────── 𝓒𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟗
— para este capítulo (final) —
música: I see red (everybody loves an outlaw)
Karl não conseguia parar de pensar em Madelaine. Estava, claro, muito magoado pela frieza da mesma na última vez em que se viram. Nunca pensou que uma mulher seria capaz de ferir seus sentimentos. No entanto, tudo o que ela falava parecia mexer com ele. Ficou esperando que ela pedisse desculpas ou agradecesse pelo presente, acordava todos os dias perguntando ao mordomo se havia chegado algum bilhete ou carta para ele.
Todos os dias ficava decepcionado.
Não conseguia também pensar racionalmente em uma desculpa para visitar os Hanworth sem parecer desesperado ou um tolo apaixonado. Sem muitas opções, ficou de joelhos na frente de um terço e fez algo que nunca fazia: começou a rezar.
Não era um crente, nunca foi. Temia que se colocasse os pés em algum lugar sagrado pegaria fogo pelos seus pecados, que não eram poucos. Mas se houvesse um Deus ou qualquer coisa lá em cima, esperava que fosse tão piedoso quanto falavam que era.
— Querido Deus, ou Jesus — como deveria chamá-lo? — Se tiver alguém aí em cima, por favor, me ajude. Eu sei que cometi alguns pecados — suspirou. — Na verdade, muitos. Mas se o senhor me trouxer Madelaine Hanworth, prometo me tornar um servo fiel. Ou quase. Torne-a minha e eu vou ir todos domingos à missa, todos os meus filhos serão cristãos e os filhos deles também. Doarei dinheiro para as reformas nas Igrejas mensalmente — o que mais podia fazer? — Farei o que quiser, mas por favor, me traga ela. Eu a quero mais do que...
De repente, seu mordomo abriu a porta tão forte que Karl caiu no chão pateticamente. Queria xingá-lo de todas as formas possíveis. Quem era ele para estragar a primeira reza que o príncipe havia feito na vida?
— Mas que raios! O que você pensa que está fazendo?
— Vossa Alteza, quatro senhoritas e um cocheiro entraram na casa sem permissão. Tem uma senhorita muito determinada, teimosa como uma mula, requisitando sua presença imediatamente — contou o mordomo. — Me desculpe, eu tentei impedi-la, mas ela... Ela é um demônio.
Karl levantou em um pulo. Apenas uma mulher em Londres seria obstinada o suficiente para entrar em sua casa assim.
Talvez existisse um ser superior mesmo.
— Por acaso é a senhorita Madelaine Hanworth?
— Sim, ela mesma — confirmou o mordomo, que parecia apavorado.
Com um sorriso no rosto, Karl saiu do aposento correndo, desceu as escadas numa velocidade impressionante e correu como nunca até a entrada da enorme casa alugada.
Ali estava ela, toda encharcada e com lágrimas nos olhos. Em seu colo, segurava uma menina de cabelos louros e aparência peculiar.
Meu Deus.
Era Georgina Bunwell.
— O que houve? — perguntou o príncipe, pegando a menina no colo. — Por que ela está assim?
— Pegamos chuva e ela desmaiou. Não tínhamos como ir para casa no meio da tempestade e me lembrei que minha mãe falou que você alugou quase um quarteirão inteiro em Londres e.. — Madelaine chorava. Precisou parar para respirar. — Karl, por favor, ajude ela. Eu te imploro.
— Não se preocupe, Maddie. Todo membro da realeza precisa ser acompanhado de um médico da família real quando viaja — disse. — Tenho um dos melhores médicos da Noruega aqui.
Uma hora mais tarde, Madelaine estava do lado de fora do aposento em que a amiga se encontrava. O médico estava com Karl, tratando de Georgina, pelas vozes, a amiga parecia ter acordado. Estava preocupada, mas não queria atrapalhar em seu tratamento. Viu o mordomo sair e entrar algumas vezes, na última, com uma sopa de galinha feita às pressas na mão.
