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Capítulo 6 - Convite para lutar

Ia fazer uma semana que eu estava naquele mundo. Pela minha segurança, não pisei novamente em Rheyk, sendo quase uma refém nesta versão da Terra e só saindo acompanhada de alguém do grupo. Vinha me adaptando às pessoas daquele mundo e até às anormalidades que notava comigo. Tipo, minha velocidade estava maior, minha agilidade também e eu tinha desenvolvido meus reflexos. Seriam meus dias de glória?

– Amanhã vamos no bazar garimpar umas roupas? – Tracy estava empolgada, tirando-me compulsoriamente dos meus pensamentos.

– Não posso. Dona Lúcia... Quer dizer, Tia Lúcia pediu para eu dar uma ajuda atendendo amanhã. – A senhora pediu que eu a chamasse daquela forma. – Reservaram o restaurante para uma festa em família ou algo do gênero... Minha primeira vez atendendo, não posso falta. Desculpa. 

– Relaxa, Enny. – Luna sorriu, trazendo da cozinha uma porção de salgadinhos e se sentando entre eu e Tracy. – Do jeito que ela é maníaca por compras, não vai faltar oportunidade.

Sorri, sabendo da verdade daquela frase. A loirinha tinha como seu passatempo favorito ir ao shopping. Em sete dias, eu já tinha sido arrastada até lá três vezes com Luna, onde nós duas fugíamos para a livraria e nos escondíamos entre os livros quando Tracy falava que queria ir ver uma roupa. A caçula do quinteto tinha me assumido como seu mais novo projeto de sucesso estético, decidida a mudar meu estilo mais despojado para algo feminino e refinado. Seja lá o que isso significasse.

Sei que parece controlador e até pode ser visto com maus olhos aquele comportamento. Mas, genuinamente, eu via que era uma forma dela me fazer sentir parte do grupo, me acolher, e era grata por isso. O sexteto era dividido em três pares de proximidade. Angel e Jane. Nathan e Aline. Luna e Tracy. As duas mais novas, sabendo que eu seria a nova caçula, se aproximaram mais do que os demais. E eu, notando o quanto Tracy tinha a personalidade parecida com Tayane, me vi instintivamente criando um laço mais forte com ela.

O celular de Luna tocou e ela atendeu de imediato, respondendo docemente a quem falava do outro lado da linha. Não conseguia conceber a ideia da ruivinha com raiva. Ela passava paz em cada trejeito dela.

– Mamãe chegou. Vamos, Tracy? Até amanhã, Enny. – Luna deu um beijo no topo da minha cabeça e acabou vendo o caderno rosa ao meu lado. Nos encaminhamos até a porta. – Que bom que tá usando nosso legado, amiga. Oficialmente, parte do grupo. Liga depois que sair do serviço, talvez possamos comer algo. Bons sonhos e fica com Deus.

Concordei, me despedindo enquanto apertava o caderno rosa contra o peito. Ele tinha sido um presente das cinco garotas. Meio que funcionava como um totem de passagem na entrada de cada nova integrante. Nas páginas, havia uma mensagem de boas-vindas que elas davam a cada novata. Eu, todavia, decidi o transformar em um diário. Era uma forma que encontrei de processar tanto meus sonhos quanto toda essa loucura que estava vivendo. Especialmente os últimos três dias, onde as garotas vinham tentando me forçar a "exprimir" – seria essa a palavra adequada? – meus poderes. Ou melhor, os poderes do anel.

Estava morta de cansada e queria me deitar logo. Mas uma sensação incômoda no meu peito me dizia que esquecia algo... Ah, lembrei! Eu e Nathan brigamos hoje de manhã e ainda nenhum de nós tinha pedido desculpa para o outro. Esse ritual de briga e perdão se tornou diário entre nós, era meio que uma coisa nossa e que vinha forjando os limites da crescente amizade. Porém, hoje, só houve a primeira parte. Como sabia que estava errada, me dirigi ao seu quarto. Antes de entrar, bati à porta e fiquei esperando.

– Pode entrar, Enny. – Nathan ofegava. O que poderia estar fazendo para estar assim a uma hora destas?

