Capítulo 9- Jogos Egrégios II
Os orbes castanho-escuros de Pierre clareavam como farol. Bastou um estralar de seus dedos e toda a terra à sua volta começou se elevar enquanto girava. Num instante, um forte furacão de areia formou-se ali, Marcelo voava no interior do ciclone sem conseguir sair, então arranjou forças e jogou Peter com a bola para fora da massa de poeira giratória.
Os outros poderosos se aproximaram para ajudar na disputa extraordinária. Peter passou a esfera para Laura e começou a correr em volta do furacão, só que em sentido contrário, na tentativa de acabar com a defesa de Pierre.
No extremo lado do Meteoro Ardente, Adrian meditava sentado no chão ao lado de seus livros, até que se cansou de não fazer nada e levantou. Arrumou os óculos no rosto e as folhas de seus livros voaram para o tufão, disparadas. Elas começaram a girar no sentido da areia de Pierre aumentando a potência e afastando um pouco mais de sua área até que chegasse ao meio do campo.
— Agora! — Fire King e Marcelo bradaram ao mesmo tempo.
Os times se dividiram novamente, cada um protegendo do ataque oponente. Marces começou a bater as asas de dentro do turbilhão para minimizar a força do mesmo com impactos de ar. Pierre, que também estava dentro do furacão, se concentrava em manter a areia girando em potência máxima. Peter ainda corria ao redor do ciclone em sentido contrário. Os três estavam invisíveis para quem olhasse de fora.
Em sua área, os MA Fire, Ruby e Patrick não demoraram em usar seus poderes para atacar o furacão, objetivando acertar o velocista e detê-lo. Todavia o que conseguiram foi somar forças às massas contrárias de ar, fazendo o vento cortante carregar areia, chamas e eletricidade junto.
— Fogo neles, Ruby! — Emily gritou. As torcidas exultavam coisas quase inaudíveis, pois estavam em dessincronização e o ciclone abafava muito do som.
— Ativar campo de força. — Com serenidade, Pattrícya falou. Ao redor da arena surgiu um escudo quase invisível para proteger os torcedores.
Na área dos Asas Douradas, Andy começou concentrar sua esfera de vácuo para sugar os poderes dos adversários: areia, fogo e eletricidade. Porém sua técnica se mostrava, perceptivelmente, insuficiente. Então, ele abriu os braços e um vórtice escuro apareceu na sua frente, lembrando um buraco negro, o qual começou absorver massivamente até o próprio solo que já não estava em sua melhor condição.
— Anne!
— Emma!
Marcelo e King clamaram respectivamente enquanto focavam na disputa emocionante que exigia muito de suas capacidades.
Anne usou seus tecidos para prender Andy e Laura ao chão, protegendo-os do furacão. Com suas correntes, Emma fez o mesmo com Ruby e Fire. Victor se transformou em três e somou peso com Patrick, com objetivo de não serem levados pelo vento poderoso. Naquele momento, ficou perceptível que todos usavam sua potência máxima de chakra, pois seus corpos emanavam auras, cada uma de uma cor diferente.
— Chuta a bola, Laura! — exclamou Emily, novamente.
— Talvez não passe pelo tufão. — Safira retrucou quase gritando, por causa do barulho.
— Poderia se transportar com a mulher que teleporta e chutar a bola depois do furacão! — José opinou.
— Ela seria sugada para trás. — Calculando as possibilidades, Pattrícya refutou. — Não existem muitas formas de passar por todo esse poder. — A cada segundo, o turbilhão de areia em chamas e eletricidade, sem mencionar os papéis afiados de Adrian, crescia e se tornava mais voraz.
Como a comandante havia falado, não existiam muitas formas de passar por aquilo, então pensaram um pouco em como ultrapassar as defesas e os ataques contrários. Entretanto, enquanto isso, o furacão ficava ainda mais colossal e destrutivo.
— Lygia! — Laura gritou e a mulher apareceu ao lado dela. — O que vamos fazer?
— Não podemos teleportar para o outro lado ou seremos sugadas! O único jeito é fazer a bola pegar o máximo de força e velocidade possível! E você também não pode chutar do solo ou correria o risco da bola acertar em alguém, por isso deve lançar do alto na diagonal! — Serrando os olhos e alteando a voz, a poderosa explicava bem didática. Para todo canto voava areia; chamas descontroladas serpenteavam pelo ar; e faíscas eletrizantes disparavam em todas as direções. A torcida exclamava em loucura. — Vou fazer seu chute usar a força do próprio furacão. Está pronta?!
— É só me botar no lugar certo! — A garotinha respondeu com seus cabelos dourados esvoaçando.
Num piscar de olhos, as duas desintegraram e retornaram perto da trave dos Asas Douradas, só que à uns 60 metros de altura, o que dificultaria ainda mais o lance. Laura mirou e chutou na diagonal.
