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Sob outros olhos - A Terra Central

(Enny está tão dentro do universo de Rheyk. Mas... O que será que aconteceu depois que a mãe dela chegou em casa e não viu a filha?)

Prontos para descobrir pelos olhos da melhor amiga de Enny?

Quatro dias após o desaparecimento de Enny em sua casa (Terra Central)

89 horas de desaparecida. Mas a desgraça da polícia insistia em nos corrigir, dizendo "não localizada". Era a droga de um dourar a pílula para não se venderem como incompetentes nos meios midiáticos.

No dia 15 de junho, tia Sara ligou para mim e Júlia enquanto estávamos na festa de Cece, perguntando se Enny tinha ido nos encontrar. Nossa negativa fez Sara desligar sem nos explicar nada e, uma hora depois, minha mãe veio nos buscar para levar até a casa de Enny.

Tirando a presença de dois homens de olhares presunçosos no corredor do prédio da minha amiga - um loiro e outro ruivo -, nada parecia diferente quando chegamos. Mas tudo tinha mudado. Minha melhor amiga sumira sem deixar um rastro de fumaça. O pequeno apartamento de primeiro andar estava tão limpo e conservado como sempre.

Tia Sara nos contou que quando chegou, às 23 horas, ficou puta da vida porque a porta ainda estava aberta. Entrou pronta para reclamar com a filha mais nova, acordá-la caso fosse necessário. Mas a menina não estava mais lá. Tentamos chamar a polícia, mas eles disseram que, como não havia sinal de arrombamento e tudo estava em perfeito estado, não poderiam considerar minha amiga como desaparecida antes das primeiras 24 horas. Ademais, só uma coisa tinha sumido - um porta retrato da família dela - e isso fez uma policial dizer:

"Talvez ela tenha escapado para ver um carinha. Acontece com mais frequência que imagina."

Filhos da puta. Enny Scott não faria nunca isso. Outras hipóteses me ganharam a mente. Ela estava depressiva, alucinando, com medo de ter enlouquecido. Se fosse para fugir, seria para se internar e precisaria de dinheiro. Por isso, no outro dia, fui na casa de vó Paola - eu a chamava assim também porque ela basicamente me "adotou" - e descobri que o cartão da conta que tínhamos para nossas viagens estava lá. Então essa teoria da internação caiu por terra. Minha amiga estava sem dinheiro.

A próxima possibilidade era ainda mais angustiante. Se não a encontramos até agora, qual a chance dela estar viva? Será que ela queria estar viva ainda? Ou em um surto depressivo, minha melhor amiga fez a maior besteira?

Não! Não podia ser isso!

Ela não levaria a foto da família para encarar para enquanto se matava. A mera visão de Sara e Júlia seriam um estímulo para viver... Ou faria? Depois de tanto tempo sem qualquer notícia, as piores possibilidades começavam a se tornar mais coerentes.

E, como se não tivesse como piorar, quando compartilhamos post em rede social e na mídia, pedindo informações sobre Enny, começaram a surgir pessoas falando que ela tinha fugido com alguém ou insinuando que ela sofria abuso doméstico por causa de sua aparência antes de sumir ou inventado que ela usava drogas - usando de uma foto que ela tinha um cigarro na mão, cigarro esse que momentos antes tinha tirado de Júlia.

Drogada!

Problemática!

Puta!

Desvirtuada!

Viciada!

Os comentários com essas três destruíam Sara e Ju, especialmente tia, que escolheu ir morar com a mãe - vó Paola - para não ter que encarar o vazio da falta de Enny.

Por causa de como tia Sara estava, minha mãe decidiu pedir folga do trabalho hoje a tarde e resolveu ficar com ela e vó Paola, dando suporte emocional e filtrando as mensagens que aquela família vinha recebendo, separando possíveis pistas de nítidas ofensas.

Então, eu chamei Júlia para caminhar pela praia e tomar um sorvete. Viemos surfar e deixei minhas lágrimas de saudade caírem no oceano, tornando-se uma fração em meio à imensidão. Eu devia ter arrastado Enny comigo. Devia ter ficado com ela naquela noite. Devia ter acreditado na loucura de atravessar o espelho e a acolher.

