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Capítulo 8 - Troca Injusta

Não havia ninguém naquela enorme sala. Pelo o que eu sabia, aquela era a sala do trono. Ela era cinza com um enorme círculo vermelho no centro e, ao fundo, tinha uma grande cadeira – o trono – acolchoada de veludo vermelho e, ao lado, uma menor, não menos imponente. O silêncio denso oprimia junto com a ausência de cores nas paredes e de qualquer iluminação natural. Cada tocha, móvel, tapeçaria, tecido... Tudo milimetricamente bem posicionado e limpo, quase como se nenhuma alma sequer tivesse passado por ali. Pode parecer loucura, mas o cheiro era frio. Parecia que inalava pequenos cristais de gelo que faziam minha garganta coçar.

Andei em direção ao círculo vermelho no chão, em frente ao trono, e o toquei suavemente – curiosa para saber se era de pedra –, e descobri que aquilo era vidro. Lembrava-me que, por vezes, o déspota usava aquele artefato para enxergar os lugares que ele conhecia, rastrear seus inimigos. O Olho de Rheyk. Existiam apenas dois desses neste mundo. Fui até o trono e toquei na menor cadeira – a mais feminina e chamativa – e, depois, me sentei nela. O vilão não tinha esposa ou filha mostradas no desenho. De quem, então, seria esse lugar?

O rangido das portas gigantes de madeira se abrindo me fez pular do trono. Pelo pequeno espaço aberto, a fraca luz podia entrar e mostrava três pessoas chegando na sala. Uma era Angel, que estava vendada, o segundo era Thomas e, por último, Victor, com um enorme sorriso no rosto. Victor, repeti o nome em minha mente como uma vã tentativa de não me impactar com sua presença.

Thomas entrou e parou à beira da porta com a refém, enquanto seu mestre andava devagar em minha direção. Novamente, percebi como éramos parecidos: a cor do cabelo, lábio superior fino, olhos estreitos com cílios longos. Mas a cor... Ele tinha os seus verdes, enquanto os meus eram pretos. E sua íris era singular. No canto superior esquerdo havia uma mancha mais escura, parecia ser uma marca única. Além disso, ele era um homem alto, beirando os dois metros, com uma elegância ímpar e uma aura hipnotizante. Impossível não o notar aonde quer que fosse.

– Veio bem a tempo, minha caríssima Enny. – Ele falou carinhosamente, mantendo uma distância respeitosa e manejou a cabeça sutilmente para me saudar.

– Victor. – O cumprimentei. – Minha parte na barganha foi cumprida. Hora de libertar minha amiga.

– Mas já? – Ele deu uma gargalhada. – Nós três poderíamos nos divertir tanto.

– Eu sempre tive ciência de seus defeitos. – Tentava manter a calma. – Porém, nunca imaginei que "sem palavra" fosse ser adicionado à lista.

Seu sorriso se desfez e ficou me encarando. Por dentro, eu era medo, pânico e desespero. Por fora, um belo blefe que Victor caíra. Sustentei seu olhar com confiança, querendo sugerir que havia um plano B, caso a troca não desse certo. Alguns segundos nos encarando foram o suficiente para ele chegar a seu veredicto.

– Thomas, solte-a. Longe do castelo. Leve-a, sozinho, na montaria. Deixe-a amarrada para evitar ataque. Podemos fazer assim, pequena?

Apenas assenti. Fiquei confusa ao captar um olhar de gratidão de Thomas antes de sair com minha amiga. Depois que não se escutava os passos dos dois, Victor gesticulou para que eu o acompanhasse. Saindo da sala do trono, havia dois guardas – o que me recepcionou no castelo e um segundo, que parecia uma cobra. Andamos pelo castelo lado a lado. Mantinha minhas mãos presas ao corpo para evitar transparecer que tremiam.

– Heróis, tão previsíveis. Tiram a graça de tudo. – O homem quebrou o silêncio. – Eu sabia que não tardaria até você me encontrar. Deve ter várias perguntas, imagino.

Meu silêncio o irritou. Ainda mais quando o mesmo persistiu com duas perguntas sobre minha vida antes de vir para esse mundo. Então, ele parou ao lado de uma imensa porta roxa. Victor acariciou minha face com as pontas de seus dedos, suas mãos gélidas e firmes. Havia algo a mais em seu olhar, uma admiração envolta por tristeza. Porém, assim que seus olhos encontraram os meus, decepção.

– Se você vai usar o silêncio como seu aliado, só me resta usar a fome como o meu. – Sua voz era quase um sibilo. – Hecozonha¹.