A superforça do chute da pequena artilheira somada com o fato do furacão sugar a esfera, fez com que essa alcançasse uma rapidez inacreditável. Apenas com essa velocidade a bola poderia ultrapassar o ciclone sem ser sugada de volta para ele. À medida que avançava cortando o vento empoeirado, ela também descia ligeiramente. E em proporção ao avanço do objeto, todos prendiam o ar em expectativa e emoção. Até que a bola entrou no tufão e não saiu mais.
— Quê?!
— Cadê a bola?!
— O que aconteceu?!
Os espectadores surtavam sem entender a cena que se desenvolvia. Até que o furacão começou diminuir a potência, os jogadores cessaram seus poderes, tentando descansar e reanimar suas forças, mas também não compreendiam o que ocorria ali.
Quando a poeira teve um fim, todos se surpreenderam em conjunto. Onde antes havia um turbilhão, naquele momento, uma grande barreira de folhas enrijecidas chamou a atenção. Havia segurado a esfera com eficácia e o vento empoeirado escondia a estrutura perfeitamente.
— O que acharam dessa minha defesa?! — Adrian perguntou sorrindo, tomando os olhares para si. Ele deixou todos usarem suas energias para que não percebessem que ainda possuía quase todo seu chakra. — E ainda não terminamos!
Estalou os dedos, fazendo os papéis deixaram sua formação e começaram flutuar desordenadamente por toda a arena.
— Prontos para o grande finale? — Com a bola no pé, Pierre indagou usando seu francês. Também estava em perfeitas condições. Elevou a palma das mãos e dezenas de pedras esféricas começaram a sair do terreno. Chutou a bola para cima, em seguida. — Adrian!
O jovem de óculos moveu os indicadores para focar seu poder, e todas as folhas começaram envolver as pedras. Alguns papéis enrolaram a esfera da mesma forma. Ninguém havia entendido o que eles haviam feito e os jogadores estavam cansados demais para intervir, mas logo constataram: várias bolas idênticas flutuavam pelo meio-campo. As pessoas começaram a gritar em histeria, novamente.
— Agora só falta meu toque final! — Fire King tomou a palavra, encheu os pulmões de ar e soprou. Da sua boca saíram chamas em forma de dragões chineses, os quais atearam fogo em todas as esferas.
Folhas com gel não inflamável. — José recordou com entusiasmo.
— Agora! — Gritaram Adrian, Pierre e Fire. Todas as bolas flamejantes voaram em direção ao goleiro do Asas Douradas. — Meteoros Ardentes!
As dezenas as esferas de fogo eram controladas pelos três ao mesmo tempo. Peter e Laura começaram correr e pular dando socos nelas, jogando-as para longe antes que elas chegassem à meta. Andy estava esgotado e Anne não podia fazer nada com seus tecidos contra bolas em chamas.
Em um instante, elas já se aproximavam do gol, mas Marcelo as esperava em cima da trave, ele bateu as asas fortemente criando rajadas de ar, o que apenas apagava a labareda de algumas. Entretanto elas continuavam avançando, mesmo com sua velocidade afetada também.
Uma vez mais, todos interromperam a respiração quando os Asas Douradas possuíam apenas uma defesa restante, o goleiro. Ele esticou horrivelmente seus braços e começou a pegar as bolas antes que essas realmente chegassem perto. Sem deixar de impressionar, apareceram mais quatro braços abaixo dos outros dois, somando seis membros.
Enquanto gritos divididos infestavam a arena, o goleiro não conseguiu impedir que três bolas tocassem a rede dentro da trave. Todavia em vez de todos gritarem enlouquecidos, os torcedores tornaram o ambiente excessivamente silencioso de expectativa, olhavam fixamente para as esferas.
— Vamos ver... — pronunciou Pierre, cenicamente. Duas delas se desmancharam em areia e a atenção voltou-se para a última.
— E o que há na que sobrou?! — interrogou Adrian, retoricamente, estralando os dedos. As folhas da que restou se abriram igualmente uma rosa e revelou a bola dentro. A torcida do Meteoro Ardente rompeu em alegria e emoção. José, Safira e Emily pulavam em comemoração enquanto Pattrícya e Jhonatan os olhavam sorrindo.
Assim que a alegria antecipada cessou parcialmente, a bola voltou a rolar e voar novamente. Entretanto logo um assovio estrondoso foi ouvido, marcando o final do primeiro tempo.
Com o término da partida inicial, os jogadores retornaram pela passagem que os levou a arena. Eles precisaram de meia hora ou mais para descansar, recuperar suas forças e o chakra usado no jogo. Enquanto também discutiam novas estratégias, as torcidas esperavam nas arquibancadas, sem perder o ânimo. Algumas pessoas aproveitavam o intervalo para ainda apostar e discutir sobre o jogo ou ir ao banheiro, o que fizeram o casal juvenil e a pequena de cabelos marrons.
