Capítulo 9- Jogos Egrégios I
— Quê?! — Perplexo, o rapaz indagou enquanto os jogadores faziam uma fila, ombro a ombro, no meio do campo. Ficando todos de frente para a arquibancada VIP principal, onde Pattrícya se encontrava, consequentemente, onde os dois adolescentes estavam.
Alguns deles, os jovens conheciam, como: Fire King; Pierre; Emma, a atendente, que acenava para as pessoas; Adrian, que mantinha sua cara imutável sem expressão; E, inexplicavelmente, a pequena ruiva, Ruby, exibindo um lindo sorriso. Todos do time Meteoro Ardente.
Da equipe Asas Douradas eles conheciam: Marcelo, parecendo mais durão que o normal; Aquele jovem audacioso super veloz; O casal de funcionários do serviço de quarto; E, em contrapartida à Ruby, a bela Laura encantava a todos com sua fofura.
— Os Jogos Egrégios são baseados no futebol, mas só participam sete jogadores. — A comandante explicava ao bruxo, observando o juiz chamar os capitães dos times, King e Marces, para fazer toda a formalidade de sempre. — Não há muitas regras como no futebol comum... Você verá quando estiverem jogando, a regra mais importante é...
— VENCER COM HUMILDADE, PERDER COM HONRA! — A arquibancada gritou como tradição para o começo do jogo.
Safira se atentava em cada pequeno detalhe. As equipes se dividiram finalmente. Na visão dos jovens animados: MA tomou ao lado direito, tendo Adrian como goleiro. José ainda não havia percebido as traves de um material que parecia feito para resistir a tudo. Os jogadores da AD ficaram ao lado esquerdo e os dois adolescentes não recordavam do goleiro do time.
Os torcedores não paravam de ovacionar por um momento, e, quando um assovio estridente foi escutado, o barulho triplicou. Do meio do teto foi solta uma bola, os participantes começaram a correr. Alguns desapareceram instantaneamente.
Nas costas de Marcelo surgiram suas asas douradas. Alçou voo com uma rapidez incrível e, antes que o objeto tocasse o solo, o alado o rebateu com um chute de bicicleta aéreo, indo parar nos pés da pequena Laura, sua irmã, que corria em direção ao meio do campo, exibindo seu longo cabelo amarelo.
— Vai, Laura! — Emily gritou ao lado de Safira.
Assim que todos os jogadores se misturaram entre os dois times, orbes brilhantes brotaram em cima da cabeça de cada um: amarelo nos Asas Douradas e vermelho nos do Meteoro Ardente.
Quando chegou ao meio do campo, a pequena poderosa colocou toda sua superforça num chute. A bola disparou quase despercebida e, antes que chegasse perto do gol, Pierre surgiu do solo e criou uma barreira de pedra que quase foi destruída pela força do pontapé. Sua torcida foi a loucura fazendo ressoar o nome do time.
— Isso! — Pattrícya deixou escapar seu ânimo.
— Achei que você deveria ser imparcial... — Safira comentou sorrindo, olhando para ela.
— Também posso ter meus favoritos — retrucou vendo a esfera branca ser arrematada para longe, voando de volta ao meio do campo.
Antes que tocasse o chão, a bola foi aparada no pé do superveloz...
— Como é o nome daquele? — questionou o moço que não usava seu pontudo chapéu verde, para a diretora loira.
— Esse é o Peter, já deu para perceber que ele é o mais rápido, mas não é o mais inteligente — esclareceu sorridente, prevendo o que iria acontecer.
Deixava apenas um rastro de poeira para trás, correndo com a bola em direção a Adrian, que já esperava o ataque ligeiro. Contudo antes que se aproximasse, tropeçou em uma das correntes que surgiram do solo, manipuladas pela atendente, Emma. As correntes o pegaram pelo tornozelo e jogaram, bruscamente, do outro lado do campo. A esfera permaneceu onde Peter a deixou.
— Isso pode?! — A jovem poderosa questionou espantada. — Não deveria ser falta?
— Como eu falei, não existem tantas regras nesse jogo. — Mantendo os olhos nos jogadores que avançavam em direção à bola, proferiu a comandante.
Marces voava até o objeto, porém, descargas elétricas dispararam em sua direção. Ele avistou um jogador atacando-o do chão, desviou agilmente de todos os ataques elétricos e também das várias correntes que chicoteavam no ar a mando de Emma, a qual também corria com mesmo objetivo dele. Entretanto Marcelo estacionou no ar, subitamente.