Obedeci com receio, mas não contive o riso de alívio quando o vi treinando boxe com seu saco de areia. Ele estava dando socos ferozes nele. Passei por Nathan e me sentei em sua cama. Lembrei-me de quando ia para a casa do meu pai e o via fazendo a mesma coisa. Aprendi a técnica acho que para o impressionar. Uma tentativa miseravelmente falha, diga-se de passagem. Para tirar essa droga de pensamento ruminante, foquei no que via a minha frente. Pude perceber que Nathan estava errando na posição do pulso.

Levantei-me e fui até seu lado, fazendo-o parar. O rapaz segurou o saco de areia e encostou a testa nele, bastante impaciente. Gotas de suor desciam pela sua face e marcavam sua camisa branca. Admito, era uma bela visão. Céus! Ele precisava ser tão bonito assim o tempo todo? Constrangida, desviei rapidamente o olhar.

– O que foi, Enny? – Nathan estava mais impaciente do que nunca. Pelo visto o dia em Rheyk tinha sido pesado. 

– Você está fazendo errado. – Anunciei pomposa. Era bom ser melhor do que ele em alguma coisa. Afastei-o e dei um soco no saco de areia. – Está vendo. Seu punho está em uma curvatura errada, vai acabar se lesionando e ainda perde força no impacto.

– Não me diga o que fazer. Eu sei como lutar. – Ele se posicionou para dar um soco, se vestindo de um meio sorriso. – Mas aceito as suas desculpas, protegida.

– Tudo bem! Quem vai se machucar é você e não eu. – Ergui as mãos em sinal de desistência.

Para provar que eu estava errada, o rapaz socou com mais força do que antes e franziu o cenho de dor quando sua mão bateu de mau jeito. Bem feito, bocó!

– Eu disse. – Falei num tom exibido e dando de ombros inocentemente.

– Lembre-me de te escutar da próxima vez. – Ele riu para mim, mas senti seu ego machucado mais até que seu pulso. – Como você sabia disto?

– Na minha Terra sou conhecida pelo meu gancho de direita. – Usei o humor para tentar desviar da resposta, mas o olhar dele me pedia a verdade. Contraí os lábios em desagrado e continuei de forma rápida e seca a falar: – Meu pai treinava e eu aprendia uma coisa ou outra nas aulas.

Eu lhe mostrei novamente como se socava sem se machucar e ele me seguiu direitinho. Quando Nathan não sentiu nada ao bater no saco, eu ri, e ele ficou vermelho de constrangimento. 

O rapaz comentou que, por diversas vezes, teve que enfaixar a mão por causa disso e nunca entendeu a razão. Ele me olhou, curioso e pensativo; simplesmente dei de ombros. Provavelmente estava se perguntando sobre meu pai ou questionando se eu era tão frágil quando minha aparência sugeria.

Agora que tínhamos feito as pazes, estava cansada e tudo estava normal para dormir, mas queria conversar um pouco. Sentei na cama de Nathan e encostei a cabeça na parede, lutando para ficar acordada. Ele continuou em seu treino ignorando minha presença.

– Vá para o seu quarto dormir. – Ordenou.

– Daqui eu não saio e daqui ninguém me tira. – Ele veio em minha direção e segurou meu braço com força. Sabia que ele podia me erguer como uma pena. – Brincadeira! Brincadeira! 

O garoto me soltou e eu ri, porém não obtive grande recíproca. A briga devia ter sido feia. O seu humor estava péssimo! Nathan voltou a treinar, e fiquei olhando. Depois de um tempo, acabei perdendo a noção do espaço e meus olhos – sem que eu mandasse – estavam se fechando. Logo adormeci.

Acordei bem cedinho, faltava pouco para o Sol nascer. Percebi que estava deitada na cama de Nathan e coberta pelo seu edredom. Pude sentir meu rosto corar e saí rapidamente do quarto para pedir desculpa para ele. Quando passei pelo corredor, o vi sentado à mesa da cozinha americana. Ele comia umas torradas e tomava algo.

– Está com fome, dorminhoca? – Ele me perguntou rindo e me mostrando o copo de suco de morango. Eu corei imediatamente. – Não é muita coisa, mas é comida.

– Me desculpe. – Minha voz era mais um choro, mas só estava rouca. A melhor noite de sono desde que vim para cá. – Não queria ter lhe expulsado do seu quarto.

