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Capítulo 2 - O Pior Monstro

Tinha que me acalmar. Precisava ser racional, mesmo que a razão estivesse correndo de mim como se eu fosse uma praga urbana.

– Qual a coisa mais racional a se fazer? – Em silêncio, ponderei tudo em mim para chegar a uma solução. – Eu preciso falar a verdade. – Bufei, pondo-me de pé. – Parece que vou dar uma volta na clínica psiquiátrica. Estou até falando sozinha. Maluca é o mínimo aqui.

O sarcasmo impregnava meu timbre, deixando sua marca. Ele e a grosseria forjavam meu escudo contra o medo que tentava continuamente me corroer. Odiava quando isso acontecia, mas era mais forte que eu. Tayane me ensinou essa válvula de escape para sobreviver às minhas férias no passado. Velhos hábitos são difíceis de matar.

E, olhando a televisão, lá estava mais um antigo vício. Oito anos viciada em um desenho infantil. Era estranho, vergonhoso de admitir que ainda assistia isso. Mas, por algum motivo, eu me sentia presa aquele universo. Uma estranha sensação de reconhecimento que, mesmo após anos, nunca se esvaiu. Rheyk... Céus! Era só um desenho para crianças! Tinha que parar com isso!

Porém, enquanto refletia sobre minha insanidade, algo muito estranho aconteceu com a televisão. A tela adquiriu uma tonalidade verde musgo e, ao invés de passar aquele desenho, agora, mostrava um movimento ondulado como se fosse transpassar a tela. Arregalei os olhos, observando o vulto crescendo ao fundo da TV. Quando eu pensei em fugir do lugar, tudo voltou ao normal. As cores substituíram o verde e o desenho voltou a passar, como se nada tivesse acontecido.

Corri desesperada para lavar meu rosto no banheiro. Não acreditava no que acabara de ver. Não podia ser real! Enxugando a face, pude escutar um som bem baixinho, que mais parecia aquele quando se puxa a película de tela de um celular. Respirei fundo, coloquei a mão na maçaneta e – para não desistir – abri a porta rapidamente. Um arrepio desceu pela minha espinha ao ver o que estava no meio do quarto. Nem em meus piores e mais horrendos pesadelos eu poderia imaginar aquilo.

Era um monstro mais do que apavorante – a única palavra que podia usar para a descrever. Ele era uma abominosa mistura de réptil e canídeo. Seu corpo esverdeado de serpente com seis patas armadas com garras enormes, seu rosto – apesar da pele escamosa – lembrava um lobo com olhos vermelhos e seu cabelo dourado, que se assemelhava a uma juba, parecia que tinha vontade própria. Ele era gigantesco e só possuía três facetas – raiva, cruel contentamento e desdém. E eu as conhecia bem, tal qual aquela aberração. O nome dele era Petrik. Era um dos vilões do desenho que estava passando ainda há pouco. Céus! Esse pesadelo não acabava nunca?

Ele estava procurando algo. Mas o que eu poderia ter que chamasse tanto a atenção dele? Minha luta entre a curiosidade e a vontade de fugir denunciou minha presença com o ranger das dobradiças. Ao me mover de volta para o banheiro, de costas para ver se aquela criatura ainda estaria lá, tropecei nos meus próprios pés e caí. Ele se virou e, para me apavorar mais, usava a faceta de raiva. Sua feição mudou, assumindo a de cruel contentamento, e esticou a mão para mim, falando com sua voz grossa e gélida:

– O anel. – A ressonância de seu timbre fez meu coração descompassar.

O quê? Olhei e vi que eu ainda usava a relíquia de família. Como assim ele queria aquele anel? Minha mente mandava tirar a joia e entregar a ele, mas meu corpo estava congelado pelo pavor.

Reaja, Enny!

Resmunguei mentalmente, não reconhecendo a voz em minha mente. Era mais velha, séria.

Parece que o meu tempo de inércia o deixou bem mais nervoso – voltando à primeira face – e decidiu que não esperaria mais um segundo. Ele esticou sua mão e me agarrou pela cintura, puxando-me para si. Agarrei-me à maçaneta do banheiro, em uma tentativa inútil de resistir, mesmo ao notar o óbvio. Não era uma visão dessa vez e eu já sabia o final da minha história: morte.

– Me solta! – Gritei com toda minha força. – Sua aberração!

Chutava, arranhava e gritava. Mas era como se estivesse chutando uma parede ou arranhando um vidro ou, até mesmo, gritando com um surdo. Não tinha resultado nenhum. Ele me puxava mais forte e eu me agarrava ainda mais a maçaneta. Até que ela não aguentou e se soltou da porta.

