Capítulo 8- Torneio Feroz III
Do lado leste partiu o deus pirocinético, decidido a encontrar aqueles que lhes foram confiados. Enquanto avançava em pulos altíssimos direcionados ao centro do campo de batalha, vasculhando cada canto da arena com astúcia, também buscava oponentes que lhe parecessem dignos.
Uma das estratégias dos antigos Guerreiros Ferozes era eliminar primeiro os feras mais destrutivos, os que apresentassem maior incapacidade em tomar um dos títulos para si. Foi exatamente o que o primata gigante encontrou na neblina densa que cobria boa parte do lado em que se encontrava. Cessou seus pulos sem atentar-se aos gritos que ecoavam por todos os lados e pôs-se a observar o nevoeiro que aumentava à sua frente.
Se era perigoso ou não entrar ali, alguém só poderia dizer se o fizesse. Entretanto tudo que visse naquela arena estava destinado a lhe matar, então o que não era perigoso? Maquinava sua decisão quando destransformou-se de sua forma feral e passou a mão enluvada na fumaça cinza que vagava com calma.
— Socorro! Me ajudem! — Era a estridente voz da guerreira do galo que ecoava dentro da neblina.
Ouvindo aquilo, o homem disparou velozmente em direção à origem do som agudo.
— Chamado-sombrio, um ser místico que exala uma névoa para se esconder dos predadores e armar emboscadas para suas presas... — Salazar detalhou aos três terráqueos que dividiam a torre do templo central com ele e os dois comentaristas.
— O lado leste foi quase completamente coberto pela fumaça de um chamado-sombrio! — enunciou Bhav, vendo as nuvens cinza tomarem um tamanho tão grande quanto à cidade rochosa do lado oeste.
— Dizem que é impossível sair de dentro dela com vida, ou, pelo menos, com sanidade suficiente para contar o que viu lá! — complementou o outro, intensificando ainda mais a preocupação de Yara. — Sorte nossa que estamos protegidos...
— Enquanto nosso querido dragão está voando rapidamente para o lado sul, muitos participantes estão adentrando a neblina, mas nenhum saiu!
— É de admirar que somente um ser esteja gerando tanta névoa...
O deus corria velozmente, objetivando a origem dos gritos que ouvia. Em poucos segundos já havia chegado quase no meio de toda a circunferência de fumaça e a única visão que tinha era uma acinzentada cortina esvoaçante. Por mais que avançasse, os pedidos de socorro aparentavam estar igualmente longínquos. Foi quando encontrou uma redoma onde a névoa não invadia de forma alguma, contudo, passava por cima deixando efêmeras frestas por onde entrava a luz do sol.
— Quem é você? — O homem de pele mais escura que o solo alaranjado, estacionou sua investida e vistoriou o ser de costas à sua frente, o qual se virou assim que chamado. — Yara?!
— Oi, meu amor. — Findaram a distância que havia entre eles, e a dama abraçou seu amado. — Eu estava com muito medo de...
— O que está fazendo aqui?! — interrogou o marciano, afastando seus corpos e segurando-a pelos cotovelos.
— Precisava te ver. Algo de errado está acontecendo — relatou com voz chorosa, detalhe que era refletido nos olhos azuis cristalinos.
— Você não deveria estar aqui! Como passou pela barreira de proteção? E como...? — Suas exclamações cessaram com um beijo lento e fervoroso da mulher aquática.
À medida que o toque de seus lábios lhe tirava o fôlego, os olhos dourados do poderoso se mantinham arregalados, desacreditando do que via e sentia. Não negaria que aquela era uma das emoções mais fortes que já havia experimentado, todavia, interferiu no contato romântico afastando a mulher mais uma vez.
— O que está fazendo?! Estamos no meio de uma batalha! — O ígneo não sabia qual sentimento expressar enquanto arfava, sua cabeça parecia mais nublada que aquele nevoeiro. — E se esqueceu de sua profecia?
— Não precisamos nos preocupar com o passado neste lugar, nada vai nos atormentar. — Sua voz melodiosa era encantadora. Ela apontava a perna do deus e esse depressa constatou a ausência da grande cicatriz que carregava nela, havia simplesmente sumido. — Podemos ficar juntos para sempre aqui...
