Capítulo 21 - Mentiras - Parte 2
Todos se viraram ao me ouvir e eu dei um passo a frente, deixando que a luz iluminasse minha face para os encarar. Culpa estampava a cara de cada um. As lágrimas correram ferozes pelo meu rosto enquanto eu corria para fora do apartamento. Senti uma mão segurando o meu braço e me virei para ver quem era. Nathan olhava para mim sério, e seu olhar era de uma súplica muda.
– Enny, confia em mim, não é nada disso. – Ele falou com um tom de quem implorava por desculpas.
– Não?! – Questionei com repulsa, desvencilhando-me dele. – Então vocês não vão me mandar para o abate? Não iam me manipular?! Você não ia usar a minha confiança, a minha paixão por você, para me tirar a herança que é minha por direito?
– Não se faça de inocente! – Aline falou de forma acusatória. – Você mentiu para nós!
– Porque eu estava apavorada! – Gritei a plenos pulmões. – E pelo visto, estava certa de ter medo de vocês. São piores do que Victor!
– Amiga... Me escuta, por favor? – Tracy soluçava, tentando se aproximar.
Nathan a segurou, não deixando que ela ficasse perto de mim. Ele a protegia porque com a raiva que eu estava sentindo agora, tranquilamente os machucaria.
– Eu tenho nojo de vocês! – Criei uma corrente de ar que empurrou todos para longe. Meus olhos marejados encontraram o semblante duro de Dona Lúcia. – Chega! Me esqueçam daqui para frente. Vocês morreram pra mim.
Saí do apartamento, usando meus dons para amassar a maçaneta de uma forma que eles ficassem trancados. Corri o mais rápido que eu pude para longe daquele prédio enquanto minha vista ficava cada vez mais embaçada pelas minhas lágrimas.
Aqueles a quem chamava de família, conspiravam pelas costas, chamando-me de idiota. Victor estava certo: as piores traições vinham de quem mais amávamos.
***
Andei com a cabeça baixa por horas. Não sabia para onde ir, só vagava ao léu, deixando o vento frio congelar minha face enquanto meu interior queimava. Desde minha primeira noite aqui, nunca me sentira tão só e nunca na vida fui tão traída. Minhas veias ardiam, meu sentimentos querendo tomar vazão por meio dos meus dons. Cravava minhas unhas nas palmas para tentar controlar minha magia. Não podia me transformar em uma ameaça para os terráqueos.
Levantei a vista e vi uma casa bem grande abandonada. Então, eu decidi meu destino. Já que adorava verão cidade, seria bom a observar de um lugar alto assim. Com uma risada mórbida, compreendi a ironia de ir para um lugar que estava tão destruído quanto eu me sentia.
Invadi o local, fui até a varando do andar superior e fiquei olhando as ruas de lá. Soluçava de tanto chorar e minhas mãos tremiam de frio. Praguejei por não ter pego um casaco antes de sair. Mas também, se eu tivesse ficado mais um segundo, teria ferido alguém. Observava as pessoas andando apressadas, comprando os últimos presentes e ri com escárnio por ser uma idiota que gastou os últimos centavos para dar àquele septeto traidor presentes porque os considerava minha família aqui. Eu era uma idiota! Burra!
Quase meia hora depois, eu continuava do mesmo jeito. O frio prolongado anestesiou meu corpo. Fechei meus olhos, tentando não derramar nenhuma lágrima a mais. Nem Aliat ousava aparecer em minha mente. Eu queria esquecer os últimos seis meses, desaparecer!
– Aqui é um bom lugar para se isolar. – Uma voz desconhecida falou, mas não me mexi. Se fosse um inimigo, ótimo. Poderia me finalizar.
Achei que, com o silêncio, ou fosse ter um confronto ou o indivíduo fosse embora. Mas não, ele continuava parado ao meu lado, aguardando qualquer resposta minha.
– Brigou com a família? – A voz retornou. Não respondi. – Se perdeu? Seu namorado não foi ao encontro? Bem, quem sabe... Seus amigos te traíram?
Assenti quando ele falou a última opção, me contendo para não chorar.
– Tem um garoto que você gosta no meio desta história? – Assenti novamente. – Esqueça-o se for inteligente. Ele não gosta de você, mas da outra.
