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08 de setembro de 2024.


     Meu corpo parece estar congelado, e pegando fogo ao mesmo tempo. É estranho.

     Estou seguindo o homem a cerca de três quadras, e a tensão aumenta proporcionalmente à diminuição de pedestres no entorno. Tenho plena consciência do risco que corro ao deliberadamente perseguir um assassino em série, mas a adrenalina não me permite parar.

     A lembrança da dívida também não.

     Cogitei entrar em contato com a polícia algumas vezes entre os passos apressados, mas a certeza de que não acreditariam em minha palavra fez com que minhas mãos guardassem novamente o celular no bolso.

     Se quero ser levada a sério, preciso de provas. E é por isso que estou aqui.

     Volto o olhar para o chão quando vejo o pescoço do homem torcendo-se para trás. Preciso juntar todas as poucas forças que tenho para agir de forma natural, e evitar que nossos olhos se encontrem no escuro do anoitecer. A eletricidade parece percorrer o ar denso, porque percebo que ele está desacelerando os passos enquanto examina atentamente todos os cantos da rua.

     O primeiro pensamento que meus neurônios transmitem é o de que ele me notou, não apenas com os olhos, mas com a memória. Do contrário, por que pararia? Meus órgãos internos parecem estremecer. Se este homem sabe quem sou, estarei morta antes do próximo nascer do Sol.

     Ele está parado agora, o rosto virado para o lado contrário ao meu. Diminuo a velocidade de meus próprios passos, receosa: se continuar andando, talvez seja obrigada a cruzar com o psicopata em algum momento.

     Não estou confortável em brincar com o perigo dessa forma, mas não tenho outra opção. Deslizo o celular para fora do bolso da calça jeans e finjo que recebi uma chamada. É a melhor ideia que consigo ter para justificar meus passos lentos.

     Como já estou decidida a arriscar a vida, também decido piorar as coisas: com o aparelho encostado no ouvido, tiro uma foto do homem. Não é nítida o suficiente para servir como prova, mas é o melhor que consigo fazer agora.

     Meu coração bate tão rápido que poderia ser facilmente confundido com uma centrífuga. O tempo parece ficar estático, e não sei o que fazer. Estou repensando todas as minhas escolhas em uma fração de segundos que nunca passa, esperando o instante correr, o homem se mover ou, simplesmente, qualquer outra droga de coisa acontecer. Sei que o próximo momento vai definir o curso de toda a minha vida dali em diante, mas, mesmo assim, não faço ideia do que desejar, ou do que prever.

     Talvez o homem me mate, ou talvez eu seja a responsável por colocá-lo na prisão. Alguma das duas alternativas verdadeiramente me traria paz?

     Talvez.

     Assisto da esquina enquanto ele tira um molho de chaves do bolso e parece procurar alguma entre elas. Estou longe para conseguir distinguir o barulho metálico, mas consigo imagina-lo de uma forma demasiadamente palpável. Permito que meus músculos relaxem, apenas um pouco: o homem não parou porque me descobriu. Ele apenas chegou em casa. Ou o quer que aquele sobrado cinza seja, na verdade.

     Quando ele destranca a grade e passa pelo portão, sei que preciso fazer alguma coisa. Qualquer coisa. Começo a me aproximar do sobrado, devagar. Aparentemente, não há câmeras nas casas daquela rua, então coloco em prática a pior ideia que já tive na vida: esconder-me atrás do muro de um terreno baldio, localizado praticamente em frente ao sobrado.

     Não sei o que pretendo conseguir com isso, mas é melhor do que simplesmente ir embora após chegar tão longe.

     Felizmente, a rua já está vazia à essa altura, então ninguém assiste enquanto esgueiro-me por entre uma abertura no muro baixo do terreno. Está escuro, e a grama mal aparada chega até minhas coxas. Honestamente, aquele é o último lugar onde eu gostaria de estar no momento, mas o terror de encarar algum animal peçonhento é abafado, em partes, pela certeza de que há algo muito pior na casa à frente, a poucos metros de mim.

     Tiro uma foto do sobrado, também. Por sorte, há um poste bem em frente sua fachada, e a iluminação fraca consegue tornar o trabalho da câmera do celular um pouco mais eficiente.

     E, então, eu espero. Aguardo um tempo que parece infinito até qualquer coisa sair minimamente do lugar. A bateria do celular vai diminuindo aos poucos enquanto permaneço agachada no escuro, e a dor no corpo passa a ser incômoda o suficiente para chegar perto de me convencer a ir embora dali.

     Ainda estou remoendo as péssimas ideias que tive nesta noite quando escuto o primeiro grito.

     É impossível distinguir as palavras que são ditas, se é que há alguma. Mas sei que trata-se de uma discussão, porque sou capaz de notar facilmente a agressividade no tom das vozes. São duas, masculinas e terríveis. Encolho cada centímetro do corpo atrás do muro, tentando desaparecer em meio ao mato alto, e ligo o gravador do celular.

     O mundo está girando tão, tão devagar.

     E, quando o som forte dos tiros ecoa pela rua, ele parece parar de vez.

     Estou tremendo dos pés à cabeça. Esse som acabou de despertar coisas dentro de mim que deveriam permanecer dormentes para sempre. Quero sair correndo, ou ser engolida pela terra abaixo dos pés. Honestamente, tanto faz. Daria tudo o que tenho para não precisar encarar seja lá o que tenha acabado de acontecer naquele sobrado.

     Os gritos já cessaram, e isso parece ser um mau presságio. Ouvi cinco estouros, e conheço armas de fogo bem o suficiente para ter a certeza de que foram provocados por uma. Poucas pessoas atirariam cinco vezes sem a intenção de matar, e o silêncio repentino me diz que esse alguém alcançou o objetivo.

     Pauso a gravação de voz, os dedos tremendo enquanto tocam a tela.

     E, então, como se algo terrível não tivesse acabado de acontecer, um homem abre o portão branco do sobrado e sai em direção ao ar opressivo da rua. É o homem do ônibus, com a mesma roupa e o mesmo caminhar arrogante. Por um segundo, esqueci-me que estava em frente ao Maníaco do Lado Leste. O assassino de Erica, que acabou de fazer mais uma vítima.

     Assisto, com o canto dos olhos, enquanto ele afasta-se e dobra a esquina. Quando está fora de vista, meus dedos tateiam o teclado do celular, meio dormentes, enquanto digito o número da polícia.

     Alguém atende depois de dois toques.

     —Delegacia de Polícia, boa noite. Em que posso ajudar?

     —Eu... eu ouvi tiros. – Minha língua parece embolar entre os dentes, e simplesmente não sei o que dizer. Só agora percebo o quando minha respiração parece ruidosa. – Acho que alguém está morto aqui. Mandem uma ambulância, por favor.

     —Mantenha a calma, senhora. – O atendente diz, enquanto parece digitar algo em um teclado – Qual é a sua localização?

     Olho ao redor. Não sei onde estou. Droga, droga, droga, droga. Enquanto perco segundos preciosos até finalmente descobrir o nome da rua, a vida de alguém está se esvaindo lá dentro.

     Informo ao policial tudo o que posso, com a voz trêmula. Em algum momento, as lágrimas alcançaram meus olhos. Ele encerra a chamada com a promessa de que as viaturas chegariam em breve, e eu apago assim que bloqueio a tela do celular.

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