Aquelas palavras destruíram os receios do marciano e o beijo que recebeu logo em seguida preencheu seu coração acelerado. Com as pálpebras fechadas, apenas sentiu a alta temperatura aquecer seu espírito. Foi somente quando ouviu os gritos ao seu redor que abriu os olhos e constatou que o calor não mais derivava do beijo...
Havia sido teleportado para uma fábrica, o andar mais baixo das usinas de vapor e fabricação de automóveis. Pessoas corriam pelas várias passarelas de metal acima de sua cabeça, fugiam do fogo que se alastrava pelas paredes e exclamavam preces a Magnólia enquanto lutavam pela vida.
O jovem pirocinético ainda pensou em se retirar o mais rápido possível daquele local, porém, seu pulso e perna direita estavam acorrentados às milhares de fornalhas que não precisavam mais de seu auxílio para continuar queimando. Elas haviam saído do controle, e, se não fossem contidas, poderiam acabar com toda a existência do planeta Fogo.
Deveria salvar a vida das pessoas, inclusive das que lhe colocaram naquela situação, ou deixar que as chamas libertassem suas almas pecadoras e queimar inocentes no processo? Escutando os gritos exasperados e a explosão das primeiras máquinas, decidiu optar pela primeira alternativa. Concentrou-se encarando o fogo e lhe mirou com a palma, mas nada aconteceu.
Recordava que, no passado, seu poder extinguia as labaredas até que, com o domínio de um deus, ele absorveu toda a explosão, contudo, coisa nenhuma ocorria naquele momento. Se não é real, não há o que temer... Alegou mentalmente e foi engolido pelas chamas, restando-lhe a total escuridão e nada mais.
Fogo não é somente destruição, também é beleza. — Ouviu em sua mente a mesma voz firme que lhe surgiu no dia em que se tornou um deus. — É poder, determinação e potência. Fogo é luz!
Entre a penumbra da neblina, o ígneo percebeu uma claridade que partia de sua cicatriz, a qual ia do pé esquerdo até o abdômen sarado. Como uma explosão, ela brilhava, e suas extensões puseram-se a tomar maiores proporções. Alcançaram todo o corpo do fera, iguais rios de magma que serpentearam por cada espaço de sua pele fervente.
Juntos com cada marca brilhante, seus poros começaram emitir luz e o deus pirocinético se tornou um sol na escuridão. Afastava as nuvens de fumaça que insistiam em lhe alcançar, no entanto, ele brilhava demais para que elas ousassem se aproximar.
Isso sim é novidade! — O pensamento foi interrompido quando a atenção foi dos braços resplandecentes à pessoa que passou andando ao seu lado como alguém sonâmbulo.
Depois disso, outra competidora ultrapassou o homem, correndo sem olhar por onde andava. Da mesma forma, um marciano lutava violentamente contra o nada, socando o ar sem precisão. Seus olhos eram brancos, vazios como as sombras do nevoeiro.
A neblina altera a mente... — imaginou o luminescente, tomando distância daquele que esmurrava a penumbra, todavia, antes que o perdesse de vista, uma lâmina refletiu num corte rápido de zumbido mórbido, e a cabeça do participante enfeitiçado deixou seu corpo.
— Quem ousa alumiar minhas sombras? — Uma rouca voz cordial partiu de todos os lados de uma forma tão densa que parecia ecoar de sua própria mente.
O poderoso com marcas brilhantes avançou até onde assistiu o fio da espada ceifar uma vida, entretanto, nada restou ali, nem sequer o cadáver daquele que pereceu.
— Quem é você?! — gritou girando em seu eixo com cautela, tentando enxergar qualquer coisa depois dos poucos metros que conseguia clarear.
— Ora, deus do fogo, eu sou a incerteza... — Sussurros vagavam juntos com a neblina carregada que deixava tudo escuro como a noite sem estrelas. — Se as pessoas soubessem o que lhes aguarda na escuridão, elas não teriam medo, mas a incerteza traz seu temor à tona. A consciência se volta contra o próprio dono e eu me alimento do pavor que todos sentem... Por que está rindo?
