Capítulo setenta e quatro
Sofia
Eu não tinha outra opção. Eu queria esse poder, mas não por um capricho. Não porque eu queria ter algo a mais e ser alguém mais poderosa. O Jullian era a chave de tudo e talvez eu precisasse dele para encaixar tudo o que eu estava suspeitando. Ele iria me contar o que estava acontecendo nos planetas de todos os híbridos que estavam na Terra. Gregory também fazia parte daquilo. Ainda não tinha certeza se ele estava de fato jogando ao lado do Jullian ou se ele era quem segurava as cordas do marionete.
*Marionete – teatro de bonecos. Boneco (pessoa, animal ou objeto animizado) movido por meio de cordéis manipulados por pessoa oculta atrás de uma tela, em um palco em miniatura; títere.
Era preciso descobrir isso. E se o Jullian fosse um marionete? Quem sabe poderíamos resgatá-lo. Seria importante para a nossa família e principalmente para o Gabriel e para a Milla. Ela foi preciosa comigo e a razão de eu estar aqui com o Tim. Falar em família soou tão adequado agora... Que coisa engraçada. Eu não só me sinto acolhida por eles, como já me sinto parte deles. Talvez essa coisa de DNA e tantas proteínas diferentes, esteja começando a me mostrar que eu não tenho outra forma de viver a partir de agora. E foi esta a razão que me fez pensar em tentar entender meu próprio corpo e tomar proveito disso em benefício de todos. Eu precisava aprender o que eu seria capaz de fazer. Viajar já era algo simples para mim. Eu já conseguia controlar a minha energia e focar onde eu gostaria de estar. Mas eu precisava me conectar melhor aos outros. Com o Timmy já era mais fácil. Nossa conexão que era boa e havia se tornado automática. Com os outros, eu precisava focar só um pouco mais. E era aí que eu precisava melhorar.
Meu sogro veio conversar comigo. E foi um pouco estranho, pois ele pediu para conversarmos a sós. Eu perguntei se isso era realmente necessário, já que não tenho segredos com o Tim e também porque o planeta Terra já estava sofrendo as consequências. Os outros estavam invadindo o nosso planeta, felizmente aos poucos e em pontos específicos. E por sorte, os exércitos humanos conseguiam detectá-los e eliminá-los sem que os humanos percebessem que era um ataque extraterrestre. Porém, eles eram bons em matar muitos humanos ao mesmo tempo. O mundo começava a ter mortes e todas as que já estavam aparecendo em jornais, estavam atribuindo a atentados terroristas. Quando eles começaram a aparecer na Terra, pensei que os humanos estavam descobrindo tudo sobre os outros, mas não era isso que acontecia.
Peter e Jack já estavam trabalhando no campo de invisibilidade deles. Ou seja, tentando mostrar exatamente onde eles estavam indo, facilitando o deslocamento dos exércitos. Nesse momento, nenhuma polícia local estava sendo acionada, apenas o alto escalão. E todos eles, com certeza, teriam que passar por um longo processo depois que tudo isso acabasse. Alguns locais eram avisados, mas todos eles estavam abatendo humanos, porque a identidade extraterrestre não estava sendo avisada. Depois do abate, os corpos dos outros eram recolhidos em sigilo.
Mas o que ele veio me contar, me deu estranheza, justamente por eles serem tão unidos e nada do que ele me disse, os filhos sabiam.
- Sofia, a razão pelo qual estou falando primeiramente com você é porque agora você já sabe que não é uma mera humana. E você vai desenvolver muitas habilidades, algumas delas, fenomenais. Infelizmente nem eu sei ao certo o que pode acontecer com você.
- E como o senhor sabe de tudo isso?
- Porque você já sente a verdade. Se você já não soubesse o que de fato está acontecendo, não iria ter pressentimentos ou ideias significativas. Falo isso sem o intuito de ofender os humanos, mas é muito complexo o que vivemos, nenhuma pessoa teria tanta ligação com o Timmy quanto você tem. E existe uma razão para isso.
- E acho que você vai confirmar agora, não é?
- Sim. Vocês já sentem e já devem ter conversado entre si sobre o fato de terem tanta conexão, mesmo antes de se conhecerem. E é exatamente por esta mesma razão que sempre tentei protege-lo. Sempre tirei o Timmy da linha de frente.
- Apenas para protege-lo? Acha que ele não é forte o suficiente?
- Não. Não é isso. Ele é suficiente sim. Até demais.
- Então, qual a razão?