- Tay, não tô no clima de surfar... - Ju disse ofegante após remar para me alcançar. - Achei que dentro da água não ia lembra de maninha... Mas não consigo parar de olhar para faixa de areia, pensando que ela não tá lá...

Simplesmente concordei porque eu mesma já tinha olhado umas duas vezes, esperando ver minha amiga tirando foto da gente como usualmente fazia. Nunca entrava conosco. Não sabia nadar e tinha pânico que alguém se aproximasse dela quando o nível da água estava acima do joelho. Sobrava-lhe o papel de fotógrafa e guardiã dos nossos pertences.

Eu e Júlia decidimos ir em na sorveteria bem quista que era a uns cinco quarteirões de distância. Nos servimos e fomos para o caixa. Na velha TV de tubo no canto, passava o noticiário reforçando sobre o desaparecimento da minha amiga.

A mulher que atendia no caixa tinha braços roliços, bochechas salientes, um nariz de batata, cabelo curtinho pintado de acaju e parecia mascar bosta, fazendo aquele barulho irritante. Ela viu a foto de Enny na TV e seu arquear de sobrancelhas deixou claro que reconheceu as raras semelhanças entre minha amiga e Ju. Lá vai...

- Ei, eu vi você no jornal. Sua irmã que fugiu, não é? Uma pena o que ela fez contigo e com sua mãe. Deve tá com um carinha... Torcer para não voltar grávida. - Ela suspirou com uma falsa pena. - Não se culpe, menina. Toda família tem uma cria que não vale nada.

Uma das poucas coisas que Júlia não tinha puxado da mãe, além da cor dos olhos, era o ódio nas respostas. Ela simplesmente se calava e ouvia as maiores calamidades de boca fechada. Tia Sara aqui derrubaria esse cubículo que isolava a mulher da gente e a puxaria para fora pelos cabelos, mas não antes de a reduzir à lixo com suas humilhações. Tia Sara podia ser distante, mas era uma leoa pelas duas filhas - e por mim.

Julhinha deu espaço e eu fui até a janelinha depositar meu dinheiro.

- Olha, Ju, estou com dó dessa senhora. Receber um salário de merda para, além de ser caixa, ainda tem que dar conta da vida dos outros, dando pitaco onde não foi chamada... Deve ser uma bosta. - Encarei a mulher com cinismo. - Tá difícil assim arrumar emprego, né?

A senhora de seus 50 anos me olhou assustada, mas lhe dei um sorriso duro. Júlia me puxou para sair e evitar confusão. Mas, se ela era do tipo evasiva com os problemas, eu era a pura bomba atômica. Bati o pé e continuei:

- Julhinha, até tava querendo mandar meu currículo pra cá. Mas acabei de me tocar que não me qualifico. - Apontei para a mulher. - A concorrência é muito alta. Nascer uma vez só e absorver a estupidez do mundo todinho deve ser um marco. Parabéns dona...

Coloquei-me na ponta dos pés, vendo o crachá da mulher.

- Madalena. O talento da senhora dá inveja até a uma fossa.

- Menina mal educada. - A Madalena já se pôs de pé por trás do cubículo que a isolava. - Saia do estabelecimento, agora!

- Ou o quê? Vai me bater? - Lambi o sorvete erguendo a sobrancelha e dando um olhar provocativo. - Minha família é amiga do dono. Ele vai adorar saber da qualidade dos atendentes dele, Madalena.

Era verdade isso? Claro que não! Mas ela não tinha como saber. E essa frase foi o suficiente para a fazer sentar novamente, mesmo que bufando. Não podia voltar ali ou comeria sorvete com cuspe, mas era só um detalhe.

Fomos para a área externa. No percurso, passamos por uma mesa com dois homens, um loiro e outro de cabelo grisalho. Os olhos cinzas do segundo repousaram sobre mim como uma ameaça velada. Como um olhar casual podia carregar tanto mal? Parei de o encarar, mas sentei em uma mesa próxima para escutar a conversa.