— Você é uma piada — zombou com sincero sorriso no canto dos lábios.
— Espanta-me sua tolice em rir daquele que lhe mantém cativo nas trevas... — Um homem esquelético de roupa acinzentada surgiu da penumbra.
— Você traz o medo, mas é somente por meio dele que as pessoas alcançam a coragem. A incerteza é sua própria destruição!
Com essas palavras, lançou uma bola de fogo na direção do oponente, o qual se desfez em fumaça, reaparecendo atrás dele em seguida.
— Veremos se sua teoria está correta... — Desapareceu vendo outra esfera de chamas avançar contra ele e ressurgiu novamente na visão do pirocinético — quando eu cobrir toda a arena com minha névoa sombria... — Desviou outra vez das labaredas — e não sobrar nenhum poderoso além de mim...
— Você não vai conseguir! — exclamou lançando várias ondas de fogo que iluminavam e logo cessavam sem êxito em acertar o alvo.
— Não haverá doze, apenas um, somente eu... — Foi fácil para o guerreiro chamado-sombrio desviar das dezenas de ataques desferidos por seu adversário. Simplesmente sumia na névoa e retornava onde desejasse. — Serei o único Guerreiro Feroz de Fogo!
Feras destrutivas como esse que os antigos governantes deveriam erradicar primeiro. Foi pensando nisso e na detonação que lhe concedeu tanto poder, que o deus decidiu pôr um fim nas sombras. Fechou seus olhos, sem se ater ao fato do inimigo avançar contra ele brandindo sua lâmina. As cicatrizes que corriam por toda sua pele pareceram lhe cobrir por completo e cada pedaço de seu corpo se tornou luz.
Uma explosão aconteceria, era fato. Contudo junto com seu real oponente deveria sacrificar aqueles que não lhe eram ameaça? Os que haviam caído inocentemente na armadilha do nevoeiro... Uma vez mais a incerteza lhe fazia cativo de seu próprio pensamento. No entanto imediatamente compreendeu que para combater as trevas não era necessário o ardor do fogo, não daquela vez, bastava somente à pureza da luz.
Seu corpo irradiou uma enorme quantidade de claridade, queimando os olhos de qualquer um que a visse, ou a pele de quem a tocasse. Estar tão perto custou à vida do chamado-sombrio e a luminosidade não se segurou, porém, desviou daqueles que se encontravam na escuridão enquanto extinguia essa. Vagou por quilômetros acabando com o nevoeiro e regressou para dentro das cicatrizes que se selavam como antes no corpo do deus.
— Mas o que foi isso?! — Manish proferiu impactado pela cena épica que não viu direito por ser obrigado a fechar os olhos. Quase ninguém entendeu o desfecho da neblina, por terem coberto seus globos oculares, temendo a cegueira da luz. Viam somente os milhares de feras recobrando a consciência em campo de batalha, no lado leste.
— Acho que o deus do fogo, mais uma vez, salvou o dia! — Os clamores retornaram, todavia, o ígneo não pôde apreciá-los, pois perdia sua consciência.
— O que está acontecendo?! — questionavam os que assistiam o homem cair de joelhos, sem força e nem poder. Os músculos lhe pareciam rasgados e os ossos inexistentes. — Aquela técnica foi paga com muito chakra, o Salvador não consegue mais lutar.
Enquanto Yara discutia consigo mesma a vontade de acabar com a raça daqueles comentaristas, os participantes que foram libertos do nevoeiro ponderavam a oportunidade de derrotar um dos maiores fenômenos de Fogo.
— Espera, não posso acreditar! Estão querendo matar aquele que os salvou do chamado-sombrio, é isso?! — Bhav representou o que muitos se interrogavam ao ver os feras direcionarem seus corpos ao adversário enfraquecido.
Se matassem um deus poderoso, então seriam considerados ainda mais fortes, era como imaginavam quando as centenas avançaram em linha reta ao alvo caído. Todavia antes que ao menos se aproximassem do fera pirocinético, os concorrentes começaram tombar de súbito no solo arenoso.
