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Capítulo 14- A Todo Vapor III

King usou sua agilidade primata e subiu rapidamente no mastro até o cesto de observação. A capitã deu outro pulo altíssimo para trás, caindo ao lado dos adolescentes eufóricos.

— Safira, você pode me ajudar? — A dona da embarcação inquiriu, tendo em mente mostrar que ela poderia ser sua amiga em vez de uma concorrente. A moça foi preenchida pela força de vontade e imponência daquela que a convocou, acenou prestativamente em seguida.

— Então José será meu parceiro! — O fera decretou do alto e o bruxo correu para perto do mastro.

— Vamos acabar com eles/elas! — Os quatro bradaram em uníssono, enquanto sorriam em grande empolgação.

Os dois adolescentes se transformaram ligeiramente e o loiro voou utilizando seu cajado, para ficar mais próximo do controlador das chamas. Combinaram uma rápida estratégia por alguns segundos e finalmente se encararam novamente. Seus olhos brilhavam e as auras dos poderosos reluziam intensas, os Runks envolveram o rapaz massivamente.

— Vamos! — Fire gritou e chamas envolveram seu corpo, subindo para muito acima do navio em seguida.

— Agora é com você. — Yara disse calmamente para a senhorita de cabelo verde, a qual parecia se concentrar como nunca antes.

O mesmo dragão de fogo da arena apareceu acima da dupla masculina. E um monstro de forma humanoide surgiu de debaixo da água, ficando atrás do barco, perto de onde as mulheres se encontravam. Esse era formado por algas e mais plantas marítimas.

— Vai! — O deus e a garota exclamaram ao mesmo tempo. Os colossais avançaram um contra o outro. O alado rasgava as algas do monstro que apagava um pouco das flamas com seus socos molhados. Os dois se enroscaram numa disputa “corpo a corpo”, indo um pouco mais para o lado esquerdo do navio pirata.

— Pensaram que era só isso? — A hidrocinética indagou apontando ao oceano. A água ao redor da embarcação começou subir pelo ar, formando pequenas concentrações por ali. De repente, os fluidos voadores se solidificaram, transformando-se em espinhos gélidos.

Com um aceno de mão para cima, as pontas de gelo avançaram contra o dragão, o qual ainda permanecia em sua peleja contra a anomalia humanoide. Todavia nenhum acertou o alvo fácil, pois todos foram quebrados por raios luminosos disparados por José, o qual flutuava perto do mastro principal.

— Claro que não é apenas isso. — Enquanto apontava o bastão para a guardiã, o bruxo redarguiu.

Yara esbravejou sua irritação e apontou para seus dois oponentes. O jovem arregalou os olhos azuis e se preparou com cajado. Daquela vez, mais água voou pelo lugar, formando novas setas de gelo. Um momento de foco e pontaria depois, todas foram lançadas contra os dois. Fire se concentrava no dragão, o qual disputava golpes massivos contra o gigante de algas, por isso, seu parceiro se encarregou de protegê-los.

À medida que os espinhos de gelo se aproximavam, eles eram estilhaçados pelos flashes incandescentes. No entanto, dessa vez as flechas frígidas disparavam mais rápidas e em maior quantidade. Portanto, o garoto levantou o bastão acima de sua cabeça e dele saíram vários lasers de luz concentrada. No fim da disputa, restaram apenas vários pedaços de gelo que derretiam pelo deck superior.

— Era só isso? — inquiriu o jovem com um sorrisinho, girando o cajado enquanto flutuava.

— Claro que não. — Adotando um semblante maléfico, a mulher refutou. Seu olhar vagou como se procurasse alguma estratégia no campo de embate e pousou no pé do mastro principal.

José seguiu seu olhar e previu a ofensiva. Voou até King e o agarrou, na tentativa de tirá-lo da cesta alta. Assim que conseguiu, toda a haste de madeira desabou num estrondo alto. Yara havia atirado espinhos de gelo em sua base. A capitã olhou-o com superioridade, e, por um momento, o deus pareceu enfurecido, mas sua expressão de confusão deu espaço a um semblante de satisfação, encarava-a também.

— Não! — Safira exclamou e a guardiã notou o monstro de plantas envolvido em labaredas flamejantes. Depois disso, ele caiu para trás, retornando para as profundezas do oceano. O dragão ainda sobrevoava o navio, reinando sobre a dupla masculina que flutuava com dificuldade.

— Vão pagar por isso e saberão quem manda aqui. — A ira da dama podia ser sentida a partir da aura azul que transcendia seu corpo.

Ela levantou as palmas e todo o mar pôs-se a elevar-se como uma parede que os envolvia, formando uma cúpula de água. O líquido acelerou seu avanço e atingiu o monstro ardente que voava. O fluido o cobriu, envolveu-o como um casulo e, em meio à bruma do líquido que evaporava, o dragão foi apagado como uma mera fogueira.

