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Capítulo 27 - As execuções

Creio que tivemos que escutar meia hora de sermão vindo de Dona Lúcia sobre o absurdo de nos aproveitarmos da saída dela para fazermos certas estripulias. Calmamente, Nathan explicou que no quarto dele não havia acontecido nada e, talvez pelo meu rubor, a senhora pareceu acreditar. Angel, todavia, parecia pensar que tinha mais e me questionava com o olhar.

Quando nós quatro estávamos saindo para escola, encontramos um menino loiro no beco do prédio de tia Lúcia. O reconhecer fez parecer que cristais de gelo corriam pelas minhas veias. Assim que avistou Nathan, o jovem Emanuel veio em nossa direção, acanhando-se no último segundo ao notar a presença de David.

- Livre para falar, soldado. - O tom sério de Nathan gerou estranhamento em David.

- Recebemos notícias de Gomno. Diversos fornecedores nossos foram capturadas. O número passa da centena. - Emanuel se calou ao ver uma troca de olhares entre Angel e Nathan. Achando em mim a atenção, prosseguiu: - Levaram os presos para um vilarejo. Vão fazer enforcamento público deles. General Pessoal levou um grupo de elite e General Maurício está preparando suas tropas para agir.

- Mas que porr... - David não conseguiu conter o choque, ficando mais pálido do que o habitual.

- Vou pegar meu material lá em cima. Vocês duas vem comigo ou vão ficar? - Nathan cortou o palavrão de David, parecendo estar alheio a sua presença. Imediatamente, eu e Angel concordamos. - O portão que dá em Gomno é perto da casa de Jane. Vou ligar para ela para saber se ela aceita ir também. Não vai dar tempo de esperar as outras meninas.

Nathan voltou para o prédio com velocidade, já com o celular no ouvido. Sabia que ele avisaria para Dona Lúcia para onde iríamos.

- Melhor mesmo deixá-las. Elas fazem uma cortina de fumaça para esconder nossa ausência na escola. - Angel ponderou, logo em seguida achando seu namorado. - Amor, fica com meu celular. Se tudo der certo, volto até de madrugada. Manda mensagem para mamãe e diz que vou dormir contigo hoje. Avisa as garotas que você já sabe de tudo. Depois eu explico melhor.

- Eu não posso ir junto? - David carregava apreensão em seu olhar.

- Não agora. Não se preocupa. Nosso grupo se defende bem. Ninguém vai cair.

Com um beijo casto, ela se despediu de David e nós três seguimos rumo com Emanuel assim que Nate voltou, carregando sua bolsa repleta de armas. Jane se juntou sem titubear e atravessamos para Gomno. O local estava tão diferente de quando o vi pela primeira vez. A neblina vermelha ganhava espaço, parecendo adoecer o arredor.

Nos juntamos às tropas e ficamos sabendo que todos os prisioneiros tinham sido colocados em um estábulo na zona central de Gomno, onde ficavam alojados os soldados de Victor. Os rebeldes vinham da célula de Rheyk estavam posicionados mais ao sul enquanto que aqueles que pertenciam à unidade de Gomno, se colocavam no sentido norte. Angel, visando auxiliar na comunicação entre os grupos, seguiu rumo junto com Emanuel para o outro lado, juntando-se ao General Maurício, e usaria seus dons para conversarmos.

Eu, Nate e Jane nos juntamos a Alberto, quem nos passou qual era o status daquele espetáculo dos horrores. Desde o alvorecer, tinha fila para o enforcamento. Alguns corpos já se amontoavam com descaso ao lado do longo palco montado, onde sete forcas estavam preparadas para receber os futuros executados.

O tempo era nosso grande inimigo. Outra leva já devia estar sendo preparada para ser assassinada. Desviei o olhar quando um guarda marcado acionava a alavanca que abria os alçapões.

Em frente, havia uma plateia de pessoas não marcadas. Algumas dessas regozijavam, outras observavam cautelosas e uma menor parte se afligia com o barulho da corda tensionada, suas faces verdes com o nojo daquela atrocidade. Enquanto meus olhos varriam aquele povo, encontrei a visão de alguém que fez meu coração descompassar. Um arfar tenebroso escapou meus lábios, captando a atenção de Jane, Alberto e Nathan.

- Victor estar aqui. - Revelei, ofegante. Uma lágrima teimosa escorrendo pelo meu rosto.

