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38 | Um Desastre Ambulante

Cadu

04/03/2018

Domingo, 22:42

Soltei o fôlego que prendi em algum momento, enrolando ele de uma vez até que se tornasse um rolinho bem preso e saí da cama, impregnado dessa essência.

Manquei tentando ajeitar o pau na cueca até o banheiro e liguei a ducha fria pra tentar acalmar essa merda, rezando pro Esquilo demorar um pouco só pra não me pegar aqui feito um bicho.

Ouvi Henri soluçando do quarto, mas não queria sair e correr o risco de ter ele pelado se esfregando em mim de novo, com toda certeza não teria razão nesse mundo que conseguisse controlar o impulso maluco de comer a refeição feita pelo capiroto.

Demorou quase vinte minutos pra voltar a ter algum controle e antes que a campainha soasse, tirei as roupas e vesti as primeiras peças que vi pelo armário, ignorando o olhar de Henri que me seguia vez ou outra, choramingando e me chamando.

Com ele imobilizado e Puf vigiando, pude deixar a casa e ficar no portão, esperando os amigos dele e felizmente, não demorou muito, logo o carro de Victor estacionou do outro lado da rua. Cruzei os braços, vendo a Emanuele e o esquilo saltarem do carro e sem nem me olharem, subiram correndo as escadas carregando bolsas.

Não fiquei pra ver como se resolveriam, esperei num parque próximo, tentando focar em outra coisa além da vontade de voltar lá e expulsar aqueles dois que eu mesmo chamei. Não sou uma besta pra agir como uma.

Comecei a receber uma mensagem atrás da outra, eram Victor e Rebeca, um me xingando por ter atrapalhado a noite boa dele e a outra querendo ocupar minha mente para que eu não vá pra lá até tirarem Henri de casa. Ela até sugeriu vir me buscar pra passar a noite na casa dela, mas dispensei, considerando desnecessário.

Na cabeça deles, eu devo estar babando com as presas de fora e rosnando feito um bicho rodeando o bairro.

Não sei nem se me sinto ofendido com isso já que eu realmente estava com as presas de fora me sentindo uma cobra expelindo veneno enquanto enrolava e imobilizava meu ômega, mas depois que voltei a razão, não aconteceu de novo.

Recebi uma mensagem do esquilo avisando que já haviam tirado Henri da minha casa e poderia voltar. Caminhei lentamente de volta pra casa, a irritante sensação de estar sendo seguido me fez querer dar meia volta e caçar quem está me caçando quando, ao virar a esquina da minha rua, vi várias pessoas circulando perto pela calçada, parecendo fora de si.

De dentro da casa da Dona Carmen, alguém arremessou um vaso de planta em um desses malucos que tentou saltar pelo muro e pude distinguir o cheiro desagradável de alfas. Mais de uma dúzia deles, inquietos, andando de lá pra cá e alguns até tentando saltar o muro.

De repente, dois deles começaram a brigar e só entendi que disputavam alguma coisa, com certeza vieram pelo rastro do ômega em cio.

Para evitar que continuassem perturbando, liberei um pouco da minha essência, aquela corrente gelada deslizando pelo meu corpo antes de se espalhar ao redor fez até o ar se tornar pesado e opressivo. A temperatura pareceu cair de forma drástica, os alfas que circulavam por aí e até os que brigavam pararam de repente, me encarando paralisados no lugar, um até desatou a correr pela rua, desaparecendo em uma esquina, com certeza um dominante.

Se ajoelhem no meio-fio. — usei o comando e vi como alguns se estremeciam, relutantes, mas logo todos foram se afastando do portão, se ajoelhando perto do meio-fio, tensos e com olhares de pavor.

Respirei fundo, vendo que nem se atreviam a se mover ou causar outro tumulto, gritando e brigando como antes e busquei meu celular pra chamar a polícia. Mal terminei de discar o número quando o portão da casa da Dona Carmen se abriu e vi aquele neto dela saindo com passos largos, furioso e antes que eu pudesse reagir, me deu um tapa no rosto.