– Sem problemas. – Ele me deu um sorriso brincalhão. – Você estava cansada e apagou. Mas, da próxima, te arrasto pra fora, dormindo ou não.

– Finjo que acredito. – Dei uma piscadela.

Peguei a jarra com o suco e enchi um copo para mim. Antes de tomar o suco, roubei uma torrada de Nathan e a devorei rapidamente. Não me demorei lá, tinha que descer a escadaria para ajudar no restaurante. Ia servir? Sim! Mas também ia ajeitar a decoração da festa e retirar do refrigerador as peças de carne que seriam utilizadas pelo time da cozinha. Admito que estava feliz por Tia Lúcia – ela me mandou a chamar assim – estar confiando em mim e delegando funções.

Durante a festa, trabalhei duro no atendimento, sendo tutorada por Aline e Nathan. Eles me treinariam aqui. Angel, para desenrolar um dinheiro, aceitou ajudar porque o quadro de funcionários estava carente. Assim que escureceu, as dezenas de bêbados decidiram finalmente irem para casa e nos libertar daquele serviço de os suportar com simpatia. Nós quatro fizemos o fechamento e ligamos para as outras meninas, querendo achar um lugar para lanchar antes de decretar o fim da noite.

Fomos em uma lanchonete no estilo anos 80 que Luna adorava. A comida de lá era boa e os sucos naturais eram melhores ainda. Rimos muito falando sobre as gafes do serviço de hoje a tarde. Zombaram de mim pela falta de destreza com a bandeja e o quanto eu era lenta para entender cantada de cliente sem noção. Adendo! Paguei com meu dinheiro da gorjeta do serviço de hoje. Primeira vez que fiz isso e juro que me senti uma pessoa muito responsável. Decidimos voltar para casa de Tia Lúcia e as meninas passar a noite lá. Na verdade, Jane insistiu para ter uma desculpa para dormir com seu namorado e as outras apenas concordaram.

Enquanto caminhávamos, ouvi algo. Reduzi o passo e prestei mais atenção para entender.

– Socorro! – Ouvi uma senhora sussurrar desesperada. – Me ajudem!

Olhei para ver o que estava acontecendo, mas Tracy me arrastou com ela, dizendo que o que acontece na cidade, e é humano, se torna problema da polícia. Olhei pelo canto dos olhos para aquela rua vazia onde ouvi a mulher sussurrar. Mas o que eu vi me assustou. Alguém com os olhos vermelhos, cabelos pretos e suados – parecia uma mancha de óleo – e unhas enormes e sujas me olhava fixamente.

– Andem mais depressa. – Ordenei, mas ninguém me escutou. – Vamos, andem agora. Não é o que vocês estão pensando.

– O que é da cidade é da conta dos policiais. – Angel repetiu o que Tracy tinha me falado há pouco. – Não se preocupe, nada vai lhe machucar.

– Me escuta. – Eu falei bruscamente puxando seu braço e todos, até que enfim, prestaram atenção em mim. – Não é da cidade, e sim de Rheyk.

– Como você sabe? – Jane me perguntou, temerosa.

– Os seus olhos são vermelhos e, pelo que eu sei, é um sinal de que é servo de Victor. E o modo como ela me olhou era... – Respirei fundo e continuei: – Horrível.

Olhei para trás, só por precaução. Vi a mulher. Agora ela não estava mais no beco, mas sim andando – rapidamente – na nossa direção.

– Andem e, agora, mais rápido. - Nathan ordenou. 

Todas obedeceram. Claro! Escutam Nathan, mas me achavam uma tonta. Bem feito para aprenderem a me ouvir!

– O plano é esse. – Angel falou como a líder do grupo. – Vamos nos separar. Luna e Aline vão pelo caminho mais curto. Eu e Tracy iremos para minha casa. Nos encontramos depois. Jane, Nathan e Enny vão pelo caminho mais longo. Ela não pode seguir a todos nós.

– Por que tenho que ir com Enny? – Jane falou, agressiva.

– Porque eu estou mandando, e você vai obedecer se não quiser ser capturada. – Angel respondeu mais rude ainda e me olhou como se pedisse desculpas.

Nos separamos imediatamente. Jane e Nathan me puxaram para outra rua, afinal eles conheciam a cidade melhor do que eu. Olhei para trás e vi que a tal mulher tinha desaparecido. Talvez ela tivesse ido atrás do resto do grupo. Não senti alívio, mas sim um aperto no coração. Eu não queria que elas se machucassem.