— É... — José chamou atenção, flutuando ainda dentro do domo. — Isso mostra quem manda.

A capitã retornou ao seu sorriso sádico e acenou com a mão. A redoma, então, começou desabar sobre seus dois adversários, os quais foram arrematados para baixo, caindo bruscamente no deck do barco. A mulher fez a água que caía sobre ela e Safira desviar de volta para o mar.

— Isso pode ter sido muito forte...

— Mas não foi o suficiente. — Fire complementou o bruxo, enquanto os dois se erguiam com resistência. A embarcação estava inteiramente encharcada, pelo fluido da cúpula e do gelo derretido.

— Ora, ora, se querem mais dificuldade, então... — Yara estralou os dedos e, com isso, todo o líquido começou se concentrar em vários pontos sobre o piso. Logo perceberam que diversos marujos de água se formavam portando espadas de gelo. — Atacar!

As marionetes avançaram contra a dupla, manejando suas lâminas com habilidade, porém, tendo um corpo desengonçado. O pirocinético revidava com socos flamejantes que os evaporavam. José lutava golpeando seu cajado neles e desviando de seus ataques rápidos. Contudo, à medida que eram derrotados, os humanoides recompunham-se novamente e isso já estava irritando o deus.

— Se abaixa! — exclamou e o bruxo se agachou rapidamente. King girou seu braço direito no ar e a corrente presa nele se estendeu com novos elos de fogo, os quais bateram nos marujos de água, derrubando-os. — Ataca!

Num movimento veloz, José lançou um raio de luz na direção da capitã. No entanto, antes que a acertasse, Safira impediu a ofensiva com as vinhas ao redor de seu corpo.

— Avança até ela, eu cuido de Yara.

— Pode deixar. — O bruxo disparou correndo para subir as escadas que levavam até onde estavam suas oponentes, enquanto a guardiã desceu para onde o fera se encontrava, pela outra escada.

— Nossa primeira vez... — O casal comentou ao mesmo tempo, depois que o rapaz branco chegou ao leme, onde sua namorada o esperava. Eles se afrontavam, rodeando um ao outro e não conseguiram conter a risada que demoraram em controlar.

— Posso pegar leve, caso queira... — A falação foi interrompida pelo ataque do chicote de sua namorada. — Uool! — Desviou no último segundo.

— Você fala demais.

— E você se acha demais! — retrucou atacando com o cajado, e Safira desviou agilmente.

— Você é muito criança...

Ali teve início uma disputa corpo a corpo, o moço golpeava com seu bastão e a senhorita com os cipós de seu corpo. Enquanto duelavam, exclamavam tudo o que pensavam um do outro, mas não pareciam estar tristes com as opiniões sinceras que lhes eram atiradas, na verdade, sorriam com fascínio durante a luta. Enquanto isso, ali perto, outra disputa ameaçava as estruturas da embarcação.

— Eu aceito sua rendição. — Yara chegou até Fire com sua malícia exposta nos olhos.

— Nunca, mas você vai se arrepender de ter me desafiado — redarguiu à altura.

Eles então avançaram disparados contra o outro, seus punhos já prontos para o ataque. O soco envolvido em água da capitã foi de encontro ao flamejante do deus. E, no impacto, eles sentiram a força de vontade do outro, contemplaram-se com encanto e continuaram os ataques sem perder o sorriso mínimo.

— Vou te evaporar! — King esbravejou entre as ofensivas diretas.

— Ou eu vou te apagar! — A dama retrucou.

Depois de vários assaltos sincronizados, os dois seguraram firmemente as mãos rivais e colocaram a força que seus corpos podiam usar contra o outro. Impeliam o oponente com suas palmas poderosas envolvidas em seus elementos de controle. Com isso, por mais que a força física dos duelistas se mostrasse equivalente, a mulher estava na frente em questão de poder, já que seu fluido parecia conter o fogo.

— Para um deus, você é bem fraco... — A de cabelo colorido debochou com um sorrisinho enquanto matinha a força nas pernas para repelir.

— É que eu ainda sou novo nesse negócio de ser um deus. — Fire esclareceu em indignação. — E você é muito forte, para uma simples poderosa.

— É que eu sou experiente nesse negócio de ser uma poderosa — respondeu sarcástica, porém, com raiva, não gostou do "simples". Seus orbes brilharam, e a água de suas palmas começou esfriar e apagar as chamas que persistiam em queimar vivamente.

De repente, no meio dos esforços contrários, os olhos dourados de King também abraçaram um brilho ardente. O fogo vermelho em suas mãos deixava sua cor original para um azul intenso. E isso pareceu igualar o poder dos dois, pois aquelas flamas eram ainda mais abrasadoras.

— O que achou disso agora? — inquiriu surpreso consigo mesmo. — Digno de um deus?

— É... Talvez. Mas ainda não acabamos. — O chakra anil-claro da capitã escapou de seu corpo em excesso, na forma de uma aura bela.

