Capítulo nove
Sofia
Ao sairmos do museu já fiquei pensativa. Esse papo de significado de nomes me deixou depressiva. Sábia nada. Burra, isso sim! Se eu estivesse certa do que estava fazendo da minha vida, nada disso iria me perturbar. Eu não estava pronta. Sim, pensei no meu fracasso em relação à tentativa de conseguir a vaga no mestrado. Balancei a cabeça e decidi deixar esse assunto morrer na minha vida.
Do lado de fora do museu, a perguntinha que não queria calar: qual o meio de transporte utilizaríamos? Metrô, táxi ou ônibus? A resposta veio automaticamente:
- Estou com um carro naquele estacionamento – Falou apontando para o local - E vocês?
- Nos viemos de metrô - Respondi prontamente.
- Ótimo. Então vamos todos juntos.
A Júlia é sempre esperta, por isso que nessa hora ela me afastou de lado e falou baixinho só para mim:
- E quem é ele mesmo? Você confia, amiga?
- Pois é... a gente se conheceu agora, né? Mas ele está sozinho... será?
- Eu estou com minha carteira de motorista. Vou me candidatar a dirigir, pelo menos eu me sinto mais segura estando no comando da direção.
- Boa ideia!
Parece que o Timmy estava prevendo nossas inseguranças e em segundos ele já estava falando:
- Alguma das moças possui habilitação?
- Sim! – Júlia respondeu super rápido, dando uma bandeira maior. – Eu tenho! Quer que eu seja a motorista?
- Já está certo! Nossa comandante. - Falou já entregando as chaves para ela.
Percebi a tranquilidade em seu semblante após um sorriso. Júlia nem foi discreta.
- Resolvido então. Amiga, você fica no banco de trás e você, Timmy, não será o copiloto, mas aproveitará melhor indo na frente para aprender os caminhos. – Ela já decidindo onde ele iria se sentar.
- Como quiser signorina Júlia!
O carro que ele estava era um luxo. Tinha bancos de couro marrom. Eu só sei que era uma Mercedes porque vi aquele símbolo que me lembra a rosa dos ventos. Não entendo de carros. Mas não resisti e comentei com a Júlia discretamente:
- Pelo amor de Deus amiga, você sabe dirigir isto?
- Com certeza é automático, portanto será tranquilo...
A vergonha foi grande quando Tim chegou por trás, colocou as mãos em nossos ombros, e entre nós, nos abraçando disse:
- Sim, automático! – Ele entendeu a palavra em português.
Olhei para a Júlia, ela olhou para mim, ambas morrendo de vergonha. Não deu para conter o riso sem graça. Daí, a Júlia fez umas das suas perguntas sem pensar:
- Nossa, você alugou este carro mesmo? Porquê? – A Júlia não tem limites - Por que você não alugou algo mais simples? Isto deve ter custado caro! Vai ficar muito tempo aqui no Brasil?
- Na verdade, o carro é uma cortesia do dono do hotel em que me hospedo. Ele é muito amigo dos meus pais e fazem negócios juntos. E não, não pretendo ficar muito tempo aqui. Acho que vim na pior época do ano. Nossa, como está quente aqui! – Acho que ele conseguiu mudar de assunto e se poupou de mais perguntas invasivas.
Todos rimos. Mas Julia se apressou em dizer que no meio do ano é que São Paulo chega a fazer 4°C. E ele limitou-se a dizer:
-Definitivamente, cheguei na época do calor!
- Para mim, 22°C nem é calor. Na verdade está ótimo! Estou acostumada a lugares acima de 28°C. - respondi.
- Uau, eu morreria fácil! - Ele respondeu rindo - Eu não aguento ficar muito tempo em lugares quentes. Mudo de cor rapidamente.
- Tipo um camarão cozido? - Perguntei sendo engraçada.
Ele fez uma cara feia, talvez imaginando um camarão cozido.
Dessa vez foi a Júlia que não se conteve e acabou rindo.
- Quando queremos brincar com uma pessoa que está muito bronzeada ou vermelha de tanto tomar sol, naturalmente chamamos as pessoas de "camarão". E o camarão só fica vermelho depois de cozido. Entendeu?
- Ah, agora entendi! E, definitivamente, eu ficaria um "camarão" em segundos! Camarão, lagosta... Qualquer coisa que fique de cor avermelhada em segundos, esse sou eu!
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