Voltei a olhar para frente e vi a mulher saindo de uma rua e parando na esquina à nossa frente. Ela olhava fixamente para mim, parecia que eu tinha algo que era precioso para ela. O anel. Lembrando-me disso, pressionei a mão ao lado do meu corpo e ela deu leve sorriso. Seus dentes eram amarelos e pretos. Comecei a ofegar de medo e, quase chorando, fiz uma cara de repulsa frente à ideia de ela tirando a joia de mim. Essa personagem era nova. Nunca a vi nos desenhos. Apesar de mais humana que Thomas, seus trejeitos eram mais animalescos.

– Se acalme, Enny. - Nathan falou calmamente. - Tem pessoas aqui. Ela não fará nada se não dermos motivos.

– Isso ou a psicótica vai atacar a todos que tiverem no caminho dela. - Jane falou raivosa, todavia senti que o foco da ira era aquela mulher.

O que Nathan falou me acalmou, mas o que Jane disse me deixou ainda mais nervosa. A mulher andou, mais devagar do que a última vez, e parou quando não restava muito espaço entre nós. Nathan me puxou para o lado e deu um passo à minha frente. Jane viu o que ele fez e fuzilou com os olhos a outra. 

Percebi que a mulher, na realidade, era uma garota de, no máximo, 20 anos. Suas características severas demonstravam uma vida difícil e de trabalho pesado.

– Não vai querer fazer nenhuma besteira que aborreça Victor, Katerine. – Nathan falou agradavelmente, mas se podia notar o sarcasmo em sua voz, além de sua tensão.

– Tem razão, Nate. – A voz dela era mais fria do que eu imaginava, mas saboreou cada letra do apelido dele. – Mas se vocês não vierem comigo, não me importo de matar todos. Ela, então, seria um prazer.

Os olhos da garota focaram em Jane. Meu sangue estava fervendo de raiva. Na minha mente, combatia a vontade de atacar aquela mulher no ato. Tinha noção de que, se avançasse, ela me mataria, já que eu não tinha ideia de como ativar os poderes do anel. Contudo, só conceber a ideia de alguém do grupo se machucar era desesperador para mim e eu faria tudo que estivesse no meu poder para inibir.

A tal Katerine andava em direção à tal rua onde a vi a priori, e nós a seguimos. Eu queria correr, fugir, gritar. Notando minha inquietação, Jane segurou minha mão e, com o olhar, pediu que me acalmasse. Havia carinho genuíno em seu gesto. Mudamente, agradeci.

Entramos na rua, a serva abriu uma porta enferrujada e ordenou que entrássemos. Então, era assim que era um portão entre Rheyk e a Terra? No desenho, os via lilás ou verdes. Contudo, na realidade, era praticamente impossível o enxergar. Era apenas como se houvesse um brilho de vidro fragmentado, dependendo do ângulo que se observava. Entendia agora o porquê de ser tão difícil os encontrar e admirei Nathan pelo talento de sempre localizar os portões abertos, guiando as meninas e trazendo recursos para rebelião.

Minha raiva crescia com a ideia de obedecer mais um comando daquela mulher. Nathan estava à minha frente e disse que entraria primeiro, pedindo que Jane esperasse até eu entrar. Ela ficou desgostosa em ficar por último, mas concordou. Afinal, não precisava ser um gênio para saber que a serva queria era eu e o meu anel. Ou seja, gostando ou não, Jane teria que me proteger. Andei rapidamente, não quis dar chance a uma luta no meio da rua. Por fim, atravessei.

A sensação era como aquele susto que tomamos quando damos um passo em falso na escada, a eminência da queda. Recuperada disso, fiquei impressionada quando vi o que se encontrava atrás daquela porta. Estávamos na margem da cidade. Havia casas espalhadas em meio ao terreno lamacento. Bem, casas é uma palavra forte. Abrigos decrépitos talvez fosse mais apropriados. Não havia traço de urbanização neste ponto. Animais caquéticos e de aparência singular - mesmo que lembrassem porcos - nos encaravam. O ar pesado, com traços de enxofre, continuava sendo difícil de respirar. A neblina avermelhada parecia mais próxima do chão.