– Como você sabe da outra? – Perguntei, ainda olhando para frente.
– Amiga falsa mais garoto que você gosta igual a triângulo amoroso. E dos bem fajutas. – Notava que ele ria. – Garota, você é o elemento extra. Pula fora.
Virei-me e vi o rosto daquele jovem da minha idade. Seu cabelo castanho-escuro cobria os olhos, que eram uma mistura de verde e ouro, muito mais dourados do que verdes. O formato do seu rosto lembrava o de Nathan, um pouco mais grosseiro. Ele tinha um nariz largo, sua boca formada por duas finas linhas com caninos avantajados. Ele vestia uma blusa verde com estampa de quadrinhos e uma calça jeans cinza. Era alto e magro, porém tinha um buchinho, deixando claro que não era alguém de academia.
– Que carinha inchada, garota. Não fica assim. – Ele enxugou as minhas lágrimas. – Se elas eram tão falsas, então é melhor as ter distantes mesmo. Agradeça por se livrar delas.
– Eu moro com duas destas pessoas. – Levantei uma sobrancelha e dei um meio sorriso duro. O garoto arregalou os olhos.
–É, você está ferrada. – Ele falou e, eu ri, triste. – Tive uma ideia boa. Vamos tomar um chocolate quente? Está muito frio. – Ele esfregou os braços.
– Não aceito convite de estranhos. – Falei, com um pequeno sorriso. Aquele garoto me transmitia tanta paz que eu não conseguia sentir raiva apenas por estar perto dele.
– Meu nome é Joshua. E o seu? – Ele estendeu a mão.
– Enny. – Nos cumprimentamos. – Prazer em conhecê-lo, Joshua.
– Agora nos conhecemos. Vamos, pago para minha futura melhor amiga. – Ele me puxou, suavemente animado.
– É melhor ser outro dia. Vou acabar te deixando deprimido. – Soltei minha mão. – Futura melhor amiga?
– E eu vou te deixar feliz, Enny. Amiga, sim. Tá parecendo que precisa de um amigo e, quando te vi entrando em uma casa abandonada desabando, só pensei que esse é o tipo de pessoa que quero cultivar perto de mim, uma pessoa audaciosa. Vamos, por favor? – Eu neguei. – Então, tome.
Ele pegou uma caneta de seu bolso e anotou o número de seu celular em um papel, entregando-me.
– Obrigada, Joshua. – Sorri com simpatia.
– Se não for incômodo perguntar, o que vai fazer agora? Voltar para a casa das duas amizades falsas? – Ele falava sorrindo, mas uma preocupação genuína banhava sua face.
Ali estava uma pergunta a qual eu não tinha pensado. Não poderia ficar nesta varanda para sempre, tampouco iria voltar para aquela casa. Com um suspiro, deixei-me tomar pela ideia de que havia um único lugar que eu poderia ir.
– Encontrar um velho conhecido. – Ri sem animação.
– Não faça nada de que vá se arrepender.
– Só vou aceitar uma proposta que deveria ter aceitado há muito tempo. – As palavras foram ditas secamente, através de minha carranca de decepção.
Antes de ir embora, ele retirou o próprio casaco e me entregou com zelo. Vesti-me, reconfortada, com aquele gesto. Algo naqueles olhos quase dourados queria ser dito.
– Nos veremos quando encontrar sua nova casa, Enny. – Ele se afastou e eu voltei a olhar a rua. Sem eu o ver, o jovem continuou: – E algo me diz que seremos bons amigos, filha de Sara.
Choquei-me ao ouvir o nome da minha mãe. Virei-me para o observar, mas aquele rapaz já não estava lá. Quem era aquele menino?
Fechei o zíper do casaco, enfiei minhas mãos nos bolsos e saí daquela casa. Eu precisava tomar alguma atitude. Não iria ficar chorando como uma tonta por quem queria me matar. Estava na hora de trilhar meu caminho para casa, doa a quem doer.
Sabia onde havia um portão que dava para dentro da cidade de Rheyk, um que Nathan me proibiu de atravessar pelo risco de ter guardas do outro lado. Caminhei até lá, na expectativa de encontrar algum servo de Victor.