À medida que os espectadores se perguntavam o porquê disso, o capitão AD usava sua visão raio-X e constatou algo vindo de debaixo da terra. Pierre novamente brotou do solo já chutando a bola com força. Essa voou disparada, passou no ar pelo homem alado, sobre as cabeças de Laura e outro jogador do Meteoro Ardente que se marcavam sem ousar usarem suas habilidades.
— Por que esses do meio campo não usaram seus poderes? — Dessa vez, Jhonatan que interrogou. Estava tão calado que parceria não existir mais.
— Não é justificável usá-los se não for para tomar, passar, chutar, se locomover ou distrair o oponente... — Pattrícya esclareceu didaticamente, notando todos prenderem a respiração pela emoção de ver a bola ainda no ar indo em direção ao espaço entre a linha do meio e a trave do AD.
— Violência não é justificável — sussurrou o médico, cabisbaixo.
— Exatamente... — Depois de ouvir o sussurro, a mulher concordou. — Vai, Fire!
A esfera pararia nos pés de King, o qual matou a velocidade da bola no peitoral desnudo, porém, a camareira do serviço de quarto o derrubou com suas fitas serpenteantes que voavam ao seu redor junto com alguns outros tipos de tecidos que lembravam chicotes. Ela também laçou a bola e conduziu-a até seus pés.
— Vai, Ruby! — Emily gritou, novamente, ao ver sua amiga entrar em ação.
A criança ruiva, que estava ao lado do irmão, puxou todo o ar que conseguia para dentro de seus pulmões e soprou intensas labaredas ardentes. No entanto, à medida que o fogo crescia em direção à mulher, seu parceiro começou sugar as chamas para dentro da esfera escura entre suas palmas.
— Esses dois são uma pedra no sapato! Limpando, eles são ótimos, mas, jogando, são fora de série — comentou a comandante. — Andy e Anne, pode não parecer, mas são gêmeos, e igualmente poderosos.
Enquanto Ruby e o homem continuavam na peleja com o fogo, Anne se escondia atrás do irmão. King levantou-se, estirou as mãos e chamas crepitantes partiram delas, somando forças com as de sua irmãzinha. As labaredas se intensificavam mais do que a esfera-vácuo de Andy podia absorver.
Vendo isso, uma jogadora de meio-campo AD, que até aquele momento não havia se destacado, apareceu ao lado dos gêmeos, tocou no ombro dos dois e, num piscar de olhos desintegrou-se, teletransportando-os também, junto com a bola. Retornaram no meio do campo, onde Laura e o jogador MA estavam inativos.
— Avança, Laura! — Emily exclamou agitada, assim como as duas torcidas que vibravam a cada instante.
Anne passou a bola para a garotinha loira, a atacante do Asas Douradas. Ruby e Fire começaram correr na direção deles, entretanto, foram detidos quando Peter passou na frente dos dois, rodeou-os numa velocidade extraordinária, fazendo isso seguidas vezes. Uma massa de ar giratória os envolveu, deixando-os sem ação.
— Isso devia ser falta, eles nem estão com a bola! — José esbravejou, indignado.
— Isso faz parte de: distrair o oponente — refutou Pattrícya, gesticulando aspas em sua frase. Contudo estava fixada mesmo era no meio-campo.
— Vai mesmo ficar em nossa frente? — Laura inquiriu com seu fofo deboche, tendo ao lado dela: Anne, Andy e a mulher que os transportou para lá.
— Vou! E ainda bem que não estou sozinho. — Seu adversário respirou fundo e quatro clones dele apareceram se materializaram ao lado. — Estou em maior número...
— Não por muito tempo! — A controladora dos tecidos afirmou e fez seus chicotes investirem com toda potência. Entretanto, antes que a ofensiva o acertasse, suas fitas foram atingidas por uma descarga elétrica, mas a eletricidade começou a ser sugada pela esfera de vácuo.
— Qual o nome daquele homem? — interrogou Safira, interessada no poder de se clonar.
— Victor. Ele pode se multiplicar, mas ninguém nunca parou para contar em quantos ele pode se dividir... — Pattrícya respondeu sorrindo, mas ainda com seriedade diante da tensão.
Com a brecha, Laura começou correr, mas foi barrada pelos clones, os quais ainda estavam na mira da camareira quando, de repente, uma pesada corrente quase acertou essa. Assim deu-se início a uma disputa de cabo de guerra entre Anne e Emma, feita de tecido e metal.
Um pouco mais a frente, Victor disputava sua alta quantidade de golpes com a força extrema dos ataques de Laura, a qual, habilidosamente, manipulava a bola com os pés durante a investida difícil.
— Abaixo de você! — Marcelo gritou voando ao seu encontro. Ela disparou a esfera para cima e recuou para trás. Marces chutou o objeto para trás com uma bicicleta e pegou Laura, levando-a com ele para longe do solo, do qual Pierre surgiu como bom defensor.