Petrik me aproximou de seu rosto e, em pleno pânico ao encarar sua medonha aparência, eu joguei a maçaneta diretamente no seu olho. Pela primeira vez neste terrível dia, tive um pouco de sorte, pois foi uma parte de metal afiada da maçaneta que bateu nele e o meu "tiro" foi bem sucedido. Ele me soltou para colocar as suas mãos escamosas em sua face que sangrava. Enquanto isso, eu corri e me escondi na varanda atrás de uma cadeira bem grande.

– Volte aqui sua criança abominável. – Ele berrou através de seus gritos horríveis de dor. – Você acabou de escolher a sua morte. Volte aqui sua...

Então, silêncio. Tentei ouvir o que o fizera parar de falar, mas não pude escutar nada. Será que eu estava enganada e isso era apenas uma visão? Teria sido a mais real até hoje. Podia sentir um cheiro forte de sangue com enxofre dominando aquele ambiente, a adrenalina correndo pelas minhas veias, as dores do aperto em minha cintura. Tudo me dizia que aquilo fora real, mas eu já não podia confiar em meus sentidos.

Fechei os olhos e coloquei a cabeça na parede, tentando colocar minha cabeça no lugar. Porém, o barulho de pisadas pesadas anunciavam que meu inimigo ainda estava presente. Cobri minha face com as mãos fortemente. Já sabia o que iria acontecer e não precisaria ver.

– Você é uma criança tola, muito tola. – Ele começou a estalar a língua. – Um erro após o outro.

O monstro jogou a cadeira pela varanda, puxou meu braço com suas garras e me colocou de pé. Contraí-me de dor, minha pelo no limite para se rasgar em contato com suas lâminas de queratina. 

– Primeiro: reage, enquanto eu só queria pegar algo que pertence ao meu senhor. Segundo: me fere. – Ele estalou a língua de novo. – Um erro muito grande para uma pessoa tão pequena. Terceiro: acha que consegue se esconder de mim. Eu lhe encontrei mesmo em outro universo.

Ele se orgulhava de sua última frase. Encarei firmemente sua face, o sangue negro estava secando sobre a pele esverdeada e uma enorme ferida se criava em seu supercílio. Petrik me puxou para dentro do quarto.

– Muito estúpido. Porém, tenho que admitir que você é um pouco mais difícil de capturar do que as minhas últimas vítimas. Bem que meu senhor me alertou.

Olhei-o mais atentamente. Ele era gigante, ocupava quase que totalmente o quarto. Nunca ganharia dele na força física. Precisava distraí-lo até ter uma brecha para correr. Na rua, alguém o mataria, isso se aquela besta tivesse a ousadia de me seguir. Não era hora de ser uma garotinha frágil, precisava sobreviver e destruir Petrik porque, caso mamãe ou Júlia aparecessem, ele as mataria. Tomei fôlego, tentando ter controle sobre meu pânico e disse:

– O que o seu senhor lhe disse sobre mim? – Dei início ao meu plano. Coração acelerado e meus nervos avisavam sobre a pressão das garras dele no meu braço.

– Disse que você não era uma humana qualquer.

Ele estalou a língua, sua faceta mudou para a de grande vontade de vingança e ele sussurrou para si:

– Vou ser castigado por isso, mas não posso obedecer ao comando dele.

– Qual foi o comando? – Eu perguntei sem ter esperança de receber uma resposta em palavras, mas sim em atos. Já tinha uma noção de qual seria a sua ordem.

– Não te matar. – Ele parou e me agarrou com sua mão com facilidade. – Mas você sabe que nada disso aconteceria se tivesse me deixado fazer o meu trabalho.

Uma fúria me invadiu, esquentando minhas veias. Como ele poderia me colocar como razão, a culpa e o motivo daminha morte? Era louco, monstruoso, atroz. Um sádico! Nem sequer tentara tirar o anel do meu dedo, o qual entregaria de bom grado agora. Desde o começo, procurava apenas por motivos para me matar.

Quando ele levantou a mão para acabar com minha vida, algo o atingiu nas costas e a dor o fez me jogar no chão, sobre a poça de sangue preto e a cama destruída de minha mãe. Um leve sobressalto de dor no braço me atingiu quando fui solta, mas ignorei isso para aproveitar a chance.

Corri de novo, só que, desta vez, fui mais cautelosa e me escondi dentro do banheiro. Lá havia uma janela que poderia usar para fugir, teria só que pular um andar, nada que já não fiz antes na vida. Apoiei meus braços no parapeito, preparando-me para tomar impulso para passar uma perna. Contudo, congelei ao escutar que Petrik não estava sozinho. Não via oque estava acontecendo, mas aquelas vozes pareciam tão familiares... Não pode ser!

