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Lua Cheia I




Desvios de rota

A noite de domingo apresentava-se obscura, as nuvens escassas iam se agrupando, cobrindo o céu estrelado. Mas ainda era possível ver o brilho intenso da lua cheia que estava prestes a minguar. Naquele fim de semana, Thaís lia secretamente o livro Gabriela, de Jorge Amado. Lia-o em segredo porque não gostava de comentá-lo ou ouvir comentários a esse respeito. Toda aquela sexualidade mexia com ela e não devia ser compartilhada com quem quer que fosse. Aos poucos, abandonava a culpa e buscava pequenas coisas que lhe fossem prazerosas.

De repente, ouviu um barulho na fechadura da porta da sala. Sua irmã mais velha já dormia no quarto ao lado, só podia ser seu pai chegando. Thaís correu para a sala, há semanas não o via. Nunca pôde ter muita cumplicidade com seu pai, pois sempre tiveram pouca convivência, mas o amava com um amor gratuito, somente por ser seu pai. Pensou que, agora que perdera sua mãe, ele estaria mais presente, mas aquilo fora apenas ilusão. Ele não quis procurar um trabalho que o mantivesse em casa, não abriu mão de ser caminhoneiro.

Thaís parou ofegante diante da porta de entrada. Vestia camisola fina, justa e curta, cabelos desalinhados e maçãs do rosto vermelhas. Quando a porta se abriu, deparou-se com um homem, que não era seu pai e que a olhou com o olhar mais devastador que já sentiu. Thaís ficou paralisada, parecia que ele tinha saltado do livro que lia, fez tremer suas entranhas. As formas dele eram brutas, largas, a cor de sua pele era de um jambo maduro, os cabelos negros. Não era possível definir-lhe a idade com facilidade, por volta dos trinta anos, provavelmente. O pai de Thaís entrou distraidamente em casa após o homem e levou um tempo para ver a filha. Ele não podia saber que aquele encontro remexeria drasticamente na vida da menina, mas quando a viu teve um impulso:

− Vá se vestir, garota.

Thaís entrou apressada em seu quarto, fechou a porta e sentou-se em sua cama. A imagem daquele homem persistia em seu pensamento. Ela se sentiu quase Gabriela naquela cena que acabara de ocorrer. Olhou no espelho para ver o que ele vira, mordeu os lábios para se enquadrar melhor no personagem. Divertiu-se como uma moça que se descobria como mulher.

O despertador acordou Thaís na manhã de segunda-feira. Depois do banho, ela e a irmã serviram a mesa do café. O pai e aquele homem sentaram-se com elas.

− Vamos embora quinta logo cedo. Eu irei para a Bahia com o Mariano – Thaís estremeceu quando ouviu que iriam para a Bahia, parecia uma provocação à fantasia que fizera na noite anterior. – Vou me demorar bastante. Se precisarem de algo, terão total suporte da tia de vocês, eu avisarei a ela.

Thaís e a irmã saíram juntas para a aula. Thaís preferia ficar calada, pensando levianamente em suas fantasias inofensivas. Sua irmã, três anos mais velha, gostava mais da concretude. Ela não se perdia em fantasias irrealizáveis, só planejava o que desejava.

− Que homem bonito e interessante esse colega do papai. Acho que vale um investimento. Eu gosto de homens que trabalham longe, que não estão o tempo todo por perto. Certamente, causaria um maremoto toda vez que voltasse, tem um tipo bem quente.

− Pare com isso. Não gosto quando você fala essas coisas, guarda tudo isso para você. Aliás, você devia parar para pensar antes de falar besteira. A mamãe jamais aprovaria, ele é bem mais velho que você...

− Irmãzinha, não seja tola. Não me interessa o que a mamãe pensaria, as minhas escolhas só dizem respeito a mim agora. Até mais tarde.  

Thaís não sentira ciúmes do que a irmã planejava, pois o que se passava em sua imaginação não tinha a menor pretensão de acontecer. Entretanto, julgava que a irmã deveria pensar da mesma forma.

Aquelas fantasias a transportaram para outro mundo. Afastou-se dos amigos nos intervalos e no recreio. Buscava refúgio no livro que lia e no diário que escrevia. Só se sentia capaz de sentir qualquer prazer na solidão, mergulhada em suas fantasias.

Durante o fim de semana, os pensamentos navegaram em Miguel. Até mesmo o investimento em Thaís ficara de lado. Logo na segunda-feira, seus amigos começavam a estranhá-lo, sem compreender seu isolamento. Na quarta-feira, aquilo ficara ainda mais acentuado. Ele poderia estar fisicamente presente, mas estava sempre com o pensamento distante.

− Acho que ele está preocupado com a Thaís. Eles pareciam estar cada vez mais próximos, só que ela se afastou de todo mundo desde segunda – falou Rebeca com Carol.

− Sei não. O cara não pode estar só apaixonado, tem mais alguma coisa rolando. No bar, esse sábado: ele mal se sentou à mesa, recebeu um telefonema e saiu correndo.

− O que me intriga é que Thaís não parece triste, apenas não quer saber de conversa... Está estranha.

− Ele também... Será que rolou alguma coisa e eles resolveram guardar segredo? – questionou Carol.

− Será? Thaís é fechada, mas nem tanto. Não tem motivo para esconderem isso.

− Tem o Igor! Ela pode não querer magoar ele.

− Mas eu não contaria a ele, ela sabe disso. Ninguém os viu juntos. Está cada um isolado de um jeito diferente – Rebeca  suspirou. – O Miguel parece mais um zumbi e ela um fantasma.

Miguel se afastou do grupo e caminhou em direção ao bebedouro. Ele revia detalhadamente todas as cenas que observara durante as duas longas tardes e noites que estivera naquela casa de jogos clandestina. Recordava milimetricamente cada gesto, expressão que os jogadores deixavam escapar. Queria treinar e apreender cada detalhe, traçando o perfil de cada um deles. Certamente, alguns daqueles jogadores participariam daquele torneio que estava por vir.

Ele já havia decidido, mesmo que ainda não tivesse anunciado em voz alta, que jogaria. Não conseguia tirar da cabeça aqueles jogadores e suas fichas. Não perderia a chance de sentir aquela adrenalina que sempre lhe rendia uma boa grana extra.

Thaís correu para a biblioteca na hora do recreio. Pegou escondido da irmã, responsável por emprestar os livros aos alunos, um exemplar proibido: Amar, verbo intransitivo, de Mario de Andrade. Um daqueles livros que ficavam entre os outros, mas, se tentasse levá-los para casa, não teria autorização. Escondendo-se entre as estantes, ela o folheava, degustando o perigo. Lia as frases desenhando cenas que disparavam seu coração.

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