Como um imã, a aura escarlate de Fire evadiu seus músculos, competindo espaço contra a de Yara. Aproximaram seus corpos, ainda empurrando o inimigo com veemência.

— Então aquela cena de senhorita indefesa no porto foi apenas um teste... — sussurrou com o tom grave de charme. — E aí, passei nele?

— Quem sabe. Mas veremos se passa neste...

Os murmúrios gritantes cessaram assim que algo chamou a atenção deles enquanto disputavam força, poder e atração. Repararam em José e Safira ao lado do leme, os quais, naquele momento, se beijavam com extrema vontade, ignorando as circunstâncias ao redor.

Seus poderes cessaram automaticamente, sem restar emoção para uma luta autêntica e eles se encararam. Com seus corpos próximos um do outro, não conseguiam manter distância entre seus rostos, esses sendo avaliados pelo duelista rival.

O poder havia se coibido, entretanto, as auras dos dois ainda fluíam em harmonia. Suas faces se aproximaram ainda mais, os olhos, que refletiam um ao outro, fecharam-se gradativamente. Apenas a brisa do mar, que refrescava a força do sol, podia ser sentida por eles, em conjunto com o balanço calmo da embarcação.

— Está na hora do almoço. — A dama se afastou mansamente, abrindo as pálpebras, a aura desaparecendo assim como seu desejo.

— É... — Fire mostrava sua infelicidade num sorriso desiludido. Abaixou a cabeça para não vê-la se distanciar. — Yara — chamou-a e ela virou-se para olhá-lo.

— Entenda, não é você, sou eu... Não é o lugar e o momento certo para isso — explicou-se com imensurável pesar, chamando atenção dos adolescentes, os quais se puseram a observar a cena sobrecarregada. — Sinto muito...

O casal se destransformou, e os quatro desceram em silêncio ao deck inferior. Tomaram banho e foram almoçar. O clima estava pesado durante a refeição, a poderosa e o deus nem se olhavam direito e os dois jovens apenas observavam em silêncio absoluto. Até que o bruxo apresentou um assunto aleatório para acabar com a tensão.

— Vocês que são mais experientes... — primeiro chamou atenção deles e Safira já esperava o inesperado —, como funciona esse negócio de mudar de roupa quando nos transformamos? Nunca entendi direito...

— Tá aí um assunto que eu gosto, mas que muitos não se importam... — A capitã revelou atraindo os olhares, inclusive o receoso de King. — A veste mística faz parte do nosso corpo e nos ajuda a controlar nossos poderes.

— Sem mencionar o fato de também se tornar uma arma, como os cipós de Safira ou minhas correntes. — Fire completou olhando para os mais novos.

— Não sabia que as correntes faziam parte da sua, achei que eram apenas para... — A senhorita comentava, mas parou, temendo deixá-lo desconfortável.

— E eram, mas começaram a fazer parte de mim — sanou, por fim.

— Mas de onde é que vêm? — José questionou com mais precisão.

— Não se sabe ao certo, mas acredita-se que vêm do interior. Da junção do Sentimento que carregamos e das nossas características — esclareceu Yara. Terminavam a refeição.

— Acho que a informação das minhas características foi totalmente ignorada, porque aquele cabelo grande não combina comigo. — O rapaz de cabelo ralo disse em tom mimado e ligeira indignação. — Além de ter trança!

— Acho que essa regra talvez seja um pouco diferente para os bruxos — teorizou a guardiã.

— Eu acho geniais essas roupas místicas. Imagina ter que trocar de vestimenta antes de cada batalha. — Safira discorreu num tom humorístico criando um onda de risos.

— Eu teria que colocar uma peruca todas as vezes. — José explanou, e todos gargalharam. Yara e Fire se olharam entre as risadas e a recém-afinidade deles pareceu ter voltado parcialmente ao normal.

O restante da sexta-feira se passou com várias conversas aleatórias como aquela sobre trajes místicos. Também aproveitaram para consertar a bagunça que fizeram no duelo e conhecer mais sobre os outros. Dormiram em expectativa e acordaram bem animados com a viagem marítima, principalmente o casal juvenil.

Já haviam se arrumado para o desembarque, uma vez que a anfitriã avisou que estavam próximos ao destino. O navio pirata não mais se encontrava submerso, navegava velozmente sobre as águas. Os quatro conversavam com alegria à mesa da sala dentro do barco. Os mais novos reclamavam da temperatura, mesmo que usassem as vestimentas de frio disponibilizadas pela capitã, até que essa chamou atenção de todos.

— Gelo à vista...

Bem-vindos a Antártida, poderosos (as)! Vote neste capítulo por gentileza e peço que compartilhe esta história! Não se esqueça de comentar o que está achando da obra!

Será que finalmente José vai começar seu treinamento? Quem será o guardião de quem Yara foi atrás? A capitã e o deus se entenderão? O que os aguarda na Antártida?...

-José JGF


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