Os guardas me pegaram e jogaram para dentro do cômodo. Era um quarto enorme, mas que, obviamente, ninguém entrava há décadas. Victor mandou que eu vestisse algo mais apropriado, olhando para um guarda-roupa decrépito, e logo me trancou no lugar. Havia uma janela que estava a uns quinze metros do chão e deixava uma brisa muito fria entrar. Eu tremia. Peguei uma muda de roupa mais agasalhada, coloquei sobre minhas vestes e passei horas sozinhas.

Quando anoiteceu, o breu me assustou e notei que dava para escutar os gritos dos prisioneiros implorando misericórdia. Não dormi naquela noite. Logo ao amanhecer, uma mulher magérrima entrou no quarto, junto com Thomas e mais três soldados, aprontaram-me e me guiaram para um salão que já contava com Victor em frente a uma mesa posta para o café da manhã. Andei devagar e elegantemente até a minha cadeira, recusando-me a mostrar o medo. Não ia o dar esse gosto de vitória. Sentei com uma postura educada, que eu jamais usei na minha vida. Até parecia saber o que estava fazendo.

– Parece abatida, jovem. – Ele segurou minhas mãos. – Coma algo, por favor. Sei que as primeiras noites no meu reino não são fáceis. Com sua ajuda, tenho certeza que melhorarão.

– Minha ajuda? – Meus lábios ressecados pela desidratação racharam ao serem esticados para falar. Lambi-os para amenizar o incômodo.

– Por que não? Veja o quão poderosa você se tornou desde que chegou. Quase matou dois dos meus melhores soldados.

– São coisas das quais eu não me orgulho. – Disse, enraivecida comigo mesma.

– Mas você fez. E, acredite, foi impressionante. – Ele sorriu como sinal de uma validação demoníaca. – Tanto poder não deve ser oprimido como seus amigos fazem contigo. Creio que a senhorita possa fazer história. Por isso, tenho uma oferta a lhe fazer.

Eu o olhava atônita. Sua gesticulação suave, sua voz inebriante e seu olhar malicioso pareciam me envolver. Eu poderia passar o dia vendo Victor falar, por mais que o odiasse. Não estava preparada para essa presença opressivamente cativante. O rei se levantou e me serviu um copo de um suco, o qual não consegui recusar. Minha garganta doía tamanha a sede.

– Seja minha. – Sua pausa foi proposital. – Minha aliada, digo.

Não consegui reagir, apenas o olhei com nítido pânico. Fiz uma negativa com a cabeça depois de um tempo. Ele olhou para meu prato, curioso. Mandou que eu comesse. Meu estômago roncava, mas ignorei seu comando. Então, com a mão espalmada, ele bateu à mesa, revelando para mim uma cicatriz negra horrorosa ao redor de seu pulso. Contraí meu corpo pelo susto, porém continuei negando o seu comando, não contendo os olhos que marejavam. O vilão suspirou e passou as mãos pelos cabelos, tentando se acalmar.

– Um vilão só é considerado como tal por causa de como a sua história é contada. Eu fiz o necessário para tentar ter o que era meu, mas ela preferia guerra. Não fui eu o responsável. Contudo, vou terminar isso. E restaurarei a glória de Rheyk.

– Talvez seus métodos pouco ortodoxos não me façam cair nessa conversinha. – Olhava para frente, evitando o encarar desde que ele tocou meu cabelo.

– Você é idêntica a ela. Sua postura, seu modo de falar... Seu rosto. Tudo tão igual. – Victor falou, puxando meu rosto para si pelo queixo e examinando minha face com uma leve risada.

– Do que você está falando? – Ele parou de rir, encontrando meus olhos, e me encarou duvidoso. – Quem é tão parecida comigo?

Ele me arrancou da cadeira, me puxando pelo pulso. A fúria marcando seu rosto com uma veia saltada no centro da testa. Esses rompantes de agressividade estavam me assustando, como se a qualquer momento, ele pudesse me matar.

– Pare de brincadeiras! – Victor ordenou através dos dentes trincados. – Aliat não contou nada a você?

– Quem é Aliat? – Ele franziu o cenho de raiva com meu questionamento. – O que ela poderia me contar?

– Me dê o coração, Enny. – Ele aproximou seu rosto do meu. – Me dê o coração agora! – Apertou meu pulso com mais força.

– Do que diabos você está falando? – Tentei puxar minha mão, sem êxito.

