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Capítulo 26 - Nova amizade

Fechei o diário, deixando-o sobre a cama e fui para a escola, escoltada por Nathan, em nossa muda caminhada. O fato de ele ainda estar estudando me surpreendia, pois odiava toda aquela trivialidade e vinha performando miseravelmente em todas as provas - não muito diferente do que eu estava fazendo. Contudo, eu sabia muito bem o motivo, proteger a Herdeira da Coroa.

Assim que fiz as pazes com as meninas, Jane e Angel me convenceram que era importante os líderes das células rebeldes saberem quem eu era. Fizemos uma cúpula com os onze representantes. A priori, houveram gritos, acusações e calúnias tecidas a mim. Ouvi tudo em silêncio, apenas encarando o General Patcho Herquio.

Então, o idoso sugeriu que um grupo seleto fosse com Nathan pelo túnel que o rapaz disse que usou para fugir do castelo. Roubaram, além de coisas que podiam vender, o quadro de Aliat. Ao conferirem as joias e a semelhança entre nós duas, não restou qualquer dúvida. Minto. Começaram a questionar minha lealdade à causa. Nesse momento o sexteto ficou entre mim e os outros dez líderes, alegando que confiavam em mim.

Então, General Gregório - da cidade de Cagecha - usou a lógica e convenceu aos demais que me terem como um símbolo, poderia trazer mais força e, finalmente, legitimidade para o movimento. Angel, Nathan e Aline defenderam que manter meu parentesco com Victor e minha descendência por agora em sigilo era o melhor até que eu estivesse mais preparada para lutar contra o déspota. Tal ideia foi acolhida de imediato por General Herquio, culminando na aceitação de todos. Ficando sozinho comigo na sala, Patcho disse poucas palavras que insistiam em ressoar em minha mente sempre que estava sozinha.

"Achei que nunca iria contar a verdade, Enny Garfi."

Isso se passou há um pouco mais de um mês, mas ainda me consumia. Como ele e Damnora sabiam disso antes de todos?

Felizmente - ou talvez, não -, minha rotina intensa não me deixava estar tão absorta nesses pensamentos. Teorias conspiratórias pouco me serviam por agora. Depois de uma manhã repleta de aulas cansativas, encontrava-me finalmente livre em uma conversa amigável com Jack e Carol.

- Venham! Nathan, Brad e Erick estão brigando. - Um garoto sardento chamou com alegria. Arregalei os olhos ao entender aquela fala.

- Erick? - Jack falou espantado. - Mereço o irmão que tenho. Mereço!

Andamos em um ritmo acelerado até o corredor que já estava lotado. De imediato, Jack se pôs no meio e puxou seu irmão para fora da confusão. Olhei para Nathan, que estava com a boca cortada, e o mesmo me deu um sorriso duro antes de desferir um único soco em Brad, derrubando-o. As pessoas ao redor gritaram, excitadas com a violência, enquanto o atleta tentava se levantar e Nathan o observava com a mão nos bolsos. Olhei Erick e vi que ele tinha apanhado bastante, estava com um olho roxo e a gola da blusa repuxada.

- É verdade? - Erick gritou comigo. - Ficou com Brad? Mais um cara que tava com sua amiga? Puta merda!

- Mais um? - Brad gargalhou e seus olhos encontraram Nathan. - Claro! Na mesma casa... - O jogador se colocou de pé, a boca cheia de sangue. - Vivia me chamando pra sair. Bastou ir um dia e já me levou pra o quarto dela. O que esperar? Amiga de puta, puta é.

Os alunos fizeram um "uh" em coro. Senti uma raiva tão grande ao perceber o que ele insinuava que fogo saiu pela palma das minhas mãos. Fechei-as repentinamente, para abafar as chamas, e me queimei no ato. Queria era queimar Brad. Logo em seguida, Nathan foi para cima do atleta para um nocaute. Angel entrou na frente, impedindo o contato. Nesse momento, percebi a presença do namorado dela, David, que olhava para minhas mãos, espantando. Ele viu o que acabara de acontecer, era nítido em sua face.

- Não! Vai ser suspenso. - Angel alertou. - Ele não vale a pena, Nate.

- Que tumulto é esse? Oh céus! - A professora de literatura se espantou ao chegar no local.