Recuei um passo, chocado por isso, um ardor surgindo na face enquanto via ele parecendo pronto pra outro tapa quando a Dona Carmen veio o segurando.

— Eu sabia, toda vez que você aparece, um desastre acontece! Você é uma maldição! — dizia, Dona Carmen e o Seu Zé tentando acalmá-lo, o puxando pra trás e se desculpando comigo. — Saia da casa da minha avó! Você a colocou em perigo, e ainda agora traz todos esses vagabundos aqui!

— Eu não... — comecei, quando ouvi o som das sirenes da polícia próximo. — Eu não fiz isso, eu só...

— Meu filho, desculpe pelo meu neto, ele está alterado por... — Dona Carmen dizia, quando o neto dela negou, sacudindo a cabeça, os olhos marejados e cegos pela fúria.

— Não, não estou alterado, vó. Essa... desgraça ambulante só causa isso! Por culpa dele esses pervertidos quase invadiram nossa casa! — engoli em seco, sentindo um bolo se formando na garganta enquanto recuava, certo de já ter ouvido algo assim antes não diminuindo a dor que sentia ouvindo outra vez o que eu causo. Eu esqueci. Por semanas, tive um monte de dias tranquilos e até divertidos, mas não devia ter esquecido que... — Cada vez que surge na minha vida, você quase arruína tudo! — sua voz era carregada de raiva, até rouco estava ao se aproximar, batendo o indicador no meu peito, a sensação de ser apunhalado me deixando atordoado. — Deveria ter te expulsado desde o começo! Fora! Sai daqui! Fica longe da minha família antes que mate todos eles!

Dona Carmen chorava tentando acalmar ele e se desculpando comigo ao mesmo tempo e a certeza de já conhecer ele me atingiu, uma lembrança clara de estar diante de um carro em chamas, o arrastando pra fora da estrada e antes mesmo que a lembrança se tornasse mais clara, o som das sirenes da polícia se tornaram ensurdecedores e seus gritos e xingos também se dirigiram aos outros alfas ajoelhadas pela calçada.

A polícia veio já algemando todo mundo, quase me arrastaram junto e se Dona Carmen não tivesse intervindo, aquele neto dela ainda estava alterado. Senti meu estômago embrulhado quando por fim pude sair, todos os alfas que tentavam invadir a casa da Dona Carmen foram levados nas viaturas.

Não tinha nem cara pra continuar aqui ou qualquer coisa do tipo, aproveitei quando Dona Carmen levou (praticamente arrastou) o neto dela pra dentro de casa pra entrar e pegar as coisas do Henri e minha mochila que sempre deixo pronta pro caso de precisar sair assim, enxotado de algum lugar.

Não queria continuar causando problemas, então saí sem pensar duas vezes, a lembrança de estar em um carro que capotou de repente me causando dores de cabeça e precisei parar a moto, aquele embrulho no estômago aumentando conforme aquela lembrança se desenrolando na minha mente, o som dos pneus cantando, o impacto violento do carro contra outro veículo e o cheiro da carne queimando me fazendo parar a moto de forma brusca, quase a jogando em cima da calçada, cambaleando ao descer e mal tive tempo de tirar o capacete antes de, com um espasmo, vomitar tudo o que tinha no estômago até sentir a bile amarga.

Eu o conheci antes, quando estava no ensino médio e ele me expulsou de sua vida do mesmo jeito que fez agora. Benjamin me odiava naquela época, continua me odiando agora e quis rir ao perceber que prometi antes nunca mais me aproximar dele e fiz isso sem querer agora por nem me lembrar.

Perdi as forças nas pernas, caindo sentado perto da minha moto, o coração parecendo que ia explodir em meu peito enquanto aquelas lembranças me deixavam sem fôlego, um peso doloroso se alojando no meu peito enquanto meus olhos começam a arder ao lembrar pelo quê ele me odeia.