Por mais loucura que possa parecer, após aquele primeiro minuto de adaptação, fui tomada por uma sensação que eu não conseguia encontrar palavras para descrever. Um frenesi que ia além do medo ou da adrenalina. Era um triste pertencimento, um luto por Rheyk, quase como se aquele mundo fosse um ente querido que eu estava vendo padecer. Notei que gordas lágrimas escorreram pelo meu rosto. Por que tanta comoção? Seria influência do anel?

– Bem-vindos ao meu lar. – Katerine exalava prazer em sua voz. – E você deve ser Enny. A tão falada Enny. 

– Não precisa dessa falsidade, Katerine. – Nathan deu um leve sorriso, porém tinha pesar em seus olhos. Era nítido que os dois se conheciam e, possivelmente, antes dela ser marcada.

– Seria errado não saber o nome da pessoa que meu Senhor deseja tanto. – Katerine retrucou. – Principalmente, se sou eu quem vou a levar para ele. – Ela sorriu.

– Tente me obrigar. – Falei por reflexo do medo. – Quero ver você conseguir.

Abri um pouco a minha boca, tentando conseguir mais ar para meus pulmões. Sentia um peso sobre meu peito.

Katerine se posicionou para me atacar, parecendo um animal, pois colocou sua mão no chão e deixou à mostra seus caninos. Eu me agachei para me preparar para o ataque – tentando achar uma posição que me desse melhor equilíbrio. Também iria lutar e não queria saber se perderia ou ganharia, só não aguentava mais obedecer às ordens daquela besta. 

Quando ela estava prestes a me atacar, Nathan se pôs no meio. Ele estava sério e decidido, colocando uma de suas mãos no meu ombro. Franzi meu nariz, pelo nojo que sentia dela, e ela fez o mesmo. Voltamos – eu e Katerine – à posição normal.

– Se acalmem. - Ele olhou para mim e depois para Katerine. - Não vai a machucar antes de mostrá-la a Victor.

– Não ouse chamar meu mestre pelo nome, seu idiota. – Katerine falou enfurecida.

– Não o ofenda sua... ratazana. – Jane se posicionou para lutar com ela. Havia algo a mais na briga das duas além de serem de lados oposto de uma guerra.

– Estou louca para matar você há anos. – Katerine sorriu. – Acho que você merece isso depois do que me fez. Não é?

Após isso, tudo aconteceu tão rápido. Katerine se jogou, como um tigre, em cima de Jane, que caiu no chão, e Nathan usou toda a sua força para arrancar Katerine de cima dela. Eu podia ouvir meus batimentos – pela raiva que dominou o medo – quando vi Jane depois do ataque de outra. Seu braço e sua perna estavam sangrando, com uns cortes gigantescos que estavam lá e, talvez pela dor dos cortes ou por bater a cabeça fortemente, ela tinha desmaiado.

Não gostava – quase nada – de Jane, mas ela é parte do grupo que me acolheu. Não podia deixar algo ruim acontecer àquela garota. A raiva estava me queimando, fervendo em mim, parecia que eu estava em uma fogueira que me dava forças. Como na primeira vez, meu corpo começou a brilhar, e esse era tão forte que eu mal podia enxergar o vulto de uma silhueta feminina que parecia estar gritando. Mas, depois disso, a luz aumentou ao ponto que perdi a consciência. De novo, desmaiei.

***

Desta vez, acordei em minha cama, na verdade, a cama de Aline, e agradeci por não ter ninguém no quarto. Sentei na cama e, pela primeira vez desde meu primeiro dia aqui, tive uma crise de choro, mas não sabia o porquê. Só queria chorar até tirar aquela horrível sensação dentro de mim. Demorou um pouco para conseguir controlar as lágrimas que lutavam para sair dos meus olhos, mas eu venci essa luta. Saí do quarto e vi todos, exceto de Jane, na sala de Tia Lúcia. Paralisei antes de deixar o corredor, queria ouvir o que eles estavam falando.

– Ela não tem culpa de nada. – Nathan defendia alguém ferozmente. – Ela não pode controlar isso.

Pigarreei e todos olharam para mim.

– Desmaiou de novo, Enny. – Luna me repreendeu. Acenei sorridente, mas meus olhos procuravam algum sinal do bem-estar da ausente.