- Ruivo, um metro e noventa, olhos verdes. Estou vendo. - Alberto usou a descrição que outrora lhe falei. - Nossos exércitos não conseguirão lutar contra ele, os servos dele e ainda liberar os presos. O que faremos?

- Um grupo menor pode ir por trás e tirar na surdina os prisioneiros. Angel, está me ouvindo? - Nathan parecia confiante.

Seus olhos momentaneamente perderam o brilho. Nossa líder estava usando seu dom para confirmar que aquela via de comunicação estava ativa. O plano seria transmitido para o outro lado. Tendo essa positiva dela, Nathan prosseguiu:

- Maior parte vai para o confronto direto, servindo de distração. Os melhores lutadores, preferivelmente. Emanuel preparou algumas bombas, estouraremos elas antes para garantir que a população fuja e fique apenas os servos de Victor. Vamos evitar mortes de inocentes.

- E com o rei? Vamos fingir que ele não existe? - Jane se adiantou, ácida para esconder o medo que cravava seus olhos de oceano. - Viu que ele acertou Enny como se fosse nada da última vez. Certeza que derruba cinquenta homens comuns sem qualquer esforço.

Troquei olhares com Nathan. Ele me conhecia bem e já sabia o que se passava em minha mente, implorando silenciosamente para que eu não dissesse as palavras que seriam corretas de serem ditas. Nós dois tínhamos entendido bem que aquela aparição de Victor não era casual.

- General Monteiro, ele veio por mim. Sabia que eu estaria aqui. Vou o distrair enquanto vocês agem. - Tentei coibir qualquer sinal de nervosismo, escondendo o meu tremer ao afundar as mãos nos bolsos da calça. - Bomba primeiro, eu depois e, por fim, se Victor me atacar, a tropa está liberada para agir. Vai dar mais tempo para vocês do grupo interno agirem e salvarem o máximo de pessoas possíveis.

- Nós? - Nathan deu um passo mais perto. - Não vou deixar você sozinha nessa.

- Monteiro, é a melhor solução. - Alberto tirou as palavras da minha boca. - Você e Angel entrarão no estábulo. Leve uma equipe de elite que seja silenciosa. Meus grupos e os de Maurício protegerão ela.

Só que ele não pareceu convencido. Sua mandíbula travava e relaxava de maneira compulsiva, seu olhar fixo em mim. Por trás da imagem firme de general, lá estava o cara por quem eu nutria tanto afeto. A racionalidade lutando em sua mente para tomar a frente. Queria falar algo, mas o medo estava tão impregnado em minhas entranhas que tinha medo que transparecesse em minha voz, agravando o debate interno dele.

- Isso, General Monteiro. - Jane concluiu, tocando no braço dele. Ela parecia notar o mesmo conflito que eu. - Ficarei com vocês, General Pessoa. Vi que Katerine está lá também. Está na hora de ela pagar pelas três vezes que tentou me matar.

***

Em menos de vinte minutos, a nova leva de vítimas já se posicionava sobre o palco, com a corda ao redor de seus pescoços. Não tardei em reconhecer o velho Elm entre eles. Meu sangue parecia gelo em minhas veias, gerando calafrios de pânico em meu corpo. Escutei Felipe chamar Nathan para se juntar ao grupo que invadiria o estábulo. Antes de ir, meu protetor se colocou na minha frente, ambas as mãos segurando em meus ombros para me fazer focar em sua face.

- Me promete que vai fugir se notar que Victor vai lhe machucar.

- Achei que já soubesse que não sou do tipo que foge, General Monteiro. - Forcei um sorriso confidencial com ele, mas seu semblante se agravou na seriedade.

- Então, por favor, não seja você. Saia bem mesmo que não possa salvar a todos. Haverão novos dias para lutarmos, para ganharmos.

- General Monteiro. - Felipe retornou, novamente o chamando. - A nossa equipe está aguardando só o senhor.

- Tudo bem. Mas espero que escute seu próprio conselho, General. - Meu olhar foi para Felipe, que estava de costas para nós. - Ele é realmente bom? O suficiente para proteger você e Angel?

- Um dos melhores que temos. Confio minha vida nele. - Nate deu tapinhas sutis no meu ombro. - Nós encontramos daqui a pouco, protegida.

Observei-o se afastando ao mesmo tempo que Jane veio ao meu lado, segurando fortemente em minha mão esquerda. Sua palma estava suada, indicando que seu semblante pacífico talvez fosse apenas uma máscara.

- Você treinou muito. Não duvido que vai acabar com ela. - Empurrei-lhe sutilmente com meu ombro, tirando um sorriso amarelo da garota.

Voltamos nossa atenção para o palco. Assim que a alavanca foi acionara, o alçapão se abriu e os corpos começaram a se debater à procura de uma saída. Neste momento, ao menos dezoito bombas estouraram ao redor do local e um arqueiro da rebelião lançou sua flecha que cortou as sete cordas, liberando aqueles indivíduos.

O caos tomou o ambiente. Diversas pessoas corriam de forma desordenada, tentando achar seus caminhos de volta aos seus terrenos e almejando sobreviver a um confronto que, teoricamente, seria sangrento. Os guardas marcados foram mais fáceis de se identificar sem a multidão. Ao menos, trinta. Porém, nada era tão assustador quanto a estática figura de capuz preto que encarava o palco com o olhar carregado de desapontamento, mas sustentando um sutil arquear no canto de seus lábios.

Grande parte do exército saiu do seu esconderijo, mostrando que estávamos lá pelo resgate dos nossos. Entretanto, eles se mantiveram imóveis na periferia. Ladeada apenas por minha amiga, comecei a andar rumo ao homem de quase dois metros. A garota de cabelos petróleo se colocou entre nós. Em resposta, Jane ficou um passo a minha frente.

- Querendo testar a sorte de novo, princesinha? - Katerine expôs seus caninos avantajados.

Mostrando um controle que eu nunca tinha visto, Jane apenas se reteve a respirar profundamente, sem tirar seus olhos da oponente. Hoje, ela estava equipada com um colete e com duas armas à disposição. Não trocaria farpas, seu olhar dizia que arrancaria sangue.

Uma risada ecoou e Victor se virou para nos encarar. Sua serva recuou ao vê-lo caminhando em minha direção. Jane não pode evitar de dar um passo para trás com a repentina proximidade. O olhar dele sondava a minha amiga com entretenimento.

- Ora, que surpresa. Uma remanescente dos Poyeds. - O sorriso que flertava com a insanidade a assustou e Jane deu um segundo passo, ficando ao meu lado. - Sua corja sempre exalou medo. É isto que você tem de melhor, Hecozonha?

Seus longos dedos se ergueram para me tocar a face, mas eu comecei a andar para o lado, forçando o foco de Victor para longe de Jane. Ele não iria ferir minha amiga.

- Gostou de minha surpresa? - Com um movimento de cabeça, ele apontou para o palco nas minhas costas. Senti uma umidade sutil escorrer pela minha face suada. Dessa vez era uma lágrima, demonstrando o ódio contido em meu peito. - Você quebrou nossa aliança. Vem inflando as cidades contra mim. O que achou que ia acontecer? Que eu deixaria meu sistema cair? Não...

Victor encarou alguns habitantes que não conseguiram fugir quando as bombas explodiram. Era nítido em suas faces que não faziam ideia de quem era aquele homem ou eu, sendo tomados pelo pânico frente ao desconhecido. Meu tio começou a movimentar suas mãos e a névoa vermelha começou a ser exalada pelo chão, espelhando-se pela terra como uma doença maldita.

- Eu sou Victor Garfi, seu rei legítimo! Esta garota que vocês veem aqui é minha sobrinha. Acham que ela luta para salvar vocês? - Sua gargalhada zombeteira pareceu penetrar nos corações dos presentes, convertendo o medo em ódio pela minha pessoa. - Ela está usando vocês para tomar a minha coroa, para ser a rainha. E não se importará de levar todos à morte se for necessário. Ela entregaria todos vocês de bandeja se isso significasse que podia estar em casa.

O peso de suas últimas palavras me fez recuar com a verdade que outrora carregaram. Foi isso mesmo que fiz antes. Entreguei aquelas pessoas ao homem a minha frente em troca de uma oportunidade de reencontrar minha família. Eu fui o monstro que de fato ele me acusava de ter sido. E esse erro eu não podia apagar, porém iria me redimir nem que fosse na minha própria morte. Tomando coragem, dei dois passos em sua direção de forma confiante.

- Rei legítimo? A quem está querendo enganar, titio? Matou Aliat, sua própria irmã, minha tataravó, por uma coroa que nunca vai ser sua. Posso não ser digna de herdar Rheyk. Mas, ao menos, eu jamais serei chamada de usurpadora.

