────── 𝓒𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟒
Enquanto caminhava pelo enorme jardim dos Hanworth, Karl não conseguia parar de pensar na irmã mais velha do duque de Norfolk, Madelaine. Alguma coisa nela o fascinava. Embora fosse bonita, seu rosto era marcado demais, os olhos eram enormes e até mesmo sua boca era muito carnuda. Suas vestes eram sempre simples, como se ela não quisesse chamar atenção. Ainda assim, a desejava.
Infelizmente, Madelaine Hanworth possuía o pior temperamento que ele já havia conhecido e isso o irritava profundamente. Nunca havia apanhado de nenhuma dama, mesmo que fosse bom em importuná-las. E, em poucas horas, já estava com dois machucados, um no rosto e outro em sua perna. Estranhamente isso a deixava mais atraente ainda.
Durante o tempo em que se perdeu em pensamentos, percebeu a presença da mulher que não saía de sua mente logo à frente. Estava acompanhada de sua dama de companhia que fez uma reverência a ele. Madelaine o olhou de canto de olho e andou mais rápido em uma tentativa falha de fugir do príncipe, que foi atrás dela.
— Milady — disse ele, a alcançando. — Você não está me ignorando, está?
— E existiria mulher capaz de ignorá-lo, Vossa Alteza? — respondeu ela, com uma reverência.
Próximos assim, Karl observou o quão bonita ela ficava a luz do dia. Não tinha percebido que ela tinha sardas em seu rosto e que seus olhos verdes tinham um fundo castanho. Quase se esqueceu de como se falava.
— Então está afirmando que não consegue resistir aos meus encantos? E eu pensando que você era diferente — retrucou ele, lançando um de seus malditos sorrisos.
Ela então encarou sua perna e fez uma expressão de preocupação.
— Como está sua perna, Vossa Alteza? O senhor está mancando um pouco. Andou tropeçando por aí?
— Tropecei em uma dama atrevida — respondeu, seco. Fez-se silêncio até ele tomar coragem de perguntar o que se passava em sua mente. — Por que você me odeia?
Madelaine ficou surpresa com a pergunta e depois franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. Não chegava a odiá-lo, mas também não gostava dele.
— Eu não o odeio, Vossa Alteza — respondeu, o surpreendendo. — Apenas odeio o que você representa.
— E o que eu represento, milady?
Madelaine andou alguns passos, fazendo uma reverência e antes de sair falou:
— Um príncipe mimado que acredita que tudo tem que ser do jeito dele — dessa vez, ela quem deu um sorriso travesso. — E, ah, um libertino do pior tipo. Tudo o que mais odeio.
Assim, ela se foi, o deixando sem entender. Realmente, sua reputação como libertino era enorme. Frequentava bordéis com frequência, orgias e estava envolvido em escândalos com mulheres viúvas e casadas constantemente. Mas como diabos Madelaine havia descoberto?
Seis dias depois, um dos maiores bailes de Londres aconteceria e certamente seria o fim da paz de Madelaine. A seis dias não via o príncipe, que havia se mudado para uma casa alugada longe da sua. Todavia, nessa noite não teria como escapar de seus infames olhos azuis. Sua mãe a forçaria a cumprimentá-lo e em frente a todos ela teria que fingir estar lisonjeada ao vê-lo, mesmo que a presença dele a irritasse mais do que qualquer ser humano no mundo.
Entretanto, naquela tarde, havia recebido uma carta de James através de Ellen, sua dama de companhia, que não pareceu feliz em entregar o conteúdo. Mesmo que fossem amigas, Maddie acreditava que Ellen reprovava seu relacionamento com James, talvez por medo das consequências.
A carta possuía códigos que usavam na infância para se comunicar, era um aviso para encontrá-lo no terraço da festa, afinal, a festa seria na casa onde ele dava aulas às crianças. Era a mansão de um dos casais mais nobres de Londres, o lugar perfeito para ver James sem que as pessoas suspeitassem dela.
Para conseguir fugir da festa, Madelaine tinha um plano quase perfeito. Fingiria tropeçar, para que algum médico a levasse a algum aposento e enrolasse uma faixa. Assim, diria para a mãe e o irmão que não se preocupassem com ela e fossem para a festa, logo após, iria atrás de James e voltaria antes da meia-noite. Seria perfeito.