Os alunos, em bando, foram embora. Ficaram no local apenas os três rapazes, eu e Angel. Fomos mandados para a diretoria. Quando saímos de lá, era praticamente a hora de ir embora. Partimos os três do grupo juntos, em silêncio. Porém, algo me fez parar subitamente.

No corredor, em frente à diretoria, estava um rapaz que eu conhecia e achava que nunca mais veria. Os dois pararam ao me ver congelar e encararam a figura distante.

- Joshua. O Sábio. - Seu nome saiu como um suspiro. - Seu número não funcionou...

- Deve ter sido pela distância. E não, não sou o Sábio. - Ele riu e se aproximou com um andar singular. - Vejo que conseguiu se acertar com seus amigos. Estava passando pela região... Aceita tomar um sorvete comigo?

Ao ouvir o nome dos dois, sem eu jamais ter apresentado, senti meu corpo gelar. Joshua pegou minha mão queimada e forçou a abertura, o que me fez contrair de dor. Notei que Nathan se surpreendeu ao ver o machucado, enquanto Angel prestava atenção a cada movimento do intruso.

Joshua pôs sua mão sobre a minha, palma contra palma. Senti um fluxo de sua energia circular pelo meu corpo, sendo armazenada sob meu esterno, acelerando meu coração e aumentando a sensação de êxtase. Arregalei os olhos, o encarando assustada com aquilo e notei que ele estava tão surpreso quanto eu. Ao retirar a mão dele, pude ver que a minha estava sarada. Não tive como evitar o choque.

- Temos mais coisas em comum do que o esperado, não é? - Seus olhos fixos nos meus me pareciam honestos. - Podemos conversar? Não vou te fazer mal.

Eu apenas assenti. Angel começou a protestar, mas a abracei no primeiro sinal de resistência, dizendo que, se não aparecesse no restaurante em uma hora, ela fosse me encontrar em uma sorveteria específica.

- Sabe, posso acompanhar à distância, se quiser. - Nathan murmurou enquanto tirava a mochila de minhas costas.

- Não precisa. - Suspirei pesarosamente. - Ele teve chance de me machucar antes e não o fez.

- Tá certo. Vou ficar com o celular em mãos. Liga qualquer coisa. - Seu semblante era severo.

Parti junto de Joshua, sendo fitada atentamente pelos dois. Durante o trajeto, ele começou a se apresentar para tentar ganhar minha confiança. Um rapaz de 18 anos que tinha um irmão mais velho bem sucedido e sentia pressão familiar para se destacar.

- Como você conseguiu tirar uma foto recente da minha família? Sem ser o Sábio, você não conseguiria passar para...

- A Terra Central? Eu disse que não sou o Sábio, nunca o disse que não o conhecia. - Ele me segurou pelos ombros antes de entrarmos na sorveteria. - Sara e Júlia estão bem, Enny.

Joshua olhou ao redor e cochichou:

- O Sábio não vai te deixar ir sem haver a batalha final, mesmo você sendo a Senhora da Luz.

- Meio que não importa se ele deixa ou não. Eu não faço ideia de como abrir um portal. - Então uma ideia me atingiu. - Mas, você podia me ensinar!

- Não, minha amiga, não posso.

Puxei-o pelo pulso para entrarmos no estabelecimento.

- Ennyzinha, qual foi a do drama adolescente que vi hoje? O tal do Victor não é problema suficiente?

Pedimos nossos sorvetes e nos sentamos em uma mesa externa, comigo julgando a escolha pitoresca de sabor do rapaz - amendoim com cobertura de morango. Logo depois, eu contar absolutamente tudo sobre Brad, Erick, Nathan, Tracy, Jane e eu. Em momentos isolados, Joshua zombava de mim ou xingava a situação. Era estranho. Mesmo até com Nathan, sempre tinha um limite do quão disposta estava a me abrir.

Mas, com aquele rapaz, sem qualquer conotação romântica de ambas as partes, não havia nenhum filtro. Era quase como o meu outro lado da moeda, notoriamente mais analítico e silencioso, mas, ainda assim, uma extensão minha.

- Essa é a história. E eu não sei o que fazer. - Apoiei o queixo na minha mão.