Quando já não aguentava mais esperar e estava prestes a abrir a porta, o príncipe a abriu e eles quase se trombaram. Se sentiu nervosa por um instante quando ele a olhou e a analisou. Sabia que sua aparência estava deplorável.
— Como ela está?
— Está bem, estava apenas desnutrida, como se não comesse há dias e a chuva piorou isso, segundo o doutor. Já tomou sopa e remédio, o médico vai vir aqui a cada duas horas e designei duas criadas para cuidarem dela, de sua temperatura e do que ela precisar.
Madelaine suspirou aliviada.
— Já posso vê-la?
— Sim, mas não demore. Tia Imogen foi visitar alguma amiga hoje, mas pedirei para alguma criada achar algo no roupeiro dela que lhe sirva — disse ele. — Vou solicitar que sirvam uma sopa quente para você também.
Sem pensar, colocou a mão no braço dele.
— Obrigada, Karl. De verdade.
Entrou no quarto praticamente correndo e se alegrou ao ver a amiga em pé. A criada estava trocando sua roupa delicadamente. Logo após, ajudou a sentá-la na cama e começou a servi-la da sopa.
— Anne — murmurou Georgina. — Não a vi entrar.
— Como você está? — perguntou e se sentou ao lado da amiga. — Fiquei tão preocupada.
— Um pouco melhor. Já tomei remédio, acabo de trocar a roupa molhada e a sopa de galinha está maravilhosa — comentou. — Agradeça ao príncipe por mim. Ele é um cavalheiro e tanto.
— Vou agradecer — garantiu e segurou a mão da amiga. — Quer que eu fique com você?
— Não, por favor. Estou sendo muito bem cuidada após terminar a sopa, planejo descansar — Georgina sorriu levemente. — Obrigada pela preocupação, mas você está deplorável e também precisa se cuidar.
— Mas...
— Mas nada. Só vou me sentir melhor sabendo que você está bem — largou a mão da amiga. — Agora se vá e volte apenas após ter descansado.
Madelaine se levantou e olhou para as próprias roupas. Precisava mesmo trocá-las e comer alguma coisa, estava faminta. Quando saiu, ouviu a amiga sussurrar:
— E aproveite a companhia do príncipe.
Após um longo banho em água quente, Madelaine, com a ajuda de uma criada designada para servi-la, vestiu-se. A roupa da tia ficou um pouco curta, devido à diferença de altura, mas serviu perfeitamente em largura. Era um vestido de seda cor marsala, um pouco empoeirado e certamente um dos mais bonitos que já vira, mesmo que fosse mais simples.
Não teve o que fazer com o cabelo, estava molhado demais para prender, preferiu deixá-lo solto.
O mordomo bateu na porta para avisar que havia servido a sopa na sala de jantar e Madelaine disparou. Estava faminta.
Quando chegou na sala de jantar, ficou decepcionada por um instante. Esperava encontrar o príncipe. Queria agradecê-lo e se desculpar por seu comportamento recente.
Comeu em silêncio a sopa quente, apenas com a companhia da criada improvisada.
— Muito obrigada por toda a ajuda — disse, dirigindo-se a criada. — Pode se retirar. Apenas me diga antes onde se encontra o príncipe, preciso agradecê-lo.
— Não precisa agradecer, Srta. Hanworth. É uma honra servi-la — efetuou uma pequena reverência. — Creio que o príncipe está na sala de lazer. Ele disse que a esperaria lá. É só subir as escadas e virar à esquerda.
Assim que a criada se retirou, Madelaine terminou de comer e procurou um espelho próximo. Um pouco aflita, fez o possível para organizar o cabelo solto e parecer tolerável. Por algum motivo, passara a se importar com sua aparência quando estava com o príncipe.
Inutilmente. O príncipe, mesmo que fosse um libertino, provavelmente desposaria Amelia Wicklewood, e ela, mesmo que secretamente, era uma mulher comprometida. Não tinha motivos para se importar tanto com o que o príncipe achava.