– Onde está Jane? – Olhei para baixo, com a lembrança da garota desmaiada. – Ela está bem?

– Tá no hospital. – Angel falou, segurando as lágrimas que estavam à beira de seus olhos. – Teve que levar alguns pontos no braço e perna direita, mas, no geral, ela está bem. Vai passar a noite em observação. Nos encontrará amanhã assim que possível.

Suspirei pelo alívio que senti.

Nathan se levantou e olhou fixamente nos meus olhos. Os dele escondiam algum sentimento que eu não desvendei. Talvez medo por quase perder a garota que amava? Ele tocou na minha mão e, finalmente, vi que eu tinha um corte que ia dali até o braço. Ele voltou a olhar os meus olhos e disse:

– Obrigado por salvar a vida de Jane.

– Lembre-se de que eu não me recordo do que aconteceu. Agi por instinto. – Ri, percebendo que ofegava sem querer.

Pude notar os olhares de Aline e Angel, que mais pareciam dizer: "Pelo visto, Nathan tem razão". Entendi que o assunto era sobre eu ser um perigo ou não. Mas também percebi os olhares de Tracy e Luna, eles pareciam interessados – de forma divertida – e agradecidos.

Nathan encarou Tracy e soltou a minha mão imediatamente, sem sequer tentar ser discreto. Só podia ser brincadeira! Tracy achava que rolava um clima entre... Céus! Claro que não! A namorada dele estava no hospital e eu não faria isso. Jamais!

– Sabe... – Nathan falou, tirando minha atenção dos olhares de Tracy e Luna. – Para quem soca tão bem, sua defesa pessoal é bem ruim. Tanto que está machucada.

– E você vai só criticar ou tem alguma solução pra isso? – Perguntei sarcasticamente. Se eu fosse tão ruim assim, seria eu quem estaria no hospital, não Jane.

– Queremos que aprenda a lutar com Nathan. Para que nenhum de nós tenha que ficar de babá quando um capanga de Victor aparecer. – Angel foi sucinta. – O que, pelo visto, não vai parar de acontecer até te mandarmos para casa.

Assenti, e, mesmo não gostando, precisava muito aprender a me defender daqueles monstros. Mas, toda vez que estava com as meninas e Nathan, me sentia protegida. Engraçado, antes de vir para esse mundo só duas pessoas me passavam essa sensação. Júlia e Tay. A voz da minha amiga veio à tona. Nós podemos dividir. É, amiga, eu vou precisar que divida essa força comigo onde quer que esteja. Engoli e seco e, decidindo que daria um basta em ser a perfeita donzela em perigo, fui até o general, implorando para começar de já meu treinamento.

– Tudo bem. – Ele sorriu e olhou para as garotas. – Vocês vão querer ver? – Elas assentiram com a cabeça, achando graça na forma que eu quase implorei pela aula. – Vamos para meu quarto.

Quando chegamos lá, eu e as meninas empurramos a cama de Nathan para o canto parede e tiramos o saco de areia. Todas foram se sentar na cama dele, mas antes, Angel me disse que ele não era bom em desviar de qualquer golpe no lado esquerdo.

– Me mostre o que você sabe. – Nathan ordenou.

– Na verdade... – Corei de vergonha. – Eu não sei quase nada. Só um pouco de boxe.

Assim que terminei de falar, Nathan empurrou meus ombros com tanta força que eu caí no chão e bati a cabeça em uma parede ao lado da porta. As meninas se levantaram e me ajudaram a ficar em pé. Elas reclamaram com ele, mas eu disse que não tinha doído nada – o que foi uma grande mentira – e que, se queriam que eu aprendesse a lutar, que deixassem meu "professor" me ensinar, por mais doloroso que fosse.

Bem... Acho que Nathan levou o status de "treino rígido" a um novo patamar. Se ainda fosse como a garota que chegou aqui, já teria desistido depois ser tão surrada.

O resto da noite foi de treinamento e, quando Tia Lúcia chegou, disse que era para pararmos com aquilo e que as meninas iriam dormir lá na casa dela, por precaução. Depois de sua ordem, tomei um banho rápido, percebendo cada hematoma novo que surgia em minha pele. Devia agradecer a Nathan por não ter batido na minha face; seria ruim ter um olho roxo.

Luna e Tracy já estavam apagadas nos colchonetes. Iria me deitar perto delas, mas antes, tinha uma ideia que estava na minha cabeça e eu precisava conversar com Nathan. Passei por Angel e Aline, que conversavam animadamente na cozinha. Fui até a sala, onde ele lia um livro enquanto enrolava o cabelo com a outra mão, quase como se estivesse se ninando.

– Oi. – Sentei-me no outro extremo do sofá. – Obrigada por hoje, por não ter aliviado.

– Você é mais durona do que parece. Achei que pediria socorro na primeira finalização. – Ele me olhava por cima do livro. – O que está querendo, Enny? Já conheço esse teu olhar pidão.

– Eu sei que você não me quer na rebelião para proteger seu grupo. Mas... – Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. – Tem como me levar para treinar em Rheyk? Ficamos longe da rebelião, podemos ir em horários diferentes para evitar um padrão. É só que... Quando atravessei hoje... Sei lá. É-é como se eu sentisse no meu coração que eu preciso estar lá. Soa estranho, talvez seja o anel sendo chamado pelo seu lar... 

Um sorriso afetuoso surgiu e ele baixou o livro, sentando-se corretamente e se aproximando de mim. Nathan segurou a minha mão direita, trazendo à vista o anel e o mirando intrigado.

– Acho um pedido válido. Até porque os seus "acessos de poderes" aconteceram ambos Rheyk. Quem sabe, indo lá, nós dois não conseguimos desvendar como ativar isso corretamente? – Ele me deu uma piscadela. – Angel, o que acha de começar a introduzir Enny a Rheyk?

As duas vieram em nossa direção e se sentaram no chão à nossa frente.

– Por mim, não vejo mal. Só não quero perto do anoitecer. Preferencialmente comigo e as garotas juntas agora e, quando as aulas voltarem, no horário escolar. Ah! E a mantenha longe da Rebelião, Nate.

– Se vazar que Enny tem tantos poderes assim, não duvido que mercenários se juntem na caça a ela. – Aline, como sempre, fazia apontamentos muito sensatos. – Nosso trunfo misterioso precisa ficar escondido por um tempo. Acha que consegue?

– Manter segredo? Claro! Você sabe que sou bom nisso, Li. – Nathan bagunçou o cabelo da amiga, que lhe deu um tapa na coxa e reclamou. – Enny, amanhã começamos seu treinamento lá. Vamos aos pouco, tá certo? Agora vá dormir. Eu não sou do tipo que alivia em treino.

– Deu para perceber. – Brinquei, já me pondo de pé e indo para o quarto.

O sono me venceu rapidamente, todavia, já sabia que os pesadelos me acordariam no meio da noite e eu não conseguiria voltar a dormir. Desde que cheguei neste mundo, todas as noites eram assim.

Desta vez, o sonho tinha sido igual ao primeiro que tive aqui, o vídeo onde atacava Petrik, só que pior. Não via a cena, a vivenciava, e não tinha sido com ele, mas com Katerine.

Tudo começou a partir do ponto em que perdi a consciência. Nathan afastou Katerine de Jane e assim que ele soltou a serva de Victor, uma luz – parecia um relâmpago – invadiu o seu corpo. Ela gritou fortemente e, apesar de a odiar, senti pena. A garota caiu no chão e, incrivelmente, estava viva. Olhou nos meus olhos, se levantou e saiu dando saltos – pulando de casa em casa de modo cambaleante. A luz que meu corpo emitia parou, e vi outra mulher me olhando. Reconheci-a de imediato: era a tal moça da minha visão, a mesma do meu primeiro sonho.

– Desculpe-me. – Ela falou. Seus olhos demonstravam culpa ao encarar o corte no meu braço. – Eu realmente não queria fazer isso. Foi para sua segurança.

– Do que você está falando? – Gritei, enquanto ela se virava, indo embora. – Me responda!

Não adiantava mais. Tudo ficou negro e senti que minha mente voltava à realidade. Quando acordei, não tive coragem de me mexer, pois as meninas dormiam no quarto. Porém, fiquei refletindo e cheguei à conclusão de que, se queria sair desse mundo fictício, tinha que descobrir quem era aquela mulher, o que ela queria e por que sempre aparecia depois de eu ter um acesso de poderes.

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