- Simples, faça ele contar a verdade. Se não fizer por vontade, acho que temos dons os suficiente para arrancar dele. - Joshua de uma beliscada em minha mão, com afeto e prosseguiu: - Isso é, se quiser minha ajuda.

Dito isso, meu telefone tocou. Atendi e era Aline me perguntando se estava tudo bem e dizendo que Jack, Carol e Erick estavam com o grupo no restaurante para conversarmos. Tranquilizei-a e avisei que levaria Joshua comigo.

- Aline, eu não fiz...

- Eu sei. Jane já explicou tudo. E Tracy comentou o que ele fez com ela. Esse cara merece sofrer. - Aline nem sequer me deixou terminar - Venha logo, vamos pensar juntas em uma forma de resolver isso.

Joshua aceitou o convite no ato. Em menos de quinze minutos, já estávamos entrando no restaurante. O estabelecimento hoje estava fechado, e só nós estávamos dentro. Dona Lúcia tinha viajando e só chegaria na manhã seguinte.

Apresentei meu novo... Amigo para as meninas e, de imediato, pude notar que Luna ficou corada. Todas as garotas se entreolharam, surpresas. Nunca vi Luna ter qualquer interesse por alguém. Deixando isso passar, fui falar com Jane, que foi receptiva, apesar de obviamente se sentir insatisfeita quando olhava para Nathan.

- Obrigada por me defender. - Não me contive e olhei para o rapaz que ela gostava. - Ele não devia ter feito isso...

- É horrível saber que cada dia mais, estou perdendo essa disputa.

- Eu não estou disputando nada, Jane. - Falei firmemente.

- Isso é o mais frustrante. - Ela riu, triste. - Perdendo pra alguém que nem está tentando.

Antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, Angel me puxou pelo braço para tirar informações da minha conversa com Joshua.

- Você acha que ele pode trabalhar para Victor?

- Angel, eu não sei explicar... Mas... Mesmo sem motivo, eu confio nele.

Olhava para o nada, procurando as palavras certas.

- Então, não. Não acho que ele trabalhe para o Senhor das Trevas. Talvez um pupilo do Sábio, como eu sou de Aliat. Ele tá do meu lado, acho.

- Vamos torcer para você estar certa. Porém, não é bacana ele conviver tanto conosco até termos certeza. Ele já sabe demais.

Concordei com ela e me afastei ao finalmente encontrar os olhos de Tracy. A loirinha me abriu os braços e demos um abraço forte. Apertei-lhe a bochecha ao ver que minha amiga chorava. Sabia que estava mais uma vez com o coração arrasado por causa daquele babaca e eu queria o ver pagar por fazer isso.

- Viu que fomos chamadas de putas? - Ela me chacoalhou até me tirar uma risada. - Ele quis me humilhar em público. Ótimo! Vou fazer pior com ele.

- Vamos destruir esse maldito! - Luna deu um grito do outro lado do salão, deveras animada.

Eu, as garotas, Nathan, Jack, Carol, Erick e Joshua começamos a conversar como poderíamos fazer com que Brad se sentir um lixo como ele fazia com toda garota. E eu seria a isca perfeita. Todos na escola comprariam que Tracy ficaria com raiva de mim e me isolou, dando espaço para o líder do time de basquete tentar algo e eu o expor. Durante a conversa, David chegou e, trocando um olhar desconfiado comigo, se juntou à mesa sem dizer uma palavra.

Menos de uma hora e cada um tinha seu papel bem definido na trama. Nathan parecia impaciente. Pelo que eu conhecia do general, ele resolveria as coisas na base do punho, arrancando a verdade pela violência. Erick chamou para irmos em uma lanchonete e todos concordaram. Contudo, quando eu e Angel íamos saindo, David se pôs entre nós e a porta do restaurante.

- Preciso conversar com vocês duas. Urgente.

Jane e Aline trocaram olhares preocupados conosco. Engoli em seco com a ideia do que viria. Ele tomaria satisfação, era óbvio. Angel autorizou a saída das meninas e chamou eu e David para conversarmos no fundo do restaurante. Aproveitei um momento dele de distração e sussurrei para ela:

- Ele sabe dos meus dons.

No mesmo momento, a sua postura mudou. Percebi que Angel não era mais a namorada carinhosa, mas sim a líder que sabia que o segredo tinha sido descoberto. Admirava sua flexibilidade entre suas duas personas. Chegando na cozinha, ele olhou ao redor para ver se havia olhos curiosos.