Antes de subir os degraus, foi ao quarto de Georgina e verificou que a mesma estava dormindo. Foi informada que a febre da amiga baixara, sendo assim, ficou aliviada. Agora, não possuía mais desculpas para fugir de Karl, precisava encará-lo, se desculpar e agradecer pela hospitalidade. Quem sabe até mesmo recuperar sua estranha amizade.
Quando chegou no cômodo em que Karl se encontrava, observou que o mesmo estava sentado, bebendo uísque e olhando para a lareira à sua frente. Não percebeu sua presença.
Ficou quieta, pois não sabia o que dizer.
Pigarreou e esperou que ele se virasse para ela.
— Milady, que surpresa agradável — brincou ele. — A que devo a honra de sua presença?
— Por favor, me chame de Maddie — começou, virando-se para o sofá onde estava Karl. — Posso me sentar ao seu lado?
— O dia que eu negar a companhia de uma bela dama, não serei eu.
Ela sorriu timidamente e se sentou o mais longe possível. Para seu alívio, ele fitava o copo de uísque e a pequena mesa na sala.
— Não fui justa com você, Karl. Me desculpe pela minha hostilidade em nosso último encontro. E muito obrigada pelas partituras, consegui tocar um pouco após anos, graças a você — disse e ele começou a encará-la. Ficou nervosa, tinha muito a dizer e não sabia como continuar. Nunca ficava sem palavras.
Como se lesse seus pensamentos, ele apenas falou:
— Você parece ter muito a dizer. Quer um pouco de vinho? — ofereceu e ela assentiu sem jeito. — Uma dama como a senhorita sabe beber?
— Uma vez provei o conhaque que Louis tanto gosta — comentou o fazendo sorrir e quebrando o clima. — Bebida horrível, devo dizer.
Observou enquanto Karl lhe servia com um copo de vinho e deixava a garrafa na mesa próxima dela. Olhou para ele. Sua camiseta branca estava remangada até a metade, o cabelo preto caía sobre a testa desajeitadamente. Quando ele se aproximou para oferecer o copo, viu que sua camisa estava desabotoada em cima. Era possível ver um pouco de seu peito nu. E ela não conseguiu tirar os olhos de seu peito.
Sabia que Karl era um homem atraente, não era cega. Mas dessa vez ele estava irresistível.
Tomou o vinho em um só gole e se serviu novamente.
— Madelaine, tudo bem? — perguntou ele confuso. — Por que está bebendo desesperadamente?
— Apenas gostei muito desse vinho — mentiu e voltou a encará-lo. — Onde estávamos?
— Você estava me agradecendo pelas partituras após se desculpar por partir meu coração.
— E você tem um para ser partido? — brincou ela de volta.
O príncipe sorriu e agora ela quem começou a encarar o próprio copo de bebida. Bebeu mais e permaneceu em silêncio por alguns minutos.
— Karl, você foi muito gentil em nos ajudar hoje. Não tenho nem palavras para te agradecer pela gentileza com Georgina — falou. — Não era sua obrigação, ainda mais sendo duas moças solteiras, os riscos em nos hospedar eram altos. Poderia até mesmo acarretar um duelo — comentou. — Claro, suponho que Louis seria incapaz, mas se alguém descobrisse o visconde de Bunwell precisaria defender a honra de sua irmã...
— Não precisa dizer mais nada. Não me arrependo nenhum pouco de ajudá-las. Faria tudo de novo sem me importar com as consequências — respondeu e a fitou, fazendo com que ela se concentrasse em beber mais vinho. — Por você.
— Como?
Quase se engasgou.
— Por você eu faria tudo de novo, Madelaine — falou seriamente e ela corou. Então lhe lançou um de seus malditos sorrisos brincalhões. — Ainda somos amigos, não somos?
— É claro — concordou enquanto enchia o copo pela terceira ou quarta vez.
Ainda que estivesse em silêncio, não se sentia desconfortável perto de Karl, mesmo sabendo que não estava com uma boa aparência enquanto ele estava impecável como sempre. Era fácil conversar com o príncipe e sentia que não precisava fingir ser quem não era. Seu temperamento sempre fora difícil e ela passou a vida pisando em ovos ao falar, até mesmo com James às vezes. Karl, além de seu pai e irmão, era a terceira pessoa com quem ela falava livremente. Mesmo com toda a fama que ele possuía, o considerava agora um amigo muito precioso.