- Ele iria, assim como você foi, despertar o que ele tem e que nós não temos. E talvez isso, em um momento errado, pudesse prejudicar tudo.
- Você tem medo que ele se sinta traído?
Ele riu, mas foi um riso triste. Foi uma confissão.
- Sim. Mas talvez você nos ajude agora. Aqui estou eu, querendo o seu apoio.
- E terá. Você viu minha reação quando ele fez a experiência comigo. Ele também errou, embora acertando. Hoje eu sei disso. Acha que ele, sabendo tudo o que passei, não seria capaz de entender suas razões?
- Você fala como se já soubesse exatamente o que eu vou dizer...
- Porque eu sei. Eu já sei tudo. Exceto, entender minhas origens. E isso, você me deve. Apesar de eu já me sentir diferente, pois a cada hora eu sinto alguma coisa acontecendo comigo e, sei que meu filho está despertando isso em mim, porque não tenho a capacidade de distinguir o que é de um e o que é do outro. Eu não sou capaz de ver o que sou. Entende?
- Sim.
- Você tem como me mostrar?
- Sim. E eu irei fazer isso. Você vai contar ao Timmy?
- É o que você quer?
- Não. Porque eu preciso fazer isso.
- Ótimo. Resolvido. Se ele agir mal, iriei segurar a onda e trazê-lo para a realidade.
- Era tudo o que eu precisava ouvir de você.
E assim foi. Ele me levou para um outro local na casa, uma espécie de laboratório que era também um escritório dele. Só ele e a Kate entravam ali sozinhos. Todos os filhos tinham conhecimento, mas só entravam lá quando convocados. Então, fomos eu, Timmy e Peter. Timmy estava achando muito estranho aquilo tudo, mas ele parecia começar a sentir
o que estava por vir, apenas porque eu já estava entendendo e já estávamos tão conectados, que só faltava ler pensamentos. Embora a gente nem precisasse, pois a conexão era tanta que bastava um olhar e o outro já entendia tudo. Como se fôssemos um só de fato.
Peter começou a explicar que a Terra era conhecida por alguns extraterrestres diferentes. Ao menos uns oito planetas já tiveram acesso à Terra. E muitos deles visitam o planeta, esporadicamente. É por isso que muitos países já tinham o registro de OVNIS de diferentes tipos. Alguns eram triangulares, outros ovais, alguns emitiam luz, entre outras coisas já divulgadas pelo pentágono. Alguns deles deixaram amostras do genoma deles. E como esporos, ficam em estado de dormência, sem atividades metabólicas, até que alguma coisa venha a despertar alguma ação desse genoma. Era basicamente isso. Então, ele não tinha certeza quais seres habitavam em mim, portanto ele começou a mostrar alguns deles. A maioria deles eram de pequeno porte. Alguns bem parecidos com os desenhos que os próprios humanos já identificavam ETs. Teve um que me chamou atenção, porque era pequeno, magro, com um olho grande e verde. Era como uma pantera em pé, mas sem o rabo e as orelhas.
Peter falou que eram seres silenciosos. Não gostavam de se misturar com nenhum outro planeta. Mas que eram dotados de muita inteligência. E não soavam de confiança por serem muito calados e distantes. Ele confirmou que todos os planetas vivem em harmonia, até então. Mas que temia alguma coisa vinda dos outros planetas contra os Condros e os Orvrils, justamente por estarem querendo dominar a Terra.
- E por que eles iriam se voltar contra eles ao invés de se juntar a eles?
- Acho que você já sabe... A Terra é um local impressionante, mas é comandada por "cachorros". Entende? Ora humanos são bons e bons até demais, ora são horríveis e violentos. Esses seres que você tanto se interessou, são mais como gatos. Inteligentes, pouco se misturam, são donos de si. Mas eles não entram em conflitos. E quando entram, talvez eles entrem para finalizar e não só arranhar o oponente.
- Acha que eu tenho algo deles?
- Mas que conversa é essa? Será que eu vou poder entender tudo agora? – Timmy falou espantado.
- Filho, você sabe disso, dos outros planetas!
- Sim, mas porque estão falando disso agora? Tudo bem que a Sofia deve ter outros elementos, mas não entendo isso agora.
- Porque você também é parecido com ela.
- Como assim, parecido? Eu não sou totalmente Orvril e humano? Existe mais de mim?
- Sim. Você foi uma experiência, assim como a Sofia foi?
- Eu fui o que? Eu não acredito!
****
E agora? O que será que vai acontecer a partir de agora?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro