Capítulo vinte e sete
Sofia
Lá estava eu, naquela cozinha enorme e cheia de panelas penduradas sobre o fogão elétrico, que por sinal estava ao centro da cozinha. Também tinha muitos armários para descobrir o que eles estavam "escondendo" e uma platéia me observando. Exatamente! Todos foram para a cozinha me observar.
- Vocês estão curiosos com alguma coisa?
- Como assim? - Perguntou Peter.
- Quis dizer que estão todos a me observar e isso me deixa um pouco constrangida... – As vezes eu não tenho vergonha de falar o que penso.
- Ah, desculpe-nos! Estamos realmente curiosos para saber o que irá cozinhar e também temos interesse em aprender com você alguma coisa.
- Imaginei que eu seria a curiosidade de vocês, só que eu não acredito que ficarei confortável assim. E cozinhar com muita gente perto de mim é estranho, até porque eu nunca sei o que vou fazer. Invento tudo de acordo com o que tem de ingredientes.
- Neste caso, vamos deixá-la sozinha - Disse Kate um pouco envergonhada e talvez decepcionada.
- Bom, claro que precisarei de uma ajudinha para achar tudo por aqui, então alguém tem que me ajudar... Mas afinal quem cozinha para vocês?
- Temos empregados, vivemos fora de casa o dia todo, comemos em um restaurante na nossa empresa na maioria das vezes. Agimos normalmente Sofia, como qualquer humano. E nem sempre estamos todos reunidos. Hoje é diferente porque você está aqui... – Respondeu Kate, tentando explicar um pouco mais da dinâmica deles, talvez por não ser tão "ser humana"e fingir ser um pouco dona de casa.
- Eu já vi que vocês tem camarão aqui... Possuem óleo de dendê, da Bahia? – Primeiro: tive dificuldades em falar óleo de dendê em Inglês. Segundo: que pergunta estúpida que eu fiz! Claro que eles não possuiriam. Por um momento eu até esqueci que estava fora do país e com pessoas de outro mundo. Que pergunta mais fora do contexto! Óleo de dendê da Bahia? Oi?
- Com certeza não! - Respondeu Nicolle.
Não me contive e comecei a rir alto da idiotice que havia perguntado. E todos me acompanharam! Foi aí que Gabriel deu uma risadinha de lado e olhando para o irmão, já passando uma mensagem que eu nem imaginaria em mil anos o que poderia ser. Timmy concordou fazendo um movimento de positivo com a cabeça, antes de simplesmente sumir como dois cometas!
Foi a coisa mais estranha que vi. Parecia um efeito especial de filme. Eles começaram a ficar transparentes e pequenos ao mesmo tempo. Eles diminuíram de uma forma rápida até se tornarem um ponto de luz dourado, do tamanho de uma bola de tênis, ao passo que foram na direção da janela, passando por ela como se não fossem feitos de matéria, apenas um feixe de luz! E sumiram, simplesmente, sumiram!!!
Tudo aconteceu em segundos ou milésimos de segundos. E o mais estranho era que ao se deslocarem de onde estavam, ficaram tão pequenos que se tornaram uma linha fina de luz, até desaparecerem por completo. Sumiram! Evaporaram! Eu tremi as pernas. E ali eu tive toda a certeza de quem eles eram. A panela que eu tinha em mãos não consegui segurar, deixando-a cair fazendo o maior barulho.
Assim que aconteceu, corri para a janela na tentativa de ver mais alguma coisa. Foi então que Nicolle falou em um tom de voz um pouco mais alto:
- Saia da frente da janela, a luz pode cegar você!
Ela deve ter falado de forma mais incisiva. Acho até que na tentativa de conseguir fazer com que eu despertasse daquela situação em que me encontrava de susto, medo, curiosidade e de todas as sensações de choque. Então, ela explicou que quando eles voltassem, poderia acontecer de eu olhar diretamente para a luz.
Confesso que não foi fácil ver isso. Quem nunca pensou em ser assim? E na minha frente vi isso acontecer, duas pessoas se materializando e virando luz!
- É isso mesmo que eu estou pensando?
- Sim, Sofia! Eles foram para o seu país, buscar esse tal ingrediente... – Respondeu Nicolle dando de ombros.
Dei um pulo para trás, alguns minutos depois, assim que aqueles dois feixes de luz voltaram para dentro da cozinha e fazendo todo o processos inverso, aumentando de tamanho e tomando a forma de duas bolas douradas de luz até que voltassem a ser matéria. E lá estavam os dois irmãos novamente, diante de nós. Só que dessa vez com uma garrafinha de óleo de dendê em mãos!
- Mas o que? - Perguntei impressionada.
- Tim, você sabe que no Brasil não temos tanta segurança, não é? - Recriminou Peter, que finalmente havia falado alguma coisa sobre o assunto.
- Gabriel, você sabe que você mais do que ninguém, deve ficar mais protegido - Questionou Kate e colocando uma pulga atrás da minha orelha.
- Desculpem-nos. Disse Tim. Fomos da maneira mais rápida que pudemos!
- Ah, qual é! Vamos relaxar! Nada vai acontecer, temos que agir no impulso de vez em quando, assim como os humanos - Disse Nicolle - Além do mais, deve ter sido muito divertido, não é rapazes?
- Sim! Muito! - Disse Gabriel sorrindo - O mais difícil foi falar Óleo de Dendê para a vendedora da loja em Salvador. Fomos ao bairro do Pelourinho – Ele falou bem engraçado o nome - Um dos lugares mais famosos de lá.
- Nosso sotaque é péssimo! Disse Tim.
- Eu ainda não acredito nisso tudo!- Falei com espanto.
- Você vai se acostumar aos poucos. Pode ficar tranquila, esses dois viviam fazendo isso quando eram mais jovens. Sempre foram cúmplices e me deixavam de cabelos em pé! - Disse Kate.
- Menos eu né? Sempre fui deixada para trás só porque era a mais nova – Recriminou Nicolle, fazendo careta para os irmãos enquanto eles davam risadinhas.
E se eu ainda não estivesse acreditando em extraterrestres, poderia pensar em magia, super poderes... E a melhor forma de sair daquela sensação de espanto, medo e curiosidade era tentar ser um pouco engraçadinha e fazer piada da situação. Porque eu reajo assim quando estou nervosa.
- Mas vocês poderiam ir até para São Paulo. Óleo de dendê não se acha apenas na Bahia, economizariam mais energia?
E todos caíram na risada.
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