— Por que você veio para cá se casar, Karl? — perguntou de repente, direta como sempre. — Uma orgia não seria um escândalo suficiente para fazer um príncipe ser obrigado a casar, seria?
Pela primeira vez, a expressão dele estava surpresa, mesmo que estivesse acostumado com Madelaine falando sempre o que pensava. Também sentiu um pouco de felicidade, não havia nada melhor do que saber que ela estava interessada nele, mesmo que não da forma como ele estava nela.
— Então você sabe o que é uma orgia — brincou ele, a fazendo corar novamente e beber mais vinho. Ela até mesmo mordiscou o lábio inferior, como fazia quando ficava nervosa, gesto este que ele apreciava. — Você não é tão pura quanto pensei, Srta. Hanworth. Acho que a julguei mal.
— Talvez eu não seja mesmo — falou de maneira atrevida como de costume, retomando sua compostura. — Mas não fuja da pergunta.
Ele suspirou. O álcool já estava subindo em sua mente e era difícil de encará-la. Enquanto ela o olhava com curiosidade, ele só conseguia pensar em quanto tempo demoraria para desabotoar o vestido dela e deitá-la sobre a mesa.
Fez o possível para se concentrar. Não falava sobre suas transgressões com ninguém, nem mesmo com a irmã a qual era tão próximo. Estranhamente, sentia como se pudesse falar sobre tudo com Madelaine sem se sentir culpado.
— Tive muitos escândalos na corte, me deitei com todas as mulheres possíveis, algumas muito importantes, e irritei gente do mais alto escalão — contou calmamente, nada que a surpreendesse. — Desde viúvas de oficiais e nobres importantes, à mulheres casadas com políticos essenciais, que quiseram que eu fosse punido imediatamente. Para completar, mesmo que eu tenha minha propriedade, fazia questão de fazer festas no palácio e sempre participava das orgias que você ouviu falar.
— Mas por que você fazia tudo isso? Se fosse apenas por diversão, podia apenas comprar um prostíbulo e fazer o que quisesse — observou ela atentamente. — O que você ganhou com isso?
— A atenção e a fúria de meu pai, tudo o que eu mais queria — confessou e sentiu um alívio dentro de si, nunca havia admitido isso em voz alta. — Meu pai e minha mãe foram prometidos desde cedo, nunca se amaram, mas ela sempre foi uma boa esposa, muito fiel e lhe concedeu três filhos homens saudáveis, e uma filha mulher considerada uma beldade e provavelmente vai ser usada para arranjos políticos com algum herdeiro por aí — contou. — Mas nada parece ser o suficiente para o rei. Ele tem duas concubinas, teve onze filhos bastardos ao total. Uma das concubinas era melhor amiga de minha mãe.
Madelaine não pode deixar de ficar boquiaberta. Aquela era uma história e tanto. Sempre julgava Karl como um príncipe mimado, sem saber ao certo o motivo por trás de seu comportamento insolente.
Se sentiu péssima e esperou que ele prosseguisse.
— Depois dessa traição, minha mãe nunca mais foi a mesma. Se afundou na melancolia desde que minha irmã nasceu, não sai do quarto, não tem vontade de comer, de fazer nada. É como se ela não estivesse ali — contou e olhou para Madelaine, que o olhava com compaixão. — Ela tentou tirar a própria vida mais vezes do que posso contar. E eu o odeio por isso. Odeio o rei mais do que tudo. Ele a trata com desdém — suas mãos tremiam. — Fiz o possível para me tornar um estorvo e tornar a vida dele um inferno, uma vingança por tudo o que fez minha mãe passar.
Ao perceber o nervosismo do príncipe, se aproximou e segurou sua mão, o que o fez parar de encarar o copo de uísque e olhar para ela. Naquele instante ele soube que não conseguiria se casar com nenhuma mulher que não fosse ela. Queria que aquele momento, em que seus olhos se encontraram, durasse uma eternidade.
