rolado até seus pés e, sem esforço, começou a rodopiá-la no dedo indicador. Olhou para a quadra, a poucos metros de distância, onde seis adolescentes, todos com no máximo 18 anos, o observavam ansiosos para que ele devolvesse a bola. Victor conhecia bem cada um deles.
— Quem é "tiozão"? — retrucou Victor, erguendo uma sobrancelha.
Sem esperar resposta, ele correu para a quadra, jogando a sacola no chão e avançando com a bola. Os garotos se prepararam, sabendo o que viria. Victor driblou o primeiro com facilidade, passou pelo segundo, e deu uma volta ágil no terceiro, sempre mantendo a bola em movimento, quicando contra o chão rachado da quadra. Três deles se posicionaram à frente da cesta, formando uma barreira, mas Victor deu um salto, inclinando o corpo para trás e, em um arremesso preciso, acertou a cesta. A bola quicou no chão enquanto o grupo se rendia à habilidade dele.
— Já falei pra não me chamarem de velho — disse Victor, entre uma bronca e uma risada, tirando o cigarro da boca para exalar uma nuvem de fumaça, que se dissipou no ar quente do subúrbio antes de recolocar o cigarro nos lábios.
— Trouxe o que pra nós? — Perguntou um dos garotos, suas roupas gastas e o olhar cheio de expectativa ignorando a fala do mais velho.
Victor suspirou, caminhando de volta até a sacola jogada ao chão. Ele a pegou e a entregou ao grupo, com um ar de resignação.
— Foi só o que consegui dessa vez.
Os olhos dos jovens brilharam ao ver o conteúdo: um saco de arroz, feijão, salame, carne e, o que mais os empolgou, três barras de chocolate.
— Valeu aí, mano! — Agradeceu o menorzinho dos seis, enquanto os outros já começavam a dividir o saque.
Victor observou por alguns instantes. Ele sabia que aqueles garotos tinham pouco, quase nada, e embora não pudesse mudar o mundo, fazia o que podia para amenizar a vida deles — mesmo que, para isso, precisasse roubar.
• • • ✦ ✦ ✦ • • •
Continuando seu caminho pelos becos daquela comunidade, Victor finalmente chegou à sua casa. A moradia era humilde com uma velha porta de madeira que mal se fechava completamente. Quatro cômodos compunham o imóvel: um banheiro, um quarto, uma sala que também servia como cozinha, e um pequeno escritório que mais parecia uma despensa.
Ao abrir a porta, não teve como Victor não notar a presença do homem magro de vinte e sete anos sentado no velho sofá esburacado da sala. De igual forma o homem de cabelo tingido de rosa estava olhando em direção a porta, como se já esperasse a chegada de Victor. Giovanne Martins não parecia muito receptivo com o surgimento do mais velho.
— E então? Conseguiu roubar algo bom dessa vez? — Perguntou Giovanne, sem rodeios.
Victor, já cansado, começou a desabotoar sua camisa social enquanto respondia:
— Nada. Houve imprevistos dessa vez.
O rapaz de regata e calça jeans do outro lado da sala arqueou a sobrancelha com sua resposta evasiva.
— Então como conseguiu comprar comida para os garotos? Eu estava observando pela janela. Olha, acho linda essa sua ideia de roubar dos ricos pra dar aos pobres, mas se continuar usando o nosso dinheiro pra isso, vai ser só tirar dos pobres pra dar aos mais pobres ainda.
Sem responder de imediato, Victor se aproximou por trás do sofá e envolveu Giovanne em um abraço firme. O toque familiar o acalmou quase instantaneamente. Seu namorado se levantou e selou seus lábios nos lábios de Victor.
— Tem algo errado... — murmurou Giovanne, aproximando o nariz do pescoço do Victor. — Quantas pessoas você encontrou nessa festa? — perguntou, sentindo o nervosismo crescer em Victor. — Esse cheiro... Sabia! Você se encontrou com aquela oferecida da Mônica Helleanor de novo!
Giovanne cruzou os braços, irritado, e se afastou, voltando ao sofá com passos pesados. Victor suspirou, percebendo que a conversa não seria fácil.
— Aconteceu de nos esbarrarmos lá. Não foi algo planejado. Aposto que ela deixou o perfume de propósito, só pra te irritar. Você sabe que só tenho olhos pra você, meu amor.
— Conta outra, Victor. Não dá pra viver nessa indecisão pra sempre. Ou tá comigo, ou com ela.
Sentindo a tensão no ar, Victor se sentou ao lado de Giovanne no sofá. Ele sabia exatamente como acalmar o parceiro. Com um movimento lento e carinhoso, começou a fazer cafuné no homem de cabelo rosa, que aos poucos foi ficando mansinho, deixando-se envolver pela afeição. Em questão de minutos, o ambiente mudou, e Victor aproveitou o momento para roubar mais um beijo, seguido por um abraço apertado.
Victor raramente sentia empatia por alguém. Era totalmente diferente quando se referia a Giovanne. Ele mataria quem quer que fosse por ele...
— Vou ficar um tempo no escritório. Tenho umas coisas pra pensar — anunciou Victor, após contornar a situação e jogar seu envolvimento poliamoroso para debaixo do tapete.
Giovanne sabia muito bem que quando seu namorado ia para o escritório para refletir sobre algo odiava ser incomodado em seu momento de privacidade. Era o lugar de refúgio dele na casa.
A porta do escritório estava escondida sobre uma parede falsa, ficando no lado oposta ao sofá da sala. No local onde estava pendurado um quadro de um pato sobre um lago, havia uma porta de correr da mesma cor do restante da parede, de forma que ninguém além de Victor e Giovanne tinham conhecimento sobre a localização da entrada do cômodo.
Ao entrar no estreito cômodo, Victor fechou a porta atrás de si e se sentou na cadeira em frente à pequena mesa de madeira, repleta de papéis desorganizados. Ele colocou seus fones de ouvido no volume máximo, permitindo-se finalmente se desligar do mundo exterior. As batidas da música abafavam qualquer som, enquanto seu olhar se fixava na flecha emoldurada pendurada na parede. Era uma lembrança saudosa, evocando memórias de um dos sete Paladinos Celestiais; justo o amigo que ele mais sentia falta.
Devido estar utilizando fones de ouvido, Victor não percebeu o som da porta da casa sendo arrombada com um chute. Na sala, quatro homens mascarados invadiram a residência rendendo Giovanne.
— Que porra é essa?! — Gritou, desesperado. — Victor! Socorro!
Mas seu pedido de socorro não teve efeito, afinal Victor não conseguia ouvir um ruído sequer. Um dos homens chegou por trás de Giovanne, colocando um pano com clorofórmio em sua boca. Não tardou para que o efeito do composto químico surtisse efeito nele, caindo desacordado no chão.
Os homens reviraram a pequena casa, procurando por Victor, mas sem sucesso. Afinal, não faziam ideia da existência da passagem secreta para o escritório. Frustrados, deixaram uma carta sobre o sofá antes de saírem, enquanto um dos malfeitores carregava Giovanne sobre seus ombros largos, deixando a porta da residência escancarada.
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