Há uma versão de mim
Mais nova, mais ingênua e mais otimista
Parada em meio a uma multidão
A espera de algo que nem sabe o que.

Há uma versão de mim
Conversando com um estranho
Animada com a ocasião
Fugindo da multidão.

Há uma versão de mim
Com o rosto banhado em lágrimas
E o vestido manchado de sangue
Implorando para parar.

Há uma versão de mim
Com medo do desconhecido
Orando a Deus por misericórdia
Enquanto via a noite passar.

Há uma versão de mim
Gritando com o vácuo
Implorando para voltar
Desejando a morte
Enquanto chorava sem parar.

Há uma versão de mim
Mais velha, mais experiente e mais amargurada
Segurando a manta amarela
Me perguntando se o veria outra vez
Desejando me jogar da janela.

Há uma versão de mim
Pintando flores em uma tela
Camélias se tornaram vermelhas
E estão postas naquela mesma janela.

Há uma versão de mim
Que só deseja o que me foi roubado
Na tentativa de encontrá-lo
Lhes conto meu passado.

Há uma versão de mim
Que faz um apelo
Por favor, devolva meu anjo
E livre-me deste pesadelo.