— Na minha última transgressão, ele perdeu a paciência de vez, até ameaçou me banir. Minha tia achou um meio-termo, acompanhada de minha mãe — contou. — Ela nunca fala, mas ergueu a voz como rainha para me defender e tive esperanças de sua melhora. Ela pediu para que eu me casasse e tia Imogen prometeu que faria isso acontecer e me trouxe com ela — ficou mais calmo com o toque dela. — Não acredito em casamento. Nem sei se o amor de verdade existe. Mas quero e preciso me casar. Esse é o único desejo de minha mãe, nunca imaginei que toda aquela situação a magoava.
— Não é sua culpa. O rei, com todo respeito, é um imbecil e tanto. Que homem detestável — observou ela.
Aquilo o fez rir. Começou a gargalhar ao olhar o rosto dela, que se afastou completamente confusa por sua reação. Ele não conseguia parar de rir.
— Há algo em meu rosto?
— Eu nunca conheci uma mulher como você — falou, ainda rindo. — Ninguém nunca teve coragem de insultar um príncipe, mas um rei? Você poderia morrer por isso, sabia?
Aquilo a fez sorrir, levemente envergonhada. Serviu mais um pouco de vinho.
— Que bom que somos amigos e você certamente não me entregará para a corte real.
— Ah, não tenha certeza disso.
— Karl! — ela quase gritou. — Você é louco.
Por você.
— E você? — perguntou ele, tomando um gole de uísque e escorando o braço solto no sofá. Cruzou as pernas e ficou terrivelmente atraente. — Qual o seu segredo, Maddie?
— S-segredo?
Se sentiu uma tola por gaguejar perto dele, isso poderia ser péssimo, considerando que Karl, mesmo sendo seu amigo, era um homem perigoso. Na verdade, ela era o perigo. Cada vez que olhava para o príncipe sentado desajeitadamente sentia um arrepio percorrer seu ventre.
Percebeu que precisava contar-lhe sobre seu amado. Se contasse, ele podia saber que seu coração já tinha dono e continuariam apenas com sua amizade.
Buscando coragem, serviu mais um copo de vinho e tomou tudo em um gole só.
— Eu tenho alguém — contou com toda coragem que tinha. Tirou o colar de seu peito com o anel e mostrou. — Estou noiva secretamente de um tutor de francês.
Madelaine não percebeu, mas o mundo do príncipe desabou naquele momento. Sabia que seria difícil seduzi-la, mas se ela já tinha alguém em seu coração, se tornava quase impossível.
Sentiu dor e um pouco de raiva por alguém ter chegado ao seu coração antes dele. Bebeu o copo de uísque em um só gole e sentiu a garganta queimar. Mas nada doía mais do que seu coração naquele momento.
— Ah, é? — foi tudo o que conseguiu dizer, para que ela não percebesse seu desapontamento.
Então ela lhe contou tudo, desde o dia em que se afogou no lago ao pedido de casamento. Explicou sobre o plano deles de fugirem juntos no dia 20 de maio. Mas não conseguiu deixar de fora suas incertezas.
Enquanto o álcool subia sua cabeça, Madelaine tomou coragem de tirar suas dúvidas com o príncipe. Agora que ele sabia de tudo e era seu amigo, certamente poderia responder algumas perguntas constrangedoras sobre os homens.
— Posso te perguntar algo, a respeito dos homens? — indagou. — Tudo parece perfeito com James, mas continuo tendo algumas paranoias e dúvidas sobre ele.
De repente, aquilo se tornou muito interessante para ele. Fora dolorido ouvir toda sua história de amor, mas saber que não era tão perfeita assim, o fez ter esperança. Queria matar James e nem o conhecia. Quem era ele para desposar uma mulher tão incrível quanto Madelaine e a deixar com dúvidas?
— O que você quer saber, Maddie?
