Capítulo sessenta e três
Sofia
Milla, ainda segurando minhas mãos, começou a explicar, que todos eram dotados de células inteligentes e cheios de energia, mas não era a famosa glicose. Deu uma risadinha. Corei, mas entendi a piada. E que eu precisava aprender a comandá-las. Que no começo exigia muita atenção e que todos eles, quando chegaram a Terra, em seus novos corpos, tiveram que se readaptar a tudo, porque afinal, não eram mais cem por cento extraterrestres. Mas como eles tinham mais prática, conseguiram educar seus corpos humanos a ficarem também inteligentes e usar suas habilidades naturalmente. Uma coisa ia levando a outra.
- Diga-me Sofia, não mudou nada em você desde que começou sua mutação?
- Eu a-acho que sim... Talvez eu consiga respirar na água...
- Eu sabia!!! Isso é uma característica dos Orvril!
- Sério? Eles nunca me falaram.
- Não tiveram tempo. Estavam pisando em ovos com você com certeza. Eles são assim. Gabriel não falava muito, mas descobri algumas coisas com o convívio. Mais alguma coisa?
- Bem, eu tive muito calor. Eles falaram que eu estava adaptando minha energia. E também não sofri dores no corpo, pois eu tinha fibromialgia. E simplesmente me sinto bem mais forte e disposta.
- Sim, tudo isso é correto. Faz parte. Bem, alguma coisa já sabemos de você, que se você consegue isso, naturalmente poderá fazer muito mais. Só precisa ir aprendendo, se conhecendo melhor.
- Ok, espero ter tempo. E espero que você não esteja querendo saber de mim para falar tudo para o Jullian depois.
- Já disse que eu amo meu filho, mas não compactuo com as coisas erradas dele. Confie em mim. Eu lhe prometo que em breve você terá a prova disso.
Então ela continuou a explicar que para ser transportada por alguém era só pensar em nada. Por isso, o branco. Poderia também ser a escuridão, mas a energia se adapta melhor aos pensamentos voltados para a cor branca. Para se transportar de fato, era preciso mentalizar, depois de limpar a mente, em algum lugar, mesmo que nunca tenha ido antes. Na verdade, ela disse que nossos olhos se tornam uma espécie de GPS, e deu uma risada.
- Você já viu algum de nós com os olhos parecendo um universo?
- Na verdade, sim! Mas como faz isso?? – Eu já estava nervosa com tanto papo mas pouca demonstração.
- Não consigo mais fazer isso. Minhas energias estão fracas. Nem sair daqui com ajuda eu consigo, mas como minhas células humanas já foram ensinadas um dia, talvez eu precise de um start novamente. Mas vamos voltar ao seu caso. Como disse, você precisa pensar em um lugar e se concentrar. Tentar irritar suas células. Pense em zerar a mente e pensar no preto ou branco. Quando conseguir isso, pense profundamente em algum lugar. Agite suas células! Apenas queira muito estar em um lugar e busque aquele calor que você já sentiu antes, porém tudo muito consciente.
Então comecei a fazer o que ela havia me falado. Mas minha mente só conseguia me mostrar a casa do Timmy no Alasca. Foi o primeiro lugar que eu pensei, então iria me concentrar naquele lugar. Meu coração ditou e apenas resolvi seguir meus pensamentos. Era muito fácil lembrar do quarto dele, daquele jardim lindo que ele construiu... Fiquei ansiosa. Senti uma força me puxando em todas as direções. Era como se meu corpo quisesse se desfazer em milhões de pedaços. E eu tinha muita vontade de abrir os olhos e ver o que estava acontecendo ao meu redor. Foi então que consegui, ver de forma fraca, tudo aquilo que eu estava pensando. Mas logo veio a escuridão e parecia que eu havia perdido os sentidos.
Algum tempo depois despertei ao lado da Milla. Estava repousando na cama e ela sorrindo para mim, segurando minha mão. Pensei que eu estava maluca. Que estava sonhando. Cocei os olhos, sentei e esperei um pouco meu coração desacelerar.
- Você quase conseguiu. Para onde estava indo? Você começou a se desintegrar e suas células estavam se agitando prontas para ir para onde quer que estava pensando em ir. Você quase saiu daqui menina!!!
- Jura? Eu pensei que estava apenas sonhando...
- Não. Você quase conseguiu. Mas o que foi que aconteceu para você não ir adiante?
- Acho que pensei no Timmy, no nosso último lugar. E me perdi nos pensamentos que se misturram com os últimos acontecimentos. Devo ter esquecido de me concentrar na energia. Parecia que eu estava sentindo uma força me puxando para todos os lados, mas não era uma sensação dolorosa. Apenas estranha, como um pequeno choque.