- Juq, a fedelha assumiu o cargo do anel. O que faremos?

- Desde quando lhe devo alguma satisfação dos meus planos, Gustavo? - A calma daquele homem era predatória. Sua risada parecia o tocar desafinado de um violino. - A Herança Garf...

- Opa! - Uma voz anasalada rompeu o silêncio, fazendo-me pular na cadeira. - Perdão, não foi minha intenção assustar vocês.

O rapaz na nossa frente tinha um enorme sorriso. Ele era bem mediano em tudo à primeira vista, beleza, gosto de vestuário, altura... O garoto coçou os vastos cabelos escuros e repuxou a blusa de anime.

- Vi o que aconteceu lá dentro. Aquela mulher não tinha direito de tratar vocês assim. Certeza que Enny deve estar bem e voltará para casa antes do que imaginam.

- Obrigada. - Júlia quem respondeu, olhando para baixo e deixando uma lágrima escorrer da ponta do nariz até a mesa.

- Antes do que imaginam? - Ri ao repetir essas palavras e reparei que ele contraiu os ombros, evitando meu olhar. Parecia desconfiado. - Tá sabendo de alguma coisa, garoto?

- Claro que não. - O garoto de olhos puxados para o dourado pareceu genuinamente ofendido. - Só quis ser gentil. Desculpa se ofendi.

Percebendo que acabei descontando em alguém as sequelas de minhas últimas aflições, vi-me constrangida. A tensão dos últimos dias estava destruindo meu humor. Não era do tipo que pedia desculpas, especialmente para um desconhecido, então, decidi o analisar e vi um algo que me chamou a atenção.

- De boa, garoto. Que sabor é esse de sorvete?

- Amendoim e dupla calda de morango. Melhor combinação. - O rapaz riu da minha face se retorcendo de nojo. - Juro que você vai gostar. Experimenta!

- Eu acho que prefiro veneno. - Respondi abrindo um enorme sorriso ao qual ele acompanhou. Olhando melhor, os olhos dele não eram tão medianos assim. Bonitinho.

O homem loiro da mesa atrás de mim se levantou e veio até o rapaz a minha frente, perguntando se estava tudo bem. Olhei para trás e constatei que o grisalho assustador de olhos cinzas tinha desaparecido como poeira. Voltei a encarar o belo e perigoso galego à minha frente até que uma nítida lembrança me alcançou.

- Foi você que eu vi no prédio de Enny quando ela sumiu. - As palavras vazaram de mim sem que eu planejasse as dizer.

- De quem? Vamos, moleque, essa menina é louca.

O rapaz de olhos dourados parecia me pedir desculpas com seu semblante tristonho. Ele não queria estar ali com aquele loiro, parecia quase pedir socorro - como um prisioneiro. Assim que os dois saíram, Júlia puxou meu braço.

- Tay, você ainda vai acabar se machucando com esse seu bocão.

E pior é que eu sabia que ela estava certa. Viviam me dizendo que um dia encontraria alguém mais surtada que eu, que me daria uma surra. Mas, até lá, ia continuando sem filtro.

- Eu já perdi minha maninha... - Júlia colapsou, o corpo se curvando para esconder o choro amplo. - Não posso perder você também, Tay, não agora.

Me virei para ela, puxando-a para um abraço ao qual relutou para aceitar.

- Escuta. - Puxei seu rosto para o encarar. - Enny é a pessoa mais forte que eu conheço. Ela aguentou tudo que seu pai fez calada, não é?

O choro se intensificou. Certeza que Ju sentia o peso da culpa pelo seu silêncio, sua conivência. Não a culpava, nem Enny também nunca fez. A primogênita amava Pedro e era apenas uma criança. Ele maltratar a caçula era o que ela aprendeu como normalidade. Sua resistência aos atos do pai consistia em zelar pela mais nova e a amar o dobro do que devia para compensar a ausência paterna.

- Se minha maninha se meteu em encrenc...

- Talvez Enny tenha se metido em um gigantesco problema, mas ela vai ficar bem. Disso, eu tenho certeza.

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