Perto do portão, vi Thomas, com suas lentes de contato castanhas, bebendo um chocolate quente. O rastreador me encarou com a sobrancelhas arqueadas em confusão ao ver minha sorridente aproximação.
– Eu estou me entregando. – Encolhi os ombros ao notar que ele procurava algo mais ao redor, nitidamente confuso. – Como funciona? Você me acorrenta? Eu ando livre?
– H-hãn? – Obviamente tinha dado um nó na cabeça daquele homem.
– Você mesmo disse. "Volte quando estiver melhor". Cansei de ser a boa garota. Eu preciso ver Victor. Com certeza, ele deve estar me esperando.
Sua feição era de extrema dúvida, abrindo e fechando a boca como se não encontrasse palavras o suficiente para me questionar. Ri do quão confuso Thomas estava, bebendo lentamente seu chocolate quente.
– Relaxa, não tem ninguém comigo. É por aqui, não é? – Perguntei voltando a caminhar em direção ao portão, o homem me seguindo. – Aquela oferta de fazer Nathan um escravo ainda está valendo?
– Brigou com seus amiguinhos? – Ele zombou, andando dois passos atrás de mim.
– Eles nunca me consideraram amiga. – Dei ênfase a cada palavra.
– A briga foi feia assim? Terminou o namoro com o generalzinho? – Fiz o copo dele voar para longe, derrubando a bebida. – Droga, pequena, não se desperdiça chocolate quente. Adoro chocolate. Tenho que atravessar dimensão e ainda roubar alguém para poder beber isso.
Admito que sua descontração me tirou genuinamente uma risada que eu não esperava. Thomas deu uma piscadela, pegou em meu ombro, de uma forma quase parental, e me empurrou suavemente para voltarmos a caminhada.
Dobramos na esquina que dava para o portão e eu dei de cara com Luna. O alívio tomou a face dela até que a garota viu Thomas, ficando em choque.
– Thomas, solte-a. Por favor. – Luna pediu com as mãos erguidas.
– Quer que eu te solte, Enny? – O rastreador me perguntou. Ele empurrou suavemente a palma da mão em minha escápula, como se pedisse para eu ir com ela. Mas me mantive firme.
– Faça o que achar certo. – Uma lágrima desceu pelo meu rosto, a enxuguei de imediato. – Certo para o seu amo, eu digo.
– Somos amigas e eu vou provar para você. – Luna falou, mas me parecia atuação cada trejeito seu de culpa.
– Para quê esse teatro, Luninha? Só aconteceu o que vocês estavam planejando mesmo. Não era isso que iam fazer? Me entregar de bandeja para Victor me matar? Só estou facilitando as coisas.
Ergui uma das mãos e a empurrei com meus dons para o lado, pressionando-a contra a parede. Thomas se encontrava perplexo, mas logo voltou a si e me puxou pelo braço, fazendo-me seguir em frente. Usei meus poderes para movimentar os tijolos e prender uma mão de Luna lá, evitando ser seguida. Eu e o rastreador atravessamos o portão, dando de cara com a cidade de Rheyk, em frente ao palácio
Me virei e vi que tudo estava mais "morto" e escuro. Nada parecido com minha visita ontem. O cheiro de enxofre queimando levemente a minha mucosa.
– O que houve com Rheyk? – Perguntei, realmente preocupada.
– Esta batalha está colocando muitas coisas na ponta da faca. – Thomas respondeu de forma sombria. Fiquei abismada com sua afirmativa.
Eu, sendo a Senhora da Luz viva, não retardaria esses efeitos? Ou será que apenas eliminando o déspota que haveria algum efeito? Mas como haveria um equilíbrio sem o Senhor das Trevas?
Entramos nos castelo, e Thomas me levou até a sala de jantar. A mesa estava cheia de alimentos apetitosos e bebidas de cores vivas, parecia um belo banquete. Ouvi a porta abrir e, por sobre o ombro, enxerguei Victor entrar. Parecia deveras interessado no que eu iria falar com ele, nos motivos que me trouxeram.