Victor me soltou e olhou, duvidoso. Eu estava tão enraivecida que perdi o controle das lágrimas. Odiava esse meu choro fácil, dava a impressão de fraqueza. De súbito, o homem notou que não havia brincadeira da minha parte. Apoiou-se na mesa, com uma feição furiosa. Meus braços envolveram meu corpo, tentando me acalmar.

– Aliat não lhe contou nada? – Ele me perguntou e eu neguei, apavorada. – Que pena! Se você não sabe de nada, então não me tem serventia. Acho que está na hora de se juntar aos outros prisioneiros.

Ele chamou pelos guardas, e esses apareceram no mesmo instante. Petrik surgiu rapidamente com Thomas logo atrás. A besta de seis patas me pegou com as mãos e estava me levando para fora da sala enquanto Thomas falava algo com Victor. Não podia ser levada para uma cela sem saber o que estava acontecendo. Tinha que descobrir mais coisas. Eu precisava lutar.

– Victor! Victor! – Gritei até que ele mandou Petrik parar. – Quem é Aliat?

– Por que eu lhe responderia? – Ele falou pomposo. – Não é você que pode me trazer ela de volta. Levem-na!

Vi Thomas voltar a falar com seu amo. Enquanto isso, eu me debatia nas patas de Petrik, tentando ficar na sala. Victor me olhou curioso por um segundo e, em seguida, mandou que seu escravo me soltasse, exigindo que todos saíssem do aposento. O vilão me observava à distância, intrigado. Eu estava no chão, com o vestido rasgado na extensão. O homem se aproximou, agachou-se a meu nível e, segurando-me pelo queixo com seus dedos longos e gélidos, falou:

– Aliat é o passado deste mundo. – Seus lábios articulavam bem cada palavra, especialmente aquele nome. Sua outra mão tirava as mechas de cabelo do meu rosto, presas pelas lágrimas que molhavam minha face. – E também a culpada por você estar aqui. Na minha opinião, se ela permitiu sua vinda, deveria, no mínimo, lhe contar a razão. Ela me roubou algo muito importante, meu por direito, e quero de volta. 

No meio do meu arfar, reuni forças para colocar minha mente para pensar. Era essa a chance que eu estava querendo. A mão que limpava meu rosto migrou para meu cabelo e se fechou lá, fazendo meu coração acelerar com medo de ser machucada. Cerrei os olhos, juntei as peças que tinha até agora e fiz um movimento arriscado, dizendo: 

– O-o c-coração? Foi isso o que e-ela roubou, não é? Mas como? A-afinal, você é o Senhor das Trevas. – Eu gaguejava enquanto tentava expressar meus pensamentos.

Uma dor inundou a minha cabeça. Doía tanto que achei que fosse explodir, e não era por Victor segurar meu cabelo. A dor era interna. As imagens dos meus sonhos e minhas visões estavam se encaixando aos locais que eu tinha visto no tour com Victor para "meu quarto" de ontem. Os cenários dos meus sonhos e das minhas visões eram sempre bem iluminados, enquanto os verdadeiros eram escuros e cinzas. Porém, as semelhanças eram inquestionáveis. Eu vinha sonhando com cada canto deste lugar. Gemi pela dor que senti.

– O que está acontecendo? – Victor perguntou preocupado, erguendo-me.

Ele tirou seu próprio manto ao ver o quão rasgado meu vestido estava e me cobriu. Seu semblante transmitia zelo, na espera que eu lhe respondesse. Naquele momento, era a sua versão afetuosa que tomava a vez. Precisava medir bem as palavras que usaria para não trazer de volta sua face maníaca e enraivecida.

– Me lembro. – Falei rouca. – Já vi esse castelo antes.

Uma lembrança específica chamou a minha atenção. Um lugar que eu já tinha visto nas minhas visões – a última que tive no meu mundo –, mas que não tinha visto pessoalmente. Queria saber se aquele lugar existia. Precisava saber. 

– Victor, por favor.... Por favor, me deixe ver um lugar? – Pedi, ofegante, e ele assentiu após me encarar por um momento.

O próprio me ajudou a ir na direção que eu queria. Enquanto andava, associava os lugares que via àqueles do meu sonho. Admito que já não me arrependia por sempre ter o mesmo sonho, pois agora sabia de cor todos os caminhos daquele castelo e não me perderia se fugisse. Finalmente uma vantagem que minhas assombrosas "visões" e sonhos traziam.

Cheguei ao corredor onde vi pela primeira vez um lugar deste castelo. Só que não havia um longo corredor com uma grande porta no final dele, e sim um pequeno corredor com uma enorme parede no fim. Se minha visão mostrava aquela mulher tentando tanto proteger aquele bebê, eu deveria omitir meu conhecimento sobre o mesmo. Para enganar Victor, teria que ter uma boa história para contar, e iria tentar.