Eu fui o responsável pela morte dos pais dele.

*  *  *    (=^・ェ・^=)    *  *  *

05/03/2018

Segunda-Feira, 19:22

Verifiquei as mensagens do Nando outra vez, ele parecia furioso depois e expliquei tudo o que aconteceu.

Hoje passei o dia todo no hospital fazendo exames, só pra ter certeza de que o cio do Henri não estava me empurrando pro cio também e meu médico nem queria me dar alta pois a quantidade de feromônios no meu corpo continua diminuindo.

Deixando a sala de coleta onde deixei amostras de sangue, saliva e feromônios novas pra continuar monitorando minha situação, comecei a seguir pelo corredor em direção á saída, ignorando as mensagens do Nando afirmando que me arrastaria pra morar na casa dele, mas não me respondeu se eu tive ou não contato com aquele tal Benjamin. Me lembro claramente dele e seus pais aparecendo no orfanato, querendo falar comigo. Acho que foram lá mais de uma vez, não me lembro bem, só me lembro claramente daquele acidente.

Recebi algumas ligações da Dona Carmen, me desculpei pelos problemas que rolou, mas não aceitei voltar pra lá. Vou rescindir o contrato de três meses que fiz com ela, achar outro lugar pra ficar. Não pretendo cruzar caminho com aquele neto dela ou seus filhos outra vez, nem pensar.

Não tenho certeza de qual nossa relação, pode ser algum primo ou irmão, dane-se. Ele não quer ter relação alguma comigo porque me odeia. E na verdade, não quero encará-lo de novo e ver toda aquela dor e medo em seu olhar, me acusando, me culpando, odiando.

Já estava pensando em como explicaria tudo o que aconteceu pro Sr. Novaes, quando recebi uma mensagem de um contato desconhecido, se apresentando como o "RH" do Henri, me demitindo sob contexto de ter "aliciado" o Henri e o forçado ao cio.

Esfreguei o rosto com as mãos, cansado disso tudo.

— Eu te avisei pra... — ouvi a voz da bruxa e me virei vendo ela parada no corredor.

— Some. — resmunguei entredentes, nenhum pouco afim de participar daquela dinâmica frustrante de nunca sair do zero com essa velha e ela encolheu os ombros, desaparecendo logo depois de jogar um daqueles frascos na minha direção.

Sem ânimo, o agarrei no ar e voltei á andar, apenas pra sentir um rastro bem familiar e rançoso de lixo. Parei de andar por um instante, farejando o ar um pouco antes de dar meia volta, seguindo aquele rastro subindo dois andares pelas escadas, podia sentir as palmas suarem ao parar diante de uma porta.

Pelo vidro, pude ver uma figura deitada em uma cama, uma máquina de monitoramento cardíaco, outras máquinas ligadas ao redor. Fisicamente parecia bem, mas estava pálido e um hematoma leve no rosto. Abri a porta e me aproximei, sorrindo ao ver que é ele mesmo, mesmo depois de tanto desastre, encontrar ele tão rápido pode ser considerado um golpe de sorte.

*  *  *    (=^・ェ・^=)    *  *  *

Segunda-Feira, 21:42

Me joguei na cama, tentando dormir alguma coisa já que nem preguei o olho desde sábado e sei que tem muita coisa pra me preocupar, tipo eu fui expulso, acho que sou o responsável pela morte da filha e do genro da minha antiga locatária e agora estou desempregado, mas só consigo pensar que podem estar matando meu ômega de fome.

Ele está comendo bem? E dormiu alguma coisa ou a insônia piorou? Se deixarem ele totalmente no escuro ele acorda em pânico, sempre deixo alguma luz acesa, ele também dorme mais se estiver todo enrolado numa coberta, quem está cuidando dele?