No baile, Madelaine estava deslumbrante. Não fazia questão de se arrumar, mas quis estar bonita naquela noite. Colocou um de seus melhores vestidos, as joias da família e arrumou o cabelo desgrenhado. A mãe chegou a se emocionar, achando que a filha estava determinada a achar um marido. Coitada, pensou consigo mesma. Nem sabia o porquê havia se arrumado, talvez apenas para despertar o desejo de James.
Chegaram pontuais como sempre e os Hanworth cumprimentaram brevemente os anfitriões da casa. Ela fez o possível para se manter próxima do irmão ao longo da noite, o suficiente para ninguém cortejá-la. Seu irmão parecia, de fato, o chefe da família e não mais um adolescente mimado. A cada homem que passava por eles com a intenção de dançar com a irmã, Louis o fuzilava com o olhar e o fazia se afastar. Era alto e parecia bastante ameaçador quando queria. Um rapaz chegou a chorar ao se aproximar de Madelaine.
— Não sabia que você podia ser assustador — disse ela, brincando. — Assim, não vou me casar nunca.
— Não me parece uma má ideia. Podemos ser solteirões juntos — brincou o irmão. — Mas pensando bem, ter sua companhia para sempre vai ser desagradável. Preciso casá-la imediatamente.
— Como se eu fosse tão entediante assim — retrucou ela, revirando os olhos. — Vou ao lavabo, se importa de me esperar aqui? — o irmão pareceu não gostar de deixá-la sozinha. — É logo aqui ao lado, Lou.
— Tudo bem — respondeu ele. — Mas não demore. Não vou suportar todas essas mães desesperadas para casar as filhas sozinho.
Sorrindo, ela se retirou do recinto. Foi ao lavabo, lavou as mãos e pensou no que faria. Louis estava ao seu lado o tempo todo de maneira protetiva, seria difícil tropeçar sem ele que percebesse a falsidade no ato. Pensou então que precisava se aproximar da mãe para fingir tropeçar ou teria que pôr em prática seu segundo plano. No entanto, nenhum dos planos era perfeito, os organizou muito rápido e não teve tempo para pensar em detalhes.
Quando estava saindo do lavabo, percebeu que a música começou a tocar diferente. Ouviu a voz de um homem por todo o salão. Aquilo só podia ser uma coisa.
—... E lhes apresento Sua Alteza Real, príncipe Karl August Bernadotte, da Suécia e da Noruega.
De longe, podia ver as reverências. Depois de longos minutos de saudações, percebeu o príncipe indo direto na direção de seu irmão, que estava acompanhado pela mãe, a qual parecia procurá-la. Foi para trás, numa tentativa de se esconder. Sabia que se fosse até lá, seria obrigada a dançar com ele. O que a fazia ter que recorrer a um novo plano improvisado.
Respirou fundo e criou coragem. Fingiu estar mancando com o pé esquerdo e foi na direção deles em passos lentos após alguns minutos. Estavam muito distraídos em sua conversa, mas Karl percebeu imediatamente quando ela chegou. Seria um tolo se não percebesse sua presença.
Ela estava linda como nunca e isso o enlouquecia. Usava um vestido de seda azul que lhe servia perfeitamente. O cabelo estava arrumado e as joias que usava certamente eram uma relíquia de família. Teve que se segurar para manter a postura e lembrar que ela era uma dama e não podia jogá-la contra a parede ali e fazer o que quisesse com ela.
— Srta. Hanworth — cumprimentou ele, bastante formal, beijando seus dedos.
Quando seus olhos se cruzaram, Madelaine Hanworth, que era sempre tão falante, ficou sem palavras. Sentiu, por um instante, as pernas ficarem bambas. O príncipe estava lindo, radiante, na verdade. Estava com uma roupa social diferente da maioria dos nobres e que o deixava deslumbrante. Sua pele não estava mais tão pálida, seu cabelo preto estava penteado para cima e não caído sobre a testa, e seus olhos estavam com um brilho diabólico. Sem falar do seu cheiro. Por Deus, o cheiro dele era simplesmente maravilhoso.
Era o homem mais lindo dali, sem dúvidas.
Tentou se repreender mentalmente por tal pensamento, mas se perdoou, afinal, ela era humana. Até mesmo um homem insuportável como ele poderia ser bonito.
— Madelaine? — tia Imogen a chamou. — Está tudo bem, querida?
Como se tivesse acordado de seu devaneio, ela sorriu no mesmo instante, fazendo duas reverências rápidas.
— Desculpe. Alguém pisou no meu pé acidentalmente e está doendo bastante — mentiu.