Eu me lembrei daquela manhã, agora eu reconhecia de quem era aquele reflexo macabro. Aquele homem que me puxava para dentro do espelho era Victor Garfi, o vilão do desenho que estava assistindo e dono de Petrik. Admito que não o reconhecera no momento, afinal o desenho destoava de uma pessoa de carne e osso. Em um impulso patético e não pensado, decidi voltar, saí do banheiro e dei de cara com uma abominação no chão.

– Victor lhe mandou atrás de mim. – Sussurrei apática. – Para tirar o que ele não conseguiu.

Um formigamento de torpor corria pelo meu corpo ao entender o que acontecia. Eles queriam o anel. 

E as outras vozes familiares? Elas não pertenciam aos vilões, mas a três dos mocinhos.

Fui arrancada dos meus pensamentos ao ver Petrik se levantando. Apesar de seus olhos mirarem em minha direção, o monstro não parecia me ver. Suas patas dianteiras voaram para o guarda-roupa ao meu lado e o lançaram para um alvo que eu não conseguia enxergar Nessa movimentação, fui atingida de raspão pelo corpo da besta e caí. Quando ele me viu no chão, seus olhos se arregalaram em um misto de fúria e prazer, finalmente me reconhecendo.

– Você! – Sua face era a mistura das três facetas, algo que só acontecia quando estava prestes a matar alguém. – Será a culpada pela morte de seus amigos.

Ele me jogou longe – não vi se foi com a cauda ou a pata – e eu bati contra alguém. O ar foi expelido com força de meus pulmões, sentia o sutil gosto de sangue na boca. Não consegui levantar o rosto para ver quem era o outro, mas temia de todo meu coração que fosse outro inimigo. Podia estar pouco a pouco desistindo de viver no dia a dia e enlouquecendo não tão gradativamente assim, mas, naquele momento, eu iria lutar até o fim, mesmo que viesse um exército. Não era mais o torpor que me prendia àquele anel, apenas sentia ódio de Victor e, se ele queria realmente essa joia, teria que a arrancar dos meus dedos mortos.

Então me lembrei do que já tinha constatado outrora. Aquelas vozes não eram de vilões, mas dos mocinhos. Deveria significar algo bom, não era? Eu não estava sozinha, tinha ajuda. Certo? Quando a dor finalmente aliviou, consegui abrir os olhos e ver quem era aquele outro ser que amorteceu meu impacto.

Por causa da diferença desenho/realidade, demorei um segundo pra o reconhecer. Um rubor ascendeu ao meu rosto. Eu o conhecia, era um guerreiro do time do bem. O rapaz de 18 anos me olhou preocupado enquanto eu o encarava em choque.

– Garotinha, você está bem? – Ele não me deixou responder. Me colocou sentada, escondida pela parede, e foi ajudar algumas pessoas a deterem aquele monstro.

Nathan Monteiro era o nome daquele jovem. Ele era lindo em todos os sentidos. Forte sem parecer exagerado, rosto masculino e com traços marcantes, olhos verdes, cabelo castanho médio, sua boca era delineada. Minha primeira paixão ficcional estava em carne e osso diante dos meus olhos. Por um segundo, consegui constatar que ele era mais belo como humano do que como um mero desenho.

Uma fisgada de dor me trouxe de volta à realidade. Meu braço estava sangrando. A lesão podia assustar a primeira vista, mas eu já fui machucada demais na vida para saber que sobreviveria a isso com, no máximo, uma pequena cicatriz para virar história. Não podia gastar minha atenção nisso, outras coisas eram mais urgentes.

Chequei ao redor e notei rachaduras severas nas paredes que cresciam a cada movimentação do confronto no quarto, como teias de aranha que se propagavam pelo concreto. Nesse ritmo, o prédio desabaria rapidamente. Não só morreria, como também outros que nada tinham a ver com aquela situação.

Olhei à minha esquerda e vi a passagem livre para a porta do apartamento. Era a chance que eu almejava. Tão fácil e simples fugir, mas uma maldita necessidade se instaurou em meu peito e, subitamente, precisava ver quem eram as pessoas a quem Nathan foi ajudar. Sentia que precisava os ajudar.

Ignorei a destruição que estava acontecendo no quarto da minha mãe e tentei olhar quem mais estava lá. Eram apenas duas garotas do quinteto que eram as protagonistas do programa. Na minha frente, estavam Angel e Aline.