- Sim, você está começando a entender. Eu estou em pânico de tanta alegria. Mas ao mesmo tempo morrendo de medo. Você precisa tentar novamente até conseguir sair daqui. E logo! Se Jullian retornar e perceber que sua energia esta estranha vai desconfiar. Ainda mais agora, que sabemos da sua condição. Vocês estão em perigo. Como se sente agora? Está fraca?
- Um pouco. Mas não tanto assim.
- Será que consegue novamente uma tentativa?
- Talvez sim.
Timmy
Fui informado pelos meus pais que alguém havia tentado entrar em nosso espaço no Alasca, exatamente dentro de casa. Eles detectaram alguém se materializando, mas não conseguiram descobrir quem foi. Foi tudo muito rápido. E isso era estranho, pois todas as nossas defesas estavam em alerta. Precisaríamos de mais energia concentrada ali. Afinal, aquele lugar era o nosso forte, o lugar onde nossos segredos estavam concentrados. Não poderíamos deixar cair nas mãos do Jullian.
- Tim, Jullian deve estar tentando entrar no nosso sistema. Ele provavelmente deve estar usando Sofia para isso. A energia estava diferente. Como ele poderia saber onde nós estamos concentrados? Não poderia se não fosse por Sofia! Nem a Milla havia conhecido nosso lugar na Terra – Meu pai falou com uma certa preocupação de eu ter ficado chateado de parecer que ele estava me culpando por isso.
- Mas eu não tive escolha com ela. Ela precisava vir até aqui!
- Filho, não estamos questionando isso! – Foi a vez de Kate interromper, pois eles estavam de fato se preocupando com as palavras – E sim o fato de que, sem ela, ele não conseguiria entrar aqui, apenas isso. E se ele já sabe onde estamos, precisamos concentrar nossa vigilância aqui. E tentar interceptar a entrada dele através dessa energia e tentar encontrar Sofia.
- Não estava pensando nesta possibilidade. Pode ser uma boa ideia.
- Acho que os Condros já se mostraram confiáveis. Não temos mais que nos esconder deles, ainda mais que estamos juntos nessa. Os irmãos da Milla estão totalmente conosco e ajudando muito. Vamos traze-los para cá juntamente com Gabriel. Acho que isso já demorou demais. Vamos reforçar a barreira ao menos da casa e tentar detectar de onde a energia vem. Com isso vamos seguir o rastro e chegar ao ponto de saída. Ele não entra, mas nós todos iremos até ele. Assim, poderemos chegar tanto a Sofia quanto a Milla. Pelo o que os Condros nos contou, antes da Milla sumir, ele a deixava fraca, enquanto se fortalecia. Eles questionavam muito a passividade dela e talvez desconfiem que ou ela foi com ele por contra própria ou ele a coagiu. Mas em abos os casos eles iriam resgatá-la. E sobre a energia, ele não deve saber que ao usar da energia da Sofia ele também devolve uma carga da dele. Há sempre uma troca. Ela irá acabando tendo poder, mesmo que pouca. E é nisso que vamos nos atentar. Se nossa grande arma é dominar nossa energia, vamos então usá-la ao nosso favor!
As ideias do meu pai saíram como música aos meus ouvidos. Seria uma ótima ideia. Imediatamente pensei em ir também ao encontro deles para ajudar, mas não permitiram. Ainda querem me proteger. Mas como irei ficar aqui se tudo acontece por lá? Gabriel também não queria que eu fosse até nossa casa. Por alguma razão, eles queriam que eu permanecesse distante.
Milla
Julian ainda não se deu conta que ao sugar minha energia ele também se conectara a mim. Quem perde mais energia também recebe de volta parte do desgaste do oponente, por assim dizer. A troca de energia não é como nos filmes de Highlander. Eu não sabia disso até ele começar a me usar. E assim, eu estava cada vez mais ligada ao meu filho. Seria algo bom, se não fossem as circunstâncias. Poderíamos curar nossos filhos só com nossa energia, porém o que eu recebia não era uma energia radiante e boa. Era angustiante. E me deixava fraca, mesmo com um mínino. E eu começava a sair de mim.
Eu sentia o quanto ele sofria por ser assim, por ter esses pensamentos ruins sobre todos nós e todos os seres humanos. Ele simplesmente não se aceitava. E isso era tão estranho. Venho tentado, sozinha, mostrar que o sentimento faz com que barreiras sejam vencidas, que novas possibilidades da natureza se instalem, que tudo é um ciclo, e que tudo, ou até mesmo nada, pode acontecer. Tento mostrar o caminho da aceitação. Nós aceitamos essa vida na Terra por amor. Nos perdemos no meio do caminho, em algum momento falhamos, mas conseguimos entender isso justamente com vinda dele. Ele era o nosso recomeço, nossa redenção, nossa explicação para termos mais razão de viver e de ajudar também aos nossos sem prejudicar os seres humanos.