— É normal não sentir desejo por alguém que você gosta? — perguntou Madelaine, o deixando surpreso. — Quer dizer, sentir pouco desejo. Diferente do que vemos nos livros e na maioria dos relacionamentos, que queimam em paixão como se não pudessem se desgrudar. Ou será que é por conta de minha aparência que me deixa menos desejável? Não tenho uma aparência desejável para os homens?
Aquilo o fez rir por dentro. Se ela soubesse o quanto ele a desejava e todas as coisas que pensava em fazer com ela. Era ridículo que o homem que a desposara fosse tão frouxo.
Não era justo.
Não era mesmo.
— Desculpe a pergunta, mas por que você se sente assim? — queria provocá-la e era bom nisso. — Ele a beija sem vontade, não toca em seu corpo?
Ela se tornou um tomate de tão vermelha, se não fosse o álcool, fingiria um desmaio ali mesmo.
Mas Karl era seu amigo e talvez sua única solução para entender James.
— Ele nunca me beija e apenas toca na minha cintura — contou, bebendo mais vinho. Já estava acabando a garrafa — Isso é normal? É algo comigo? — indagou novamente. — Uma vez vi meus pais discutirem no escritório e terminarem a discussão com um beijo incrível, pareciam arder em paixão. Nunca vi ou tive algo assim.
— Nunca teve, é?
Agora o álcool estava subindo a cabeça dele, sentia que podia perder o controle a qualquer instante. Não a desrespeitaria, mas temia que pudesse proclamar seus próprios sentimentos.
Ela o olhava impacientemente, com seus olhos verdes curiosos e inocentes, esperando provavelmente que o problema não fosse ela.
— James é um tolo — disse Karl. — Deve ser o homem mais burro que já ouvi falar.
— Não fale assim dele! — retrucou ela furiosamente. — Foi um erro, eu não deveria ter...
Então ele largou o copo de uísque e diminuiu a distância entre eles. Se aproximou dela e observou que ela não se mexeu. Pegou o copo da mão dela e pôs na mesa ao lado.
Estavam próximos, muito próximos, dava quase para sentirem a respiração um do outro. Ele se aproximou um pouco mais, até seus lábios alcançarem o ouvido dela e sussurrou:
— Você gostaria de saber como é ser desejada? — murmurou ele. — Eu poderia fazer isso, sabia? — encostou de leve os lábios no ouvido dela. — Quer que eu te mostre como eu faria se a desejasse?
Madelaine sentiu o corpo pegar fogo como nunca havia sentido antes. Não conseguia agir racionalmente. Tornou-se incapaz de falar, não conseguia formular uma única palavra.
Tudo o que sabia é que queria que ele a beijasse e mostrasse como era ser desejada.
— Você me deseja? — foi tudo o que ela conseguiu dizer. — Karl, você me deseja?
Ele a desejava, a desejava com todo seu corpo, desde a primeira vez que a vira, com um lampião na mão e um belo gancho de direita. Sentia o desejo inundar cada parte do seu ser toda vez que a fitava e tudo o que queria era que ela permitisse que ele lhe mostrasse o quanto a desejava.
Tomou a mão dela e a levou a sua boca, beijando seus dedos e depois o meio de sua mão com delicadeza. Em seguida, passou a língua por seu pulso delicadamente e fixou seus olhos nos dela.
— Vou te contar tudo o que faria com você, detalhe por detalhe e você pode tirar suas próprias conclusões sobre isso.
Ela arfou e ele percebeu que ela havia gostado. Então se afastou para provocá-la.
— Primeiro, eu mordiscaria aqui — disse, se aproximando do lóbulo de sua orelha. — Depois, encostaria aqui — a ponta de seu dedo roçou seu seio e ela ficou sem ar. — então meus lábios passariam para cá, famintos — deu um pequeno selinho em seu pescoço. — E minha língua desceria para cá — encostou a ponta do dedo levemente no seio dela novamente.
— Ai, meu Deus — foi tudo o que ela conseguiu dizer.