No roteiro, as cinco garotas usavam os seus dons para defender o seu mundo mortal – a sua versão de Terra – de uma realidade paralela chamada Rheyk, que estava corrompida pelo mal – Victor. As meninas tinham conhecido Nathan – um jovem general do exército rebelde – e, juntos, vinham tentando findar uma guerra que se arrastava há séculos.

Os três presentes no quarto pareciam até quase fazer uma dança coreografada para distrair e atacar Petrik. Cada um tinha seu papel e parecia desempenhar muito bem. Nathan com suas lâminas e Angel e Aline com seus poderes. 

A garota de nome angelical era a líder do quinteto.  Uma mulher altíssima – a maior do desenho – que tinha a habilidade de manipular os cinco sentidos das vítimas de seu ataque. Ela tinha a pele retinta, cabelos lisos que iam até a altura do ombro, olhos de um verde escuro – que pareciam castanhos nessa baixa luminosidade –, lábios carnudos e um maxilar bem desenhado. Seu corpo era de uma atleta, sendo possível ver a definição dos seus braços, mesmo que não houvesse hipertrofia. Todos do grupo se moviam conforme suas orientações e isso era claro mesmo agora. Com apenas um olhar para Aline, conseguia guiar os passos dela.

Já a outra, Aline, foi a primeira a ter o dom despertado e era a melhor amiga de Nathan, sendo praticamente criados juntos. Ela tinha o corte pixie naquele cabelo castanho claro, seus olhos cinzas profundos transmitiam a seriedade que sua postura exalava e seus lábios finos quase como uma linha tornavam seu semblante sério. E a dureza na sua face se intensificava ao encarar ao monstro que invadia minha casa. A menina de dezessete anos tinha o dom transmutar objetos, habilidade que presenciei com meus próprios olhos ao vê-la transformar o controle remoto e uma bombinha e a atirar em Petrik.

– Meu poderes estão fracos! – A voz grave da garota de cabelos curtos alertava à líder com preocupação.

Tentei levantar, mas parecia que minhas pernas não me obedeciam. Pela troca de olhares entre os três, era perceptível que algo ia acontecer e finalmente o meu senso de fuga estava desperto, porém meu corpo parecia não querer colaborar. 

– Os meus também. Tem algo estranho aqui. – Angel terminou de amarrar a ponta de uma corda no pé da cama virada e jogou a outra ponta para Nathan. – Agora!

Aline conseguiu derrubar Petrik em parceria com Nathan, contudo, a besta caíra aos meus pés. Quando a besta levantou a mão para me capturar, Angel pareceu o cegar e Nathan veio, me tomando em seus braços. Por que ele estava fazendo isso? Uma parede explodiu no quarto e as rachaduras se abriam rapidamente. Eu empurrava o peito do garoto, mas ele não se importava, olhava para alguém como se esperasse um comando.

– Esse apartamento vai desabar! Volte pra Rheyk! – Escutei Angel berrar, guiando o rapaz como a líder que era. – Encontraremos vocês lá. Agora!

Como assim? Eu sentia que meu corpo estava entrando em choque. Que mundo? Voltar para onde? Encontrar-nos aonde? Do que ela estava falando? Não queria ir com ele, mas parecia que meu corpo amolecia cada vez mais. Fiquei ofegante ao ver o quanto de sangue havia em minha roupa.

Quando Nathan estava voltando para o centro do quarto, vi uma poça de sangue no chão onde antes eu me encontrava e percebi o porquê de ele estar me levando nos seus braços. Eu estava ferida. Ou melhor, minha perna estava cortada. Pelo visto a garra de Petrik passou de raspão e deixou sua marca. Fui tirada da minha linha de raciocínio quando percebi o que Nathan estava prestes a fazer. Ele era louco! Totalmente pirado! 

O rapaz andava cuidadosamente em direção à televisão, tentando passar despercebido, e, pela minha teoria, iria pular dentro dela. Apavorei-me quando a realidade caiu em mim.

– Não! Você não vai fazer isso! – Minha voz tremia do medo que sentia. – Não tente! Não quero! Vamos morrer!

– Tira essa menina daqui, agora! – Angel tinha uma sobriedade descabida para uma menina de dezesseis anos. 

– Desculpe, mas não obedeço às suas ordens. – Ele avaliou os movimentos de Petrik e continuou: – E até agora minhas ordens são: tirar você do perigo e voltar para Rheyk, sua fujona.

– Isso é sequestro, seu lou...

Antes que eu pudesse concluir a fala, Nathan correu e pulou para a tela da TV.

A escuridão me invadiu e por um segundo pensei que estava morta.

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