- O que você quer falar conosco? - Simulei impaciência.

- Sua mão... Ela queimou... E, agora, sumiu. - Ele observou. Pude ver Angel ficando tensa.

- E...? - Trabalhei meu sarcasmo. - Não é o ciclo normal? Queimaduras cicatrizam.

- E o brilho que surgiu na sua mão antes dela ficar queimada? Na escola? Está lembrada agora?

- Cara, eu devia estar com meu chaveirinho que brilha. Sei lá. - Mostrei ambas as mãos para ele. - Agora é certo que definitivamente não me queimei hoje, não é?

- Vocês estão mentindo. Escondendo algo. Eu vejo!

O garoto estava transtornado. Ele foi até a namorada, tomou suas mãos com um forte aperto e falou em sinal de súplica:

- Meu anjo, me conta.

- O quê? Não há nada... - Ela estava desmontando sua postura. David era seu ponto frágil.

- Você vê e ouve coisas sem nem estar no lugar. Como se... Pudesse entrar na cabeça das pessoas. E ainda desaparece por dias sem qualquer motivo e, quando volta, sempre alguém desse grupo está machucado. - O brilho no seu olhar transmitia o afeto e a dor de cada palavra dita. - Angel, o que houver, estou contigo. Só não posso mais ver você se destruir e me deixar no escuro.

- Isso é uma ameaça? - A voz dela falhou momentaneamente. - Está terminando comigo?

- É você quem está fazendo isso, lentamente. Todos temos segredos, Angel, e eu nunca me importei de você não me incluir nos seus. Mas, nos últimos meses, esse segredo te tomou por inteira... Não sei se a garota que eu amo está ai dentro com medo de me perder ou se sou a última âncora para sua vida antiga, a qual ainda não consegue desapegar. Então, sim, é um ultimato. Juntos para o melhor e pior ou nada.

- David... - Os olhos dela estavam marejados. Nunca a vi tão emocionada, havia uma dor cortando sua garganta. - Te amo, mas não posso dizer o que quer ouvir...

O rapaz, com o queixo tremendo, assentiu, beijou-lhe a testa - o que a fez derrubar algumas lágrimas - e, dando um adeus, foi embora.

- Desejo que você fique bem, meu anjo. - Os ombros curvos de David, de costas para nós, tremiam sutilmente.

Ao ouvir o barulho da porta fechando, Angel desabou aos prantos. Obviamente, ela esquecera que eu estava no local, pois se assustou quando a abracei. Fiquei assim com minha amiga até que parou de chorar. Mais calma, pude a levar para o apartamento e a colocar para descansar no quarto de Aline.

Saindo do quarto, respirei fundo e mandei uma mensagem para Jane, explicando o que tinha acontecido e que nossa amiga dormiria aqui hoje. Ela falou que conversaria com a senhora White por mim. Depois de resolvido isso, fui pegar um copo de água para, enfim, sentar no sofá e descansar um pouco. Só que...

- Olá, pequena. - A mulher de vestido branco me cumprimentou, sentada ao meu lado. Era o mesmo vestido do quadro em seu quarto real.

- Como... Por que... Você está aqui? - Eu estremeci pela surpresa ao ver Aliat.

- Com o anel sendo usado, estou ganhando força o suficiente para poder me materializar na sua mente. - Aliat gesticulava.

Minha ancestral olhava intrigada ao redor, especialmente para as modernidades como lâmpadas.

- Você me vê porque tem acesso aos meus dons, porque é minha descendente... Um pedaço que deixei nesses dois objetos e no... - Ela se interrompeu, pondo-se de pé. - Haverá tempo para isso. Vim só lhe dar um conselho. Cuidado com outros com poderes.

- Joshua representa perigo? - Seu nome saiu como um suspiro entre meus lábios.

- Honestamente, não sei. Só que há guerras além de Rheyk e não quero lhe ver em mais perigo do que você está. Prefiro que nunca saiba dessas.

- Tantos segredos para quê, Aliat? Angel perdeu o cara que ama porque nunca podemos ser honestos. - Sentei-me de forma desistente. - Eu queria que houvesse uma forma de ajudá-la.