Percebi a loucura o atingindo, porém um desvio de atenção a fez retrair. Katerine, ouvindo minhas palavras, perdeu o controle e tentou me atacar. Contudo, Jane se adiantou e, usando seus dons, derrubou a outra, que se debatia no chão, gritando a plenos pulmões um pedido de socorro. Minha amiga parecia chocada com o que via de medo naquela mulher, mas logo se recuperou, focando em mim e no meu adversário.

- Acho que isso é um assunto de família. Não devemos nos meter. - Jane falou com um sorriso duro, encarando diretamente Victor. - Eu pareço ter medo agora?

Aquela provocação deu vazão ao rei louco e ele abriu suas mãos, criando raios vermelhos para a atingir. Contudo, quando tentou projetar seu corpo para finalizar o golpe, chutei seu braço e o ataque subiu aos céus, clareando a manhã de nuvens carregadas como um sol diabólico. Minha visão por um segundo ficou turva e eu pude enxergar dentro do estábulo. Angel.

Ela deve ter visto o clarão e estava checando se tudo estava bem. Na fração de segundos de visão compartilhada, pude enxergar Felipe serrando as grades que prendiam os prisioneiros dentro do estábulo. Precisava distrair Victor por mais tempo. Ou seja, não podia querer entrar em combate direto ou não duraria muito e condenaria a missão.

- Como minha amiga disse, isso é entre nós. - Dei de costas para ele, indo em direção ao palco e olhando a face de Elm e dos outros seis indivíduos escondidos ali. - Eu tenho um acordo para fazer, Victor. Está disposto a ouvir?

- Você já me traiu uma vez, minha cara Hecozonha. Quer que eu acredite que você tem palavra?

- Não me ofenda, Victor. - Virei-me para ele repentinamente, teatralmente soando ofendida. - Afinal, você violou a única condição do nosso acordo. Não era para machucar o sexteto. Eu só respondi a altura. É... Talvez desonrar minha palavra tenha sido um mau hábito que puxei do meu titio.

Os olhos dele encontraram os meus e uma fúria assassina lhe tomou. Em um segundo, meu corpo levitou e parecia que milhares de agulhas me furavam ao mesmo tempo. Imersa em dor, deixei que um grito tivesse vazão pela minha garganta. Com os olhos abertos, pude ver a rebelião se aproximar a passos largos, preparados para atacar.

Assim que Victor me soltou, instintivamente ergui os braços e criei um campo de força enorme entre as tropas e o local onde eu estava. Meu ossos pareciam quebrar devido ao esforço de fazer tal escudo e pude sentir o gosto de sangue inundar minha boca. Mas era algo que eu precisava fazer.

Victor estava provocando para que atacássemos, para seu exército dizimar parte de nossas tropas. Eu não poderia deixar isso acontecer. Não por enquanto. Não enquanto dentro do estábulo ainda não tinham conseguido romper as grades. Precisava ganhar tempo para eles.

- Não! - Gritei ainda no chão. Meus olhos acharam os de General Maurício e ele mandou as tropas pararem, entendendo minha mensagem. Pus-me de pé com esforço. - Victor, por quê? Por que você matou Aliat? Eu vejo o seu carinho que você tem por ela. Eu vejo que você não é o monstro que quer que o mundo veja.

Ergui minhas mãos apontando para o arredor.

- Eu vi quem você é por trás dessa face de rei louco no Salão Omiso. Sei que você pode ser mais do que isso.

Percebendo uma confusão tomar seu semblante, achei um caminho para o distrair. Aquele homem parecia nunca ter achado alguém que o compreendesse e, despindo-me do meu asco, iria fingir quanto fosse necessário para o distrair.

- Meu tio, eu não quero a coroa. Eu quero o povo bem, que Rheyk viva. Luz e Trevas em perfeito equilíbrio.

Dei um passo em sua direção, atenta a todas as versões dele que se expressavam pelos seus olhos. O medo de um garoto, a loucura de um déspota, o amor de um irmão, a fúria de um homem. Tudo e nada ao mesmo tempo. Todos os fragmentos daquele homem a minha frente me geravam pena e repulsa, mas engoli meus sentimentos e me aproximei ainda mais dele, tocando-lhe enfim a face.

- Pare de destruir nossa casa, nosso povo. Ainda há como recuperar, ainda há salvação. Me deixe ajudar, deixe a rebelião fazer isso. Por favor. Por Aliat.