— Isso está me cheirando a uma armadilha sorrateira... — comentou sem entender as dezenas que iam ao chão por tentar chegar perto do marciano que também via aquilo sem compreender o que acontecia.
Mais e mais disparavam em sua direção, contudo, nenhum obtinha êxito em fazê-lo, apenas caíam no terreno e outros ainda jaziam em pé, paralisados como esculturas, sem movimento algum.
— Obrigado, amiga... — Fire King sussurrou sem muitas forças, observando com a visão turva seus adversários petrificados ao seu redor.
Uma pequena serpente de escamas violetas que reluziam, emergiu do solo sorrateiramente e deslizou para perto do homem de joelhos. Várias dessa mesma vagavam por baixo da areia e injetavam um veneno paralisante nos calcanhares dos desavisados sem serem notadas. Aquela que rastejou até o ígneo cravou suas presas em seu pulso, o qual utilizava para não cair por completo.
— Tá fazendo o que aí sentado? Temos uma batalha para vencer... — A cobra sibilou voltando-se aos feras neutralizados. — Aliás, obrigada por acabar com o chamado-sombrio.
— Vamos destruir estes ingratos. — O deus ergueu-se com a adrenalina injetada pela peçonhenta lhe servindo como combustível.
— A guerreira víbora e seus ataques furtivos estão roubando a cena! — A exclamação do narrador serviu de aviso aos que ainda tentavam entender de onde vinha à paralisia esquisita que atingia os feras de forma misteriosa.
Descobrindo que as ofensivas imperceptíveis eram desferidas por baixo, aqueles que rodeavam o ígneo de capa preta deram início aos ataques ao solo arenoso, porém, acabaram somente atiçando a ira das serpentes que começaram saltar para fora da areia, contra-atacar e desaparecer no chão outra vez. Ao invés de uma simples substância paralisante, aquele veneno era mortal...
Ouvindo o comentarista, a guerreira ratazana focou sua direção ao leste, onde encontraria sua amada. Ela corria entre as edificações de pedra que surgiram no oeste, não sabia quem possuía tanto poder para criar uma cidade inteira a partir do solo, entretanto, seguia sem pensar em nada mais. Enquanto percorria, exalava um fortíssimo cheiro doce, uma armadilha que poderia lhe ser uma carta na manga em algum momento.
Desviava dos prédios e dos outros participantes que encontrava nas ruas da cidade recém-criada, no entanto, estacionou abruptamente quando ouviu um rugido altíssimo. O chão tremeu, uma explosão que levantava a poeira e as casas lhe alcançou antes que percebesse. Passou alguns segundos com os orbes cinza fechados, protegendo o rosto com os braços.
— Está tudo bem agora, bela dama. — Ouviu a voz cordial e abriu os olhos, constatando um centauro à sua frente, o qual havia invocado um grande escudo para protegê-la do impacto. Ele virou-se para aquela que havia salvado e suas íris rosadas entregavam o fato de estar enfeitiçado pelo aroma doce.
A serva mestra do palácio ainda pensou em usá-lo como montaria para chegar mais rápido em seu destino, entretanto, aquele ser místico havia ganhado bastante fama e chamaria muita atenção para si. Então se afastou dele tão ligeira quanto à brisa, e o feitiço aromático se desfez.
— O que estou fazendo? — questionou-se o quadrúpede, deixando o escudo retroceder à forma de areia metálica, sendo mais conhecida como o abundante óxido de ferro que permitia a Marte o seu tom avermelhado.
O centauro balançou com a cabeça e se recompôs da confusão mental que o tirava o foco. Voltou à ofensiva frenética de antes: corria entre as construções de pedregulho ao mesmo tempo em que invocava lanças metálicas a partir do solo e as disparava contra os inimigos desatentos. Em poucos segundos, seu ataque fazia dezenas de vítimas, principalmente quando deixou de estar entre aquelas ruínas rochosas.
Seus alvos não tinham a mínima chance de se defender ou desviar, apenas caíam sem vida no chão, eram empalados; em seguida, tornavam-se cinzas sem deixar rastros de sua existência para trás. Dado o calor dos embates assistidos, só naquele instante José percebeu que todos que perdiam a vida simplesmente deixavam de existir, contudo, esclareceu sua curiosidade com pressa.