Era extremamente sofrido para todos nós. Meus irmãos amadureceream comigo, a medida que minha gestação progredia. Nossos pais, praticamente romperam com os nossos. Eles não estavam de fato se importanto conosco aqui na Terra. Nos ameaçavam. Diziam que soldadinhos seriam enviados apenas para nos aniquilar, caso ousássemos nos unirmos com os Orvrils. Eles que precisavam de nós, porque então tanta desconfiança e tanto desprezo pela Terra que estava nos ajudando com a nossa cura? Em nada parecíamos evoluídos.
Quando eles souberam da minha gravidez, ficaram revoltados a principio. Depois curiosos. Estranhamente, ao invés de quererem união com os Orvrils, acharam bom o nosso rompimento e disseram que talvez não fosse interessante que eles soubessem de Jullian. E esse foi o estopim para que meus pais percebessem que talvez estivéssemos apenas sendo manipulados e nada mais.
A minha energia era crescente. Tão forte quanto a que senti em Sofia. Mas eu já havia perdido a confiança do Gabriel e da família dele. Eles realmente nos bloqueavam. Então decidimos mentir. Entrar no jogo deles não era algo fácil. Exigiu o tempo e a confiança renovados. Fingíamos ter ódio deles e procurávamos trabalhar formas de ficarmos tão fortes quanto eles, mas na verdade queríamos conseguir chegar a eles para nos unirmos, talvez como nunca antes.
Funcionou por muito tempo. Jullian nasceu e com ele essa força que encheu os olhos dos Condros. Porém, ainda assim, ele era um ser estranho e único no mundo. Gregory foi fundamental para os Condros. Ele não fazia parte da nossa família, mas era um Condro. Foi um erro que se tornou um acerto para eles. Foi o espião dos nossos na Terra, principalmente o informante sobre nossos passos. Fez parte ativamente da vida do meu filho. E conseguia, sem que soubéssemos, deixar Jullian sempre em contato com os líderes do nosso planeta. Formada a aliança, já seríamos descartados.
Mas Jullian foi mais esperto. Conquistou Gregory. Percebeu que ele não seria um soldadinho nas mãos dos Condros e o puxou com ele, tornando-o fiel aliado. Manteve a aliança com o nosso planeta, mas disfarçando sua revolta. Nos tornávamos cada vez mais distantes. E quando ele ficou independente, a distância provou que nossa família era totalmente descartável e que na Terra, para os Condros, só existiam Gregory e Jullian.
Foi então que Jullian deu o seu primeiro golpe de mestre. E começou a me usar em benefício próprio. Acabei cedendo. Tola. A medida que perdia minhas forças vitais e me conectava a ele, fui entendendo um pouco sobre sua loucura e também seus planos. Mas eu já estava desconectada dos meus, não podia mais avisá-los.
Sofia, que para ele seria um trunfo, poderia ser exatamente o oposto. Ela me trouxe a esperança de me redimir e consertar os meus erros. Eu não sei como o Timmy conseguiu encontra-la, mas definitivamente, Jullian teve todo o tempo e ajuda possível para descobrir mais coisas sobre ela do que o próprio Timmy. Ele provavelmente estava vivendo o romance e não sendo racional, assim como fui um dia com Gabriel. E ainda não conseguiu saber tudo sobre Sofia porque Jullian conseguiu apagar grande parte do histórico dela na Terra. Seus antepassados, o fato de tantos humanos terem tido o contato com o DNA de alienígenas e apenas ela ter iniciado o gatilho.
E mais uma vez, nos tornamos tão pequenos. Não existe ainda uma ciência tão perfeita que sobreponha a força da natureza ou a do acaso. É impressionante. Quando a gente descobre alguma coisa nem percebe que já estava,ps engatinhando tempo demais naquilo.
O fato do Jullian descobrir sobre Sofia, o fez planejar uma nova estratégia. Os Condros provavelmente não sabiam ainda dela. Não exatamente quem ela era. Não ser uma simples humana era o plus de Sofia. Os Orvril já estavam entendendo que ela era especial. Mas nem eles sabiam o que os híbridos eram capazes de fazer. Híbridos de híbridos muito menos. Jullian era diferenciado, a força da Sofia também. E eu imaginava esse novo ser que ela carregava, o que ele poderia representar? Oferecer? Ou ser uma ameaça? Por isso era preciso ter o controle.
Sofia realmente precisava fugir, antes que Jullian o matesse, mesmo sem saber da existência dele. E vou usar toda a energia, a dele mesmo que está em mim, para ajuda-la. Tinha certeza que na segunda tentativa ela conseguiria fugir daqui. E atrair especialmente minha família, antes mesmo dos Orvrils. E esperava, com todas as minhas forças, que até lá, eles já tivessem de fato, uns apoiando os outros.
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