Vi que ela em direção ao quarto onde Angel estava. Seu semblante era triste a priori, mas, de repente, um brilho atravessou seu olhar. Havia uma ideia crescendo em sua mente.

- Você ganhou um frasco azul de Thomas, certo? - Assim que confirmei, ela me lançou um olhar sagaz, sorrindo. - Eu sei o que fazer.

Enquanto ela explicava, escutei a chave abrindo a porta e implorei para Aliat ficar. Era Nathan. Ele ficou espantado ao me ver parada perto da sala, olhando para um nada. Ela me deu o aval de contar o que estava acontecendo.

- Não surta, mas eu estou vendo minha tataravó. Jane contou de Angel e David, certo? Aliat tem um plano de como contar para David sem expor nenhum dos lados ao perigo. Me ajuda nessa?

O jovem apenas sorriu e concordou. Admito que fiquei feliz por ele não me considerar uma estranha por ver alguém com minha mente. Fui no quarto, peguei a poção e já saí de imediato com Nathan, que tinha a chave do carro de Dona Lúcia em mãos.

- Vamos para casa de David. - Avisei no elevador.

Somente então reparei na sutil mancha roxa em sua maçã do rosto, fruto de hoje de manhã.

- Sei que Jane contou, mas... Nunca quis beijar aquele imbecil e nem... Fiz o que ele insinuou.

Pude sentir o rubor ascendendo pelo meu pescoço até as bochechas. Nathan se aproximou de mim e, com sua mão, colocou uma mecha de cabelo minha atrás da orelha, piorando em muito minha vermelhidão. Seus dedos tocaram meu queixo e levantaram meu rosto para que o encarasse.

- Não precisa se justificar para mim. Perdão por não ter te protegido. Tão preocupado em fazer ciúmes que te deixei sozinha com ele. Ainda bem que não aconteceu nada mais grave. Eu o entregava para Petrik dar fim sem um pingo de remorso.

A porta do elevador se abriu, quebrando o feitiço que seu olhar tinha sobre mim.

- Vamos lá, General Monteiro. - Me vi falar ofegante. Ofertei-lhe um sorriso traquina que criou ruguinhas na lateral dos meus olhos e emendei: - A rota vai ser com emoção.

***

Estranhamente, o atual ex-namorado de Angel e Nathan tinham uma parceria interessante, sempre se encontravam para jogar juntos e se livrar dos papos femininos do grupo. Sendo assim, David não estranhou a ligação de Nathan e autorizou sua visita noturna.

Em dez minutos conseguimos chegar lá. Nathan levou a sério o termo "com emoção" e os nós dos meus dedos ainda doíam da força que fiz ao redor do cinto para ter a sensação que sobreviveria. Ele ria do quanto eu repetia a palavras "céus" a cada curva feita de forma idiota e inconsequente. Por isso homens morrem mais cedo!

Assim que estacionou, eu lhe dei pequenos murros no seu ombro e o xinguei enquanto o rapaz se acabava de rir. Mais calma, lhe passei o plano que Aliat me confidenciara, já saindo do carro rumo à porta de entrada. Quando o anfitrião notou a minha presença, não ficou nada feliz. Ele ia fechar a porta, mas Nathan o impediu e falou:

- Angel, acima de tudo, é uma garota de palavra. Ela me prometeu há três anos que não falaria nada sobre o lugar que e vim. Já eu... Nunca prometi isso a ninguém.

- Só nos escute e, se ainda achar loucura no final, podemos esquecer essa conversa. - Me apressei, forçando meu corpo pela fresta

David abriu espaço para entrarmos e fomos direto para o sótão. Enchi dois copos d'água e coloquei um quarto da poção dividida entre eles.

- Antes de tudo, nós dois beberemos isso.

- Enny, não combinamos que você ia usar esse feitiço. - Nathan falou baixo.

- David, isso é uma poção chamada de belsélme. Quem bebe será mentalmente induzido a fazer o que a pessoa que oferece a bebida manda. Um comando por bebida. Só vamos lhe contar a verdade se você beber. Mas, para que confie que não lhe farei mal, gostaria que Nathan me oferecesse uma bebida.