— E minha outra mão estaria ocupada levantando seu vestido, assim — suavemente ele levantou seu vestido, sabendo que ela ainda estava apropriadamente vestida com um chemise por baixo. — E minha mão seguraria aqui — a ponta de seu dedo encostou no interior de sua coxa, por cima do chemise. Sua voz estava rouca e desesperada. — E subiria até chegar...
— Karl — ela gemeu baixinho.
— Aqui — a ponta de seu dedo agora encostava em sua parte mais íntima. — Eu poderia encostar aqui também — agora sua mão havia subido a coxa e estava em seu traseiro, apertando-o suavemente e a fazendo gemer com o toque. — Gostaria disso? — ela nem sequer conseguia responder. — Pelo visto, sim. — Os polegares dele foram descendo devagar e voltaram para o meio de suas pernas. — E que tal um beijo bem aqui? — provocou. — E aqui — pressionou de leve seu corpo no dela, para que ela sentisse todo seu desejo.
Ela começou a respirar mais rápido e só conseguia olhar para a boca do príncipe, se aproximando com perigo de seu rosto.
— Eu teria que ser cuidadoso em alguns lugares e usar a língua — a ponta de seu dedo estava novamente no bico de seu seio. — Sem falar no que eu faria com seus lábios, nas formas que exploraria cada canto de sua boca — sua mão agora estava ao redor de seu pescoço, apertando-o. — Talvez você gostasse que eu a tocasse assim. E puxasse aqui — a mão deslizou por baixo de seu cabelo e ele o puxou, com força, fazendo sua cabeça cair para trás. Sua outra mão estava em seu queixo, empurrando-o para cima com seu dedo indicador alisando sua boca lentamente. Por fim, ele sussurrou: — Eu posso tocá-la de todas maneiras possíveis, você vai se sentir desejada como nunca. Apenas implore.
Permaneceu em silêncio por alguns segundos, para observá-la estremecer de desejo.
— Karl — dessa vez ela estava implorando. — Por favor.
— Devo pôr em prática tudo o que falei, então?
Assim sendo, ele se aproximou e botou a mão em seu pescoço. Ela sentiu o seu colar e lembrou-se do anel que carregava e da promessa que havia feito.
— Eu tenho alguém. E-eu..
— A decisão é sua, Madelaine.
Me possua, era o que ela queria dizer.
Não conseguia se afastar dele, estava enfeitiçada e em chamas. Apenas assentiu timidamente e sentiu as mãos do príncipe em seu corpo. Agora de verdade.
Ele iria beijá-la, estava a poucos centímetros de seu rosto. Sentiu seus hálitos se misturarem, a boca dele encostar na sua e sua língua pedir passagem.
Mas Madelaine reuniu o pouco de dignidade que lhe restava e o esbofeteou.
Esbofeteou Karl tão forte que ele caiu no chão.
Então correu, não do príncipe, mas de si mesma.
Era uma pecadora. Uma traidora. Uma libertina.
Meu Deus, ela havia se tornado o que mais criticava.
✤— Notas da autora —✤
Eai gente, surtaram muito? Pois eu surtei para escrever isso. Espero que não queiram me matar, mas preciso ser coerente com a personagem teimosa e orgulhosa que eu criei (já estou quase me arrependendo). Eu, a autora, já teria me jogado no primeiro sorriso dele. A Madelaine tá sendo um desafio pra mim.
O foco da história não vai ser esse, é claro, no entanto, preciso fazer jus à fama do príncipe de pior libertino da Europa. Como diria a Maddie, "mas um libertino encantador".
Tive que invocar a eu de 15 anos (eu escrevia no Spirit, fanfics de The Walking Dead, tinha mais de 60K escrevendo hot com o Chandler Riggs kkkkkkkkk). Mas agora minha mentalidade é outra e as cenas quentes que vou escrever (no máximo 2 nessa história), vão ser mais maduras e o foco não vai ser esse. Vou usar essas cenas estrategicamente para desenvolver o casal principal romanticamente. E também porque da visualização.
Deem uma olhada nos capítulos anteriores, botei aesthetic com os personagens/ elementos dos capítulos em todos.
Até o próximo capítulo, com a revelação do segredo de James.
— Challine
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