Ao ouvir aquele nome, uma de suas frações ganhou. Em meio a lágrimas que lhe escorriam a face, a frieza lhe tomou. Brutalmente seus longos dedos agarraram a minha face, apertando minhas bochechas com força. Seus olhos violentos estavam fixos nos meus enfim. Lá estava o real sentimento que ele nutria por mim. Asco.

- Você e todo legado de Aliat podem definhar até a morte.

Esmurrei seu peito, usando meus poderes para ampliar o golpe e o fazendo dar diversos passos para trás. Victor lançou um raio e eu ergui uma coluna de terra para me proteger. Desviei do segundo ataque ao saltar para o lado, sendo uma casa atingida por esse e iniciando um foco de incêndio da mesma.

De soslaio notei que Jane e Katerine iniciaram seu próprio confronto, sendo esse o sinal suficiente para as tropas iniciarem os ataque. Ninguém se aproximava de mim ou Victor por medo do que poderia acontecer consigo. O cheiro de sangue começou a tomar aquele lugar. O barulho do aço cortado o ar e se chocando me fazia arrepiar a espinha. Mas nada podia fazer, estava presa com meu oponente que sequer parecia estar fazendo esforço.

De fato, ele não parecia querer me atingir. Sentia-se entretido em me distrair tanto quanto eu estava anteriormente. A verdade lentamente caía sobre mim. Os prisioneiro me disseram que ele só mostrava sua face para aqueles que iria matar. Mas cá estava ele. Isso só podia significar uma coisa.

- Ninguém aqui vai sobreviver. - Murmurei, atônita e ofegante com os fatos.

Com um esforço gigantesco, controlei o ar ao redor e criei uma gigantesca ventania, empurrando a todos para fora daquela área. Não sabia como, porém tinha certeza que aquilo era uma emboscada e tínhamos caído como patinhos idiotas. Muitos tinham sido empurrados para longe, todavia o vilão tinha se prendido ao chão, ficando a minha frente, sendo a perfeita visão de como a morte deveria se apresentar a suas vítimas. Um monstro inevitável.

Vendo-o nitidamente satisfeito como o rumo das coisas se davam, fortaleci minha teoria. Notei que as tropas estavam tentando voltar para o centro, reiniciar o combate. Não podia permitir isso. Minha mente pareceu se rasgar quando compartilhei minha audição com Angel, Nathan, Jane, General Maurício e General Alberto ao mesmo tempo. Precisava avisar, precisava os salvar.

- Recuar agora! É uma armadilha. - Passei a mensagem para eles, torcendo para que fosse entendida.

Victor captou minhas palavras e um sorriso maquiavélico lhe ganhou a face. Mais uma vez aquele homem me ergueu e fez meu corpo arder em dor. Debatia-me em meio aos meus gritos de agonia. Então, ele me soltou como um reles peso morto. O esforço dos meus últimos usos de magia tinham me deixado incapacitada de reagir. Vendo meu fracasso, o homem gargalhou e lentamente começou a andar em minha direção.

- Cê não toca um dedo na minha rainha. - O velho Elm, com sua aparência frágil e segurando um forcado gritou, se aproximando das minhas costas.

Victor pareceu entretido com essa súbita intromissão. Ele encarava o velho como um objeto pitoresco ao qual nunca tinha tido a oportunidade de conhecer. Um brilho metálico me chamou a atenção e eu finquei meus dedos na terra, abrindo um buraco no chão debaixo dos pés de Elm. Por fração de segundo, a espada que flutuava não lhe cravou o peito.

- Você não vai tocar no meu povo!

Com uma força que eu não achei que fosse capaz de ter, pus-me em pé mais uma vez. Por mais que tentasse esconder, havia espanto em seu olhar. Tentando não transparecer isso, Victor se revestiu de soberba, ajustando as amarras de seu quimono negro de forma despretensiosa.

- Ora, Hecozonha. Seu povo já está morto.

Ele olhou por cima da minha cabeça, em direção ao celeiro. Um barulho alto ressoou, fazendo dezenas de pássaros na floresta alçarem voo. Grossas correntes foram puxadas e envolveram todo o armazém. Diversas tochas foram lançadas e as labaredas lamberam a madeira da construção com velocidade. Olhei para trás e constatei que Victor já tinha desaparecido com seus servos, deixando no seu lugar o denso rastro da neblina vermelha.