O jovem travou ao ouvir seu nome. Sorri carinhosamente e lhe disse que confiava nele para não me prejudicar. Após processar minha escolha de palavras, tomou o copo em sua mão e me entregou, dizendo em alto tom:

- Enny, aceita essa bebida? - Peguei o copo e bebi rapidamente. - Você nunca se aliará a Victor, seja por vontade, coerção ou magia, sem a autorização minha, de Angel ou de tia Lúcia.

Apenas assenti. Incomodou-me saber que ele ainda tinha receio de uma possível traição. Contudo, o adendo de "coerção ou magia", fez-me pensar que talvez Nathan tivesse receio de um alistamento compulsório, tal qual houve com seu pai. Virei-me para David que, a contragosto, aceitou o copo que lhe ofertei e bebeu tudo em um único gole. Obviamente, ele não acreditava que aquilo ia funcionar e, admito, eu também tinha minhas dúvidas.

- Ao ouvir a palavra "ablalon", todas suas memórias sobre magia, Rheyk e até sobre mim desaparecerão. Elas só voltarão caso escute a palavra "backstrat". - Todos trocamos olhares sem saber se haveria de funcionar. - Nathan, quer fazer as honras?

E assim ele fez. Começou a falar de onde realmente era e que vivia em guerra. Antes de falar sobre o envolvimento das meninas, disse a palavra-chave e realmente funcionou. David ficou confuso e questionou ao amigo quem eu era. Logo em seguida, falei "backstrat" e, com um pulo, David disse:

- Puta que pariu! Caralho! - O rapaz ficou pálido, os olhos ágeis indo de mim a Nathan de forma frenética. - Então essa isso tudo é real? Magia? Universo paralelo? Um rei loucão? Ele é tio dela? Que porra...

- Basicamente. - Nathan gargalhava. - Sabe, foi um sufoco esconder de você esse tempo todo. Mas Angel ficou calada porque a fiz prometer.

- Então meu anjo está em perigo? - A postura magricela até pareceu adquirir ângulos que tendiam à violência.

- Meio que todos nós estamos. - Fui eu quem respondi. - Treinamos diariamente, mas vez ou outra ainda tomamos uma surra.

- Mas que... Como? - David olhou confuso para Nathan. - Se eu souber de tudo e quiser ajudar, posso?

- Por que você iria querer se meter em uma guerra?

- Não vou deixar a mulher que eu amo enfrentar uma guerra sem mim. Me contem tudo e depois me levem até Angel. - Por um segundo, ele vacilou - Acham que ela me perdoa?

- Cara. - Nathan deu uma tapinha no ombro do amigo. - Ang é louca por você. Seria uma idiota se não perdoasse e nós sabemos que ela não é idiota.

- Admita, você me quer, né? - David ofertou um sorriso maldoso que eu nunca tinha visto. Estranho, era realmente uma amizade ali e não meros colegas. Impressionada.

- Ah, vá se foder. - Nathan gargalhou, empurrando David. - Quer saber ou não, otário?

- Tudo que puder. - David assumiu uma postura séria e me encarou para dizer a seguinte frase: - Não vou deixar meu anjo sozinha nessa bagunça.

Então contamos tudo nos mínimos detalhes, explicando como eu vim parar aqui e sobre todo o envolvimento das garotas. Não surpreendentemente, ele ficou cético sobre o fato de termos nossos dons. Nathan me olhou sorrindo, quase que me desafiando.

Levantei-me e puxei a água do encanamento da torneira, passando por cima da cabeça de David e molhando seus cabelos. Depois da demonstração executada, não havia dúvidas que ele compreendera. Saímos com o rapaz gótico de volta para casa de Dona Lúcia. Chegando lá, indiquei onde Angel estava e ele entrou no quarto para se reconciliarem. Antes de ir, o garoto agradeceu pela honestidade e pegou o papel com as palavras-chaves anotadas para entregar à namorada. Só nós quatro saberíamos essas palavras.

- Você sabe que perdeu o quarto hoje, certo? Inclusive, aconselho lavar a roupa de cama amanhã. - Havia malícia no olhar de Nathan.

- Consequência de sermos bons cupidos. Missão cumprida. Bate aqui. - Estiquei a mão para ele e o mesmo, revirando os olhos, decidiu bater. Contudo, retirei a minha no último segundo. - Muito lento, General!