Com o poderoso pontapé de Marcelo, a bola mais vez uma voava para perto do velocista que distraia Fire e sua irmãzinha.
— Pega, Ruby! — A pequena Emily gritou ansiosa.
Do meio do tufão criado pela corrida rotativa de Peter, King lançou sua irmã em direção à bola que ainda seguia disparada. O rapaz, vendo o que aconteceria, parou de correr, cessando também a massa de ar rotatória. Porém não pôde fazer nada quando, ainda no ar, Ruby chutou o objeto fortemente na tentativa de fazer um gol.
— Ele não vai pegar. — José opinou, segurando-se para não gritar enquanto as torcidas deliravam de expectativa.
O goleiro do Asas Douradas estava escorado em um dos postes verticais da trave, expressando seu tédio. A bola passaria perto do outro poste, contabilizando o mínimo de 7 metros entre ele e a passagem do objeto.
No último segundo de falta de ar e desespero, o goleiro esticou seu corpo de forma anormal, principalmente seu braço, e pegou a esfera com êxito sem sair do lugar. Sua pele parecia ser feita de borracha altamente elástica.
Foi a vez dos torcedores do AD ovacionarem com a defesa enlouquecedora. Fire aparou sua irmãzinha nos braços e observou o goleiro jogar a bola com seus braços elásticos para o meio do campo.
Andy a segurou com os pés enquanto ainda absorvia a eletricidade do jogador do Meteoro Ardente.
— Vai, Patrick. — Pattrícya cedia às emoções em sussurros controlados.
— Quem é esse? — José inquiriu curioso.
— Meu irmão, aquele. — O homem que ela indicou cessou as descargas elétricas e deu um soco no chão fazendo com que correntes de elétrons se espalhassem controladamente pelo solo, eletrocutando parcialmente os gêmeos próximos.
Emma então correu em direção a Andy, que ainda estava em posse do objeto, contudo, atordoado e sem muitos movimentos. Entretanto mesmo sem estar em suas perfeitas condições, ele apenas tocou a bola para o lado. Ninguém entendeu o porquê disso, mas logo foi explicado.
— Droga! — Safira esbravejou quando percebeu Peter indo em direção à esfera. Ele a alcançou e continuou seu avanço veloz manipulando a bola com os pés, logo ficando entre o meio do campo e o gol do Meteoro Ardente.
— Eles vão pegá-lo... — Marcelo concluiu ainda carregando sua irmãzinha nos braços.
— Não se impedirmos. — Laura refutou e foi solta bem acima de Peter que corria em direção a trave do oponente. Com o impulso da queda, a pequena poderosa deu um soco no campo, o qual estremeceu ao impacto, fazendo o controlador de terra emergir do subsolo, totalmente desorientado. — Não dessa vez!
No entanto ainda faltava ultrapassar o Victor, que, àquela altura, já contava com uns dez clones seus.
— Acaba com eles, Laura! — Emily gritou se inclinando para frente, querendo ver melhor a disputa acirrada.
Ali um jogo frenético surgiu, no qual vários clones espalhados tentavam alcançar a velocidade de Peter, e Laura destruía algumas das cópias com socos poderosos. Contudo, nesse meio tempo, Pierre se recuperava da tontura e, à alguns metros da trave, ele elevou uma altíssima e indestrutível muralha de pedregulhos.
— Lygia! — Peter convocou e, à suas costas, a jogadora AD que se teleportava materializou-se correndo. Os dois avançavam em direção ao paredão de pedra, então ela o tocou e teleportaram-se para depois do muro. Todavia, obviamente, não seria tão fácil assim passar por Pierre, considerado melhor defesa dos jogos.
Ele manipulou todo o solo na frente da trave para que se transformasse em areia movediça. Apenas sorria e encarava os dois Asas Douradas. Então Laura quebrou a barreira com um soco e Marces fez-se presente, voando por cima do que restou da construção destruída.
— Aqui! — exclamou Marcelo, indo ao encontro de Peter, o qual havia caído na armadilha movediça, pois Lygia não conseguiu salvá-lo quando desapareceu dali. Salvou-o com facilidade, mas não conseguiram levar a bola junto. Com isso, Laura e Pierre começaram correr em direção a ela. A garotinha chegou primeira, pois estava mais perto e, como não podia avançar por causa da areia, chutou-a para cima. Seu irmão já esperava o toque, ainda carregando Peter.
— Acho que eles já se cansaram desse vai e vem... — Pattrícya palpitou com suspense. José e Safira a olharam, sem entender sua afirmação. — É só observar o brilho nos olhos deles.
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