Respirei fundo, considerando isso algum tipo de tortura já que ninguém que está em contato com ele agora me responde, nem sei como ele está. Uma parte mais mesquinha da minha mente repetia que eu não devia ter chamado ninguém, poderia cuidar dele, mas eu sei que não poderia e que por muito pouco não fiz uma besteira e isso é esquisito pra mim que nunca fui controlado por esse tipo de instinto.

Encarei Puf, que flutuava ao meu redor. Seu tom tem escurecido recentemente, mas por um momento quando o encarei, parecia estar branco. Ele se aninhou no meu cabelo, quase como se quisesse me confortar, mas mandei ele ir ficar de olho no Henri e evitasse de ser visto.

Agora faz sentido os surtos do Henri nos últimos dias. Se ele esteve no pré-cio, é normal ter estado mais ansioso, territorial e irritável. Quer dizer, seria normal se ele fosse um alfa, ômegas não viraram bolinhas choronas, carentes e sensíveis no pré cio? Por quê o Henri virou um poço de raiva e estresse pronto pra brigar com todo mundo?

*  *  *    (=^・ェ・^=)    *  *  *

15/03/2018

Quinta-Feira, 21:14

— Por quatro anos seguidos, você ocupou o primeiro lugar na classificação geral de notas e comportamento na academia mesmo se esquecendo de algumas coisas depois dos cios, além de fazer um monte de cursos, trabalhar, fazer parte do conselho estudantil... — Victor listava, tomando outro gole da coca dele e suspirei quando me olhou esquisito. — Então como pode alguém tão inteligente ser tão burro ao mesmo tempo?

— É, deve ser algum mal de família. — Cauã confirmou e bufei, revirando os olhos.

— Ele não tem família, para com isso. — Rebeca deu uma bicuda leve nele e revirei os olhos. — Nosso vovô dementador tem muito defeito, acho que de qualidade só tem o cérebro mesmo.

— Nem isso, o cérebro dele está falhando já tem uns sete anos. — Bruno lembrou e todos eles gargalharam, concordando.

Afundei no sofá, desistindo de falar com eles.

— Ihh, ficou bicudo. — Victor sussurrou.

— O neném ' bravo agora, '? — Bruno fez aquela voz estúpida de quando se fala com um bebê e eles gargalharam quando arremessei uma almofada na cara dele, me arrependendo de mencionar que estou à beira de um colapso.

A última vez que eu dormi? Sábado. Comi bem? Sábado também.

Sinto o tempo todo uma energia raivosa, a sensação de mastigar vidro o tempo todo me deixando ainda mais irritado. Não consigo dormir direito, nem comer, nem parar quieto em um só lugar.

Não saber onde ele está exatamente, com quem e como está sendo cuidado me deixa tenso, se estiverem maltratando ele? Ou pior, arranjado algum outro alfa pra lidar com ele? Essa família é doida, não duvido de nada.

Ele é meu. Não deveria ter entregado ele pra ninguém cuidar.

Não consigo parar de pensar nele um segundo, até sonho com isso agora, feito um doente. Quando não sonho com ele, sonho com coisas estranhas tipo me afogando em algum lago escuro ou sendo desmembrado em algum lugar ou devorado vivo por algum bicho numa floresta. Pesadelos que sempre tive, mas que parecem ter piorado nos últimos dias, ainda mais tendo alucinações com uma versão cadáver minha no espelho ou aparecendo em lugares aleatórios. Eu estou definhando.

Pensei que aquela sensação angustiante ia diminuir, mas só tem aumentado junto da irritação, parece que cada segundo vira uma hora, cada minuto é um dia e cada hora é um ano, o tempo não passa nunca e a falta de resposta sobre qualquer coisa sobre ele está me deixando louco.

Segundo Bruno, pode ser algo relacionado à ansiedade por separação, mas já sou ferrado psicologicamente o suficiente pra adicionar um novo problema na lista. Eu só estou preocupado, que problema tem nisso? Se pudesse só ver ele uma vez, uns minutinhos pra ter certeza de que está bem...