Todos pareceram satisfeitos com a resposta e a tia e a mãe voltaram a conversar, parecendo estar tramando algo. Certamente estavam.
— Permita-me achar um lugar adequado para que se sente, Srta. Hanworth — falou o príncipe, em alto e bom som, fazendo com que Mary e Imogen suspirassem ao mesmo tempo. As duas sorriam com ilusão.
Louis interrompeu, para a felicidade de Maddie.
— Sabe, eu mesmo...
A duquesa de Norfolk pisou em seu pé com toda força que possuía, fazendo com que Louis se dobrasse em dor. Ela estava determinada a achar o par perfeito para a filha e não permitiria que o filho a atrapalhasse.
— Perdoe a petulância de meu filho, Vossa Alteza, ele não está se sentindo bem hoje — disse Mary, olhando para o filho furiosamente. — Por favor, ajude a pobre Madelaine.
— Claro, Lady Hanworth. Será um prazer — respondeu ele, virando-se para Madelaine com um sorriso encantador. — Vamos?
Madelaine assentiu nervosamente ao ver o olhar que a mãe lançou para ela. Além disso, não seria bem-visto se ela tratasse mal o príncipe, poderia ter sérias consequências. Aceitou o braço que ele lhe oferecia e foi passear com ele pelo salão.
Ficaram em silêncio durante o trajeto. O príncipe cumprimentava as pessoas enquanto andava e ela apenas abaixava a cabeça. Odiava tanta atenção assim, se sentia desconfortável demais.
Logo, percebeu que haviam passado por uma poltrona vazia e o fuzilou com os olhos.
— Aonde estamos indo? — indagou ela ao príncipe, que a ignorou. — Vossa Alteza?
Quando percebeu que estavam em um corredor mais vazio longe do salão, soltou seu braço. A voz de Karl foi um sussurro.
— Vai continuar fingindo?
Ela ruborizou. Não tinha como ele saber que ela estava fingindo, tinha até mesmo fingindo estar manca.
— Fingindo o quê? — falou, sorrindo inocentemente.
Karl se aproximou perigosamente, a fazendo ir para trás e se encostar na parede. O príncipe era muito mais alto do que ela, o que a fazia ter que erguer a cabeça para encará-lo nos olhos. Deveria ser assim que a maioria das pessoas ficava ao olhar para ela, que tinha um metro e setenta de altura.
— Fingindo estar manca. Assim que eu entrei no salão, a primeira pessoa que procurei com os olhos foi você e vi que a senhorita não estava mancando. Depois percebi você se escondendo atrás da decoração — ele ergueu uma sobrancelha, sabendo que aquilo a incomodava e colocou o braço na parede onde ela estava, se aproximando.
O príncipe deu mais um passo e seu corpo ficou próximo demais do dela, a fazendo ruborizar. Sentiu um tremor percorrer todo seu corpo. Sentia o hálito dele de hortelã em seu rosto e o seu cheiro forte de baunilha. Ficaram assim por um instante, um olhando para o outro. Até que Karl encarou seus lábios pensando se deveria beijá-la ali mesmo.
— Não se aproxime! — vociferou ela, retomando a compostura. Ele se afastou — se alguém vê-lo tão próximo de mim, vai pensar errado a meu respeito. Não posso me envolver em escândalos, Vossa Alteza.
O príncipe permaneceu quieto, olhou para os lados, cruzou os braços e fez um estalo com a língua. Parecia ter percebido algo. Voltou a encará-la. Madelaine fez o possível para manter o olhar.
— Qual o seu segredo? — ele perguntou.
Madelaine congelou e quase se esqueceu como se respirava. Ele não tem como saber, pensou. Não mesmo.
— Você acha que eu não tenho como saber? — ele disse calmamente, como se lesse os pensamentos dela. Ela arregalou os olhos e ele deu um sorriso perverso. — Eu estava apenas palpitando, e pelo visto, você realmente tem um segredo.
Madelaine não podia negar, sua expressão assustada a havia entregado. Seu sangue fervia de tanta raiva. O príncipe, além de um libertino, era um homem inteligente e isso o tornava perigoso. Havia subestimado sua capacidade de observação. Achava que ele era um estúpido. Para piorar, ele jogou verde novamente:
— Você tem alguém? — ele perguntou e ela fez o possível para não fazer expressão alguma. Antes que ela pudesse responder, ele fez uma oferta: — Dance comigo, Srta. Hanworth. Me conceda uma dança e eu não a incomodarei mais. Ou será que você tem alguém e por isso me rejeita com tanta frieza?