- Se quiser, pode dormir no meu quarto. - Nathan, ao notar que me espantei, tratou de se explicar: - Tenho um colchão extra, sabe? Fico no chão e você na cama. Relaxe!

Olhava no fundo de seus olhos. Nathan tinha a íris de um verde profundo, o mesmo que você enxerga quando imagina uma floresta. Era muito fácil me perder naquele olhar e não querer voltar. Subitamente, avancei em sua direção, com meus braços envolvendo sua cintura, e o abracei. Ele retribui o ato com força, sem perder o carinho, e beijou o topo de minha cabeça, deixando claro o senso de proteção que sentia por mim.

- Obrigado por confiar que não te faria mal, Enny.

- Digo o mesmo, Nate. - Respondi, com minha bochecha ainda amassada em seu peitoral.

Senti o abraço se apertar mais.

- Faz tempo que você não me chama assim. - Sua voz murmurada tinha a capacidade de me causar arrepios. Em consequência, me afastei dele.

O silêncio cresceu quando surgiu a distância entre nossos corpos. Um lastimar quieto pela ausência do contato. Ele mantinha meu olhar cativo ao seu. No mudo encarar havia tanto sendo dito, uma tensão de afeto que nenhum dos dois sabia expressar apropriadamente e, no meu caso, queria recusar a existência.

- Já tá tarde. - Engoli em seco. - Me empresta uma camisa. Medo de entrar no meu quarto.

- Claro. - Seu sorriso débil mostrava a insatisfação da mudança de foco. - Enny... Espero um dia podermos conversar abertamente sobre o que houve nos últimos meses e gostaria muito que acreditasse em mim.

- Por que você não fala agora?

- Preciso encontrar as palavras certas. Não quero te contar meias verdades. Mas não suportaria te ver partir ao saber de tudo.

Uma sombra tomou seu olhar e a vergonha foi exalada pelos seus poros. Tomada por uma intrínseca vontade de lhe afastar o agouro, avancei e segurei sua mão.

- Só não minta para mim. Todo o resto, nós podemos lapidar juntos.

O vi entreabrir a boca em surpresa, seu hálito me envolveu em um antigo feitiço, revirando meu ser no desejo de o beijar. Minha mão se ergueu, almejando tirar aquela mecha teimosa de sua testa. Contudo, reprimi o impulso, recuando um passo para longe dele.

- E-eu... Tomar b-banho. É isto! Preciso de um banho para dormir. Posso usar seu banheiro?

- Claro. - Ele mordeu o lábio, tentando controlar um sorriso infame. - Vou pegar a blusa pra você. A preta do seu primeiro dia serve, protegida?

- Claro, ainda vou roubar ela. - Respondi, o acompanhando para seu quarto.

- Tudo que você quiser de mim é seu, protegida. Inclusive... - Ambas as mãos apontaram para si e ele me ofertou um sorriso malicioso.

Entendendo todos os níveis de intensidade daquela frase não completa, senti o rubor ascender junto com uma risada encabulada. Tentei me esconder tampando o rosto com as mãos, tirando uma gargalhada gostosa de Nathan.

- Perdão, passei dos limites. Acho que fui contaminado pela energia emanando do teu quarto. - Ele me beijou o topo da cabeça e deixou a camisa em minhas mãos.

Já banhada e vestida apropriadamente, deitei-me para dormir, mas tal ato se tornou impossível para mim quando Nathan saiu do banheiro após se banhar. O cheiro de seu perfume mentolado - o que ele usava no dia a dia e eu adorava - estava totalmente afetando meu discernimento. Por que eu não conseguia o superar?

Com muito esmero - e cobrindo meu rosto com uma camada grossa de lençol -, consegui pegar no sono, tendo a certeza que Nathan notou gratificado o efeito que ele tinha sobre mim.

No outro dia, Dona Lúcia chegou antes do que esperávamos e pegou dois "casais" adolescentes usando os quartos. Ela colocou nós quatro no sofá e passou um sermão.

- Só espero que nenhuma criança venha dessa palhaçada de vocês. Absurdo!

***

Conta para mim se gostou do capítulo.

O que a galera deveria fazer com Brad? Sugira o pior que puder, favor.

Angel e David são uns amores ou não, hein?!

Deixa o votinho se apoia esse casal!

Qual o melhor, NaNny ou DaGel?

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