– O que você viu aqui? – Ele perguntou, muito curioso.

– Uma mulher ficava encostada perto daquela parede, chorando desesperada. – Não era bem uma mentira, estava mais para uma omissão.

– Isso não é verdade. O que você realmente viu? – Victor voltou a fúria, sacudindo-me pelo braço. Ele sabia sobre a criança, era nítido, porém não ia dar mais informações. Eu tinha que proteger aquele bebê.

– Somente isso, juro. – Respondi, colocando a minha mão em cima do ombro de Victor.

Ele se acalmou, encarando com ternura meu cabelo e os traços do meu rosto. Mas sempre evitando achar meus olhos. Era estranho, sentia-me ligada a ele de uma forma que não sabia explicar ao mesmo tempo que o asco tomava meu estômago com sua proximidade.

– Eu vejo uma mulher nos meus sonhos. Ela se parece conosco. É Aliat? – Minha pergunta o fez recuar um passo.

– Talvez. – Victor engoliu em seco. – Como ela é?

– Tem a mesma cor do nosso cabelo, só um pouco mais claro. A cor verdes dos seus olhos, mas sem a manchinha preta na íris do olho esquerdo que você tem. O nariz é parecido com o meu, mais alta que eu, bem magra e branca pálida como nós dois.

– Você acha que nós somos realmente tão parecidos? – Havia contentamento ali, sua voz grave doce. Assenti. – Por dentro também? Digo, nossa essência é parecida?

– Não, não somos parecidos. Eu nunca seria capaz de tirar a vida de ninguém, enquanto você nem sente remorso. Isso é cruel, privar uma criança de sua família.

– Parece que seu amigo Monteiro já lhe contou o que eu fiz com a mãe dele. – Assenti, chorosa, e Victor se agachou para enxugar algumas de minhas lágrimas. Recuei ao seu toque, mas sua insistência me fez aceitar. – Não se preocupe, não lhe farei mal. Mas me ajude, e lhe devolverei para o seu mundo... Isso é, se você ainda quiser depois de tudo que vivermos juntos.

– Não posso. – Me afastei de Victor e me sentei no chão. – Eu não posso lhe ajudar. Estaria condenando todo o universo de Rheyk. Você não tem misericórdia.

– Às vezes, coragem e valentia não adiantam de nada, Hecozonha. – Seu semblante sério carregava dor. Todavia, não ia me comover com isso.

– E, às vezes, podem ser a nossa salvação, não acha?

– Dificilmente. – Ele comentou sério, ficando de pé. – Do que vale tanta coragem se for para morrer como um fracassado? Um rejeitado? O que conta é aquilo que você possui. Tome o que é seu por direito.

– Desculpe-me, mas não sou assim. – Levantei-me para o encarar melhor, fazendo questão de mostrar firmeza. – E você não respondeu a minha pergunta. Ela é Aliat?

– Sim, é ela. Ao menos, mostra a cara, não é? – Ele ironizou.

– Por que esse anel é tão importante? E por que eu ativo o poder dele?

– O anel? – Sua feição estava intrigada, como se me desafiasse a falar minhas deduções. – Do que está falando?

– Não sou ingênua. Você tentou me tirar o anel antes. Se desistiu agora e me quer como aliada, é porque não tem certeza que vai funcionar contigo. – O olhar sagaz dele me indicava que eu estava indo no caminho certo. – E agora, o coração...

– Você acha que sabe alguma coisa? – Havia um ar provocativo, mas sem fúria.

– Eu tenho certeza de que esse anel é uma pista para chegar ao coração que ela roubou. É por isso que você não me mata, certo? Não quer arriscar perder a chance de ficar mais poderoso. Porque, no fim, esse coração é uma outra joia com poderes. Estou certa?

Ele se aproximou de mim lentamente. Recuei, mas fiquei presa entre seu corpo e a parede. Apesar de magro, sua presença era esmagadora. Havia crueldade em seu olhar e mais alguma coisa que não consegui descobrir. Suas mãos estavam entrelaçadas nas suas costas, e seus olhos percorriam cada linha do meu rosto, como se ele procurasse algo em mim.

– Enny... – Ele saboreou cada letra do meu nome. – Sabia que é uma palavra derivada da língua antiga de Rheyk? Henny. Significa vida. – O sangue se esvaiu da minha face.

– Imagino que Aliat signifique algo também. – A tensão ali me esmagava a tal nível que mal me permitia mover os lábios.