Seu coração batia tão forte que se ele se aproximasse demais ouviria. Então reuniu toda coragem do mundo e disse tranquilamente:
— Não, não tenho — mentiu e se afastou dele, dando-lhe as costas. — Mas posso garantir que meus segredos não lhe dizem respeito, Vossa Alteza. E eu nunca dançaria com um homem como você.
Estava prestes a ir embora, quando ele protestou.
— Onde você pensa que está indo?
— Para bem longe do senhor, pois você me causa repulsa — disse, entredentes.
Sem dar chance para que ele dissesse alguma coisa, o deixou sozinho. Sentia-se poderosa quando o deixava assim. Provavelmente eram poucas as mulheres que conseguiam tratar um príncipe dessa maneira e não ter consequências. Não achava que ele iria falar nada, a não ser que quisesse explicar como havia conseguido o roxo, agora quase invisível, no nariz. Teria que admitir que havia apanhado de uma mulher e nenhum homem não é capaz disso.
Sorriu triunfante e tentou ser discreta. Não teria mais de meia hora até que a mãe notasse seu sumiço. Subiu as escadas apressadamente e seguiu pelo caminho que James havia dito. Caminhou por três corredores, subiu por uma escada, depois mais uma, logo encontrou a porta do terraço. Deu três batidinhas como combinado.
Mas ninguém a respondeu.
— James? — ela sussurrou. — Sou eu.
A porta se abriu e ele a ajudou a subir oferecendo-lhe a mão. Se cumprimentaram e conversaram brevemente sobre como havia sido a semana dos dois. James parecia alheio o tempo todo, como se não estivesse ali. Ele sequer havia encostado nela, o que a deixava triste. Às vezes se sentia uma mulher sem sal, como se nenhum homem fosse desejá-la. Embora seus pais não fossem os mais românticos do mundo, o antigo duque e Mary Louise muitas vezes colocavam os filhos cedo para dormir e desapareciam. Sabia que os pais, ao jeito deles, se amavam e certamente se desejavam.
Dessa vez, Maddie foi quem se perdeu em seus devaneios. Pensava no amor de seus pais e em algumas brigas que às vezes eles tinham. Uma vez, estava espiando pela porta e os viu discordando sobre alguma coisa. Após muita discussão, o pai beijou sua mãe e se desculpou. Não sabia que os pais se gostavam até aquele dia, eram muito reservados e nunca os tinha visto dizer "eu te amo" um para o outro. Viu algo naquela noite entre eles e percebeu que quando crescesse, queria aquilo. Queria alguém que discutisse com ela e a beijasse com paixão depois, implorando seu perdão.
Mas James e ela nunca tinham discutido ou se beijado daquele jeito. Ele apenas concordava com ela, não importava o que fosse.
— Anne? Oi? — ele colocou a mão na frente de seu rosto. — Você não estava me ouvindo.
— Desculpe — virou-se para ele. — Mas você não parece muito atento também ao que estou dizendo.
— Desculpe, estou cansado.
Fez-se silêncio e ela o fitou. Só queria que ele olhasse para ela e a beijasse como o pai fez com a mãe naquela noite. Alguém seria capaz de desejá-la assim algum dia?
De repente, os olhos do príncipe encostando-a na parede vieram a sua mente. Seus olhos azuis e seus lábios invadiram seus pensamentos. Era a primeira vez que pensava nele.
Certamente ele me beijaria com desejo, pensou, afinal, ele é um libertino e já me olha como se fosse me devorar.
Ficou furiosa consigo mesma. Devia estar ficando louca, estava na companhia do homem que amava e pensando nos olhos diabólicos do príncipe. Pensava ser imune ao charme de um libertino. Nem percebeu a cara de irritação que fazia para James, que a olhava espantado.
— Madelaine, você está bem? — perguntou ele e ela assentiu, envergonhada por estar pensando no príncipe em sua presença. — Tem certeza? — acariciou seu cabelo. O toque foi o suficiente para compensar a falta de carícias. Talvez ela não fosse tão bonita assim, nesse caso, não achava que a culpa era dele. — Eu te fiz alguma coisa? Por que estava franzindo as sobrancelhas?
— Eu estou irritada desde que me cruzei com aquele maldito príncipe hoje de noite — contou-lhe. Tinha se esquecido de contar e certamente seria bom desabafar um pouco sobre a raiva que estava. — Eu odeio ele James, eu o odeio.