– Então, Hecozonha, descobriu a verdade. – Ele disse, presunçoso. – Admito que gastei um pouco mais de energia do que deveria tentando te localizar em sonho. Mas valeu a pena.
Dei um sorriso cruel e assenti. Não senti vontade de chorar, já derramei mais lágrimas por aquele sexteto do que deveria. Era hora de agir um pouco. Victor me convidou para sentar à mesa, e fiz as honras. Pela primeira vez, comi naquele castelo. Ele acompanhava cada movimento meu com um semblante incrédulo.
– O que foi? – Perguntei, um pouco fria. Meu peito gélido após ter queimado por tantas horas em fúria.
– Agora confia em mim?
– Não. – Respondi secamente. – Mas não confio mais na rebelião. Em ninguém de lá.
Jantamos, ou melhor, jantei sozinha porque ele passou a refeição me olhando e, quando Petrik entrou na sala, a besta fez o mesmo.
– O que essa filhote de rebelde está fazendo aqui? – Petrik me desafiava com seu olhar.
Victor riu intensamente. Um quê de loucura lhe rondava por agora, se deliciando com a ideia de ter vencido a disputa pela minha lealdade. O rei acenou para a besta.
– Meu caro Petrik, "essa filhote de rebelde" é nossa convidada especial. – Victor sorriu. – Gostaria muito que a tratasse como tal.
Comi em silêncio e sem olhar para os lados. Se eu encontrasse o olhar fulminante de Petrik, me sentiria como um poodle perto de um dinossauro. Bem como, tinha certeza que partiria para o ataque e, no meu atual humor, não sabia qual seria o fim dessa história.
– Gosta de dançar? – Victor me perguntou sorridente.
– Sim. Mas não sei muito bem. – Menti, tentando evitar o contato.
– Sempre fui um bom professor. – Ele se levantou da cadeira e me estendeu a mão. – Então, me daria a honra?
Eu assenti, mas não tinha música para tal. Victor levantou os seus braços, e as mangas negras da blusa caíram, exibindo seus braços magros e brancos – de uma tonalidade doentia – e uma cicatriz negra em um de seus pulsos. Ele falou umas palavras que não entendi – na língua Rheykfordiana –, e uma música suave começou a tocar, era uma valsa.
– Esse poder funciona com qualquer música? – Perguntei sarcasticamente.
– Posso tocar tudo que você desejar, Hecozonha. – Ele me puxou sutilmente e iniciou a dança, mantendo uma distância cordial entre nós. – Farei todo o possível para que se sinta em casa.
Não conseguia o encarar, meus olhos transitando na linha do horizonte, perdido em meu próprio sofrimento. Então me deixei ser guiada de forma sem vida durante a dança.
– O que eles esconderam tanto de você? – A voz dele continha preocupação. Seu olhar fixo entre meus olhos, mas evitando encarar de fato minha íris.
– Resumindo, tudo. Eles queriam que eu lutasse contra você, sozinha, e iriam me privar do cargo de Senhora da Luz. – Suspirei, pensativa. – Você já sabia o que eu era, certo?
– Claro. Desde o dia de seu ataque a Katerine, Hecozonha. – Ele me ofertou um sorriso calma, gentil. Esse dicotomia em seu juízo me deixava confusa. – Tive que recalcular rota, incluir você nos meus planos. Por isso demorei quase um mês para ir atrás de ti novamente, sequestrando a líder deles. Somos lados opostos nesse universo, Enny, mas não precisamos ser inimigos.
– Até porque somos família. – O vi gelar ao ouvir essa palavra e já emendei: – Sim, Aliat me disse. Ao menos, você sempre foi honesto. Não justo, nem bom. Honesto, apenas. – Acrescentei o final. – Então... Acho que estou indo pelo ditado "Inimigo do meu inimigo, é meu amigo".
Girei umas três vezes seguidas e parei de dançar.
– Senhor, quer que eu leve a convidada ao melhor aposento do castelo? – Petrik ria, achando que estava fazendo graça. Deveria imaginar que eu pararia no calabouço.