– Aliança. – Ele foi sucinto. – Victor, por sua vez, vem de Valocter, que significa "outro lado". Sabe qual é o outro lado da vida?

Victor riu e se afastou. Vi como se a loucura invadisse sua mente, ele entrando em um estado desequilibrado de excitação, fúria e frenesi. Os corredores estavam vazios, mas qualquer passo em falso seria meu fim. Aquele homem não hesitaria em me ferir seriamente.

– Aquela desgraçada parece que planejou tudo. Aliat. Henny. Valocter. Aliança entre a vida e a morte. Ela usou bem as armas que tinha. – Ele focou sua atenção em mim. – E é isso que você é neste jogo, pequena, apenas uma peça para usarmos. Aliat já fez o movimento dela. Inteligente. Mas agora é o meu.

– Não entendi. – Minha voz falhava.

– Como poderia, Hecozonha? – Ele gritou e raios saíram das pontas de seus dedos.

Arfei, encolhendo-me contra a parede pelo pânico que aquela imagem me gerou. Victor veio bruscamente em minha direção e respirou fundo, ao tomar uma mecha de meu cabelo em suas mãos.

– Até seu cheiro me lembra ela. – Ele suspirou de prazer. – Eu tenho um aviso. Você achará o que é meu e me deixará usar, cedo ou tarde. Escolha em qual time quer estar. Só tenha ciência de que não terei misericórdia. Enfim, conquistarei de vez o meu reino!

Houve um forte barulho e um pequeno tremor. Eu e Victor fomos em direção à janela mais próxima. Vimos uma multidão tentando invadir o castelo. Era a rebelião. Era Nathan e as meninas. Ele agarrou o meu braço e estava me arrastando de volta para a sala do trono. Aquele homem que me machucava não parecia o mesmo de alguns segundos atrás. Agora, Victor estava calmo e cruel, suas ações seriam milimetricamente calculadas e era nisso que o maior perigo morava. Decerto, para ele, essa retribuição da resistência era esperada e havia se preparado.

– Vamos receber seus amigos. – Uma malícia assassina emergia em sua voz.

Estávamos na porta da sala do trono quando um homem atacou Victor. O vilão o jogou para longe com seus poderes. Quando me soltou, eu aproveitei para fugir, sequer ousando olhar para trás. Corri o mais rápido que pude, sempre tentando me lembrar do caminho através do mapa dos sonhos. Não era tão fácil quanto parecia, tudo ali era cinza ou preto, enquanto que nos meus sonhos as paredes eram pintadas de amarelo ouro ou branco. Porém, depois de correr bastante, achei a saída do castelo. Agora teria que pegar uma brecha para ultrapassar os muros.

Então, eu vi minha oportunidade. Um novo pelotão se enfileirava e logo os portões se abririam. Esgueirei-me até uma carroça que levava armas, escondendo-me suspensa na parte inferior dela. No frenesi, ninguém reparou na minha presença. Entretanto, quando cheguei ao campo de batalha, ao descer de meu esconderijo, fui puxada pelos pés por um homem gigante com face semelhante à de um hipopótamo. Ele pegou seu martelo e desceu com violência para me acertar. Por instinto, girei duas vezes, cobrindo-me com lama e garantindo minha segurança. No segundo golpe, um jovem rapaz acabou sendo atingido. Me arrastando no chão em meio ao caos, tive a única reação de gritar ao perceber a vinda de um terceiro ataque.

Uma espada cortou os pés daquele homem, que caiu urrando de dor. Olhei para ver quem me salvara. Thomas. Ele me estendeu a mão, a qual não estava em condições de recusar. Assim que me pus de pé, um menino da rebelião atacou o rastreador de Victor, e esse o golpeou, apenas desacordando o garoto. Seu semblante sério me encarava em fúria, mas a urgência em seus olhos me passava uma necessidade de proteção. E, por incrível que possa parecer, mesmo ele tendo duas espadas  – uma em cada mão –, não temia que me fizesse mal.

– Volte para o castelo, Enny. – Sua voz era estável. – Você é alvo dos dois lados aqui.

– Eu não serei sua prisioneira. – Rosnei.

***

¹ Hecozonha é uma palavra na língua Rheykfordiana (língua materna de Rheyk) que será traduzida no futuro. Não posso contar agora ou vou dar spoiler. Tem algum palpite? Conta para mim!

Opiniões do que vai acontecer a seguida?

Qual sua opinião sobre Victor? Alguém mal compreendido, um louco ou muito pior do que Enny espera?

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