Corri para o estábulo, abrindo espaço entre o povo que se amontoava tentando quebrar a madeira para salvar as pessoas que gritavam dentro, pedindo socorro entre as tosses sufocadas. Atrás de mim, Jane se aproximava.

- São aquelas correntes que inibem magia. - A urgência e pânico do meu semblante refletiam os da minha amiga.

A garota de olhos de oceano arfou e, gritando, ordenou que todos pegassem objetos afiados para tentar abrir passagem. As correntes eram tão espeças que, mesmo com as duas mãos, ainda não conseguia agarrar toda a circunferência de cada elo. Tentei até minhas unhas sangrarem usar minha magia para romper aquilo. Mas era inútil.

Sentindo-me incapaz e sendo absorta pelos gritos de desespero, vi com felicidade a primeira passagem ser aberta. Crianças eram as primeiras a sair. Entretanto, o incêndio era muito intenso. Aquele pequeno buraco não daria vazão à tempo para todos. Muitos morreriam e, conhecendo Nathan e Angel, eles não sairiam até o último ser resgatado. Eles iriam falecer lá se eu não tomasse alguma atitude. Olhando as chamas consumindo tudo, uma ideia me atingiu.

Corri em direção oposta a movimentação, ficando sobre o palco e encarei o celeiro. Ótimo, duas outras saídas tinham sido forjadas. Menos vítima se eu falhasse. Não! Eu não podia falhar.

- Aliat. Espero fazer por merecer o título de Senhora da Luz. É tudo ou nada, agora.

Senti as joias se aquecerem. Ela estava me dando o sinal que, no que ela pudesse fazer, iria me ajudar. Abrir meus braços e encarei as chamas, sentindo seu calor, a sua força me queimar, me tomar. Um grito gutural escapou minha garganta conforme minha energia se expandia em direção ao fogo, moldando-o a seu bel prazer, trazendo-o para mim.

Lentamente, sob minha cabeça se formava o meu próprio sol. No celeiro, as chamas minguavam lentamente, os focos de incêndio morrendo. O calor das chamas me tomava, queimando minha derme, criando bolhas em meus braços e no rosto. O sangue escorria pelos meus olhos, manchando minha visão de mundo, transformando-a em uma perfeita imagem do mundo totalmente tomado por Victor. Uma visão que, se dependesse de mim, jamais se concretizaria.

A fumaça se apossou dos restos do celeiro e anunciava o fim do incêndio. Então, com um último esforço e tomada pela dor, lancei aquela bola de fogo aos céus. Ela ardeu e queimou as nuvens densas. Quando olhei para baixo, vi que os rebeldes e os cidadãos de Gomno me olhavam espantados. À distância, encontrei Nathan correndo em minha direção. Angel e Jane vinha atrás. Todos eles com o mesmo semblante.

Uma gota caiu no meu rosto. Estava começando a chover. Quando a limpei, notei o motivo do choque. Queimaduras severas se espalhavam pelo meu braço. Eu devia sentir dor, não é? Mas não. A única sensação que me tomava era uma cócega debaixo do meu esterno. Com esforço, consegui distinguir o que era. A energia de Joshua que armazenei ontem.

Sem saber exatamente como, deixei ela fluir por mim e, diante dos meus olhos, a vi sendo consumida enquanto cicatrizava as sequelas do meu último feito. O arfar tomou o povo abaixo. Avistei o velho Elm usar seu forcado como apoio enquanto subia no palco. Preparei-me para o ouvir condenar toda minha ancestralidade, dizer que eu jamais seria digna de ser a rainha de Rheyk. Porém, com esmero, o senhor se colocou em um joelho e me reverenciou.

A multidão seguiu a ação daquele homem. Olhei na face úmida de cada um ali, absorta na visão de seus rostos molhados, da chuva que limpava o sangue e a névoa vermelha de Victor. Encontrei os olhos marejados de Nathan, ele me ofertava um enorme sorriso aliviado e então se pôs de joelhos junto com Jane e Angel, dizendo duas palavras, as duas mesmas que eram repetidas de forma dessincronizada pelas pessoas ali presentes.

Minha rainha.

***

Finalmente, o legado de Aliat Garfi se revela ao povo.

Como será que Enny vai lidar com o peso de ser a Herdeira Legítima?

Esse capítulo foi literalmente um surto depois de um pesadelo meu. Me contem o que acharam!

Ah! E deixem o voto para aquecer meu coraçãozinho.

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