— Sinto que um filho meu finalmente está entrando na puberdade. — Rebeca fingiu secar uma lágrima, o que trouxe mais risos e franzi o cenho, percebendo que estava batendo o calcanhar no piso.

— Como assim puberdade? O que é que tem isso a ver com...

— Ele finalmente está descobrindo o sexo oposto, acho que alguém aqui precisa ter aquela conversa. — Cauã brincou e todos os outros foram acenando.

— Escute filho, quando um alfa e uma ômega se apaixonam... — Victor começou e quase deixei o riso escapar.

— Eu não era o "vovô" do grupo?

— O Alzheimer te fez regredir à adolescência, por isso estamos te acolhendo em todas as suas fases, vovô. — Bruno garantiu e eles gargalharam outra vez.

Cauã e Rebeca se uniram pra fornecer conselhos não solicitados sobre como seduzir um ômega, eu realmente não tenho ideia de como faz isso, nunca nem flertei nessa vida, quem dirá marcar um ômega? Não tenho certeza como comecei a namorar, mas sei como terminei.

Victor e Bruno continuaram jogando, nem sei que jogo é enquanto se revezavam pra tirar uma com a minha cara por eu estar definhando. Vim praticamente arrastado pra cá ou nem sairia da cama hoje nesse horário ingrato, são quase dez da noite.

Observei alguns dos capirotos rondando a galera, fazendo barulhos e chiados estranhos, mal consegui concentrar na conversa já que ficam fazendo barulhos irritantes o tempo todo. Eles são loucos.

Não tanto quanto eu que agora gosto de ficar observando eles por horas só pra não pensar no meu ômega que está longe. Nunca pensei que sentiria falta até da perturbação de alguém, nas poucas vezes em que não sonhei que estava morrendo, sonhei com umas indecências sem tamanho.

Só tenho pesadelos desde que me lembro por gente, mas ultimamente, tenho uns sonhos bem suspeitos. Não pornôs, nem durante o cio eu sonho ou penso nisso, talvez por ter certa relutância com isso, meus cios passaram de "libido louca e descontrolada" para "dor louca e descontrolada". Só dói, tudo dói, queima e continua doendo.

Mas sonhei com algo tipo... uns quatro... ou cinco filhos... correndo e saltando num jardim atrás de um cachorro, um gato, um papagaio, uma capivara e uma mini-girafa também, tipo... um mini zoológico dentro de casa. Com as minhas crianças. Esse tipo de sonho indecente que um inseticida amaldiçoado como eu nem deveria sonhar já que eu coloco a vida de todo mundo ao meu redor em risco.

Só percebi que não estava prestando mesmo atenção em nada quando reparei no Cauã me encarando, como se esperasse alguma resposta e pisquei devagar, sem ideia do que ele está esperando.

— Seu silêncio é uma resposta positiva, então vira de quatro aí pra eu testar um... — dei uma bicuda nele que gargalhou junto dos outros e já estava saltando pra briga quando senti Puf se remexendo inquieto dentro da minha blusa, sem emitir um ruído e parei com o punho erguido perto do bocudo ao sentir meu celular vibrando no bolso.

Quando o ergui, vi que tinha um monte de notificações, algumas de números desconhecidos e outras, do Esquilo e senti o coração parar ao ler a primeira mensagem dele.

💬 Esquilo: O Henri fugiu de casa, por acaso procurou por você? | 21:27

Henri

15/03/2018

Quinta-Feira, 21:05

Ao abrir os olhos, a claridade agressiva do quarto me fez piscar com força até me acostumar, afastando algumas lágrimas que se formavam nos meus olhos.

Sentia minha pele úmida de forma desconfortável ao tentar me mover, até reparar que estava enrolado num monte de roupas, impregnadas com o meu cheiro. Movi o olhar ao redor, reconhecendo meu ninho. Não tem mobílias aqui, além da cama com cortinas ao redor e vários travesseiros.