— A versão que se espalhou é que o solo foi abençoado e qualquer um que morrer nele vai ser levado direto ao céu, de corpo e alma. — Salazar elucidou, atento a matança do centauro, o qual manipulava todo tipo de arma feita com a areia metálica. O Bruxo da Natureza não sabia mais qual embate observar.
— Mas isso é uma mentira contada para confortar a família dos que morreram no Torneio Feroz — continuou com frieza. — A verdade é que todo o solo da caldeira do Monte Olimpo foi amaldiçoado pelo rei dragão há milênios, antes da guerra por Fogo ter um fim. Qualquer fera ou ser místico que morresse aqui teria o corpo levado para uma sepultura secreta, onde nenhum humano chegaria.
— Por que isso?
— Sendo este o principal campo de batalha da antiga guerra, o rei draconiano não deixaria que o corpo de seus amigos fosse violado, talvez usado como vestimenta, ou para experimentos da espécie que os ameaçava..., os humanos.
— Acho que este embate promete! — Bhav reivindicou a atenção aos céus sob a cúpula de proteção da arena. — Um antigo Guerreiro Feroz e o recém-descoberto dragão!
O enorme lagarto albino voava perto do lado nordeste quando algo começou impedir seu avanço aéreo, um vórtice que sugava tudo partia da boca do elefante branco voador. Tentou escapar com manobras no ar, indo para mais perto do centro, todavia, nada funcionava. Era como a força de um furacão. Os dois voavam disparados, porém, ao mesmo tempo, com certa dificuldade: o primeiro por estar sendo puxado para trás e o segundo por não possuir grande velocidade.
— Você não vai conseguir fugir por muito tempo! — bradou aquele que seguia por último. Sua habilidade era tão potente que sugava até mesmo o solo e os combatentes terrestres.
Chegando ao seu ápice de paciência, o réptil alado rodopiou com agilidade, estufou seus poderosos pulmões e soprou uma nevasca inigualável contra o oponente que estacionou no ar. Os espinhos gélidos que também eram lançados foram combatidos com o jato fortíssimo de água que disparou da tromba do elefante.
— Não é tão forte quanto pensei... — comentou o quadrúpede que absorvia boa parte do ataque frio com a boca e o relançava em forma líquida. Não importava quão violentos fossem os espinhos de gelo, ou a poeira que era ingerida junto desses, ou até mesmo alguns dos participantes que eram engolidos acidentalmente, nada parava a sucção do elefante flutuante.
Os orbes azuis do fera frio brilharam tão fortes quanto a pele do deus do fogo, e um enorme cristal de gelo se solidificou à sua frente. Engole essa... O prisma foi projetado com velocidade em direção ao adversário, e esse arregalava os olhos, atônito. Todavia não recuaria, intensificou sua técnica de absorção e a pedra que lhe mirava começou despedaçar, ainda avançando. Partia-se em vários pedaços, no entanto, o maior deles conseguiu entalar na boca do guerreiro que se engasgou.
— O elefante das nuvens foi detido pelo dragão!
Quando finalmente foi capaz de ingerir o cristal, constatou que uma nevasca havia se formado ao seu redor. Nada era visível além da ventania branca e dos espinhos que cortavam o ar. Enquanto sua pele congelava, tentou ao máximo engolir a tempestade de gelo, mas essa já havia o engolido.
Setas o retalhavam sem muita eficácia, por causa de sua pele grossa e resistente, por mais que fossem persistentes. Somente deixou de tentar se livrar da enorme nevasca quando garras afiadas atravessaram a gordura, era o seu fim. Aceitou o frio que lhe abraçou, assim como sua queda ao chão. O vento gélido cessava em consonância ao dragão que pousava ao lado de seu oponente abatido.
Suas garras banhadas num líquido dourado lhe traziam uma sensação que se oprimia por sentir, contudo, não sabia qual era essa. O sangue virou cinzas escuras assim como o corpo do elefante falecido, desintegrando no ar em seguida. O lagarto branco sentiu um calor repentino à suas costas.
— Estava torcendo para que você o matasse..., assim terei o prazer de te matar.
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