— Nunca a vi tão irritada com ninguém assim em toda minha vida — comentou ele, com um sorrisinho. — O que ele fez para ser tão detestável assim?
— Simplesmente nasceu. Prometo que se você o conhecesse, não gostaria dele também — suspirou. — Ele é um libertino do pior tipo, astuto como uma raposa e insuportável como um mosquito.
— Bem, ele parece uma pessoa desprezível — disse, com uma expressão agradável. James também era lindo, tinha uma aparência invejável. Era difícil que as londrinas não o reparassem. Só não se atiravam devido a sua classe baixa. Embora algumas ainda fossem corajosas para tentar seduzi-lo. — Mas cuidado, Anne. Ele é um príncipe, você precisa respeitá-lo. Não quero que se meta em confusão, me preocupo com você.
Suas palavras gentis foram o suficiente para fazê-la sorrir e o abraçar. Seu abraço era sempre reconfortante. Certamente era o melhor abraço do mundo.
— Sua preocupação me alegra — murmurou. — Mas preciso ir. Me envie uma carta novamente por Ellen quando conseguir ir nos visitar.
De repente, a expressão dele mudou. No entanto, ele disfarçou rapidamente com um sorriso.
— Claro — disse, por fim. — Vou ajudá-la a descer.
Ele abriu a porta e lhe deu um beijo na sua testa. Aquele simples gesto de carinho fez com que ela se alegrasse. Amava se sentir amada e o carinho certamente era uma forma de amor. Ainda assim, havia uma voz insegura em sua mente que se perguntava se James realmente a amava e até mesmo se ela o amava. Não fazia ideia de como as pessoas sabiam que o que sentiam era amor.
Desceu as escadas e percorreu o mesmo caminho de antes, tentou ser o mais discreta possível. Arfou quando viu a grande movimentação próxima da escada, na entrada do salão. Tentou não fazer barulho enquanto a valsa tocava e temia que alguém a tivesse visto.
Entretanto, todos estavam com o olhar fixo no meio do salão. E dali da escada, Maddie tinha uma boa visão. Estreitou os olhos e encarou a mesma visão que todos pareciam encarar. Vários jovens estavam em posição, esperando iniciar a música para começarem a dançar. Era uma dança em pares, como de costume. Embora fosse o momento ideal para cortejar damas, não conseguia entender o motivo de tanta atenção.
Até que ouviu alguém abaixo dela sussurrar:
— Você acha que o príncipe está interessado nela?
— Se não estivesse, não teria a chamado para dançar — respondeu uma senhora.
— Droga — praguejou a garota que não deveria ter mais que dezesseis anos.
Madelaine subiu mais um degrau e olhou novamente para os vários pares que dançavam. Encontrou Karl sorrindo e dançando de uma forma tão perfeita que quase a irritou mesmo de longe, parecia se divertir com uma dama. Quando viu a dama em questão, ficou em choque. Era Amelia Wicklewood, a mulher mais bonita que já vira. De longe conseguiu ver que o vestido dela também era um dos melhores dali, provavelmente era da coleção de alguém da realeza. Entendia agora o motivo do alvoroço.
Amelia Wicklewood havia debutado esse ano, tendo em vista que acabara de completar dezessete anos. Amelia tinha a pele cor de chocolate e um rosto perfeitamente simétrico. Era alta e possuía curvas que nenhuma mulher de Londres tinha. Era linda de tirar o fôlego e era famosa pelas boas maneiras. Era inteligente, conhecida pelo hábito de ler, falava três línguas e era filha de um respeitável conde, parente distante da rainha. Ela, certamente, era a mais digna de um príncipe dali e ele seria um tolo se não se apaixonasse por ela.
Mesmo assim, Madelaine se sentiu incomodada. Devia ter ficado feliz que o príncipe finalmente largaria de seu pé e se casaria com uma das mulheres mais bonitas da Inglaterra. Mas, por algum motivo, algo dentro dela ferveu naquele momento.
✤— Notas da autora —✤
Oi gente, tudo bem? Queria agradecer pelos comentários no último capítulo. Estou passando por um momento muito difícil, pois meu cachorrinho faleceu por cinomose. Agradeço cada comentário e curtida, pois estão me ajudando a continuar a história e me distrair da minha dor. Espero que continuem gostando, tenho roteiro pra mais 10 capítulos e tenho 12 já escritos. Prometo bons plot twists e que toda essa enrolação da Madelaine com o príncipe vai valer a pena!
— Challine
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