Cobri os lábios, chocado com todas as lembranças que vinham em mente. Um absurdo pior que o outro, tenho quase certeza de que a maioria sendo só sonhos eróticos por causa desse maldito cio. Sonhos pornôs com o Cadu.

Uma sensação inquietante começou a me invadir, considerando que nem tudo foi sonho mesmo. Não lembro como acabei aqui, a última coisa que eu tenho certeza de que é real, é de estar encolhido num armário.

Provavelmente todo o resto é sonho já que não sinto que fui virado e aberto feito frango assado. Comecei a verificar as roupas, reconhecendo a maioria das peças, roupas do Cadu. Não é possível que eu furtei o guarda-roupa inteiro dele, né?

No meio das roupas, encontrei meu celular e franzi o cenho, conferindo a data. Quase duas semanas no cio, que porra é essa?

Me arrastei pra fora da cama, o pijama que usava estava molhado de suor, então primeiro segui pro banheiro querendo me limpar e vestir um pijama limpo. Não enrolei muito, sentindo meu estômago doer de fome. Saí do quarto, ouvindo passos pelo apartamento.

Acelerei o passo ao pensar que poderia ser o Cadu, o cheiro de comida sendo feito fez meu estômago roncar, mas no instante em que cheguei na porta da cozinha, uma mulher de cabelos castanhos estava mexendo nas minhas panelas.

Cada músculo do meu corpo se tencionou e recuei alguns passos, sem ideia de quem é ela e não fiquei parado formulando perguntas, segui em direção á porta, apavorado com a ideia de uma estranha invadindo meu apartamento assim e me vendo no meu estado mais vulnerável, mal conseguia respirar quando entrei no elevador, apertando o botão do estacionamento.

Me encolhi contra a parede, me sentindo tonto e quase caí quando o elevador parou. Liguei a lanterna do celular, deslizando até o chão.

Depois que o Cadu ficou internado, comecei a ficar preso com frequência no elevador, esqueci que comecei a evitar de usar ele. Demorou quase meia hora pra voltar a funcionar e quando saí no estacionamento, estava exausto. Só então lembrei que estava sem as chaves do carro.

Chamei um uber, me apressando pra fora. O motorista me olhou estranho e até sugeriu ir ao hospital, mas neguei, insistindo pra ir pra casa do Cadu. Quando estacionou na frente da casa dele, estava suando frio e desci quase tropeçando na calçada.

O carro se foi e fiquei parado na calçada percebendo que não trouxe as chaves da casa dele. Toquei a campainha algumas vezes, mas ninguém atendeu, então comecei a escalar o portão pra saltar por ele quando ouvi um latido de um rato e olhei pro lado, vendo a insuportável da vizinha vindo na minha direção.

— Achei que não te veria mais por aqui! — desci do portão, cruzando os braços e ela me mediu de cima a baixo. — Que isso? Parece que vai desmaiar a qualquer momento, você está bem? Quer que eu chame o...?

— Que é que você quer, hein garota?! — falei, a garganta seca fazendo minha voz sair falhada e ignorei o cachorro cabeçudo que ela segurava e começou a latir pra mim.

— Só queria saber se está bem, que isso...

— Não é da sua conta! Sai daqui!

— Como quiser. — deu de ombros e bufei, voltando a tocar a campainha e vi aquela irritante se virar. — O que você está fazendo? Não mora ninguém aí.

— Quê? C-como assim não...?

— Ué, não estava sabendo? Edu mudou tem uns dias já. — pisquei atordoado, vendo ela ajeitar o cachorro feio no colo, olhando pra casa da dona Carmen. — Parece que de madrugada teve alguma confusão, até polícia veio aí e na manhã seguinte ele já tinha ido embora, Dona Carmen ainda está inconsolável pois adorava ele como se... — como assim ele foi embora?

A autora tem algo à dizer:

Demorei pra caramba, mas trago aqui uma imagem do querido mascote desses dois perturbados. Juro que ele é fofo, quem não achar, vai ficar careca e o Henri não gosta de gente careca, hein.

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