Não houve demora a que os participantes voltassem reanimados e os torcedores se agitaram novamente, principalmente os do MA. O segundo tempo de jogo foi tão emocionante quanto o primeiro, os jogadores deram tudo de si igualmente. Alguns até se transformaram em animais. Pierre se tornou um urso polar, Peter, um guepardo e, Ruby, uma raposa. Fire King ainda mantinha segredo sobre sua transformação, como Adrian disse, ele possuía os motivos dele para isso.
Antes que o segunda partida tivesse um fim, os Asas Douradas marcaram um gol, Laura goleou usando sua super força num chute imparável, empatando o jogo. Com isso, o torneio seria decidido pelos pênaltis.
Essa parte dos Jogos Egrégios também era diferente, pois quem chutaria seriam apenas aqueles que poderiam usar seus poderes como ataque. Por isso, do Meteoro Ardente, Fire, Pierre e Patrick tentariam trazer a vitória. Do Asas Douradas seriam Laura, Peter e Marcelo. E seriam sete lances de cada time.
Todos os jogadores se aproximaram de uma trave, a da esquerda pela visão da arquibancada VIP principal. O Adrian seria o primeiro a defender seu time e Marcelo seria o primeiro a chutar.
— Com licença, vou ao banheiro. — Levantando-se, revelou o médico Jhonatan.
— Por que não foi no intervalo? — José indagou, curioso. Quem iria perder a decisão final de um jogo épico?
— Isso não importa agora. — Pattrícya retrucou olhando para o bruxo, mas logo se voltou para o homem ainda de pé. — Quer que eu vá com você?
— Não, não precisa. Obrigado pela cortesia. — O doutor agradeceu e saiu cuidadosamente entre os outros torcedores VIP’s.
— Por que está sendo tão gentil com ele? — Safira inquiriu levantando a sobrancelha.
— Não posso mais ser gentil? — esbravejou, porém, sem exaltar o tom. — Recém-curados devem ser tratados com o máximo de cuidado e gentileza, ou tudo pode vir à tona novamente — explicou disfarçadamente.
Um assovio foi escutado e Marcelo voou com a bola presa em seus pés, deu um toque para cima e quando a esfera rumava ao solo, ele chutou-a fortemente. Ela seria defendida pela barreira de livros de Adrian, mas o atacante bateu suas asas e uma massa de ar rechaçou a bola pelo lado do obstáculo, fazendo com que ela desviasse e entrasse no gol. A torcida do AD comemorou fortemente.
Adrian trocou de lugar com o goleiro do time rival e King tomou a atenção. Com o sinal, o deus do fogo disparou a bola, a qual começou a queimar em chamas. O goleiro não teve chance contra uma esfera flamejante e quase queimou as mãos acidentalmente.
Assim correram os pênaltis, sempre empatados. Quando somava um ponto, o adversário também o fazia e quando erravam, o outro também repetia o erro. Até que, no derradeiro chute dos Asas Douradas, Adrian conseguiu pegar a bola lançada por Marcelo. Com isso, a última tentativa do Meteoro Ardente, que seria feita por Fire King, decidiria todo o torneio.
Novamente, um assovio já desgastado soou e o atacante chutou, uma aura vermelha denunciava o poder de seu lançamento. A bola se envolveu em chamas durante o avanço da mesma, mas não foi apenas isso que espantou os que presenciaram a cena, um vórtice de fogo cresceu em volta da esfera.
O ataque avançava e deixava um solo queimado para trás, logo se transformando num enorme tsunami de chamas que investia em direção ao gol de forma colossal. O goleiro foi atingido por uma paralisia momentânea, ficou sem reação diante do poder de um deus. Lygia apareceu ao seu lado, tocou-o no ombro e teleportou-se com ele em seguida.
Uma onda de choque abalou todos que estavam abismados com todo aquele domínio vindo de uma pessoa exclusiva. Entretanto quando o ponto foi marcado, toda a arquibancada bradou com energia, alguns estavam felizes e outros se encontravam furiosos. Os torcedores do AD afirmavam que aquilo era totalmente contra as regras do torneio.
— Fire está... diferente. — Cerrando o cenho, José afirmou receoso.
— O que disse? — A diretora questionou, focando sua atenção.
— Isso não me parece uma coisa que ele faria? — Safira completou com certa decepção.
— Sua aura não me passa uma boa sensação... — O bruxo comentava olhando fixamente para o fera, até que notou algo que o assombrou. — Os olhos dele estão vermelhos!
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O que levou Fire a atacar dessa forma? O que José sentiu na aura do deus poderoso? Onde estará Jhonatan? Como se desenrolará este jogo?...
-José JGF
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