Olhei para a besta e vi uma oportunidade de descontar minha raiva. Usei toda a força da minha mente para o empurrar para fora da sala. Ele se segurava no chão, perguntando constantemente o que estava acontecendo. Levantei a mão esquerda, a joguei para o lado – como se empurrasse algo – e a porta da sala se abriu. Com o resto da minha força, ergui a minha mão direita e empurrei Petrik para fora com brutalidade. Minha cabeça latejou, porém fingi bem que não senti nada. Já era habituada com esse efeito colateral.
– Está mais poderosa do que eu imaginava. Ficou com dor de cabeça? Não se preocupe. É normal. Forçou muito a sua capacidade cerebral. – Ele me explicou paciente.
Assenti mudamente, criando coragem para dizer palavras que eu jamais pensei que proferiria.
– Você não precisa de mim para derrotar eles. Eu não suporto mais este mundo. Quero voltar e só você pode me ajudar. Aliat já disse "não" uma vez. E o Sábio... Começo a pensar que seja um mito ou um...
– Inútil. Aliat nunca o viu, nem ninguém antes. Ele é fraco e desaparece para que, na sua mística ausência, as pessoas comecem a crer que ele é alguém superior e o temam. Não passa de mais um ordinário.
Voltei a me sentar e, cenograficamente, bocejei, como se pouco me importasse com os desvios de conversa. Eu estava querendo ser direta.
– Cansei desse mundo, Victor. Aceita me mandar para casa?
O homem gargalhou em uma grata surpresa.
– Enny, Hecozonha, nós dois sabemos que se voltar para o seu mundo, a minha derrota é certa. Tenho outra proposta, uma que vai ensinar algo a seus "amigos".
– Fale. – Eu ordenei friamente.
– Alia-te¹ a mim. – Ele propôs, agourento.
Victor esticou a sua mão, que parecia ser tão fria e cruel quanto linda e frágil. Seus dedos longos e magros pareciam correntes de ossos.
– O que me diz? Você pode terminar a história que lhe contaram de uma vez por todas. Tirar eles da vida de todos. Vingar a traição. – Ele tentou me convencer.
– E depois que isso acabar? Volto para casa? – Encarava a sua cicatriz no pulso.
– Poderá escolher entre voltar para casa ou governar comigo, como uma família. Para sempre. – A intensidade de sua voz cativou meu olhar o seu.
Seus olhos me encaravam com profundidade. Até pareciam sinceros, mas não conseguia comprar essa ideia em sua totalidade. Uma parte minha duvidava dele. Limpei meus lábios com o guardanapo de pano e, segurando sua mão ofertada, me levantei. O contato com sua pele me causou um frenesi, um sentimento de luta ou fuga. Seus ossos pontiagudos e sua pele fria e calejada me passavam a sensação de estar ameaçada. De pé, o encarei com frieza, memorizando e decifrando cada traço do seu rosto.
Rheyk estava morrendo por uma guerra que aquele homem e Aliat iniciaram. Guerra essa que maltratava o povo. Eu era herdeira daquela coroa, aquele era meu povo. Existiam várias formas de se vencer uma guerra, e um acordo com um monstro podia ser uma dessas, mesmo que não fosse a mais nobre.
Não confiava nele, decerto, como também estava totalmente desacreditada na rebelião. A honra não habitava nenhum dos lados dessa batalha. Então, qual seria o mal de, independente dos meios, dar fim a isso?
Além disso, Victor ainda estava me ofertando de bandeja a volta para casa. Não era um mau acordo, no final... Só precisava me assegurar de uma única coisa. Meus antigos aliados eram traidores, sim. Só que eu não era uma assassina, por mais que um lado meu flertasse com a maldade neste exato momento.
– Quero eles fora do jogo, mas vivos. – Falei secamente enquanto apertava a sua mão, fechando nosso acordo.
– Boa escolha, minha aliada, Enny Scott. – Ele sorriu maquiavelicamente, seus olhos se deleitando com a loucura.
***
O que acharam da escolha de Enny?
Quais suas teorias para como vai ser o próximo capítulo?
Ah! Se não deixar aquele votinho maroto, Enny vai colocar você na lista de vingança pessoal dela junto com o sexteto.
¹ Escolha de palavra proposital porque a sonoridade de "Aliat" e "Alia-te" é semelhante. Criem suas teorias do porquê Victor escolheu exatamente essa palavra.
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